Fidel Castro — o tirano psicopata que escravizou o povo cubano por quarenta e nove anos, de 1959 a 2008, e que inaugurou um regime despótico que mantém o povo cubano refém de um sistema político totalitário até o presente —, era um narcisista inveterado, que valorizava acima de tudo o seu insaciável desejo de ser o centro das atenções. Sempre desesperado por publicidade, ele fazia questão que um enorme aglomerado de jornalistas, radialistas e redatores o acompanhasse aonde quer que fosse.
O que ele realmente apreciava era dar entrevistas e declarações em comitivas de imprensa onde encontravam-se repórteres e jornalistas do mundo inteiro, para os quais ele podia vomitar suas baboseiras ideológicas pseudonacionalistas com toda a verborragia demagógica que lhe era tão característica.
Oportunista como só ele sabia ser, assim que conquistou notoriedade, Fidel descobriu que não precisava ser o salvador do mundo. Muito pelo contrário, bastava ser gracioso com jornalistas de esquerda, que a propaganda política — que consequentemente seria disseminada pelos séquitos de deslumbrados jornalistas panfletários simpatizantes da sua ideologia mundana e simplória — faria todo o resto sozinha.
Em toda a história humana, nenhum outro tirano se tornou tão querido, idolatrado e amado como Fidel. Como todo sociopata, Fidel era um indivíduo egocêntrico que sabia se utilizar um certo charme para passar uma falaciosa impressão positiva sobre sua pessoa.
Seu pretensioso carisma e seu falso antiamericanismo conquistaram o mundo; americanos de esquerda até hoje se derretem pelo seu ditador de estimação. O renomado cineasta Oliver Stone fez três documentários sobre o tirano: Comandante, de 2003, Looking for Fidel (Procurando Fidel, em tradução livre), de 2004 e Castro in Winter (Castro no Inverno, em tradução livre), de 2012.
Sua enorme popularidade pode ser comparada a de Adolf Hitler. Enquanto Hitler, no entanto, é corretamente hostilizado, Fidel é amado e venerado por legiões de ditadólatras anencefálicos completamente ignorantes com relação a história, aos fatos e a realidade.
Para começar, o suposto antiamericanismo de Fidel era mais falso do que liberdade no comunismo. Ele afirmava detestar os americanos, mas isto era uma absurda e descarada mentira.
Fidel tinha na verdade um profundo ressentimento, pois — na metade da década de 1950 — ele buscou apoio dos americanos para a sua revolução, mas como foi rejeitado, ele voltou para Cuba magoado, com o rabo entre as pernas. Apenas depois de ter sido rejeitado pelos americanos é que Fidel foi buscar apoio dos soviéticos.
Depois de ter derrubado o ditador Fulgencio Batista e vencido a revolução que se mostraria uma verdadeira desgraça para o povo cubano — que a partir deste momento seria forçado a aprender a se contentar com uma realidade de fome, privações e miséria permanentes —, Fidel estava sempre nos Estados Unidos dando entrevistas para programas de televisão e talk shows.
Na verdade, ele ficava mais nos Estados Unidos do que em Cuba, onde comia do bom e do melhor, se hospedava nos hotéis mais caros e mais refinados, e desfilava com toda a pompa e circunstância, pois aonde fosse, lhe estendiam o tapete vermelho.
E com o bônus adicional de ter amplas oportunidades para, a todo momento, fazer o que mais gostava: falar com repórteres e jornalistas sobre a maravilhosa, incrível, determinada, esplêndida e corajosa pessoa que ele era. Em resumo, Fidel Castro era um verdadeiro showman, um formidável publicitário de si mesmo.
Fidel também, ao contrário do que pregava, não era nada modesto. Vivia uma vida de exacerbado luxo, conforto e ostensiva extravagância, como a maioria dos ditadores comunistas. Quando Fidel ainda era vivo, há pouco mais de dez anos atrás, a Forbes estimou a fortuna pessoal de Fidel em novecentos milhões de dólares. O ditador na época se sentiu ultrajado, e afirmou que tomaria medidas legais contra a publicação por “difamá-lo”.
