Com O Globo e agências internacionais
SEUL — China e Rússia deram as declarações mais entusiasmadas; o presidente americano, Donald Trump, foi da cautela à euforia; e o Japão, com problemas históricos com as Coreias por ter ocupado a Península Coreana até o fim da Segunda Guerra, pediu "ações concretas". Esse foi o tom das principais reações ao resultado da cúpula histórica entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, na qual os dirigentes das Coreias do Norte e do Sul prometerem trabalhar pela paz definitiva e pela desnuclearização da península.
"Depois de um ano furioso de lançamento de mísseis e testes nucleares, um encontro histório entre as Coreias do Norte e do Sul agora fala de paz. Boas coisas estão acontecendo, mas apenas o tempo vai dizer!", escreveu Trump em seu primeiro post no Twitter sobre o comunicado emitido ao final da cúpula.
After a furious year of missile launches and Nuclear testing, a historic meeting between North and South Korea is now taking place. Good things are happening, but only time will tell!
Logo depois, menos desconfiado, o presidente destacou que os Estados Unidos devem ficar orgulhosos com o que se passa na Coreia. "Guerra da Coreia vai acabar", frisou.
Donald Trump ainda elogiou a "grande ajuda da China" pelos avanços diplomáticos com a Coreia do Norte depois dos testes balísticos e nucleares realizados por Pyongyang e uma escalada retórica belicista.
"Por favor, não nos esqueçamos da grande ajuda que meu bom amigo, o presidente Xi da China, deu aos Estados Unidos, particularmente na fronteira com a Coreia do Norte. Sem ele, o processo teria sido muito mais longo e difícil!", afirmou o presidente no Twitter.
Aliada histórica do regime de Pyongyang, a China divulgou um comunicado no qual dá as boas vindas ao acordo entre o Norte e o Sul e ao trabalho conjunto contra as armas nucleares na península. Na visão das autoridades chinesas, o compromisso desta sexta-feira "declara um fim oficial para a Guerra da Coreia de 1950-1953".
O Ministério do Exterior chinês destacou, em nota, que espera a manutenção da disposição por diálogo em nome da promoção conjunta de uma resolução política para o conflito na península. O órgão ressaltou que a China quer cumprir um "papel proativo" no processo.
Já o Kremlin, outro histórico apoiador do regime de Kim Jong-un, saudou o que chamou de "notícias muito positivas" da cúpula entre os líderes coreanos.
"O presidente Vladimir Putin ressaltou várias vezes que uma solução viável e estável da situação na Peníncula Coreana só poderia se basear no diálogo direto. Hoje vemos que houve um diálogo direto", frisou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
Cruzamento das fronteiras
No histórico encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, os líderes das Coreias marcaram o primeiro cumprimento atravessando de mãos dadas a fronteira da Zona Desmilitarizada para demonstrar confiança mútua, indo aos dois lados. Kim, que trouxe Moon para o lado do Norte, ainda o convidou para visitar Pyongyang.
LÍDERES REAGEM A ACORDO
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, celebrou o que considera ser um "passo positivo" na relação das Coreias. Abe ressalvou, no entanto, que as "conversas sinceras sobre desnuclearização" precisam ser seguidas de "ações concretas" de Pyongyang. O Japão, assim como a Coreia do Sul, não tem armas nucleares e conta com a proteção do "guarda-chuva nuclear" americano. Teme ser alvo dos norte-coreanos e, ao mesmo tempo, que a paz na península diminua o envolvimento americano na região.
"Queria saudar este passo positivo rumo a uma resolução de conjunto sobre várias questões relativas à Coreia do Norte. Esperamos ansiosamente que a Coreia do Norte inicie ações concretas com este encontro e por meio de uma cúpula com entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte", acrescentou o primeiro-ministro.
O presidente da Comissão Europeia, Donald Tusk, destacou que o acordo das Coreias mostra como "o impossível pode ser tornar possível".
"O que ouvi hoje da Coreia e o que eu experimentei aqui nos Bálcãs nos últimos dias deve ser uma virada positiva para todos: que o impossível pode se tornar possível, e que isso depende inteiramente da boa vontade e da coragem dos indivíduos", frisou Tusk.
Para o primeiro-ministro belga, Charles Michel, "o mundo pode se tornar um lugar mais seguro", após 65 anos, com a vinda da paz e da estabilidade à península coreana.
"Nós apoiamos o desejo das Coreias do Norte e do Sul de assinarem um tratado de paz para formalmente acabar com a Guerra da Coreia", ratificou Michel.