sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Ibovespa tem pior semana desde março e fecha outubro em queda após chegar a subir 7,7% no mês; dólar cai a R$ 5,73

 baixa gráfico índice

(Getty Images)

Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (30) e consolidou um recuo de 0,69% em outubro, mês no qual o índice chegou a subir 7,73%, batendo nos 101.917 pontos. Na semana, o Ibovespa caiu 7,22%, em seu pior desempenho desde o período entre 16 e 20 de março.

O início da virada se deu na última sexta (23), dia em que após quatro altas consecutivas o benchmark teve desvalorização de 0,65%.

Na época, a sequência de boas sinalizações vindas do Congresso e do governo americano elevaram as expectativas para a aprovação de um pacote trilionário de estímulos contra os impactos econômicos do coronavírus. Até quinta, o que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, diziam é que um acordo estava “quase lá”.

Todavia, veio o fim de semana e as negociações esfriaram. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os estímulos sairiam depois das eleições presidenciais no dia 3 de novembro.

Para piorar, a segunda onda do coronavírus, até então mero temor, tornou-se realidade ao longo da semana. Na terça-feira, a Itália anunciou restrições como o fechamento de bares e restaurantes, causando protestos.

Já na quarta foi a vez de Alemanha e França aprovarem novos lockdowns e restringirem o comércio e a circulação de pessoas por um mês, demolindo projeções mais otimistas de uma recuperação em V dessas economias passado o grande pânico de março.

Graças às novas restrições, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro e de diversos países europeus divulgados nesta sexta acabaram sendo vistos como notícia velha pelo mercado hoje.

Nesta sexta, o Ibovespa caiu 2,72%, a 93.952 pontos, menor patamar de fechamento desde 29 de setembro, quando o índice encerrou a sessão cotado em 93.580 pontos. O volume financeiro negociado na sessão hoje foi de R$ 30,327 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 0,47% no dia, a R$ 5,737 na compra e R$ 5,738 na venda. No mês, a moeda americana se valorizou em 2,17% em relação ao real, e na semana a apreciação do dólar foi de 1,97%. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava baixa de 0,7%, a R$ 5,744 no after-market.

A estabilidade um pouco maior do câmbio em relação à Bolsa neste momento refletiu a briga entre comprados e vendidos em dia de formação da Ptax. No intraday, a moeda dos EUA chegou a bater R$ 5,80.

Além dos temores relacionados à Covid-19, o pregão também foi marcado por um desmonte de posições antes das eleições presidenciais nos EUA na terça e por uma baixa nas ações de empresas de tecnologia nos EUA.

As ações da Apple despencaram 5,6% depois da companhia reportar um declínio de quase 20% nas vendas de iPhone e os papéis da Amazon recuaram 5,5% mesmo após os fortes números no terceiro trimestre.

O país também enfrenta novos recordes em infecções diárias pelo coronavírus. A média móvel de sete dias atingiu a marca inédita de 76.590 novos casos por dia, segundo a universidade Johns Hopkins.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu três pontos-base, a 3,45%, o DI para janeiro de 2023 ficou estável, a 5,04%, o DI para janeiro de 2025 teve baixa de um ponto-base, a 6,77%, e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de um ponto-base, a 7,57%.

Sobre o PIB da zona do euro, a economia do bloco de moeda única cresceu 12,7% no terceiro trimestre de 2020 ante o segundo, de acordo com dados preliminares divulgados nesta sexta-feira pela agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.

O resultado superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço de 9,4% no período.

Na comparação anual, o PIB do bloco sofreu contração de 4,3% entre julho e setembro, bem menor do que a queda de 7% projetada pelo mercado. No segundo trimestre, o PIB da zona do euro teve retração de 11,8% ante os três meses anteriores, diante dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Queda de vendas

O jornal o Estado de S. Paulo destacou hoje a queda de até 10% nas vendas das redes de atacarejos nas últimas semanas. Citando o diretor de mercado da Apas (Associação Paulista de Supermercado), o jornal afirma que as vendas dos supermercados também têm caído.

