segunda-feira, 15 de agosto de 2022

'A insanidade da Justiça brasileira', por J.R. Guzzo

O presidente do Tribunal Eleitoral do Rio de Janeiro, Elton Leme, quer prender o eleitor que reclamar que seu voto não foi registrado corretamente nas urnas eletrônicas

Escultura 'A Justiça', em frente ao Supremo, na Praça dos Três Poderes
Escultura 'A Justiça', em frente ao Supremo, na Praça dos Três Poderes | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

O presidente do Tribunal Eleitoral do Rio de Janeiro, em mais um momento ruim no surto de obsessão policial que conduz hoje em dia a conduta de tantos juízes brasileiros, ameaçou prender, agora nas próximas eleições, o eleitor que reclamar que o seu voto não foi registrado corretamente nas urnas eletrônicas

É uma piada gigante — mais uma, na corrida morro abaixo que a Justiça deste país vem fazendo, dia após dia, e sob o comando do Supremo Tribunal Federal, para tornar-se a instituição mais desmoralizada de todas as que estão por aí. 

Prender os eleitores do Rio de Janeiro? Justo do Rio de Janeiro? 

Pois então: na cidade brasileira onde o cidadão é mais oprimido pelo crime, e onde recebe proteção abaixo de zero por parte da Justiça, um juiz vem falar em prender gente? 

É insano, e eles nem percebem que é.

As autoridades judiciárias, mais o consórcio de grupos de “esquerda”, de empresários socialistas e das classes intelectuais que se julga o fiscal supremo da democracia brasileira, transformaram as urnas eletrônicas em objeto sagrado, como o Ostensório que carrega a hóstia nas procissões do Santíssimo — e maldito seja, nos dias de hoje, quem não se ajoelhar diante delas. 

Inclusive no Rio de Janeiro? 

Sim, inclusive no Rio de Janeiro, onde as pessoas decentes, todos o santo dia, são assassinadas, roubadas e estupradas pelos criminosos que governam as ruas com violência abjeta e impunidade garantida. 

Esses podem continuar fazendo o que bem entendem; o problema do homem do TRE é com o cidadão honesto que for acusado de cometer sacrilégio contra as urnas infalíveis, invulneráveis e perfeitas da nossa “justiça eleitoral”.

O governo local se orgulha de colocar na rua, no dia das eleições, “60.000” homens da polícia, e outras providências espetaculares. \

Não passa pela cabeça de nenhuma autoridade local, é claro, dedicar sequer uma fração dessa força toda para defender os direitos mínimos da população em termos de segurança. 

Ao contrário: o aparelho judicial e a polícia do Rio estão hoje, para a maioria dos efeitos práticos, a serviço do crime e dos criminosos. 

Por ordem do STF, a polícia não pode sobrevoar as favelas de helicóptero, para não perturbar as ações dos bandidos; não pode executar operações policiais básicas. 

Quem de fato governa os morros do Rio são as quadrilhas — o Estado traiu os seus cidadãos e entregou a elas o comando de tudo. 

É nessa hora que vem o presidente de um dos 27 TREs, um dos mais agressivos cabides de emprego jamais socados em cima da população deste país, falar grosso e fazer ameaças. 

Enquanto isso, o crime continua a sua festa.

Publicado originalmnte na Gazeta do Povo 

Revista Oeste