Eduardo Bresciani - O Globo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou, nesta sexta-feira, que o projeto de lei de abuso de autoridade que pode ser votado pelo Congresso não impediria as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que flagraram conversas de caciques do PMDB. Gilmar ressaltou que somente autoridades não poderiam realizar escutas ambientais sem autorização judicial que envolvam terceiros. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou, na quinta-feira, a decisão de incluir a proposta na pauta neste mês.
— A lei é voltada para a autoridade. É disso que se cuida. No caso do Sérgio Machado, por exemplo, só seria (crime) se alguém disser que foi a Procuradoria que mandou — explicou o ministro.
O ministro ressaltou que já defendia a legislação no ano de 2009, quando se tentou aprovar a proposta na Câmara. Ele refutou qualquer associação entre o projeto e a Operação Lava-Jato.
— Não tem nada a ver com a Lava-Jato. O que disse naquela época e repito agora é que Brasil tem um catálogo de abuso de autoridade, que vai de A a Z, que vai do guarda da esquina ao presidente da República — afirmou.
Gilmar sustentou que é preciso "separar autoridade de bandido" e afirmou que não há momento melhor ou pior para enfrentar um tema como este. Ele confirmou ter pedido a parlamentares que o projeto fosse levado adiante.