A Polícia Federal enviou a delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci para homologação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A análise caberá ao desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4. A informação foi revelada nesta segunda-feira pelo portal G1 e confirmada pelo GLOBO.
Houve uma mudança no entendimento inicial, de que a delação caberia ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O caso foi enviado ao TRF-4 porque Palocci já foi condenado em primeira instância, pelo Moro, e seu recurso de apelação tramita atualmente na segunda instância. Portanto, caberá ao desembargador, além de homologar, decidir sobre a eficácia da delação premiada para uma eventual redução de pena do ex-ministro.
O GLOBO revelou no último dia 26 que Palocci havia assinado o acordo de delação com a PF, após tentativas frustradas com a Procuradoria-Geral da República. Ele se comprometeu a dar detalhes e provas que comprometem o ex-presidente Lula e outros figurões do PT.
Fundador do PT, ex-prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci participou das decisões mais importantes do partido nas últimas duas décadas. Ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro, que comanda os processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Era, até o início das investigações em Curitiba, um dos políticos mais influentes do PT.
As revelações do ex-ministro devem dar um novo impulso à Lava-Jato. As informações e os documentos fornecidos por ele seriam suficientes para abertura de novos inquéritos, operações e até mesmo prisões, segundo revelou ao GLOBO uma fonte que conhece o caso de perto.
Além de detalhar nos depoimentos os casos de corrupção dos quais participou ou teve conhecimento, o ex-ministro terá de apresentar provas do que diz. Se mentir ou quebrar algumas das cláusulas firmadas, poderá perder os benefícios negociados. As vantagens oferecidas a Palocci em troca de suas revelações ainda estão sendo mantidas em sigilo pelas partes.