A verdade é que Fidel vivia, sim, uma vida de extremo luxo, conforto e suntuosidade. Quem conviveu com o ditador pode explicar isso em maiores detalhes.
No livro A Vida Secreta de Fidel – Revelações do seu Guarda-Costas Pessoal, Juan Reinaldo Sánchez, que desempenhou funções de liderança na guarda pessoal de elite do ditador por dezessete anos, de 1977 a 1994 — tendo durante este período convivido muito mais com Fidel do que com sua própria família, como ele próprio conta, “passei mais tempo, mais finais de semana e férias com ele do que com meus próprios filhos e minha esposa” —, revela sem pudor nenhum como era de fato a vida do ditador.
Para dissipar quaisquer dúvidas, nada como conhecimento de primeira mão.
Para começo de conversa, Fidel tinha uma ilha particular, chamada Cayo Piedra.
“Em Cayo Piedra, o luxo não é calculado por metros quadrados de área útil, nem pelo número de iates atracados.
O tesouro da ilha é o seu espetacular fundo marinho. Totalmente afastadas do turismo e da pesca, as águas que se estendem à frente da ilha constituem um santuário ecológico incomparável.
Fidel Castro dispõe, à entrada de sua casa, de um aquário pessoal com área superior a duzentos metros quadrados! Um campo de esportes submarinos ignorado pelos milhões de cubanos e pelos milhões de turistas que todo ano praticam mergulho ao redor dos cayos administrados pelo Ministério do Turismo.”, escreveu Sánchez em seu livro.
Ele ainda revela que a ilha era tão secreta, que ninguém da família de Fidel tinha acesso a ela, apenas ele, sua esposa, seus filhos e sua equipe de guarda-costas. “Nenhum irmão de Castro jamais foi convidado a conhecer Cayo Piedra.
É possível que Raúl, de quem Fidel é mais próximo, tenha visitado o local em sua ausência. Pessoalmente, porém, nunca o vi na ilha. Com exceção do círculo familiar mais íntimo, isto é, Dalia e os cinco filhos que ela teve com Fidel Castro, raros, raríssimos são aqueles que podem se orgulhar de ter visto a ilha misteriosa com os próprios olhos.
Fidelito, o filho mais velho de Fidel, de um primeiro casamento, esteve lá menos de cinco vezes. E Alina, sua única filha, fruto de um relacionamento extraconjugal, que vive hoje em Miami, na Flórida, nunca pôs os pés na ilha.” No entanto, Cayo Piedra era apenas um dos inúmeros artefatos na vida de luxo, conforto e abundância de Fidel. O ditador possuía mais de vinte residências por toda a ilha caribenha.
Fidel também tinha uma clínica particular apenas para ele. Em certa ocasião, quando o ditador foi acometido por um terrível problema de saúde, Sánchez escreveu que levaram Fidel às pressas até a clínica.
“Quando chegamos ao estacionamento do Palácio (...) subimos direto ao quarto andar; onde ficava a clínica particular de Fidel. Era um hospital em miniatura, que contava com apenas três aposentos: o de Fidel, com banheiro e terraço com vista para Havana, um segundo, para os guarda-costas (especialmente os dois “doadores de sangue”, que sempre dormiam no local para o caso de uma hospitalização do jefe) e um terceiro, para a equipe médica de plantão.
Essa clínica secreta também dispunha de uma sala de radiografia, de uma farmácia, de um laboratório de análises clínicas e de todos os equipamentos médicos modernos que se pode imaginar – dentre os quais um caríssimo tomógrafo Somaton da marca alemã Siemens. Havia também um consultório dentário, onde o prof. Salvador, seu dentista, colocara todos os implantes do comandante no fim dos anos 1980, substituindo sua dentadura original. Uma sala de ginástica para os exercícios de recuperação física, uma cozinha e uma sala de jantar completavam o quadro. Tudo isso exclusivo para o uso de uma pessoa: Fidel.”
Como podemos constatar, modéstia não era exatamente o forte do tirano. Como todo ditador socialista, ele vivia pela hipocrisia máxima do “capitalismo de luxo para mim, socialismo famélico para vocês.”
Sánchez descreve em seu livro que em uma ocasião em particular — a primeira vez que Fidel ficou doente —, elaboraram uma estratégia para que ninguém descobrisse que o ditador estava enfermo. Colocaram um sósia em seu lugar, passeando pelas ruas de Havana no banco de trás do carro oficial do chefe de estado.
“Na ocasião, foi utilizada pela primeira vez o estratagema de desinformação que consistia em levar para passear pelas ruas de Havana um “sósia” de Fidel Castro no banco de trás do Mercedes presidencial, a fim de cortar pela raiz qualquer boato sobre a ausência do comandante.
De tempos em tempos, o barbeiro pessoal de Fidel maquiava e caracterizava Silvino Álvarez, o “duplo” do comandante em chefe, colocando-lhe uma barba postiça. Saíamos em comboio do Palácio da Revolução e passávamos ostensivamente na frente das embaixadas ocidentais.
A intervalos regulares, quando cruzávamos um grupo de pessoas na rua, o falso Fidel, sentado no lugar do verdadeiro, do lado direito do banco de trás, abaixava o vidro e saudava as pessoas de longe.
Durante os meses de convalescença, a escolta como um todo manteve a mesma rotina: todos os dias fazíamos o trajeto casa-gabinete de Fidel, a fim de que nada parecesse anormal. Ninguém percebeu nada. Para todo mundo, Fidel estava em Havana, mergulhado no trabalho de “pai da nação”.”
Fidel era também um mulherengo inveterado que casou-se e separou-se diversas vezes, e teve inúmeras amantes. Fidel teve dos seus vários relacionamentos diversos filhos e uma filha, mas como o próprio Sánchez descreveu no seu livro, o ditador era um pai terrivelmente displicente e negligente, sendo completamente desprovido de instinto paterno.
Seus filhos nunca tinham sua atenção, muito menos sua afeição. Chega a ser irônico, mas não de todo surpreendente. Fidel não tinha capacidade ou competência para cuidar da própria família, mas queria liderar uma nação. Comportamento típico de socialistas, que — do alto de sua incomensurável arrogância, prepotência e sede de poder —, se acham no direito de governar a humanidade.
Além do seu sórdido e pernicioso egocentrismo, Fidel era um ingrato que não valorizava nada do que faziam por ele.
Quando Sánchez decidiu se aposentar para passar mais tempo com sua família — pelas leis cubanas então vigentes, ele poderia fazê-lo aos 45 anos de idade — o ditador ficou profundamente enfurecido.
Mandou prender Sanchez, e passou a considerá-lo um traidor. Na prisão, Sánchez foi sistematicamente torturado, e tentaram matá-lo indiretamente, administrando-lhe medicamentos adulterados em ocasiões em que ele ficou doente.
Como o próprio Sánchez descreveu:
“Também tenho certeza de que, durante meu período atrás das grades, tentaram me matar – da mesma maneira que, sem dúvida, livraram-se do antigo ministro do Interior, José Abrantes, condenado a vinte anos de reclusão em agosto de 1989 e morto por um “ataque cardíaco” em janeiro de 1991.
Eu tinha contraído uma otite aguda e o médico da prisão me prescrevera um tratamento que, em vez de me fazer bem, não apresentava nenhum resultado. Meu estado geral, pelo contrário, se agravava a cada dia. Felizmente, no locutório, um médico que visitava um parente prisioneiro analisou o meu caso. Descobriu, assim, que com aquele tratamento eu me encaminhava direto para um acidente vascular cerebral. Indignado, queixou-se ao diretor da prisão acusando-o de atentar contra a minha vida.
