Manu Dias - 28.nov.2015/Secom | |
Carro é enterrado em lançamento da pedra fundamental na fábrica da JAC Motors na Bahia |
JOÃO PEDRO PITOMBO - Folha de São Paulo
Há três anos, num terreno de 50.000 m² em Camaçari (a 50 quilômetros de Salvador), foi lançada a pedra fundamental daquela que seria a primeira fábrica da montadora JAC Motors no Brasil.
Numa cerimônia simbólica, na qual um carro chegou a ser enterrado, a montadora chinesa prometia entregar em 14 meses uma fábrica com capacidade de produzir 100 mil veículos por ano.
Hoje, o terreno permanece quase inalterado: o carro continua debaixo da terra, mas nem sequer um tijolo da nova fábrica foi erguido no local.
O caso reflete o atual cenário da indústria automotiva brasileira, de adiamento dos projetos de novas fábricas e readequação da produção das unidades já inauguradas.
Segundo a Fenabrave (associação que representa as concessionárias), a expectativa é que o setor feche 2015 com 2,4 milhões de veículos vendidos –patamar semelhante ao de 2006 e 35% menor que os 3,7 milhões comercializados em 2013, quando o mercado atingiu seu ápice.
Os números exprimem a crise no setor, que previa chegar a um patamar de 5 milhões de carros vendidos por ano, mas o mercado retraiu para metade disso."É como se fizessem uma feijoada para 50 pessoas, mas só aparecessem dez. O mercado teve de se adequar a essa nova realidade", diz Paulo Roberto Garbossa, consultor do segmento automotivo.
Segundo ele, a perda do poder de compra e a alta do desemprego fizeram as famílias adiar os planos de trocar ou comprar o primeiro carro.
A JAC Motors, por exemplo, vendeu uma média de oito carros por mês em cada uma de suas 50 concessionárias neste ano até outubro.
REVISÃO DE PLANOS
Diretor de assuntos corporativos da JAC no Brasil, Eduardo Pincigher diz que o cenário adverso fez a montadora rever o ritmo da instalação da fábrica no Brasil.
"Não desistimos. Apenas estendemos o cronograma de implantação para inaugurá-la com o mercado mais aquecido."
Com dificuldades de conseguir financiamento, a JAC já foi cobrada pelo governo da Bahia a dar a largada na fábrica, sob risco de perder incentivos fiscais para importar seus carros fabricados na China pelo porto de Salvador.
Além da JAC Motors, pelo menos quatro montadoras tiveram de readequar seus projetos de novas fábricas. As recém-inauguradas operam com deficit.
É o caso da também chinesa Chery Motors, que abriu fábrica em Jacareí (a 84 km de São Paulo) em 2013 e opera hoje com 10% da sua capacidade para 50 mil veículos ao ano.
A fábrica da Suzuki, que começou a funcionar em 2013 em Itumbiara (GO), suspendeu as operações há cerca de um mês. A produção foi transferida para a unidade da Mitsubishi, marca parceira da Suzuki no Brasil.
Já a Honda –única marca cujas vendas cresceram neste ano no país– adiou, no último mês, o início da produção da sua segunda unidade, em Itirapina (a 212 km de SP).
Já a chinesa Foton Motors, que anunciou em 2013 uma fábrica de vans e caminhões na Bahia, nem sequer escolheu terreno para erguê-la.
Numa cerimônia simbólica, na qual um carro chegou a ser enterrado, a montadora chinesa prometia entregar em 14 meses uma fábrica com capacidade de produzir 100 mil veículos por ano.
Hoje, o terreno permanece quase inalterado: o carro continua debaixo da terra, mas nem sequer um tijolo da nova fábrica foi erguido no local.
O caso reflete o atual cenário da indústria automotiva brasileira, de adiamento dos projetos de novas fábricas e readequação da produção das unidades já inauguradas.
Segundo a Fenabrave (associação que representa as concessionárias), a expectativa é que o setor feche 2015 com 2,4 milhões de veículos vendidos –patamar semelhante ao de 2006 e 35% menor que os 3,7 milhões comercializados em 2013, quando o mercado atingiu seu ápice.
Os números exprimem a crise no setor, que previa chegar a um patamar de 5 milhões de carros vendidos por ano, mas o mercado retraiu para metade disso."É como se fizessem uma feijoada para 50 pessoas, mas só aparecessem dez. O mercado teve de se adequar a essa nova realidade", diz Paulo Roberto Garbossa, consultor do segmento automotivo.
Segundo ele, a perda do poder de compra e a alta do desemprego fizeram as famílias adiar os planos de trocar ou comprar o primeiro carro.
A JAC Motors, por exemplo, vendeu uma média de oito carros por mês em cada uma de suas 50 concessionárias neste ano até outubro.
REVISÃO DE PLANOS
Diretor de assuntos corporativos da JAC no Brasil, Eduardo Pincigher diz que o cenário adverso fez a montadora rever o ritmo da instalação da fábrica no Brasil.
"Não desistimos. Apenas estendemos o cronograma de implantação para inaugurá-la com o mercado mais aquecido."
Com dificuldades de conseguir financiamento, a JAC já foi cobrada pelo governo da Bahia a dar a largada na fábrica, sob risco de perder incentivos fiscais para importar seus carros fabricados na China pelo porto de Salvador.
Além da JAC Motors, pelo menos quatro montadoras tiveram de readequar seus projetos de novas fábricas. As recém-inauguradas operam com deficit.
É o caso da também chinesa Chery Motors, que abriu fábrica em Jacareí (a 84 km de São Paulo) em 2013 e opera hoje com 10% da sua capacidade para 50 mil veículos ao ano.
A fábrica da Suzuki, que começou a funcionar em 2013 em Itumbiara (GO), suspendeu as operações há cerca de um mês. A produção foi transferida para a unidade da Mitsubishi, marca parceira da Suzuki no Brasil.
Já a Honda –única marca cujas vendas cresceram neste ano no país– adiou, no último mês, o início da produção da sua segunda unidade, em Itirapina (a 212 km de SP).
Já a chinesa Foton Motors, que anunciou em 2013 uma fábrica de vans e caminhões na Bahia, nem sequer escolheu terreno para erguê-la.