— Talvez a intenção de pregar alguém como o senhor Mozart como ministro foi tentar fazer com que a bancada evangélica se voltasse contra minha pessoa. Nem foi cogitado o nome do senhor Mozart para ser ministro, tá certo? — disse Bolsonaro. — Como colocaram tempo atrás na mídia uma artista, a Maitê Proença, como ministra do Meio Ambiente. Nunca conversei pessoalmente com ela. Vou botar pessoas que entendem do assunto. Na pasta da Defesa: (general) quatro estrelas. E assim tá sendo. Na Economia, um economista. Na Saúde, um médico. Na Educação não vai ser diferente. No Meio Ambiente também.
O nome de Mozart Ramos, que circulou ontem como possível futuro ministro, gerou uma forte reação da bancada evangélica, que o vê como um entrave para demandas conservadoras na pasta.
Bolsonaro afirmou, também nesta quinta, que vai conversar com o procurador Guilherme Schelb, que já se manifestou contra a discussão de questões de gênero e orientação sexual nas escolas.
Ao ser questionado se Schelb é cotado para ser ministro da Educação, ele disse:
— Guilherme Schelb é cotado, sim.
O presidente eleito se mostrou alinhado ao pensamento do procurador, que integra a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure).
— Quem ensina sexo para criança é papai e mamãe. Escola é para aprender física, matemática e química — disse Bolsonaro. — Vou conversar hoje com o senhor Guilherme Schelb. É um ministério importantíssimo [o da Educação], como outros. Aí que está o futuro do Brasil. Se for ver aí os últimos dez, quinze anos, dobrou o gasto da educação, e a qualidade diminuiu. O Brasil não pode ir à frente com a educação dessa maneira.
As declarações de Bolsonaro foram dadas em rápidas entrevistas ao chegar e deixar o Comando da Marinha, onde se reuniu com os comandantes indicados por ele para chefiar as Forças Armadas.
Logo nas primeiras entrevistas, ele foi indagado se iria definir hoje quem será o futuro ministro da Educação, mas respondeu que não sabia ainda. Questionado sobre sua relação com Mozart Ramos, o presidente eleito incialmente disse estava aberto a conversar com todos:
— Estou pronto. Converso com todo mundo. Não sei se vai estar em Brasília hoje. Se estiver, eu converso sem problema nenhum. Já conversei no passado com Viviane Senna (presidente do Instituto Ayrton Senna, do qual Mozart Ramos é diretor). Já conversei com outras pessoas. Temos que ter um bom nome técnico.
Bolsonaro também falou da experiência de morar na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República:
— É a primeira vez na Granja. É diferente. Minha esposa manda muito mais do que vocês pensam. Ela que vai decidir em qual (casa) vai morar. A gente precisa de segurança. Até moraria da Ceilândia (região administrativa do Distrito Federal onde Michelle Bolsonaro viveu e distante 30 quilômetros do centro de Brasília), sem querer desmerecer.
André de Souza, O Globo