A possível desaceleração econômica dos EUA, Europa e China jogou um balde de água fria nas bolsas estrangeiras
O Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou o 3º trimestre deste ano com uma alta de 11,6% e se descolou de vez do exterior. Mundo afora, os mercados globais ruíram.
Nos Estados Unidos, a maior inflação em 40 anos (8,3%), forçou o Banco Central dos EUA a elevar os juros no país. A situação atípica jogou um balde de água fria nas bolsas norte-americanas. Os principais índices norte-americanos acumularam baixas no período: S&P 500 (-5,2%), Nasdaq (-4,1%) e Dow Jones (-6,6%).
Já na Europa, a guerra entre a Rússia e Ucrânia tem consequências desastrosas não só para as duas nações em conflito. As sanções econômicas continuam refletindo no mercado financeiro.
O Banco Central Europeu começou o processo de subida de juros para frear o avanço dos preços. Na China, a política de covid zero, que paralisa as atividades no país, também lança dúvidas a respeito do crescimento econômico da região.
Dada a conjuntura, o risco de recessão nos EUA, Europa e China se aprofunda e dissipa uma nuvem de aversão a risco nos mercados. Apesar dos vários fatores externos negativos, a bolsa brasileira foi resiliente nos últimos três meses.
O Brasil tem a vantagem de ter iniciado o ciclo de aumento de juros ainda no início de 2021, antes do resto do mundo, e agora começa a fechar o aperto monetário de forma antecipada também — o que é positivo para os ativos de risco, como ações.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a autoridade monetária manteve a taxa Selic em 13,75%, mesmo patamar do mês anterior, após 12 aumentos consecutivos. A perspectiva é de que a inflação no Brasil já chegou ao ápice.
“Temos EUA, Europa e China, com dúvidas a respeito do crescimento”, afirmou ao jornal Estado de S.Paulo, Ricardo França, analista da Ágora Investimentos. “No Brasil, estamos em um momento diferente. A percepção é de que o ciclo de aperto se encerrou por aqui. Olhamos para 2023 com o entendimento de que os juros possam cair de forma gradual, a partir provavelmente do segundo semestre.”
Revista Oeste