domingo, 5 de abril de 2020

"A hora dele vai chegar", por Wilson Lima

Sinais emitidos pelo presidente e por alguns dos seus principais conselheiros indicam que a demissão do ministro da Saúde é questão de tempo
Mandetta é tido como homem fora do governo | Foto: Marcos Corrêa/PR
Diversos indicativos dados neste domingo, 5, apontam que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está próximo de deixar o governo Jair Bolsonaro. O próprio presidente deu a senha em conversas com apoiadores, no final da tarde, ao criticar integrantes do governo que “viraram estrelas”. “Vai chegar a hora deles”, disse o presidente.
Sem citar nominalmente Mandetta, o presidente declarou que não tem receio de “usar a caneta”, indicando que pode exonerar integrantes do seu staff a qualquer momento. “Algumas pessoas no meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Fazem provocações. Mas a hora deles não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles”, disse o presidente, que prosseguiu. “A minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil, não é para o meu bem. Nada pessoal meu. A gente vai vencer essa”.

As declarações foram dadas a líderes evangélicos e apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. Já na manhã deste domingo, nomes importantes no governo iniciaram uma campanha aberta contra o ministro Mandetta. O escritor Olavo de Carvalho postou em seu Facebook a expressão “Fora Punhetta” [sic]. Olavo exerce forte influência sobre o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Olavo também foi decisivo para as demissões de três ministros: Ricardo Vélez (Educação), Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência da República).

Revista Oeste