Em um dia marcado pela instabilidade nos mercados internacionais, que acompanham a segunda onda do vírus chinês na Europa e nos Estados Unidos, o dólar fechou em forte alta de 1,39%, a R$ 5,7619, apesar da realização de um leilão pelo Banco Central para conter os preços. Já a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, engatou sua quarta queda seguida para fechar na mínima do dia, com um tombo de 4,25%, aos 95.368,76 pontos nesta quarta-feira, 28.
A moeda americana chegou a subir 1,9% de manhã, sendo cotado a R$ 5,79 - foi a primeira vez em cinco meses que o dólar ultrapassou R$ 5,75. Logo depois das 10h, o Banco Central fez um leilão de moeda americana e a cotação desacelerou para o patamar de R$ 5,73. No entanto, de olho no noticiário pouco favorável do exterior, a moeda rapidamente voltou a subir e ganhou novo fôlego no final da sessão. No ano, ela acumula valorização de mais de 40%.
Na Bolsa brasileira, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, desceu aos 95 mil pontos, algo que não acontecia desde o começo de outubro - no dia 8, ele bateu nos 95 mil pontos, mas voltou a ensaiar uma recuperação nos pregões seguintes. Perto do final das negociações, nenhum nos 77 papéis que compõem o Ibovespa tinha alta.
Na terça-feira, 27, o dólar já havia registrado uma disparada, fechando o dia cotado R$ 5,68.
Ainda nesta quarta-feira, depois das 18h, o Copom anuncia sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, que está em seu nível mais baixo, em 2% ao ano. A expectativa geral é de manutenção desse patamar, mas o mercado aguarda mesmo é o comunicado do Copom, de olho em possível alteração do tom, diante da subida das expectativas inflacionárias, além da percepção fiscal.
Preocupação com o vírus chinês
Os mercados financeiros de todo o mundo têm queda nesta quarta-feira sob uma onda de aversão a risco causada pelo temor de que o vírus chinês na Europa e nos Estados Unidos contamine também o processo de retomada econômica dessas regiões. O índice VIX de volatilidade - um termômetro de medo nos mercados - alcançou os 40 pontos no começo da tarde, patamar que não era visto desde junho.
Em Frankfurt, a Bolsa fechou o dia em queda de 4,17%, depois da informação de que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, conseguiu um acordo para iniciar um lockdown. A mesma medida também foi adotada no final da tarde pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que restringiu as viagens e decretou o fechamento de bares e restaurantes. Por lá, o CAC 40, de Paris, caiu 3,37%. O índice FTSE 100, de Londres, recuou 2,55%
Em Nova York, Dow Jones despencou 3,34%, o S&P 500 recuou 3,52% e o Nasdaq perdeu 3,73%. Nesse ambiente de forte aversão aos riscos, o dólar aproveitou para ganhar força e derrubar o valor das commodities - nos contratos futuros do petróleo, o WTI para dezembro fechou em baixa de 5,51%, enquanto o Brent para janeiro caiu 4,73%.
"O dia é de total aversão ao risco e nem mesmo as empresas que divulgaram resultados positivos escapam desse movimento", disse Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
O Estado de S.Paulo