domingo, 1 de março de 2020

Com Bolsonaro na posse, Lacalle Pou assume o Uruguai

MONTEVIDÉU - Luis Alberto Lacalle Pou assume neste domingo a presidência do Uruguai em cerimônia que será acompanhada por Jair Bolsonaro. Aos 46 anos, ele chega ao poder em meio ao aumento dos índices de criminalidade e de economia estagnada – fatores que contribuíram para a derrota da Frente Ampla, partido de esquerda que dominou a política uruguaia nos últimos 15 anos. 
Bolsonaro desembarca neste domingo em Montevidéu. 


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O presidente do Uruguai, Luis Calle Pou, com o rei da Espanha, Felipe VI, 
um dia antes da posse, no departamento uruguaio de Canelones. 
Foto: Mariana Greif/Reuters
Logo após vencer as eleições, ele disse que “não faria parte do clube de amigos com base em ideologia, nem de um lado, nem do outro”.
Lacalle Pou aposta no comércio exterior para dar uma guinada liberal, dinamizar o setor produtivo, recuperar a falta de confiança dos mercados e melhorar a economia. Antes mesmo de começar, seu governo anunciou uma desvalorização gradual do peso uruguaio para estimular as exportações. Após a posse, ele pretende adotar medidas para atrair mais investimentos estrangeiros. 
“Ele terá uma relação pragmática em questões importantes para o Uruguai, seja com Brasil, Argentina, EUA ou China”, afirma Mauricio Rabuffetti, colunista e autor de José Mujica – a Revolução Tranquila

Aliado regional

Apesar disso, o governo brasileiro vislumbra uma melhora das relações bilaterais e aguarda que o Uruguai se torne uma voz aliada contra Nicolás Maduro, na Venezuela. “Já recebemos indicações de que vai haver mudança de posição em relação a temas centrais para o Brasil na região, como Venezuela e Bolívia. Imagino que isso tenha um impacto na atuação do Uruguai na OEA”, disse o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, secretário de negociações regionais nas Américas.

“O novo governo será uma mais uma voz de pressão contra a Venezuela, mas será do tipo e do estilo que o governo Bolsonaro quer? É muito difícil, porque a política no Uruguai é muito mais gradualista”, observa o cientista político Camilo López Burian, que também aposta em um atuação mais calculada do novo presidente. 

Com informações de Jussara Soares e Paulo Beraldo, O Estado de S.Paulo