Depois, ameaçando denunciá-lo às autoridades, esse médico obteve autorização para me acompanhar pessoalmente, uma vez por semana, no locutório. Graças a esse anjo da guarda, que me aconselhou a não frequentar a enfermaria da prisão, interrompi o tratamento inicial e consegui me salvar.”
Essa foi a recompensa que Sánchez recebeu de Fidel pelos anos de dedicação, empenho e lealdade prestados.
Como ele próprio descobriu — da maneira mais amarga e dolorosa possível —, “fui compreender um pouco tarde demais que Fidel utilizava as pessoas enquanto elas lhe fossem úteis, e que depois as jogava no lixo sem o menor escrúpulo.” Como ele mesmo afirmou, “el comandante (...) tinha a arte da dissimulação como um dos seus maiores talentos.”
Fidel era um homem pernicioso e maligno, completamente destituído de ética e moralidade, que fazia de tudo para obter dinheiro fácil.
“No que tange aos negócios, Fidel às vezes parecia ter a mentalidade de um pirata do Caribe. Viver fora da lei, navegar na informalidade e praticar contrabando não lhe causava nenhum problema (...) Eu mesmo vi diamantes contrabandeados no gabinete de Fidel.”
Como o próprio Sánchez conta em seu livro, Fidel também remanejava para uma discreta conta particular uma parcela expressiva do dinheiro que Cuba recebia da União Soviética. A grande prioridade do ditador era ter recursos suficientes para financiar o seu opulento e suntuoso estilo de vida.
“Dependendo do caso, podia se comportar como um pequeno empresário. Assim, utilizava a frota La Caleta del Rosario, sua marina privada, onde, além do iate Aquarama II e outras embarcações menores, tinha dois barcos de pesca chamados Purrial de Vicana I e II (...).”
O livro de Sanchéz também é muito interessante por revelar como Fidel foi relevante para fomentar revoluções socialistas em países da África e da América Latina. Fidel tinha um centro de treinamento para guerrilheiros onde administrava cursos para milícias revolucionárias.
No capítulo intitulado “Nicarágua, a outra revolução de Fidel”, o autor conta como Fidel contribuiu — no seu papel de consultor político — para estimular a revolução sandinista na Nicarágua.
No capítulo intitulado “A obsessão venezuelana”, Sánchez conta como Fidel percebeu, depois do colapso da União Soviética em 1991, que ele poderia parasitar as riquezas naturais da Venezuela através de alianças políticas, garantindo seu sustento como sanguessuga da prosperidade de um dos países mais ricos da América do Sul.
Sanchez conseguiu fugir de Cuba em 2008, e então foi morar nos Estados Unidos com a sua família, que já havia se mudado para a Flórida muito tempo antes. Como ele mesmo contou, “libertado da prisão em 1996, levei doze anos para conseguir sair da ilha, em 2008, depois de dez tentativas infrutíferas.”
Não nos surpreende que Cuba e Venezuela tem seus agressivos regimes ditatoriais apoiados unicamente por pessoas que nunca viveram lá.
Quem realmente experimentou na própria pele o regime de terror totalitário que há décadas atormenta o povo da ilha caribenha fala com propriedade e conhecimento de causa sobre a ditadura castrista, e o seu emblemático líder, o maligno, egocêntrico e cruel tirano Fidel Castro, que foi — assim como o ditador soviético Joseph Stálin — um dos homens mais ricos do mundo.
Mas quanto dinheiro Fidel conseguiu acumular de fato?
Como o próprio Sánchez escreveu, “ninguém nunca terá condições de avaliar com precisão a fortuna do comandante.” Juan Reinaldo Sánchez morreu nos Estados Unidos, em 2015. Fidel Castro morreu no ano seguinte, em novembro de 2016, aos 90 anos.
Wagner Hertzog
Jornal da Cidade