quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Com sucesso do Pix, setor de pagamentos investe em inovações

 Operadoras de máquinas de cartão testam novos serviços para oferecer aos lojistas

Algumas operadoras de máquinas de cartão já começaram a oferecer outros serviços
Algumas operadoras de máquinas de cartão já começaram a oferecer outros serviços | Foto: Reprodução/Pixabay

Com a criação do Pix, sistema de pagamento do Banco Central que elimina os intermediários, o setor de pagamentos, como as operadoras de cartão de débito e crédito, terá de encontrar alternativas para se manterem no mercado. Essa é a avaliação de especialistas entrevistados pelo jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada nesta quarta-feira, 31. Algumas iniciativas já começaram a ser lançadas.

Com o Pix, criado em novembro de 2020, os correntistas podem fazer pagamentos diretamente ao fornecedor, sem a necessidade de usar cartão. No e-commerce, o Pix se tornou a segunda modalidade mais utilizada em julho.

Dessa forma, empresas de cartão terão, por exemplo, de agregar outros serviços aos comerciantes — como softwares de administração de contas e estoques — para continuar relevantes para os clientes. Algumas já começaram a investir em novos serviços ou funcionalidades para as maquininhas.

De acordo com Edson Santos, um dos maiores conhecedores do setor de meios de pagamento no Brasil, conforme a reportagem, o Pix ainda enfrenta alguns desafios no varejo — “Não pegou tanto”, disse ele —, e, por isso, os cartões ainda mantêm competitividade. A líder do mercado é a Cielo, seguida de perto pela Rede, do Itaú Unibanco. Depois vêm Getnet (do Santander), Stone, Vero e PagSeguro, conforme ranking recente divulgado pelo Instituto Propague.

Mas, com a chacoalhada, o setor começa a se movimentar. Santos afirmou que algumas companhias já estão se preparando para as mudanças no setor e investindo em novos serviços. Ele citou a Stone, que em 2020 comprou a empresa de tecnologia Linx mirando na mudança.

Na prática, porém, uma das poucas mudanças, até agora, é a oferta da funcionalidade do Pix na maquininha, permitindo que o lojista gere um QR-Code para a transferência, na tentativa de manter em uso o equipamento.

O uso do Pix diretamente no comércio precisa melhorar, dizem os analistas. Hoje, quando o lojista aceita Pix, o cliente usa a chave do estabelecimento para efetuar o pagamento — mostrando a tela com a transação ao atendente ou enviando o comprovante por WhatsApp. Já há startups trabalhando tornar o processo automático, com o uso de aplicativo para permitir a aceitação do Pix pelo caixa de forma direta

Outras empresas começam a oferecer o Pix parcelado (uma forma de dar crédito ao cliente), que poderá vir a substituir o cartão de crédito — essa opção já cresce em aceitação, especialmente no e-commerce. Hoje, essa modalidade já alcançou o volume de pagamentos em boleto.

Especialista no mercado financeiro, Boanerges Freitas disse que as operadoras de cartão certamente vão ter perda de receita ao migrar para o Pix, mas, disse ele, “é melhor ter essa perda e manter o cliente”.

Segundo Angelo Russomano, diretor da Rede, credenciadora do Itaú Unibanco, a empresa está debruçada no desenvolvimento de novas funcionalidades, e citou a que inclui a automação da frente do caixa, inclusive para integrar o pagamento pelo Pix. “Essa é a maior demanda dos varejistas”, disse ele.

Revista Oeste