Grande parte da remuneração será distribuída em ações do próprio banco
Os oito integrantes da diretoria do banco digital Nubank deverão receber neste ano um total de R$ 804 milhões, assim divididos: em ações, R$ 787 milhões; em salários, R$ 16 milhões; em benefícios diretos e indiretos, R$ 867 mil. No ano passado, a remuneração total foi de R$ 175 milhões, e, em 2020, R$ 44 milhões.
Os números aparecem no chamado formulário de referência, um documento que as empresas de capital aberto entregam todo ano à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia. O objetivo da CVM é fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores.
Em 2021, o Nubank obteve receita de quase US$ 1,7 bilhão, mas fechou com prejuízo líquido de US$ 165 milhões. Também no ano passado, em dezembro, o banco estreou na Bolsa de Nova Iorque, com uma Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês) de US$ 2,6 bilhões, sendo avaliado na ocasião em US$ 48 bilhões.
O Nubank foi fundado em 2013, com sede em São Paulo. É uma empresa startup brasileira, pioneira no segmento de serviços financeiros, atuando como operadora de cartões de crédito e fintech (termo que surgiu da união das palavras financial e technology), usando tecnologia e inovação nos serviços financeiros e competindo com os bancos tradicionais.
Para efeito de comparação, o Itaú Unibanco, maior instituição financeira da América Latina, prevê R$ 425 milhões para os 25 diretores neste ano, também divididos em ações (a maior parte), salários e benefícios. A XP, que vem experimentando uma expansão semelhante à do Nubank, ainda não definiu a remuneração dos membros de sua diretoria para este ano. Em 2021, o total foi de R$ 53 milhões.
Nubank a longo prazo
No documento entregue à CVM, o Nubank afirma que sua política de remuneração se baseia nas práticas de mercado que atraiam e retenham os melhores profissionais, para obter sucesso na execução da estratégia de negócios. Outro ponto destacado é o alinhamento desses executivos com as metas de longo prazo, num ambiente de competição com outras empresas em crescimento no setor financeiro.
Um dos oito membros da diretoria do Nubank é David Vélez, um dos fundadores da instituição e atual CEO global. Ele tem um plano específico de remuneração baseado em ações, aprovado pelo Conselho de Administração. Conforme destaca o formulário de referência, foram considerados itens como sua liderança desde o início, suas contribuições já efetivadas e as esperadas no futuro e o desejo de fornecer incentivos significativos para atingir os ambiciosos objetivos empresariais.
O Nubank também informa que Vélez se comprometeu a doar as ações resultantes de um novo plano para a plataforma filantrópica de sua família, para ajudar a melhorar as oportunidades para crianças e jovens adultos mais vulneráveis e desfavorecidos da América Latina. Em agosto de 2021, Vélez aderiu ao “The Giving Pledge”, programa criado por Bill Gates e Warren Buffet, e firmou um compromisso público de doação.
Wagner Kotsura, Revista Oeste