segunda-feira, 31 de outubro de 2022

'Recado ao Lula', por Caio Coppolla

 

Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução


Uma mensagem ao ex-réu e futuro presidente


Lula, parabéns por enganar tantas pessoas por tanto tempo — mentir é uma arte, e o senhor demonstrou inigualável talento. Até por isso, não nos ressentimos com seus milhões de eleitores, afinal, entre eles há milhões de vítimas.

Democratas que somos, pagaremos pelo pecado que não é nosso e — comprovada a lisura dessa eleição — acataremos a aparente vontade da maioria: reconduzi-lo à “cena do crime”. Contudo, saiba que nenhuma maioria tem o poder de tornar o errado certo*; assim como uma eleição não tem o poder de reescrever o passado. As vantagens indevidas existiram, as condenações existiram, e o senhor não é — nem nunca será! — inocente aos nossos olhos: inocente, senhor Lula, é quem não cometeu crimes, não quem se livrou da Justiça.

Aliás, antes de o Brasil se livrar do PT, em 2016, a economia encolheu 7%, quase 3 milhões de empregos formais foram extintos, mais de 60 mil brasileiros eram assassinados por ano, e as empresas estatais eram antros de corrupção e fontes de prejuízo. Agora, a sorte lhe sorri (mais uma vez): o senhor receberá, de mão beijada, um Brasil muito melhor do que o país em crise que seu partido-quadrilha entregou ao povo quando foi expulso do poder, há seis anos.

Apesar da pandemia, da seca e da guerra, nossa economia cresce com responsabilidade fiscal, preços sob controle e geração de emprego: são 5 milhões de novas vagas com carteira assinada desde 2019, e o desemprego, formal e informal, recuou 30% de lá pra cá.

A previdência — responsável pelo maior déficit nas contas públicas — foi reformada, e os gastos com funcionalismo diminuíram pela primeira vez.

As empresas estatais saíram do vermelho e, no ano passado, apresentaram lucro recorde: R$ 187 bilhões — só a Petrobras contribuiu com mais de R$ 230 bilhões aos cofres públicos, por meio de impostos, dividendos e royalties.

Foto noturna da nova fachada do Edise, o edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro
Foto noturna da nova fachada do Edise, o edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro | Foto: Flávio Emanuel/Agência Petrobras

Com um governo defensor da lei e da ordem, atingimos a menor taxa de homicídios da série histórica e o menor número de invasões de terra.

Houve redução de impostos sobre produção e consumo, e ampliação de investimentos em renda básica: o Auxílio Brasil paga o triplo do que pagava o Bolsa Família, para 8 milhões de lares a mais.

Aplicativo auxílio emergencial
Aplicativo do Auxílio Emergencial | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O país se digitalizou e 40 milhões de cidadãos passaram a integrar o sistema bancário, incrementado pelo Pix, uma nova forma gratuita e instantânea de pagar e receber.

Na pandemia, o partido chegou a ingressar no STF contra o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM), que salvou mais de 20 milhões de vínculos trabalhistas durante o “fique em casa, a economia a gente vê depois”

Um novo marco legal trouxe investimentos privados para o saneamento básico de grandes metrópoles: a previsão é que, na próxima década, nove em cada dez lares tenham acesso à coleta de esgoto — no país que herdamos do Partido dos Trabalhadores, nem metade dos domicílios contava com esse serviço.

Claro que todas essas conquistas se deram apesar da oposição ferrenha do PT. Na pandemia, o partido chegou a ingressar no STF contra o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM), que salvou mais de 20 milhões de vínculos trabalhistas durante o “fique em casa, a economia a gente vê depois”. O PT também fez campanha contra o fim dos privilégios de aposentadoria da elite do funcionalismo público e, recentemente, no Senado, se opôs à redução de impostos sobre combustíveis, energia e comunicação. Esta é a oposição praticada pelo PT: uma política de terra arrasada, na lógica do quanto pior, melhor.

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O #fiqueemcasa acabou por aprofundar a crise em países mais pobres | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Lula, se, de fato, o poder é dado àqueles dispostos a se abaixar para pegá-lo*, nessa campanha — vil, desequilibrada e injusta — o senhor desceu aos subterrâneos, provando que a democracia, realmente, não se presta a garantir que os melhores sejam eleitos… Por sorte, essa mesma democracia visa a impedir que os piores fiquem no poder para sempre*. Nós, vigilantes, estaremos atentos a qualquer tentativa criminosa de perpetuação no poder e cerceamento das nossas liberdades.

A experiência humana demonstra que o comportamento passado serve como referência para o comportamento futuro, mas não se atreva a portar-se como da última vez, Lula! O senhor pode até estar de volta à “cena do crime”, mas encontrará uma enorme e patriota resistência se quiser retornar a velhos hábitos.


Caio Coppolla é comentarista político

*Citações do texto

Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido e estadista conservadora:

Ser democrático não é suficiente, a maioria não pode transformar o que está errado em certo. Para serem considerados verdadeiramente livres, os países também devem ter um profundo amor pela liberdade e um respeito permanente pelo Estado de Direito”.

A democracia não é um sistema feito para garantir que os melhores sejam eleitos, mas para impedir que os ruins fiquem para sempre”.

Ragnar Lothbrok, lendário personagem das sagas vikings:

O poder é sempre perigoso. Ele atrai os piores e corrompe os melhores. O poder só é dado àqueles que estão dispostos a se abaixar para pegá-lo”.

Fontes consultadas:

A sabedoria de Margaret Thatcher

Programa que permitia redução da jornada de trabalho e suspensão de contratos de trabalho termina

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Revista Oeste