As turbulências na economia global fazem estragos no preço do petróleo. Nesta segunda-feira, 30, o preço do barril do tipo WTI chegou a ser cotado abaixo de US$ 20. No início do ano, estava cotado próximo a US$ 60. A desvalorização chega a 65%. Com o óleo tipo Brent não é diferente. A faixa de cotação para esse índice nesta segunda-feira é de, aproximadamente, US$ 25. No começo do ano, era US$ 64, uma perda de 60% somente neste ano.
Há, basicamente, três motivos principais para o que está acontecendo com os preços. O primeiro deles, que afeta toda a economia mundial e que provoca um efeito gigantesco de 'sobe e desce' em todos os mercados financeiros, é vírus chinês, causador da covid-19. Somente a pandemia já causaria redução nos preços do petróleo. Mas, somado a isso, há um segundo motivo: a 'guerra de preços' entre Arábia Saudita e Rússia.
Quando o vírus chinês começou a impactar os preços da commodity, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) propôs um acordo: reduzir a produção para segurar os preços - se há uma proudução menor, quando a demanda cai, o preço não cai (ou cai menos), porque não há estoque elevado. Mas a Rússia, grande produtora, não quis entrar nesse acordo. Em retaliação, a Arábia Saudita fez duas coisas: reduziu os preços de exportação, na época, em 10%, e ainda aumentou a produção - o que acarretaria em maior queda nos preços.
Tudo isso gerou a maior queda na cotação dos barris desde 1991, época da Guerra do Golfo. Além disso, para esta segunda-feira, quando perdeu o patamar de US$ 20, houve o terceiro motivo: a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de manter o isolamento social até o fim do mês. Quando a maior economia do mundo fica parada, o mundo inteiro sente, e não é diferente para o petróleo.
Durante as negociações do dia ainda surgiu mais uma variável em toda a equação, e fizeram com que a commodity renovassem mínimas em 18 anos. Surgiram relatos de que o Iraque está vendendo a commodity a US$ 20 por barril e negocia pagamentos com petrolíferas internacionais. Operadores também dizem que os estoques de petróleo dos EUA em Cushing subiram mais de 4 milhões de barris na última semana. Às 11h20 (de Brasília), o petróleo WTI para maio caía 6,32% na New York Mercantile Exchange (Nymex), a US$ 20,15 o barril, depois de voltar a ser negociado abaixo de US$ 20,00, enquanto o petróleo Brent para junho recuava 7,26% na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 25,92 o barril.
Efeito prático no Brasil
Com tudo isso, há um efeito prático no Brasil. Em decorrência da matéria-prima mais barata, a Petrobrás, por diversas vezes neste mês, já reduziu os preços da gasolina e do diesel nas refinarias. Isso não chega na mesma proporção aos postos de gasolina para abastecimento dos veículos, mas a queda nos preços existe.
Além disso, quando os recuos nos preços dos barris são muito fortes, há uma desvalorização das ações da Petrobrás. A estatal tem um peso muito grande no Ibovespa, cesta de ações que representa o mercado financeiro do Brasil. Logo, se ela cai de uma forma muito expressiva, isso tem impacto direto na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
Com informações de Sergio Caldas e Felipe Siqueira, O Estado de S.Paulo