quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Panamá proíbe Odebrecht, envolvida com a quadrilha da dupla Lula-Dilma, de participar de licitações

Com AFP e Estado de São Paulo

Grupo é acusado de pagar US$ 59 milhões em propinas no país para obter contratos públicos


PANAMÁ - O governo do Panamá anunciou nessa terça-feira, 27, que o grupo brasileiro Odebrecht, acusado de pagar US$ 59 milhões em propinas no país para obter contratos, não poderá participar de futuras licitações de obras públicas.
De acordo com um comunicado lido pelo ministro da Presidência, Álvaro Alemán, o governo do Panamá decidiu "adotar as ações necessárias para proibir que o Grupo Odebrecht obtenha qualquer contrato em futuros processos de licitação pública".
Foto: JF Diorio/Estadão
Odebrecht
Sede da Odebrecht em São Paulo
A proibição estará vigente até que a Odebrecht demonstre "uma colaboração efetiva e eficaz nas investigações do Ministério Público e se garanta os valores que o grupo deve restituir ao Estado" pelos prejuízos causados, declarou Alemán.
O comunicado não informa o valor que a Odebrecht deverá ressarcir para poder participar de futuras licitações.
Alemán acrescentou que o governo do Panamá adotará "medidas" para que a Odebrecht abandone os distintos processos de concorrência para os quais estava pré-qualificada, como a construção da Linha 3 do metrô da capital e a quarta ponte sobre o Canal do Panamá.
O governo panamenho também cancelará "sem custo para o Estado" um contrato com a Odebrecht para a construção de uma hidroelétrica.
O departamento de Justiça dos Estados Unidos concluiu que a Odebrecht pagou propinas em nove países latino-americanos para obter contratos.
No Panamá, o grupo teria pago entre 2010 e 2014 mais de US$ 59 milhões em propinas para fechar contratos que totalizam US$ 175 milhões.
Investigação. A Controladoria do Panamá anunciou que investigará Carlos Ho González, ex-diretor de Projetos Especiais do Ministério de Obras Públicas, por sua relação com o esquema envolvendo a Odebrecht e por "suposto enriquecimento ilícito".
"Todas as pessoas que ocuparam cargos públicos, incluindo funcionários ativos, relacionadas a atos de propinas pela Odebrecht terão sua situação patrimonial investigada", disse o controlador-geral Federico Humbert. "O povo exige que este caso seja esclarecido por completo e que se faça justiça a este respeito".
Foto: INFOGRÁFICO|ESTADÃO
Departamento de Justiça dos EUA acusa Odebrecht de ter pago suborno em 12 países desde 2001
Departamento de Justiça dos EUA acusa Odebrecht de ter pago suborno em 12 países desde 2001
Nessa terça-feira, vários fiscais panamenhos viajaram aos Estados Unidos para "obter detalhes sobre as propinas e a utilização de instituições financeiras no Panamá" por parte da Odebrecht.
Relatório divulgado em 20 de dezembro pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos menciona o pagamento de US$ 6 milhões a dois “parentes próximos” de uma autoridade governamental de alto nível no Panamá na tentativa de obter obras no país.
Conforme publicado pelo Estado na quinta-feira, 23, o ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo Soares afirmou, nas negociações de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato, que foram realizados pagamentos para um dos filhos do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (2009-2014). 
Ricardo e Luis Enrique Martinelli Linares negaram o recebimento de propina e atribuíram a denúncia a uma "campanha midiática".
Em acordo de leniência, a Odebrecht e sua filial petroquímica, Braskem, concordaram em pagar uma multa recorde de R$ 6,9 bilhões para resolver um amplo processo de pagamento de propina a funcionários dos governos de Brasil, EUA e Suíça, vinculado às investigações da Operação Lava Jato.

Em nota, a Odebrecht disse que nãos e manifestará sobre o tema. A empresa reiterou ainda seu "compromisso de colaborar com a Justiça" e que "está implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade."