O arsenal de bobagens sem sentido sempre está pronto para ser disparado, pois na visão dos alarmistas, calor até gera frio
A história é quase sempre a mesma todos os anos. Calor na Europa e alarmismo sobre os efeitos e as causas do aumento de temperatura. O alarde atual sobre as “ondas de calor” mostra outras particularidades. Quando temperaturas são altas, elas se tornam provas de “aquecimento global”, mas quando recordes de baixas ocorrem, eles são resultados de “mudança climática” que seguirá pelo discurso dos “eventos extremos” em voga, todos causados pelo “efeito estufa”. Não tem saída! O arsenal de bobagens sem sentido sempre está pronto para ser disparado, pois na visão dos alarmistas, calor até gera frio.
A Europa, por estar no hemisfério Norte, encontra-se no seu período de verão. Esclareço que, durante este período, são perfeitamente normais as chamadas “ondas de calor”. Tais fenômenos ocorrem em razão das condições de tempo e, portanto, são situações meteorológicas e não necessariamente climáticas.
Outro ponto importante é lembrar que as ondas de calor são comuns e recorrentes durante o período de verão do hemisfério Norte que, por apresentar uma configuração de extensas áreas continentais, propiciam condições favoráveis a um maior aquecimento do ar, quando certos padrões meteorológicos específicos ocorrem.
As áreas atingidas vão desde a faixa litorânea do Oeste da Europa e o mar Mediterrâneo ao centro do continente europeu. Existe uma área de alta pressão que pouco se move ou dissipa, conhecida como anticiclone dos Açores, por se localizar sobre o Arquipélago dos Açores, próximo ao noroeste da África, no Oceano Atlântico. Em linhas gerais, a sua atuação diminui a umidade e a formação de nuvens. Durante o verão, ele se estende mais para o Leste e consegue se fundir com outros anticiclones menores, provenientes da área polar, mas que já se enfraqueceram e aqueceram.
Como as condições meteorológicas desta aglutinação se estendem por uma vasta área mantendo as características de pouca ou nenhuma nebulosidade, teremos alta insolação por todo ou quase todo o período diurno. A condição ocasiona longas horas de aquecimento da superfície e esta, por sua vez, aquece a atmosfera de baixo para cima, resultando em altas temperaturas. Como se trata do verão do hemisfério Norte, o número de horas do período diurno é maior, o que apenas reforça o efeito de aquecimento da atmosfera, dada a alta insolação.
Esta exposição sempre refletirá em temperaturas mais altas por causa da ausência de nuvens, pois a condição de anticiclone inibe a sua formação. Sem nuvens atuando como um guarda-sol, a superfície receberá uma carga de radiação solar imensa, refletindo nos valores das temperaturas.
Poucas chuvas = mais chances de incêndios florestais
Também temos neste período as maiores ocorrências de incêndios florestais, pois a ausência de nuvens reflete em pouca ou nenhuma chuva. Com baixos valores de chuvas acumulados, agrava-se a estiagem nas áreas florestais. Esta parte pouco é lembrada pelos burocratas da “mudança climática” e ativistas de agendas verdes totalitárias. Eles só se preocupam em observar “queimadas” no Brasil, as quais ocorrem quase que simultaneamente com os incêndios no hemisfério Norte, pois a nossa estiagem ocorre no inverno em grande parte do país.
O mar Mediterrâneo não pode ajudar muito em amenizar este processo porque durante o verão ele está mais frio e passa a absorver a radiação solar para se aquecer. Este excedente energético ameniza a situação do inverno em boa parte da Europa, quando o mar passa a liberar o calor excedente adquirido nesta época atual de verão. Desta forma, o período curto das “ondas de calor” é bom para o próprio continente europeu, tendo em vista que o número de óbitos causados pelo frio é muito maior do que os ocorridos por causa do calor, em geral, ocasionados por desidratação dos mais idosos e não motivados por temperatura.
Com o passar das próximas semanas o anticiclone dos Açores começa a se deslocar mais para o Sudoeste, dificultando outras aglutinações entre anticiclones ou simplesmente, enfraquecendo o domínio do Anticiclone dos Açores sobre parte da Europa.