De acordo com a reportagem, o movimento se deve à disparada na inflação dos alimentos. Em outubro, a prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, atingiu 0,94%, mais do que o dobro da inflação registrada em setembro e a maior alta para o mês em 25 anos. O destaque é para a carne bovina, que teve alta de 4,83%, o óleo de soja, com alta de 22,34% e o arroz, com alta de 18,48%.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro em sua live semanal na quinta-feira, a ministra da Agricultura Tereza Cristina afirmou que novas safras devem reduzir o preço de arroz até janeiro.

Na quarta-feira, o Banco Central decidiu por manter no piso recorde de 2% a taxa de juros Selic, mesmo com a aceleração da inflação. O movimento está em linha com a expectativa de economistas.

“A Febraban é quem mais subsidia e paga economistas para dar consultoria contra esse imposto, mas a Febraban está fazendo isso porque quer beber essa água que os bancos bebem. Vê aí as transferências que vocês fizeram no mês passado. Os bancos cobram 2%, 1%, 3%. A exceção é grande cliente. Quando ele tem R$ 10 milhões [na conta] ele não paga. O banco cobra 10 vezes mais pela TED do que o imposto que nós estamos querendo pelo tráfego digital”, afirmou.

Radar corporativo

A Suzano Papel e Celulose reportou prejuízo líquido de R$ 1,157 bilhão no terceiro trimestre de 2020. O valor representa queda de 66,54% na comparação com o prejuízo líquido de R$ 3,460 bilhões de igual período do ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 29, em balanço enviado à CVM.

A empresa reportou ainda prejuízo líquido atribuído aos sócios da empresa controladora de R$ 1,160 bilhão. O valor representa queda de 66,47% na comparação com o prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 3,460 bilhões em igual período do ano anterior.

A Lojas Americanas registrou lucro líquido consolidado de R$ 49,9 milhões no terceiro trimestre de 2020, um avanço de 3,5% em relação ao mesmo período de 2019. Em 9 meses, a rede de varejo acumula prejuízo de 6,4 milhões, ante lucro de R$ 107,4 milhões no ano passado.

Maiores altas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
VIVT40.9252742.54
IRBR30.4916.14
RAIL30.0545618.34

Maiores baixas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
BTOW3-8.9655275.24
HGTX3-6.7955515.91
VVAR3-5.972617.16
LAME4-5.9133323.23
GOLL4-5.5388315.69

O grupo de comércio eletrônico B2W registrou prejuízo de cerca de R$ 36,8 milhões no terceiro trimestre ante prejuízo de R$ 102,5 milhões no mesmo período de 2019, ou uma queda de 64,1%, com forte crescimento de vendas na esteira de medidas de quarentena contra a Covid-19.

A produtora de software corporativo Totvs teve alta de 3,8% no lucro líquido ajustado, passando para R$ 82,5 milhões no terceiro trimestre de 2020.

A companhia, que tenta comprar a rival Linx (LINX3), viu seu Ebitda ajustado subir 34%, a R$ 161,4 milhões, acima dos R$ 140,8 milhões esperados, em média, por analistas, de acordo com compilação da Refinitiv.

O Fleury teve alta de R$ 132,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 45% na comparação anual. A companhia teve melhora dos indicadores financeiros e operacionais no terceiro trimestre, uma vez que a gradual flexibilização do isolamento social permitiu ao grupo de medicina diagnóstica ampliar receitas com consultoria e retomar procedimentos represados durante o pico da Covid-19.

A Transmissão Paulista registrou leve queda de 2,4% do lucro líquido no terceiro trimestre em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, totalizando R$ 400,6 milhões.

“O reajuste da Receita Anual Permitida (RAP) para o Ciclo 2020/2021 impactou o resultado em função da contabilização da Parcela de Ajuste (PA)”, destacou.

Já o Itaú informou que Milton Maluhy Filho substituirá Candido Bracher como CEO em fevereiro. Durante os próximos 3 meses, Maluhy e Bracher conduzirão processo de transição.

(Com Reuters e Bloomberg)

Ricardo Bomfim, InfoMoney