domingo, 21 de junho de 2020

"Equipe brasileira desenvolve ‘nanovacina’ contra a covid-19", por Anderson Scardoelli

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP acreditam que esse tipo de antídoto pode ser mais eficaz contra o novo coronavírus
nanovacina - pesquisadores da usp - covid-19
Covid-19 ganha mais um “inimigo” no Brasil: a nanovacina | Foto: CANVA
Pesquisadores brasileiros trabalham no desenvolvimento de mais um antídoto contra o novo coronavírus. Isso porque o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) anunciou na última semana que está em produção um tipo de vacina baseada em nanotecnologia. É o que, entre outras palavras, a equipe define como nanovacina.
De acordo com os responsáveis pelos trabalhos, a nanovacina pode se mostrar como mais eficaz no combate à covid-19. Diferentemente de outros estudos, a pesquisa atual vai além de usar a proteína do vírus. Nesse sentido, Mariana Favaro, pesquisadora e pós-doutoranda do laboratório de desenvolvimento de vacinas do ICB, explica a vantagem de se utilizar a nanopartícula.
“Mimetiza as características do vírus”
“São estruturas muito pequenas e que podem ser de vários tipos, como polímeros, lipídios e proteínas. Essa estrutura mimetiza as características do vírus e pode ser desenvolvida com diferentes propósitos, como, por exemplo, proteger uma proteína ou aumentar o tempo de circulação de uma proteína”, afirma a pesquisadora, conforme informações do site do Jornal da USP.

Questão tecnologia

Mariana Favaro pontua, ainda, que a ação atual desenvolvida por pesquisadores brasileiros conta com outro diferencial. No entendimento dela, a nanovacina  se destaca pelo fator tecnológico. Consegue, sobretudo, modificar a estrutura genética do vírus responsável pela proliferação da covid-19 em seres humanos.
“A gente modifica geneticamente a proteína do vírus para ela adquirir essa capacidade de se automontar”
“Um diferencial é que a gente modifica geneticamente a proteína do vírus para ela adquirir essa capacidade de se automontar. Temos a proteína igualzinha como estava no vírus. Fazemos uma pequena modificação, colocamos alguns aminoácidos, controlamos as condições físico-químicas, ou seja, a gente controla a solução em que ela está, qual Ph, quanto de sal tem. E, nessas condições específicas, ela se monta”, explica.

Testes em humanos

Apesar de demonstrar animação com o desenvolvimento da nanovacina, Mariana Favaro evitou projetar quando o antídoto poderá ser aplicado em seres humanos. De acordo com ela, é preciso seguir um longo caminho. Primeiramente, testar animais. A saber: camundongos. Para ela, a testagem em animais é crucial para avaliar o sucesso inicial do trabalho.
“A gente ainda está um pouco engatinhando em relação a outros países na questão de modelos animais. Tem vários grupos trabalhando no desenvolvimento de modelos, inclusive no ICB, mas, às vezes, não fica claro para as pessoas de fora que um camundongo não pega Sars-Cov-2. Embora a gente use muitos camundongos a gente precisa ter modelos específicos, ou seja, camundongos que adoecem, ou outros modelos animais para poder mostrar que a vacina funcionou”, comenta Mariana.

Outras vacinas

Os estudos vindos dos laboratórios do ICB não são os únicos realizados no Brasil contra o novo coronavírus. Há ao menos outros três trabalhos ativos com o objetivo de desenvolver uma vacina contra a doença que provocou pandemia mundial. A primeira é fruto de parceria entre agentes da USP e o InCor, que já está sendo testada em animais, conforme noticiou Oeste. No país, até uma vacina em spray está sendo testada, assim como o protótipo desenvolvido pelo time da Fiocruz.

Revista Oeste