Leonardo Jubilut, da Jubilut Advogados – um dos maiores escritórios do Brasil especializado na área trabalhista – acredita que a Covid-19 vai mudar muito as relações entre empregador e empregado. O advogado, que está no front pilotando sua equipe em dezenas de negociações, afirma que “passado o impacto inicial das medidas de contenção e restrição de atividade econômica, ambas as partes vão buscar a sobrevivência e adequação aos novos tempos”.
Segundo Jabilut, existem hoje empresas cuja atividade está totalmente paralisada, nas outras, a demanda caiu drasticamente. Portanto, precisam reduzir a carga e custos. “Aguarda-se a publicação de MPs que deverão tratar das duas formas de lay-off: a suspensão dos contratos e a possibilidade de redução de jornada e salário”.
Mas enquanto as medidas não chegam, muitos seguimentos já obtiveram, pela via da negociação sindical, a possibilidade de redução salarial, com a proporcional redução de salário, e também a suspensão dos contratos. “Outras tantas empresas conseguiram, por meio das flexibilidades provenientes da MP 927/2020, a redução de sua atividade, implementando férias coletivas, antecipando as férias individuais e a atividade a distância”.
Para o especialista, esta situação vai mudar coisas importantes no mundo do trabalho. “O home office, ou anywhere office, já é muito utilizado mundo afora e pouco utilizado nas pequenas e médias corporações. Ele será um dos legados deste momento de crise”, aponta Jabilut.
Por um lado, as empresas estão vendo a possibilidade de adotar este conceito em maior escala em diversas áreas. Por outro lado, as relações sindicais sairão fortalecidas. “Todos veem a importância de cada lado e estão finalmente percebendo que não existem opostos na mecânica da vida corporativa. Somos parte de uma mesma engrenagem”, diz.
Por Sonia Racy, O Estado de São Paulo