Corte não permitiu que deputados da Assembleia Legislativa fluminense tivessem acesso a documentos que comprovam desvios na saúde
O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), indeferiu pedido apresentado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para acessar provas obtidas pela investigação contra o governador Wilson Witzel (PSC) por desvios na saúde fluminense. A decisão está sob sigilo
O pedido foi realizado para melhorar o processo de impeachment contra Witzel na Alerj, suspenso na semana passada enquanto os parlamentares aguardavam provas.
A defesa do governador não quis comentar a decisão.
Witzel foi alvo da Operação Placebo no final de maio e teve ao menos três computadores e três celulares apreendidos pela Polícia Federal.
O Palácio Laranjeiras, o Palácio Guanabara, sede do Executivo do Rio, e o escritório da primeira-dama Helena Witzel foram vasculhados pela PF no inquérito.
Abertura do processo
As buscas catalisaram a abertura de um processo de impeachment contra Witzel na Alerj em decisão unânime, com 69 votos a favor e nenhum contrário.
As provas foram citadas brevemente pelo ministro Benedito Gonçalves ao autorizar a Placebo.
Segundo ele, informações coletadas pelo Ministério Público estadual e Ministério Público Federal apresentam “elementos que, em juízo de cognição limitada e superficial, propiciam convicção quanto a indícios veementes de autoria e materialidade” dos supostos desvios.
Os advogados de Witzel alegam que o pedido de impeachment na Alerj é baseado somente na ordem de busca e apreensão, e que os deputados não teriam provas suficientes para embasar o afastamento do governador.
Eleito na esteira anticorrupção e na onda bolsonarista, Witzel nega as acusações de ter tido participação no esquema de desvios da saúde no Rio.
“Fui eleito tendo como pilar do combate à corrupção e não abandonei em nenhum momento essa bandeira. E é isso que, humildemente, irei demonstrar para as senhoras deputadas e senhores deputados”, afirmou, após a abertura do processo.
Roberta Ramos, Revista Oeste