Há menos de duas décadas, esses profissionais eram praticamente inexistentes. Hoje, contudo, em meio a um cenário econômico instável e uma taxa de juros em sua mínima histórica, os assessores de investimentos têm sido cada vez mais disputados entre as instituições financeiras.
Essencialmente, o trabalho do assessor de investimentos é auxiliar seus clientes a montarem uma carteira de investimentos, de acordo com seu perfil e objetivos de vida.
Mais do que isso, segundo a CVM, os agentes autônomos também são responsáveis por apresentar o mercado aos investidores, explicar as características dos produtos, cadastrar novos clientes, receber as ordens e transmiti-las para os sistemas de negociação, além de esclarecer dúvidas práticas.
“O assessor carrega em sua ‘maleta de ferramentas’ um conhecimento técnico sobre a estratégia de investimentos, a chamada alocação de recursos ou asset allocation, bem como conhecimento sobre todas as classes de investimentos e precisa saber ouvir muito bem para identificar as necessidades do cliente e sua capacidade de exposição ao risco”, conta Bianca Juliano, sócia da XP e especialista em carreiras no mercado financeiro.
Embora cerca de 90% dos R$ 4 trilhões que os brasileiros têm aplicado ainda estejam nos bancos, esse número já foi maior, chegando a 100%. Foram os Agentes Autônomos de Investimentos (AAI), como também são conhecidos os assessores, os grandes responsáveis pela migração dessa fatia para as corretoras.
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“Diferente dos gerentes de banco, que são mais generalistas, os assessores são profissionais especializados em investimentos. Seu foco é exclusivamente voltado ao interesse do cliente, o que não o obriga a indicar produtos em que não acredita e esse é um dos fatores que têm contribuído para a migração em massa dos clientes dos bancos tradicionais para as corretoras”, explica Bianca.
A profissão do momento
Enquanto nos Estados Unidos há mais de um milhão de pessoas trabalhando com assessoria, no Brasil, temos pouco mais de 12 mil profissionais atuando na área. Ou seja, há ainda um enorme potencial a ser explorado.
“Estou na XP desde 2008 e, desde essa época, eu já ouvia falar que essa era ‘a carreira do futuro’. O tempo passou e eu acredito muito que isso mudou para ‘a profissão do momento’. Antes, o investidor não precisava procurar por alternativas de investimento, pois a renda fixa proporcionava uma rendimento bom. Agora não. Ele continua querendo um rendimento alto e demanda produtos financeiros mais complexos que o gerente do banco tradicional não vai conseguir oferecer”, afirma Rebeca Webster, sócia da Zahl Investimentos e responsável pelo time de expansão do escritório.
E, foi ao notar o potencial que esse mercado detém, que o ex-cientista da computação Fernando Yonehara, de 43 anos, decidiu migrar para essa profissão.
“Fui percebendo a falta de conhecimento financeiro das pessoas ao meu redor e reparando no quanto isso afetava a vida delas. Foi aí que consegui enxergar uma oportunidade de trabalho. Quando pedi demissão, todo mundo achou que eu era maluco. Eu estava trabalhando em uma grande empresa, com uma certa estabilidade e, do nada, troquei por um sonho, que eu nem sabia se iria dar certo”, lembra Yonehara, que hoje atua como assessor de investimentos na HI Invest.
Yonehara faz parte de um grupo crescente de profissionais que encontraram nesta carreira do mercado financeiro uma série de incentivos. Entre eles, a possibilidade de empreender em um ambiente altamente meritocrático e o propósito de impactar positivamente a vida de milhares de brasileiros.
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“Trabalhar para uma empresa terceira é muito diferente do que trabalhar para uma coisa que é sua. Minha carteira de clientes é minha empresa e eu preciso cuidar dela para que continue crescendo e meus clientes continuem satisfeitos. Minha remuneração depende totalmente da minha dedicação e, para mim, funciona muito melhor do que o sistema hierárquico das empresas tradicionais”, afirma Yonehara.
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Como chegar lá
O profissional que quiser atuar como assessor de investimentos em escritórios pelo país deve obter a certificação de Agente Autônomo de Investimentos da Ancord, entidade responsável por credenciar o segmento. A prova dura 2 horas e meia e possui 80 questões objetivas de múltipla escolha.
Não é necessária nenhuma formação específica para se certificar como AAI, o que torna a profissão bastante atraente para aqueles que desejam migrar para o mercado financeiro sem ter que ingressar em uma nova graduação.
Contudo, há aqueles que desejam ir além. Em busca de se especializar e atrair mais clientes, Yonehara cursou o MBA Investimentos e Private Banking da Xpeed School, escola de finanças da XP Inc., em parceria com o Ibmec. Segundo ele, os conhecimentos aprendidos durante o curso foram fundamentais para o processo de mudança de carreira.
“Eu já tinha uma boa noção de mercado, mas o MBA me preparou de uma forma bem mais completa, e não apenas para passar na prova da Ancord”, afirma.
Se a mudança de profissão valeu a pena? “Foi difícil, mas foi a melhor decisão que já tomei na vida”, diz Yonehara.
Segundo Bianca Juliano, é importante que aqueles que desejam aproveitar o momento para migrar para a profissão desenvolvam algumas competências: perfil comercial, conhecimento sobre investimentos e espírito empreendedor.
“É um trabalho que também envolve educação financeira, uma vez que o assessor, muitas vezes, acaba sendo uma espécie de professor para o investidor iniciante, apresentando o mercado e explicando diferentes estratégias de alocação”, afirma Bianca.
“É sempre muito importante intensidade, resiliência, foco e saber, antes de tudo, se comunicar com o cliente. O conhecimento sobre investimentos é importante? Sim, com certeza, e é por isso que recomendamos o estudo constante também”, acrescenta. “Se tem um conselho que eu daria para quem quer começar amanhã na profissão, esse conselho é ‘comece hoje’, nem que seja apenas pesquisando mais sobre o assunto, mas comece.”
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Stéfani Inouye, InfoMoney