Realizou-se nesta quinta-feira mais uma sessão de debate em torno do projeto sobre abuso de autoridade. O evento foi presidido pela hipocrisia. No comando dos trabalhos, Renan Calheiros, protagonista de 12 processos judiciais. No rol de debatedores, Sérgio Moro, juiz da Lava Jato. Trataram-se por “excelentíssimo”. Acontece que o excelentíssimo, na visão de um e de outro, não é excelentíssimo. Bem ao contrário. Pode ser um biltre.
“A Lava Jato é sagrada”, disse Renan a certa altura. Difícil para Moro ouvir o anfitrião dizer uma frase como essa sem reprimir um sorriso interior e uma voz que soa nos fundões da consciência: “Farsante”.
Moro sugeriu o adiamento do debate: “Uma nova lei poderia ser interpretada nesse momento como efeito prático de tolher ações” de juízes e procuradores. “…Talvez não seja o melhor momento, e o Senado pode passar uma mensagem errada. O que se assiste é uma sociedade ansiosa não apenas com casos da Lava Jato.”