WASHINGTON — O principal epidemiologista da força-tarefa da Casa Branca para enfrentar o avanço do vírus chinês nos EUA fez uma previsão sombria para as próximas semanas: de acordo com o epidemiologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, o número de mortes causadas pelo coronavírus no país pode chegar a um patamar entre 100 e 200 mil, com "milhões" de casos confirmados.
De acordo com os últimos números, os EUA têm mais de 132 mil pessoas infectadas, com mais de 2.300 mortes ligadas à Covid-19. Apesar do número extremo, o próprio Fauci disse que os modelos se baseiam em diferentes hipóteses e cenários.
— Normalmente traçamos um pior e um melhor cenário. Geralmente a realidade fica em um ponto intermediário — afirmou a Jake Tapper, da CNN. — Entre as doenças com as quais trabalhei, jamais vi um modelo que confirmasse os piores cenários.
Sem quarentena
Fauci também falou da decisão do presidente Donald Trump de não declarar uma quarentena na região de Nova York, principal foco de transmissão do coronavírus no país: 56% dos novos casos estão sendo registrados na cidade, que possui o maior número de infectados e mortes até o momento, e onde o sistema hospitalar já opera no limite. Segundo ele, o assunto foi discutido de maneira intensa no sábado: o governador do estado, Andrew Cuomo, disse que seria "contraproducente e antiamericano". Por fim, Trump, que se colocara propenso a adotar a medida, foi concencido a não fazê-lo.
— A razão para isso é que você não quer chegar ao ponto em que está ordenando coisas que criariam uma dificuldade ainda maior, prática e moral, quando você pode provavelmente obter os mesmos resultados (de não fazer nada — disse Fauci.
No sábado, as autoridades emitiram um alerta para que moradores de Nova York, Nova Jersey e Connecticut, estados próximos e que registram um grande número de casos, evitassem viagens dentro dos EUA por um período de 14 dias. Cada um dos governos estaduais terá o poder de implementar a medida e estabelecer possíveis exceções.
— O que você não quer é que as pessoas viagem dessas áreas para outros locais no país e, de forma inadvertida, inocente, infectar outras pessoas. Percebemos que a melhor maneira de fazer isso seria através de um alerta, ao invés de uma quarentena estrita. O presidente concordou, por isso tomou esa medida na noite passada (sábado) — disse o epidemiologista, que dirige o Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas desde 1984 e vem sendo considerado o "rosto" das ações do governo para enfrentar o coronavírus, algo que também lhe rendeu uma série de ataques vindos especialmente da extrema direita.
O Globo e agências internacionais