1) Moro buscou dar um sentido amplo ao "sim" a Bolsonaro. Era a chance de, enfim, levar a Lava-Jato ao poder. Curitiba, sustenta o juiz, impunha limites à operação. Agora é hora de fazer avançar uma agenda legislativa para endurecer o combate à corrupção.
2) O magistrado fez questão de demarcar as diferenças entre ele e seu futuro chefe. Fez afagos à imprensa, disse que trabalhará por "maiorias e minorias", ressaltou que em ações policiais o confronto será sempre evitado, entre outras.
3) Apesar disso, indicou que não afrontará Bolsonaro, buscará consenso em posições antagônicas e submeterá ao presidente eleito todas as propostas antes de encaminhá-las ao Congresso.
4) Moro entendeu que o sucesso de sua missão depende do combate à violência e, por isso, replicará o modelo de Curitiba, uma "Lava-Jato do crime organizado".
5) Por fim, claro, buscou separar sua decisão da prisão do ex-presidente Lula. Lembrou que a condenação foi confirmada por outros tribunais e que prendeu também Eduardo Cunha e Sérgio Cabral.
A entrevista coletiva do juiz Sérgio Moro já apresenta uma mudança relevante, e positiva, no padrão que vinha sendo adotado pela equipe de Jair Bolsonaro. Cinco dias após ser escolhido, Moro sentou-se em frente à imprensa e apresentou propostas objetivas e claras para atacar a corrupção e a criminalidade - deixando claro, inclusive, que será necessário tempo para que elas surtam efeito.
Parte das propostas havia sido publicada pelo Globo no sábado e faz parte de um pacote reunido pela Transparência Internacional e pela Fundação Getúlio Vargas. O rol de propostas é extenso. A alongada entrevista, explicitando inclusive divergências da linha de pensamento do futuro presidente, é outra novidade no campo bolsonarista. Resta saber se vai virar moda.
Com O Globo