Enquanto Brasil, Estados Unidos e diversos países ainda sofrem com a crise do coronavírus, a China já surpreende ao apresentar indicadores positivos nesta terça-feira (31). O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do país asiático subiu de 35,76 pontos em fevereiro para 52 pontos em março. O PMI de serviços também avançou: de 29,6 para 52,3 no mesmo período.
Neste contexto, de que forma esse início de recuperação da economia chinesa pode afetar o mercado brasileiro? Para o analista de empresas da Ágora Investimentos, Ricardo França, embora seja cedo para comemorar, é uma boa notícia para o Brasil, já que a China é uma grande parceira comercial. Os números, segundo ele, também ajudam na previsão do tempo de retomada da nossa crise.
“Ainda não traz uma melhora de imediato ao Brasil, mas é um referencial de quanto tempo dura a recessão para nos prepararmos melhor. Para alguns setores, como os de commodities, as expectativas são boas, pois as exportações vão voltar a se normalizar”, afirma França.Essa é a mesma visão do estrategista-chefe da Infinity Asset, Otávio Aidar. Segundo ele, como sentimos os efeitos da crise do coronavírus muito depois da China, o Brasil não vai voltar a crescer imediatamente. Mas ele também concorda que a retomada chinesa vai favorecer as exportações de commodities.
“Estamos falando do dólar a R$ 5,20, então se tivermos parceiros caminhando para normalidade, esperamos uma melhora nas exportações também”, prevê.
Ou seja, o início da recuperação da economia chinesa, neste momento, ainda não terá tanto impacto no Ibovespa. O investidor deve estar atento a outras questões internacionais e locais antes de se animar com notícias do mercado chinês para não cometer erros. “Esse tempo de volatilidade é sempre muito difícil, pois temos as questões brasileiras e as globais”, comenta Aidar.
Hoje, o Ibovespa opera em estabilidade entre pequenas perdas e ganhos. Até às 11h20 desta terça feira, 31, o principal índice da B3 estava em 74.831,08 pontos, alta de 0,26% no dia.
Em linhas gerais, o comportamento do mercado está seguindo o entusiasmo com os dados econômicos da China. Porém, em outra frente, continuam as preocupações com relação aos impactos do coronavírus no mundo. Os EUA ainda informam, nesta terça, o índice de confiança do consumidor da Conference Board, que deve cair e tem potencial de influenciar as expectativas na bolsa brasileira.
Uma notícia local importante do dia foi a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que mostrou um aumento no desemprego para 11,6% no trimestre até fevereiro.
Mateus Apup, O Estado de São Paulo