segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Ibovespa fecha na maior pontuação em 11 meses - alta de 1,12%, aos 119.123 pontos - com otimismo no Brasil, acordo comercial pós-Brexit e pacote fiscal nos EUA

 




O bom humor externo e interno sustentou a alta de mais de 1% do Ibovespa nesta segunda-feira (28), com os investidores repercutindo o acordo comercial pós-Brexit e também a assinatura pelo presidente americano Donald Trump do pacote de ajuda de US$ 900 bilhões à economia dos Estados Unidos. O início da vacinação contra a Covid-19 em diversos países pelo mundo ajudou a manter o clima favorável para os mercados no dia.

O principal índice da Bolsa brasileira fechou em alta de 1,12%, aos 119.123 pontos. É a maior pontuação do Ibovespa desde 23 de janeiro, quando havia fechado em 119.527 pontos. O volume financeiro movimentado na sessão de hoje foi de R$ 21,6 bilhões — abaixo da média da semana passada, em torno dos R$ 30 bilhões por dia.

Enquanto isso, no câmbio, o dólar comercial encerrou o pregão em alta de 1,124%, para R$ 5,2377 na compra e R$ 5,2382 na venda. É o maior patamar da moeda desde 2 de dezembro (R$ 5,2422). O dólar futuro com vencimento em janeiro registrava alta de 0,43%, a R$ 5,239.

A moeda americana abriu em queda, mas teve um dia volátil e virou para alta ao longo da sessão — movimento comum para esta época do ano com o desmonte do ‘overhedge’ dos bancos também no radar dos agentes financeiros dada a pressão potencial no real.

“Os mercados continuam no clima de otimismo com expectativa de vacinação em massa. Teve uma pausa na semana passada com a notícia da variante do vírus no Reino Unido, soou um alarme, mas esse temor vem se dissipando conforme as pessoas entendem que por mais que haja novas variantes do vírus as vacinas vão sim ser efetivas e vão se adaptar às novas variantes”, disse Felipe Taylor, gestor de ações da MAG Investimentos.

Renato Ometto, gestor de ações da Mauá Capital, destacou ainda que essa euforia de fim de ano é natural. “Tem um pouquinho da euforia de fim de ano. Tem a questão da vacina no mundo todo. Os investidores institucionais estão otimistas para o Brasil e o investidor gringo está começando a vir para a Bolsa porque os emergentes estão muito baratos”, afirmou.

“As pessoas começam a vislumbrar o fim da doença. Vêm uma esperança de reabertura. A gente deve ver uma Bolsa no ano que vem em 150 mil pontos a 160 mil pontos com base na retomada econômica gerada pela vacinação em massa. [Essa alta de hoje] É uma antecipação do que a gente vai ver ainda”, completou.

Destaques

No Brasil, a agenda contou com o Relatório Focus nesta segunda-feira. A previsão para o IPCA de 2020 foi mantida em 4,39% e, para 2021, foi reduzida de 3,37% para 3,34%. Já a previsão para o PIB deste ano foi mantida em queda de 4,40%, enquanto passou de alta de 3,46% para 3,49% em 2021. A projeção da Selic para 2021 subiu de 3% para 3,13%, enquanto a previsão do dólar ao final deste ano foi de R$ 5,15 para R$ 5,14 e, para 2021, foi mantida em R$ 5.

Durante a semana, também mais curta como no período anterior por conta do feriado de Ano-Novo, também ganham destaque os dados do governo central e de desemprego na terça e de política fiscal na quarta.

Na véspera de Natal, negociadores de Reino Unido e União Europeia fecharam um acordo comercial pós-Brexit, que vinha sendo negociado havia meses.

E, no domingo (27), o presidente americano Donald Trump assinou a lei que garante US$ 900 bilhões em estímulo à economia, junto a US$ 1,4 trilhão de Orçamento do governo até setembro de 2021.

Mas, em uma declaração separada em que comemorou a aprovação do pacote de estímulos, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnel, que durante as negociações se mostrou favorável a gastos menores, não mencionou a possibilidade de votar a ampliação do auxílio.

Os índices asiáticos têm em sua maioria altas. No final de semana, o governo chinês divulgou dados indicando aumento de 15,5% nos lucros de empresas do setor industrial em novembro em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

VACINA

Há muitas notícias positivas para o Brasil sobre a vacinação. Em entrevista publicada no domingo no jornal britânico Sunday Times, o diretor-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou que a vacina que a farmacêutica desenvolve em parceria com a Universidade de Oxford garante proteção de 100% contra formas graves de Covid-19. A fala ocorre após as parceiras realizarem testes adicionais com o produto.

Em novembro, AstraZeneca e Universidade de Oxford haviam divulgado resultados provisórios de testes clínicos em larga escala realizados no Reino Unido e no Brasil. Na ocasião, foi divulgado que a vacina tinha obtido eficácia média de 70%. No caso de voluntários que tomavam uma dose completa reforçada por uma segunda dose completa, a imunização era de 62%.

Curiosamente, no modelo de testes em que os participantes recebiam apenas meia dose na primeira aplicação, reforçada por uma segunda dose completa, a imunização subia a mais de 90%. Na época, as parceiras admitram, no entanto, que os testes com a meia dose haviam sido feitos por engano, apesar de terem sido aceitos para inclusão no estudo pelos reguladores europeus.

Questionadas, decidiram realizar os testes adicionais cujos resultados são divulgados agora. “Acreditamos que encontramos a fórmula vencedora e como obter uma eficácia que, com duas doses, está à altura das demais”, afirmou Soriot ao Sunday Times.

Os dados completos foram entregues ao órgão regulador do Reino Unido que, segundo a imprensa do país, deverá se pronunciar nos próximos dias. O objetivo é iniciar a vacinação no país em 4 de janeiro.

O imunizante é uma das principais apostas do governo federal do Brasil para vacinar a população do país. Além de ser mais barato, tem vantagens em relação aos produtos desenvolvidos pela parceria entre Pfizer e BioNTech e pela Moderna porque não precisa ser estocado a temperaturas baixíssimas, de -70 graus Celsius.

Radar corporativo

A Paranapanema, maior fabricante de produtos de cobre do país, e o banco Scotiabank Brasil chegaram na última quinta-feira a um acordo. A instituição financeira concordou em suspender o pedido de falência aberto contra a Paranapanema no início do dezembro, que teve início em meio a uma dívida vencida desde agosto no valor de R$ 174,4 milhões.

Maiores altas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
IRBR312.016578.11
CIEL37.932013.81
WEGE33.9658575.5
CVCB33.9070719.68
HYPE33.7147134.9

Maiores baixas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
QUAL3-1.5930735.21
GOLL4-1.1817424.25
USIM5-1.0943914.46
MRFG3-0.9536814.54
BRKM5-0.9036123.03

Já a AES Tietê informou, neste domingo (27), que assinou contrato com a Cúbico Brasil para a aquisição pela AES Brasil da totalidade das ações das sociedades de propósito específico (SPE) que compõe o Complexo Eólico MS e o Complexo Eólico Santos.

Os investidores também repercutiram notícias sobre a Petrobras divulgadas depois do fechamento dos mercados na última quarta-feira à noite. Em destaque, a estatal concluiu a venda da totalidade da sua participação na Liquigás Distribuidora S.A. para a Copagaz – Distribuidora de Gás S.A. e a Nacional Gás Butano Distribuidora. A Liquigás atua no engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP) no Brasil. A operação foi finalizada com o pagamento de R$ 4 bilhões à Petrobras.

(Com Agência Estado e Reuters)

Anderson Figo, Lara Rizério, InfoMoney