NICOLA PAMPLONA - Folha de São Paulo
A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (29) a maior operação, até agora, de seu plano de desinvestimento: a venda de sua participação da área de Carcará, no pré-sal, para a norueguesa Statoil por US$ 2,5 bilhões.
A Petrobras tem 66% da área, que já tem descobertas de petróleo, mas ainda não está em operação. Os outros sócios são a portuguesa Petrogral, com 14%, a Queiroz Galvão Exploração e Produção e a Barra Energia, ambas com 10%.
Em comunicado divulgado na madrugada desta sexta, a estatal informou que a primeira parcela, de US$ 1,25 bilhão, será paga no fechamento da operação, que depende ainda da consulta aos demais sócios pelo direito de preferência e da aprovação das autoridades competentes.
O restante será pago em parcelas relacionadas a determinados eventos, informou a estatal. Um deles é o acordo de unitização da área —quando concessionários e governo negociam a exploração de uma parte da jazida que se estende para fora da área de concessão.
"A operação faz parte da política de gestão de portfólio da Petrobras, que prioriza investimentos em ativos com maior potencial de geração de caixa no curto prazo e com maior possibilidade de otimização de capital e de ganhos de escala, devido à padronização de projetos de desenvolvimento da produção", afirma a empresa no comunicado.
O analista André Nadal, do Credit Suisse, lembra que a estatal já havia adiado o início da produção na área para depois de 2020, quando anunciou a última revisão de seu planejamento estratégico, em 2015. Com poucos recursos em caixa e elevada dívida, a empresa decidiu focar nos projetos hoje em operação, como Lula e Sapinhoá, e na área da cessão onerosa.
"Sua venda traz de volta ao presente uma receita que, de outra forma, só estaria disponível no futuro", escreveu Nadal, em relatório divulgado a seus clientes ainda na madrugada desta sexta.
Carcará fica na Bacia de Santos, a cerca de 200 quilômetros do litoral de São Paulo. A descoberta foi feita em um bloco exploratório arrematado pela Petrobras e seus sócios em 2000, na segunda rodada de licitações de áreas petrolíferas do país.
Com a descoberta do pré-sal, percebeu-se que a jazida se estendia para além da área concedida no passado e, por isso, as empresas terão que negociar com a União qual a parcela de cada parte nas reservas. A parcela do governo deve ser leiloada no ano que vem, em licitação de áreas do pré-sal.