O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse neste sábado que o país foi atingido por um 'meteoro' e cobrou de empresários e de instituições financeiras a compra de testes para o vírus chinês a serem feitos nos próprios funcionários das companhias. Também afirmou que nenhum brasileiro será deixado para trás na crise e que o pacote de socorro a pequenas empresas, informais e desempregados já soma R$ 750 bilhões.
O ministro disse que os recursos vão chegar a quem precisa através da Caixa e do INSS, além das maquininhas de cartão para os pequenos empreendedores.
- Fomos atingidos por um meteoro, vamos combatê-lo e no ano que vem, ou até em 2020, estaremos de volta com as reformas estruturantes - disse o ministro durante live com empresários do mercado financeiro.
Guedes disse que a testagem é importante para aumentar a taxa de detecção da Covid-19, para mais tarde passar de um isolamento horizontal para vertical. Isso permitiria as empresas a voltarem a operar, evitando que a economia sofra um impacto ainda maior.
Pela manhã, durante live organizada pela Fiesp com empresários do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil, o ministro disse que a Ambev se comprometeu a comprar um milhão de testes e disse que 70 mil serão utilizados com seus funcionários familiares. Edgard Corona, presidente do grupo Bio Ritmo/Smart Fit, também prometeu comprar exames para seus funcionários e para a população durante a teleconferência.
O ministro afirmou que a produção de ventiladores pulmonares no Brasil passou de 250 por semana para mil. Mas para acompanhar a curva da doença são necessários 1,4 mil por semana. Ele criticou a postura de gestores públicos que confiscaram equipamentos de algumas empresas.
Na sexta-feira, o governo de São Paulo determinou o confisco de 500 mil máscaras da 3M. A prefeitura de Cotia, em São Paulo, entrou na empresa Magnamed para confiscar 35 respiradores. Em Recife, o governo estadual se apossou de um hospital do grupo Hapvida.
- Isso é crime contra a saúde pública. É o caos e não pode acontecer.
Ministro garante que continua no cargo
Guedes disse que dos R$ 750 bilhões do pacote de socorro, metade é destinado ao crédito para empresas em dificuldades. O restante será destinado ao auxílio a informais, Bolsa Família, investimentos em Saúde, repasses a municípios e estados. Guedes disse que há gargalos para repasse dos recursos, que devem ser resolvidos nesta semana. Mas não deu uma data precisa para o início do pagamento.
O ministro afirmou que o primeiro canal de repasse será o INSS. Mas se a pessoa ainda não tiver relação com a Previdência, a Caixa será usada para repassar os recursos.
- A Caixa poderá repassar o dinheiro à conta da pessoa também. E se ela não tiver conta bancária, vai ter que abrir uma na Caixa. Estamos conversando com as empresas de maquinhas de cartão, muito usadas por pequenos empreendedores para abrir um novo caminho de repasse. Ninguém vai ficar para fora. Vamos botar todo mundo para dentro - garantiu.
O ministro disse nas duas lives que não há intenção de aumentar impostos neste momento e obrigar grandes empresas a contribuir com recursos para combater a pandemia. Projeto de lei do deputado Wellington Roberto (PL-PB) prevê que a União poderia taxas em 10% do lucro líquido dos últimos doze meses de empresas com patrimônio líquido superior a R$ 1 bilhão. O governo teria até quatro anos para pagar a dívida, corrigida pela Selic.
Guedes afirmou que testou negativo para a Covid-19 e afirmou que está despachando de sua casa, no Rio de Janeiro, porque foi despejado do hotel em que costuma se hospedar em Brasília. Ele disse que está 'sumido' nos últimos dias porque está trabalhando '24 horas' por dia para garantir que as medidas anunciadas sejam implementadas rapidamente.
João Sorima Neto, O Globo