Quarteto ofensivo formado por Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta e Everton Ribeiro, além do reserva Pedro, foi determinante para o time deslanchar e ser campeão
Se a defesa do Flamengo falhou em vários momentos e foi um dos pontos fracos na temporada, o desempenho do ataque ajuda a explicar por que o time rubro-negro cresceu na reta final, deslanchou e foi campeão brasileiro pelo segundo ano seguido. O quarteto ofensivo formado por Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol não foi tão brilhante quanto em 2019, mas apresentou melhora de rendimento no momento decisivo e foi determinante para a conquista nacional pela segunda vez consecutiva.
Capitaneado por seus quatro homens de frente, e com a ajuda importante de outros nomes, como Pedro, um reserva de luxo, o Flamengo, depois de muito patinar, engrenou nas rodadas finais muito por conta da performance ofensiva. Em algumas ocasiões, as apresentações foram lampejos do avassalador time de Jorge Jesus. No fim, os cariocas fecharam o torneio com o melhor ataque mais uma vez.
Dos quatro, Gabigol é o que mais se destacou. O atacante de 24 anos deixou sua marca em seis jogos e se reergueu junto com a equipe nesta temporada. Ele sofreu com lesões, acumulou desentendimentos com Domènec Torrent e Rogério Ceni e se mostrou irritado quando foi substituído em algumas ocasiões.
Gabi, como tem sido chamado, não teve o mesmo desempenho impressionante de 2019, quando fechou o ano com 43 gols, mas colocou a cabeça no lugar e o pé na forma para mais uma vez ser o protagonista da campanha vitoriosa rubro-negra. Foram 27 gols em 43 partidas na temporada, sendo 14 no Brasileirão, o que dá uma média de 0,57.
Na sétima participação no Brasileiro, o artilheiro marrento, cria do Santos e já considerado ídolo pelos flamenguistas, caminha para entrar na lista dos dez maiores goleadores da competição desde que passou a ser disputada por pontos corridos, em 2003. Autor de 81 gols em 171 jogos no torneio nacional, ele já superou atacantes históricos, como Luizão e Fernandão.
“É um dos grandes jogadores do futebol brasileiro. Ele perto da área tem muita movimentação. Eu trabalho muito essas finalizações. Este ano, talvez o índice de finalização dele tenha caído um pouco, mas ele é muito decisivo”, elogiou Rogério Ceni.
Mas Gabigol não brilha sozinho. Com o entrosamento de uma equipe que parece que joga junto há vários anos, Bruno Henrique e Arrascaeta foram essenciais para o título. “A cobrança sempre foi igual desde 2019. As pessoas que ficaram, cobraram da mesma forma. As que chegaram, também sabem que aqui no Flamengo é assim. Entenderam que só vale aqui vencer”, disse Bruno Henrique. Ele, inclusive, depois do título, repetiu: "O Flamengo está em outro patamar".
Pedro, um reserva que seria titular em quase todas equipes do futebol brasileiro, também teve contribuição de destaque na campanha vitoriosa. O centroavante balançou as redes 23 vezes - oito no Brasileirão - e deu quatro passes.
Ainda assim, o sucesso dos comandados de Rogério Ceni, segundo o treinador, é resultado do forte jogo coletivo. “Eu não sei de nenhum time que vence pela qualidade individual. Um time defende como um todo, ataca como um todo. O coletivo sempre prevalece no individual. Não tiremos o mérito da individualidade. Mas isso aqui é o Flamengo, tem grandes jogadores. Na minha concepção de vida, o trabalho em grupo é sempre mais importante do que as individualidades”, avaliou Ceni, campeão brasileiro pela primeira vez como técnico.
O Estado de S.Paulo