No Brasil, as “ondas de calor” são mais difíceis de ocorrer nas mesmas condições da Europa porque em boa parte do seu território, o verão é quente, mas úmido, com largas formações de nuvens. Exceções sempre ocorreram, como no verão de 2014, onde o anticiclone do Atlântico Sul, aliado com outras condições continentais, estendeu seu domínio por quase todo o território brasileiro.
Do ponto de vista do conforto humano, boa parte da população europeia aproveita este curto período de alta insolação e intenso calor, justamente por ele ser de pouca duração e drasticamente diferente do restante do período do ano. O clima do continente europeu pode ser descrito com invernos frios ou rigorosos, dias nublados e/ou chuvosos.
Alarmismo não tem fundamentação na ciência
Infelizmente, todos os fenômenos da Meteorologia são agora cooptados para servirem a um discurso alarmista e sem fundamentação científica de que as coisas acontecem por causa da ação do homem. Se novas marcas elevadas de temperaturas ocorrerem isto será perfeitamente normal, tendo em vista que para este exato parâmetro, os conjuntos de registros contínuos ainda são incipientes e de curta duração, aliados ainda ao fato de termos saído de um período de baixa atividade solar (de 1880-1899) para um de alta (1957-2000).
Vale ressaltar que a Era dos Satélites se firmou a partir da década de 1980 e, portanto, as séries de dados acurados ainda são muito curtas. Isto nos leva a concluir que os pronunciamentos alarmistas têm um formato pronto que precisa ser devidamente desmascarado.
Dizem, segundo os dados do GISS-NASA, que o valor da temperatura do ar média global subiu de 14,0°C para 15,0°C em um intervalo de tempo ao redor de 140 anos. Contudo, foi justamente neste período que a atividade solar veio em um crescente. Isto demonstra desonestidade, pois resulta em um valor de 0,01°C por ano de elevação que, além de não ter significado físico, não expressa nada para o clima da Terra, um planeta com área de mais de 510 milhões de km2.
A temperatura do ar é o pior parâmetro para se definir alguma coisa sobre o clima. Na área proposta, ou seja, todo o globo, onde as temperaturas oscilam de -70,0°C a +50,0°C, dizer que há um valor médio com a presente variação nada significa, em especial porque nos últimos oito mil anos as temperaturas desceram muito mais do que subiram, inclusive de formas mais drásticas e rápidas.
Realmente torna-se frustrante para os Meteorologistas ou Climatologistas sérios verem que cada fenômeno ou quadro meteorológico observado sejam atribuídos à “mudança climática” e afins por burocratas políticos, sustentados por “ciência dos cenários de computador”. Tais fenômenos fazem parte da beleza da variabilidade climática ou meteorológica e cabe a nós observar, descrever e entender o que eles são, tarefa nada trivial, do que tentar dizer o que eles serão, tarefa dos magos ilusionistas.
Tais sujeitos estão todos sincronizados em um discurso totalitário para estabelecer regras de como temos que viver, produzir e usar o mundo. Frases como a proferida por António Guterrez, secretário-geral da ONU, refletem essa demência de distopia Homem-Meio e Sociedade-Natureza, justamente pela sua completa ignorância sobre tais temas, pois esconde que o clima é o que ele é e nada que possamos fazer irá alterá-lo e muito menos consertá-lo.
De fato, a ação coletiva proposta por pessoas como ele é que nos levará ao suicídio coletivo, quando pautam encarecimento de energia, redução da produção de alimentos, redução de acesso à água e terras para plantio, redução da população, entre outros temas claramente anti-humanos, sempre travestidos de benfeitores. Na mão destes, a Meteorologia e a Climatologia tornaram-se reféns de questões geopolíticas, as quais elevam as discussões à outra esfera.
(*) Ricardo Felício é mestre em meteorologia e professor-doutor de climatologia
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Leia também a entrevista com Ricardo Felício publicada na Revista Oeste: “Falar que o clima é controlado pela atividade humana é patético”
Revista Oeste