O cenário, como se vê, parece benigno. Mas, no início da semana, o mercado de ações — sensível sismógrafo do que acontece no subsolo das economias — caiu de forma pouco usual. Houve razões pontuais: papéis da Apple mergulharam 4%, puxados por más previsões de vendas; ações de outros gigantes da tecnologia foram atrás; pessimismo com o embate comercial entre China e EUA. Tudo somado com outros fatores degradou o humor do mercado.
A queda em Wall Street se propagou pelo mundo e um turbilhão de análises preocupantes fluiu pela rede digital.
Há outros sinais pelo mundo nada animadores. Um deles, a queda do preço do petróleo — 30% desde o início de outubro. Trata-se de um indicador valioso do nível de atividade econômica. Deve haver relação com o esfriamento, no último trimestre, de economias de peso como China e Japão, a segunda e a terceira maiores do mundo, e a Alemanha, também entre as dez mais poderosas.
Quem sabe que as economias cumprem ciclos antevê alguma desaceleração nos EUA, o que se reflete nos mercado, antecipadores de tendências.
Há mesmo entre analistas quem não descarte recessão no horizonte. É certo que tudo dependerá muito da maneira como o Fed administra sua lenta e anunciada elevação dos juros básicos.
O presidente Trump, como todo ocupante da Casa Branca, não gosta de quando o Fed exerce seu mandato de moderador das tendências da economia. Reclama publicamente de Jerome Powell, presidente do Fed. Em vão, porque o banco é independente.
O momentoda economia mundial, porém, requer muita atenção dos analistas, tanto quanto dos políticos com responsabilidade de governo. Jair Bolsonaro também precisará de Paulo Guedes para entender o que significam os sinais que estão sendo emitidos pelos mercados. Não há dúvida de que o Brasil tem de fazer a reforma da Previdência antes de qualquer tempestade.