quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Roberto Campos Neto substituirá Ilan Goldfajn no comando do Banco Central

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou na tarde desta quinta-feira, 15, a indicação do economista Roberto Campos Neto, diretor do Santander, para a presidência do Banco Central. Ele vai substituir Ilan Goldfajn que, conforme informou o “Estado” em sua edição desta quinta-feira, 15, não permanecerá no cargo por razões familiares e pessoais. Mansueto Almeida permanecerá à frente da Secretaria do Tesouro Nacional.
"O economista Roberto Campos Neto aceitou o convite e terá seu nome indicado ao Senado Federal para presidir o Banco Central. Com extensa experiência na área financeira, pós-graduado em economia pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Campos Neto deixa a diretoria do Banco Santander, onde ingressou em 2000", informou a assessoria de Paulo Guedes em nota. 

Banco Central
Economista Roberto Campos Neto será o próximo presidente do Banco Central. 
Foto: André Dusek|Estadão
Roberto Campos Neto  esteve no escritório de transição montado no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) na última terça-feira, 13, e reuniu-se com Guedes por cerca de uma hora. Saiu sem falar com a imprensa. Naquela mesma noite, um integrante da equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, teceu muitos elogios ao economista.

Ilan felicita governo pela indicação

Após a indicação do executivo, o Banco Central publicou uma nota em que o presidente Ilan Goldfajn felicita seu possível sucessor, o economista Roberto Campos Neto. No texto, Ilan também manifestou seu apoio ao projeto de autonomia da autoridade monetária e afirmou que seu afastamento do banco ocorre por motivos pessoais. "Profissional experiente e reconhecido, com ampla visão sobre o sistema financeiro e a economia nacional e internacional, Roberto Campos Neto conta com seu apoio (de Ilan) e sua confiança no futuro trabalho à frente do BC", diz a nota.
O economista, que hoje é diretor do Santander, ainda precisa passar por sabatina no Senado. Ilan afirmou, no comunicado, que permanecerá à frente da autoridade monetária, por pedido do próximo governo, até o nome de seu sucessor ser apreciado pelos senadores.
O atual presidente do BC disse também que continuará trabalhando para que os parlamentares aprovem o texto de autonomia do BC ainda neste ano. "A eventual aprovação da lei, com mandatos fixos e intercalados dos membros da sua diretoria (presidente e diretores), permitirá um futuro onde as transições do BC e do governo ocorram em momentos distintos, com conhecidos benefícios para a economia."
"A atual gestão do BC tem se empenhado na aprovação da lei de autonomia com mandatos de tempo fixos, mas sempre com o intuito de valer para a próxima diretoria", acrescentou.
Ilan ressaltou as "sinalizações recentes sobre política econômica feitas pela futura administração federal e as importantes indicações a cargos públicos na área, que visam o crescimento, com inflação baixa e estável".
Ainda no comunicado, o presidente do BC disse que tomará as providências para garantir a "melhor transição" e que a diretoria da autoridade monetária permanecerá à disposição de Campos Neto.
O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, também desejou êxito ao executivo, tesoureiro da instituição, dando destaque ao fato de ocupar uma função importante ao desenvolvimento do País.
"Roberto Campos Neto é um profissional com sólida formação e profundo conhecimento da área econômica. Desejamos a ele muito êxito no desempenho de sua nova função, tão importante para o desenvolvimento do País", disse o presidente do Santander Brasil em nota distribuída nesta quinta-feira, 15.

Perfil

Roberto de Oliveira Campos Neto, como o nome indica, é neto do economista Roberto Campos, ministro do Planejamento no governo do general Castelo Branco e um dos principais expoentes brasileiros do pensamento liberal na economia. O futuro presidente do BC está no quadro de executivos do Banco Santander há 16 anos. Atualmente é responsável pela Tesouraria. Campos Neto é economista e tem especialização em Finanças pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e é reconhecido por alguns no mercado por seu perfil técnico.
Iniciou a carreira no banco espanhol como chefe da área de renda fixa internacional, cargo que ocupou de 2000 a 2003. No ano seguinte, migrou para a gestora Claritas, onde ocupou a posição de gerente de carteiras. Em 2005, voltou ao Santander como operador e em 2006 foi chefe do setor de trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área proprietária de tesouraria e formador de mercado regional e internacional.

Mansueto permanecerá no Tesouro Nacional

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, permanecerá no cargo no futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, confirmou uma fonte graduada da equipe de transição. 
A permanência de Mansueto na equipe econômica já vinha sendo aventada. Em entrevista ao Broadcast na quarta-feira, havia dito que sua permanência no cargo não dependia apenas dele. "O governo tem muitas pessoas especializadas, diversos PhDs”, disse Mansueto, em Nova York, onde estava na quarta-feira em apresentação para investidores.
Especialista em finanças públicas, Mansueto chegou ao governo federal com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff e a nomeação de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda. Inicialmente, foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Passou à Secretaria do Tesouro Nacional com a saída de Meirelles, que acabou provocando uma dança das cadeiras a partir da promoção de Eduardo Guardia de secretário-executivo para ministro.

Transição

Guedes e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declararam em diversas ocasiões que tinham o desejo de manter o atual presidente do BC no cargo, mas também era de conhecimento público que eles chegaram a trabalhar com cinco opções para substituí-lo.

O que se dizia em Brasília é que a permanência de Ilan no cargo em 2019 dependia da aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, atualmente em tramitação na Câmara. O principal ponto da proposta é a definição de mandatos fixos para os dirigentes do BC a partir de março de 2020.

Lu Aiko Otta, Luciana Dyniewicz, Cynthia Decloedt e Renata Agostini, O Estado de S.Paulo