Fraudes atingem em cheio a Previdência Social - Sob o 'cartel lula-stf-globolixo' abandalheira voltou com tudo
N esta semana, o pagador de impostos conheceu o maior escândalo de corrupção do governo Lula da Silva em sua terceira versão. Meses depois de cruzar a metade do mandato, a gestão petista está às voltas com um desvio de R$ 6,3 bilhões, surrupiados a conta-gotas do bolso de aposentados e pensionistas por meio de sindicatos e associações.
Os envolvidos são ligados a partidos de esquerda.
O esquema foi desmontado numa operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) na manhã desta quarta-feira, 23. A mobilização em 13 Estados mostra o tamanho da encrenca: foram chamados 700 policiais e 80 agentes da CGU para cumprir mais de 200 mandados de busca. Seis pessoas foram presas.
Houve sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão — Porsche, Ferrari, Rolls-Royce, motos, joias, obras de arte e dólares. A lista de crimes possíveis para os investigados também é extensa: corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Abaixo, itens apreendidos na operação contra a fraude de R$ 6,2 bilhões no INSS: Tem Ferrari, Porsche, relógios de luxo, obras de arte, malas recheadas de dinheiro em espécie... Luxos oriundos do dinheiro que deveria ir para idosos, inválidos e pessoas que dependem da Mostrar mais
Politicamente, a fraude atingiu o coração da Previdência Social, comandada pelo ministro Carlos Lupi, dono do PDT. O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial, teve o gabinete vasculhado e acabou pedindo demissão no final do dia. Ele é filiado ao PSB, mas sua nomeação foi feita por Lupi, de quem é amigo.
Também foram afastados integrantes da cúpula do INSS, como diretores das áreas de Suporte e Atendimento, Benefícios e Relacionamento, Pagamentos, um agente da Polícia Federal que trabalhava para o órgão e o procurador-geral. “A indicação do doutor Stefanutto é de minha inteira responsabilidade”, afirmou Lupi.
“Ele é um servidor que, até o presente momento, me tem dado toda a demonstração exemplar, fez parte do grupo de transição do governo anterior para este. Vamos aguardar o processo que corre em segredo de Justiça e as investigações em curso.”
Como o esquema funcionava?
Sindicatos e associações pelo país cobravam uma “mensalidade associativa” ilegal. Por que ilegal? Para que seja descontada, é obrigatória a autorização do aposentado, o que não acontecia. A CGU apresentou uma amostra em números: numa planilha com 1,3 mil aposentados consultados, quase ninguém (3%) tinha autorizado o desconto. As assinaturas eram falsificadas ou nem sequer havia documentação.
Cerca de 6 milhões de pessoas podem ter sido atingidas desde 2019 até agora, a maioria aposentados que não notaram os descontos. No papel, os sindicatos e associações prometiam descontos em planos de saúde, academias e até auxílio jurídico, mas não havia estrutura para isso.
Há uma enxurrada de queixas e processos correndo na Justiça contra essas entidades. O grupo investigado reúne 36 associações, das quais 11 ficaram com a maior parte do dinheiro. Por exemplo: só em fevereiro deste ano, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade de trabalhadores rurais, mordeu R$ 30 por mês, de 1,2 milhão de pessoas. Ou seja, no ano, a cifra ultrapassa R$ 430 milhões.
O jornal Folha de S.Paulo apontou outras duas campeãs em descontos: a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), com R$ 22 milhões no ano, e a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS (Caap), com R$ 16 milhões.
DNA da esquerda Ao menos dois sindicatos têm o DNA inequívoco da esquerda. O primeiro é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão de Lula. O diretor-presidente é Milton Baptista de Souza Filho, apelidado de “Milton Cavalo”. Frei Chico tem trajetória similar à do presidente: ambos largaram o chão de fábrica cedo no ABC Paulista para serem líderes sindicais de metalúrgicos.
Outra entidade na mira — e mais enrolada — é o Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (Sinab), dirigido por José Avelino Pereira, o “Chinelo”. Ele já foi preso por desvio de dinheiro na Prefeitura de Araçatuba (SP) e é investigado pelo Ministério Público Estadual. Mesmo assim, o amigo Carlos Lupi lhe entregou o comando do PDT no interior paulista e o convidou para integrar o Conselho Nacional da Previdência Social, que determina regras para aposentados. Nesse ponto, é possível notar a mistura clássica da esquerda entre governo e interesses partidários.
O sindicato de “Chinelo” enfrenta dezenas de processos por falsificação das autorizações de “mensalidades”. Num deles, segundo reportagem do Globo, houve condenação porque o sindicato usou fotos de redes sociais dos aposentados, anexadas na papelada como se fossem selfies.
O PDT é hoje um partido pequeno, com vestígios do brizolismo. Carlos Lupi, aliás, conheceu Leonel Brizola quando era jornaleiro. Tem uma bancada miúda na Câmara, com 17 cadeiras, e três senadores — dois são do Maranhão, inclusive Ana Paula Lobato, a suplente de Flávio Dino, que agora usa toga. A legenda fez 151 prefeitos em 2024.
A própria escolha de Lupi para o Ministério da Previdência Social é um deboche com o memorial de escândalos dos governos do PT. Lupi é uma figura carimbada na Esplanada, porque, sempre que o PDT é chamado para compor a aliança, ele exige um ministério para si. Isto mesmo: se recusa a indicar um nome da sigla, é para ele mesmo. Foi assim nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff. Ele caiu em 2011, quando descobriu-se que foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados por seis anos (de dezembro de 2000 a junho de 2006), e acumulava cargos de assessor em órgãos distintos, o que lhe rendia altos salários. A gota d’água foi a revelação pela revista Veja de que ele usou um avião alugado por uma ONG que recebia recursos do ministério.
Depois da reeleição de Dilma, em 2014, Lupi quis voltar ao ministério, mas o PT vetou. Contrariado, ele reuniu sindicalistas e disse que “o PT roubou demais”. A fala foi gravada e entregue à redação do jornal O Estado de S. Paulo. Lupi não negou as declarações. “O PT exauriu-se, esgotou-se. Olha o caso da Petrobras. A gente não acha que o PT inventou a corrupção, mas roubaram demais. Exageraram. O projeto deles virou projeto de poder”, disse.
Coincidentemente, o rombo na Petrobras divulgado no começo de 2015, quando a Lava Jato avançava, foi de R$ 6,2 bilhões. Uma década depois, o Brasil voltou aos bilhões.
Com informações de Sílvio Navarro - Revista Oeste