A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 59,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado, salto de 635% ante igual período de 2019, resultado muito acima do esperado por analistas e o maior para um trimestre, pelo menos, desde 2008. No acumulado do ano, a empresa conseguiu um resultado positivo, mas bem menor, de R$ 7,1 bilhões.
A recuperação da estatal ocorre após anos de desmandos sob os governos corruptos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. A empresa foi entregue a sindicalistas e a corrupção foi à estratosfera. A Petrobras foi o centro do Petrolão comandado por Lula e resultou na condenação do petista a mais de 30 anos de xilindró.
Com os números divulgados ontem, a petroleira conseguiu reverter o prejuízo dos três primeiros trimestres do ano, apagando as perdas causadas pela pandemia do vírus chinês, que parou a economia e derrubou a demanda por petróleo.
Foi o último balanço financeiro da gestão de Roberto Castello Branco. Após as críticas de Bolsonaro, iniciadas na semana passada, o governo federal indicou o general da reserva Joaquim Silva e Luna – que já comandou a Itaipu – para substituir o executivo no comando da Petrobrás.
No balanço, Roberto Castello Branco classificou o resultado como excepcional para o ambiente desafiador vivido em 2020. “Entregamos nossa promessa (de recuperação)”, afirmou. O executivo, porém, não fez referência à sua saída da companhia, que deve acontecer em 20 de março.
O nome de Silva e Luna ainda precisa passar pelo crivo do conselho de administração da estatal. Nos últimos dias, as ações da estatal passaram por um período de forte volatilidade na Bolsa paulista.
A queda de Castello Branco foi provocada pelos seguidos aumentos de combustíveis, uma ameaça real à economia e uma provocação aos caminhoneiros.
As projeções de cinco equipes de análise do mercado financeiro consultados pelo Estadão/Broadcast apontavam para uma média de R$ 11,4 bilhões de lucro no quarto trimestre. O resultado muito acima do esperado poderá servir para o executivo defender sua gestão, marcada pelo ajuste financeiro. Em 2020, a dívida total foi reduzida em US$ 11,6 bilhões, para US$ 75,5 bilhões. A dívida líquida somou US$ 63,2 bilhões no fim de 2020, queda de US$ 15,7 bilhões ante o fim de 2019.
Reversão de provisões
No quarto trimestre, o lucro foi puxado, principalmente, por reversões de baixas contábeis que foram feitas por causa da crise causada pelo vírus chinês, mas puderam ser desfeitas na esteira da retomada da economia mundial.
A receita líquida cresceu 6% ante o terceiro trimestre, por causa da alta nas cotações do barril de petróleo, “aliada à maior demanda por geração termoelétrica, que levou ao aumento das vendas de energia elétrica, gás natural e óleo combustível”, diz o relatório divulgado pela Petrobrás.
No entanto, as reversões de baixas contábeis pesaram mais, somando R$ 31 bilhões no quarto trimestre. Pelas normas de contabilidade seguidas pelas companhias abertas, as empresas devem, periodicamente, ajustar o valor de seus ativos, no balanço financeiro, conforme diversos parâmetros. Quando essas contas apontam para redução no valor dos ativos, é preciso cortar o lucro. Por outro lado, quando apontam alta nos valores, o lucro cresce.
A crise causada pelo vírus chinês levou várias companhias a registrarem baixas contábeis. As feitas pela Petrobras nos primeiros meses da pandemia usaram entre os parâmetros projeções de que as cotações do petróleo ficariam na casa dos US$ 25 em 2020. Nessas contas, a estatal foi mais conservadora do que suas concorrentes, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
Porém, a recuperação puxada pela China impulsionou a retomada nos preços do barril a partir de maio. O movimento continuou neste início de 2021 – o preço do barril usado como referência pela Petrobrás, negociado em Londres, hoje é negociado por cerca de US$ 65.
Com o conservadorismo dos cálculos, apenas no primeiro trimestre, a Petrobras registrou baixas de US$ 13,4 bilhões, por causa de projetos que teriam deixado de ser viáveis com a queda do barril. Foi o principal motivo do prejuízo de R$ 48,5 bilhões nos três primeiros meses do ano, início da pandemia. Já no terceiro trimestre de 2020, com a recuperação das cotações do petróleo, a companhia começou a reverter as baixas, acelerando o ritmo de reversões no quarto trimestre.
Com informações de Fernanda Nunes, Denise Luna e Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo