A recuperação da Bolsa brasileira nos últimos três meses levou o Ibovespa a acumular uma valorização de 30%. É a maior alta trimestral desde o fim de 2003, quando a Bolsa subiu 38,9%.
Ambos os períodos seguiram uma forte queda do índice e foram marcados por cortes na Selic e a volta de investimento estrangeiro.
“Em 2003, o pessoal estava com medo do Lula, então a Bolsa caiu muito e depois subiu muito. Foi um ano completamente atípico. Agora, não é um fenômeno brasileiro, é mundial. Bolsas tiveram recuperação em V”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.
Ambos os períodos seguiram uma forte queda do índice e foram marcados por cortes na Selic e a volta de investimento estrangeiro.
“Em 2003, o pessoal estava com medo do Lula, então a Bolsa caiu muito e depois subiu muito. Foi um ano completamente atípico. Agora, não é um fenômeno brasileiro, é mundial. Bolsas tiveram recuperação em V”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.
A letra V representa uma recuperação rápida após o fundo do poço. Em 23 de março, o Ibovespa foi à mínima de 63 mil pontos com a paralisação das economias em decorrencia da pandemia de Covid-19. Em 8 de junho, foi a 97 mil pontos.
Nesta terça-feira (30), a Bolsa brasileira recuou 0,7%, a 95 mil pontos. Em junho, acumulou uma alta de 8,76%, no terceiro mês positivo do ano.
Com a Bolsa em baixa após a queda de quase 30% em março, o real desvalorizado e excesso de liquidez nos mercados, junho foi o primeiro mês com saldo positivo de aporte estrangeiro em ações brasileiras desde setembro de 2019, com entrada de R$ 335 milhões. E 2020, o saldo é negativo em R$ 76,5 bilhões, recorde histórico.
Também há uma maior participação do investidor pessoa física no mercado, o que acelerou a retomada dos papéis. Em maio, 2,48 milhões de CPFs detinham ações. Em dezembro de 2019, eram 1,68 milhão.
O cortes na Selic contribuíram para o aumento do investimento em renda variável. A taxa básica de juros caiu de 3,75% ao ano em abril para 2,25% ao ano em junho, levando muitos investimentos em renda fixa a terem um rendimento real (descontado da inflação) negativo ou próximo de zero. O Banco Central indicou que há espaço para um novo corte este ano, e o mercado precifica o juro a 2% até janeiro de 2021.
Em busca de retorno neste cenário de juros baixo, o pequeno investidor apostou em ações.
Nesta terça-feira (30), a Bolsa brasileira recuou 0,7%, a 95 mil pontos. Em junho, acumulou uma alta de 8,76%, no terceiro mês positivo do ano.
Com a Bolsa em baixa após a queda de quase 30% em março, o real desvalorizado e excesso de liquidez nos mercados, junho foi o primeiro mês com saldo positivo de aporte estrangeiro em ações brasileiras desde setembro de 2019, com entrada de R$ 335 milhões. E 2020, o saldo é negativo em R$ 76,5 bilhões, recorde histórico.
Também há uma maior participação do investidor pessoa física no mercado, o que acelerou a retomada dos papéis. Em maio, 2,48 milhões de CPFs detinham ações. Em dezembro de 2019, eram 1,68 milhão.
O cortes na Selic contribuíram para o aumento do investimento em renda variável. A taxa básica de juros caiu de 3,75% ao ano em abril para 2,25% ao ano em junho, levando muitos investimentos em renda fixa a terem um rendimento real (descontado da inflação) negativo ou próximo de zero. O Banco Central indicou que há espaço para um novo corte este ano, e o mercado precifica o juro a 2% até janeiro de 2021.
Em busca de retorno neste cenário de juros baixo, o pequeno investidor apostou em ações.
“No Brasil, essa foi a primeira crise em que os juros não subiram. A alta da Bolsa é muito mais o pessoa física comprando, mesmo do lado dos estrangeiros”, diz Knudsen.
O mesmo aconteceu nos Estados Unidos. O Fed, banco central americano, sinalizou que o juros devem ficar próximo de zero até 2022, ao passo que injeta volume recorde de dinheiro no mercado, com recompra de títulos do Tesouro e de títulos de hipotecas. Com recursos em mãos e sem retorno na renda fixa, fundos de investimento aplicam em ativos de risco, levando Bolsas globais a se recuperarem das quedas com a pandemia.
Em Nova York, os índices S&P 500 e Dow Jones tiveram o melhor trimestre desde 1998, com altas de 20% e 18% respectivamente. A Bolsa de tecnologia Nasdaq teve o melhor trimestre desde 2001, com valorização de 31%, bateu o recorde histórico de 10.131 pontos.
O mesmo aconteceu nos Estados Unidos. O Fed, banco central americano, sinalizou que o juros devem ficar próximo de zero até 2022, ao passo que injeta volume recorde de dinheiro no mercado, com recompra de títulos do Tesouro e de títulos de hipotecas. Com recursos em mãos e sem retorno na renda fixa, fundos de investimento aplicam em ativos de risco, levando Bolsas globais a se recuperarem das quedas com a pandemia.
Em Nova York, os índices S&P 500 e Dow Jones tiveram o melhor trimestre desde 1998, com altas de 20% e 18% respectivamente. A Bolsa de tecnologia Nasdaq teve o melhor trimestre desde 2001, com valorização de 31%, bateu o recorde histórico de 10.131 pontos.
“O Brasil entrou na pandemia com a economia pior que outros países e em situação política pior. Nos EUA, a rápida recuperação faz mais sentido. No Brasil, é uma surpresa”, afirma Knudsen.
“No Brasil, você perder tantas vagas com um desemprego tão alto não é bom. Mas, olhando os cortes de maio em relação a abril, você pensa que talvez o pior já tenha passado”, diz llan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Em abril, 898 mil brasileiros ficaram desocupados, segundo dados do IBGE. Em maio, foram mais 368 mil pessoas. Ao todo, a pandemia destruiu 7,8 milhões de postos de trabalho no Brasil, a maioria deles, informais.
Os juros baixos, por outro lado, elevam a cotação do dólar por meio do carry trade —prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior. Com a Selic a 2,25%, investir no Brasil fica menos vantajoso, o que contribui com uma fuga de dólares do país, elevando assim sua cotação.
No ano, o real é a moeda no mundo que mais perde valor ante o dólar, que acumula uma alta de 35%, chegando ao recorde nominal (sem contar a inflação) de R$ 5,90 em maio.
Analistas apontam que a turbulência política brasileira se reflete na depreciação do real.
“O dólar está demonstrando mais todo o risco no Brasil do que a Bolsa. O real já estava se desvalorizando antes da pandemia e, agora, o movimento só foi exacerbado”, diz Knudsen.
Nesta terça, a moeda americana subiu 0,2%, a R$ 5,4360. O turismo está a R$ 5,68. No mês, a moeda subiu 1,85% e no trimestre, 4,5%.
Nesta sessão, o destaque da Bolsa brasileira foi o IRB Brasil, cujas ações caíram 11,7%, após a companhia de resseguros reportar resultado do primeiro trimestre e republicar balanço de 2019 com redução do lucro em R$ 550 milhões em razão de fraude contábil. O IRB responde pela maior queda do Ibovespa em 2020, com declínio de mais de 70%.
Júlia Moura, Folha de São Paulo