segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Refém do gás russo, Berlim faz “apagão” em monumentos públicos

Catedral de Berlim já com iluminação reduzida no dia 27 de julho de 2022.| Foto: EFE / EPA / CLEMENS BILAN


A capital da Alemanha está mais escura à noite. Apagou as luzes de pontos turísticos como a Ópera Estatal, o Palácio de Charlottenburg, a estátua de Frederico II montado em um cavalo e a Catedral de Berlim. O apagão afeta 200 locais e cerca de 1400 projetores e refletores. Em uma crise energética desde que fechou reatores nucleares por influência do ambientalismo, o país é refém de Putin e seu controle sobre o gás natural que socorre o país quando a energia de fontes eólica e solar, muito instáveis, não dá conta do recado. A Gazprom, gigante russa que fornece o gás, reduzirá pela metade o fornecimento, justificando-se com problemas em turbinas.

Hanover, mais ao norte, iniciou um programa para economizar no consumo de energia na última quarta (27). Não há mais água quente banheiros de prédios públicos e quadras de esporte, o aquecimento nas escolas será regulado mais de perto e as fontes públicas foram desligadas. O prefeito Belit Onay diz que está “tentando se preparar da melhor forma possível” para a possibilidade de uma escassez maior, priorizando asilos e clínicas. “A situação é imprevisível, como os últimos dias mostraram. Todo kilowatt-hora economizado protege nosso estoque de gás”, disse ele em coletiva de imprensa. Hanover foi a primeira grande cidade alemã a lançar um plano do tipo.

Ao anunciar o apagão, Bettina Jarasch, senadora do meio-ambiente em Berlim, disse que “em face da guerra na Ucrânia e as ameaças da Rússia sobre a energia, é vital que usemos a nossa energia da forma mais cuidadosa possível”. O desligamento das lâmpadas públicas levará semanas, por seu número. Jarasch explicou que inicialmente não haverá economia de recursos por causa do gasto com a mão de obra, mas depois estima uma economia de 40 mil dólares por ano — se é que a medida durará tanto tempo.

A União Europeia pediu a seus 27 Estados membros na semana passada que economizem em seu consumo de gás natural, de preferência cortando em até 15% nos próximos meses. A França, que está socorrendo a Alemanha e o resto da Europa continental por não ter embarcado nas medidas antinucleares do ambientalismo, pode também começar a falhar nesse socorro. Com a aproximação do inverno no hemisfério norte, Paris está cada vez mais preocupada. A estatal Electricité de France S/A dispõe de 57 reatores, mas só pode manter ligados 26 deles após a descoberta de rachaduras em tubulação de mais da metade deles.



Eli Vieira, Gazeta do Povo