terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Ministros vão ao Congresso entregar MP de privatização da Eletrobrás

Os ministros da Economia, Paulo Guedes, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, vão pessoalmente ao Congresso no início da noite desta terça-feira, 23, para entregar o texto da MP de privatização da Eletrobrásestatal com com foco em geração e transmissão de energia.

O objetivo, ao entregar a proposta aos presidentes da CâmaraArthur Lira (Progressistas-AL), e do SenadoRodrigo Pacheco (DEM-MG), é sinalizar que o governo segue firme com a agenda de privatizações.

Paulo Guedes
O ministro Pauloa Guedes 
- Foto: Edu Andrade/ME 

O texto inclui a Eletrobrás e suas subsidiárias no Programa Nacional de Desestatização (PND) por meio da revogação de um trecho da Lei 10.848/2004 - aprovada durante o governo do ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, que excluiu as empresas do programa.

A MP é semelhante ao do projeto de lei proposto pelo governo Bolsonaro em novembro de 2019 e ao elaborado pelo governo Michel Temer no início de 2018. O governo Temer tentou privatizar a Eletrobrás por meio de uma Medida Provisória, a MP 814, que acabou caducando (ou seja, perdendo a validade) em 2018. 

Lembrar que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, sobretudo, e do Senado, Davi Alcolumbre, sabotaram quase todos os projetos de interesse do país, por pura politicagem.

A nova MP condiciona quase todas as ações à aprovação do texto e sua conversão em lei. Na prática, uma de suas medidas terá efeito imediato: a autorização para contratação de estudos para o processo por parte do BNDES.

A capitalização, operação em que a União deve ficar com menos de 50% das ações da empresa, está condicionada à conversão da proposta em lei. Hoje, a participação do governo federal, fundos e BNDES na Eletrobrás é de 60%.

A MP prevê nova emissão de ações, processo por meio do qual a participação da União será diluída, e inclui expressamente a renovação antecipada por 30 anos da usina de Tucuruí, um dos principais ativos da Eletronorte, que vence em 2024. Para outras usinas da Eletrobrás, a MP também prevê novos contratos de 30 anos, condicionados ao pagamento de outorga (taxa pelo uso das usinas).

A exemplo das propostas anteriores, a MP mantém Eletronuclear e Itaipu sob controle da União. O Tratado de Itaipu não permite mudanças que não tenham sido aprovadas pelo Paraguai, enquanto a exploração nuclear é atividade exclusiva da União, conforme a Constituição.

Pelo texto da MP, a União fica autorizada a criar uma nova empresa pública ou sociedade de economia mista para gerir Itaipu e a Eletronuclear. A medida a ser enviada pelo governo veda a participação de qualquer acionista acima de 10% do capital da Eletrobrás. A capitalização da companhia vai contar com a ação preferencial de classe especial, chamada golden share, para a União - que terá poder de veto em alguns temas.

A principal mudança que a MP traz é o direcionamento explícito de recursos para as regiões Norte e Sudeste - além da bacia do São Francisco, proposta que estava nas versões anteriores. É um aceno claro ao Congresso e suas lideranças, principalmente aos senadores da Região Norte e a Rodrigo Pacheco.

A MP define o pagamento de R$ 350 milhões anuais por 10 anos para a bacia do São Francisco; de R$ 295 milhões anuais, também por 10 anos, para redução de custos de geração termelétrica no Norte, particularmente na Amazônia Legal; e de R$ 230 milhões anuais pelo mesmo período para os reservatórios das usinas de Furnas.

A medida determina ainda que a Eletrobrás deverá pagar uma outorga de 50% do valor adicionado pelos novos contratos, que deverão ser firmados no regime de produção independente (preços livres), em substituição ao regime de cotas (custo, operação e manutenção). Estabelece ainda que a Eletrobrás deverá assumir integralmente o risco hidrológico das hidrelétricas (escassez de chuvas).


Com informações do 'Estado de S.Paulo'