Na última semana o ministro Luís Roberto Barroso do STF, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estrategicamente qualificou o governo do ditador Nicolas Maduro da Venezuela como sendo conservador, de direita, com o objetivo de desqualificar a direita mundial.
Como se estivesse em uma peça teatral, o ministro Barroso forçou a criação de uma narrativa dramática, uma verdadeira trama shakespeariana, arriscando-se num determinado momento em um monólogo do qual ele mesmo perguntou e respondeu o seguinte:
“Você acha que a Venezuela é conservadora? Certamente eu acho, desde o tempo de Chávez. Para mim, aquilo sempre foi uma tirania de direita, com um discurso disfarçado” (Link 01).
Ocorre que o ministro Barroso se esqueceu que está documentado que várias personalidades da esquerda reconheceram ao longo da história o governo Maduro como sendo de esquerda, inclusive o Foro de São Paulo, maior instituição política da esquerda sul-americana.
Segundo matéria da revista Veja, datada de 22.07.2017:
"... o PT e o PC do B subscreveram em Manágua, capital de Nicarágua, a resolução final do 23.º Encontro do Foro de São Paulo, organização que reúne diversos partidos de esquerda da América Latina e do Caribe. O texto defende a elaboração de uma nova Constituição que amplia os poderes de Maduro, exalta o ‘triunfo das forças revolucionárias na Venezuela’ e diz que a ‘revolução bolivariana é alvo de ataque do imperialismo e de seus lacaios’” (Link 02).
No mesmo editorial da revista Veja constou que "... a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), fez um discurso no qual afirmou que o partido manifesta ‘apoio e solidariedade’ ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro ‘frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela’” (Link 02).
Contudo, é importante observar que diante da flagrante prática de crimes contra a humanidade pelo ditador Maduro e caos do regime socialista venezuelano, os esquerdistas começaram a lançar nos últimos anos narrativas para tentar alterar a história, passando a qualificar o ditador Maduro como sendo de direita ou conservador, como demonstra a matéria do Estadão, datada de 03.09.2019, do qual constou uma entrevista com o presidente do PSB que disse:
"... Maduro não tem nada a ver com o socialismo" (Link 03).
Mas, independente de como a esquerda queira qualificar o ditador Maduro e seu regime político, qualquer um que analisar sua gestão verá que estamos diante de um regime socialista, quiçá comunista. Afinal, Maduro implementou um sistema de estatização rígida na Venezuela; censurou todos os veículos de comunicação; desarmou toda a população; concentrou todas as forças de segurança do país sob o seu domínio; interferiu diretamente na economia; desapropriou propriedades privadas, ou seja, cumpriu e continua cumprindo toda cartilha marxista.
Então, se poderíamos dizer algo sobre a declaração da última semana do ministro Barroso, acredito que poderíamos dizer que ele foi no mínimo leviano.
Pierre Lourenço. Advogado.
Jornal da Cidade



