Segundo o ministro, o PIB de 2021 ficará acima de 5%
Paulo Guedes está confiante na retomada econômica do Brasil | Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
A economia do Brasil está “condenada” a crescer no próximo ano, afirmou o ministro Paulo Guedes nesta terça-feira, 30, durante um evento organizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Para o ministro, as previsões de que o país não crescerá em 2022 são exageradas. Guedes destacou que o Produto Interno Bruto (PIB) subirá de 5,3% a 5,4% neste ano, em comparação com 2020. “No ano que vem, o crescimento será menor, mas acima de 1%”, declarou.
Guedes disse ainda que a inflação deve incomodar os brasileiros por mais tempo. Contudo, o Banco Central possui as ferramentas para controlar a alta generalizada dos preços. “Esse é o gato para caçar esse rato”, observou.
O ministro também falou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A proposta é o principal trunfo do governo federal para bancar o Auxílio Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família. De acordo com a equipe econômica, a PEC deve abrir espaço superior a R$ 106 bilhões no Orçamento caso seja aprovada.
“Desenhamos uma PEC, mas foi bastante modificada”, ressaltou Guedes. “A proposta ainda é essencial — é o menos ruim que pode acontecer com o Brasil. Espero a aprovação, porque confio no senso de responsabilidade do Senado.”
Central nuclear operada pela Électricité de France, na região de Civaux, na França; a empresa está afundada em dívidas após enfrentar atrasos na construção de usinas e estouros de custos. Foto: Stephane Mahe/Reuters - 8/10/2021
PARIS - Os países europeus, desesperados por uma fonte de energia confiável e de longo prazo para ajudar a alcançar as ambiciosas metas climáticas, estão se voltando para uma alternativa que causou imenso pavor nas gerações anteriores: a energia nuclear.
A Polônia quer ter uma rede de usinas nucleares menores para ajudar a acabar com sua dependência do carvão. A Grã-Bretanha está apostando na Rolls-Royce para produzir reatores modulares baratos para complementar a energia eólica e solar. E, na França, o presidente Emmanuel Macron planeja desenvolver um enorme programa para seu país.
Embora os líderes mundiais prometam evitar uma catástrofe climática, a indústria nuclear vê nisso a oportunidade para um renascimento. Deixados de lado por anos após os desastres em Fukushima e Chernobyl, os defensores da ideia estão lutando para ganhar o reconhecimento da energia nuclear, ao lado da solar e eólica, como uma fonte aceitável de energia limpa.
Países europeus anunciaram recentemente planos para construir uma nova geração de reatores nucleares. Alguns são menores e mais baratos do que os modelos mais antigos, ocupando o espaço de dois campos de futebol e custando uma fração do preço das usinas nucleares padrão. O governo Biden também está apoiando essa tecnologia como uma ferramenta de “descarbonização em massa” para os Estados Unidos.
“A energia nuclear está se tornando predominante no movimento climático”, disse Kirsty Gonga, membro do Conselho Consultivo e de Pesquisa em Inovação Nuclear da Grã-Bretanha e fundadora da TerraPraxis, organização sem fins lucrativos que apoia a energia nuclear na mudança para uma economia verde. “Esta é uma década crucial e acho que veremos mudanças reais.”
Mas nem todo mundo está aceitando a ideia de que a energia nuclear é uma solução para as mudanças climáticas.
Dez anos atrás, poucos meses depois que um terremoto e um tsunami causaram o colapso da usina nuclear de Fukushima, no Japão, que forçou a retirada de mais de 150 mil pessoas da região, o governo alemão anunciou que encerraria gradualmente seu programa nuclear. Agora, a Alemanha está à frente de um grupo de nações que desejam neutralizar os esforços para incluir mais energia nuclear na matriz energética verde da Europa. Eles estão preocupados com a proliferação de usinas nucleares em solo europeu e com os resíduos radioativos que elas produzem.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson (à esq.), e o presidente francês, Emmanuel Macron, durante a conferência sobre o clima em Glasgow; a França está pressionando por um maior investimento em energia nuclear. Foto: Christopher Furlong/Reuters - 1/11/2021
A reação está criando tensões com a França, o maior produtor de energia nuclear da Europa , que formou uma aliança incomum com países do Leste Europeu que desejam atrair mais investimentos para a energia nuclear, incluindo Bulgária, República Tcheca, Hungria, Polônia e Romênia.
O grupo está pressionando a União Europeia para classificar a energia nuclear como investimento “sustentável”, medida que desbloquearia bilhões de euros de ajuda estatal e investimento de fundos de pensão, bancos e outros investidores que buscam colocar dinheiro em causas ambientais. Áustria, Dinamarca, Luxemburgo e Espanha se juntaram à Alemanha para tentar conter a iniciativa em Bruxelas.
O principal ponto de venda da indústria nuclear é uma tecnologia que envolve usinas em escala reduzida, ou pequenos reatores modulares, que seus defensores dizem ser seguros, baratos e eficientes. O argumento é que a energia eólica e solar sozinhas não serão suficientes para ajudar os países a cumprir as metas delineadas na cúpula do clima das Nações Unidas neste mês em Glasgow.
Quase 200 países prometeram novas ações para evitar que a Terra esquente mais de 1,5 grau Celsius, ou 2,7 graus Fahrenheit, em comparação com os níveis pré-industriais. Depois desse limite, o risco de ondas mortais de calor e tempestades, escassez de água e colapso do ecossistema aumenta enormemente, alertam os cientistas.
Mas os países estão aquém do esperado, mesmo tendo aumentado os investimentos em energia eólica e solar, cuja produção varia conforme a incidência solar e os ventos. A reabertura da economia global após a pandemia do coronavírus causou um recente aumento nos preços da energia e fez com que os governos europeus lutassem para garantir fontes alternativas de energia.
Defensores da energia nuclear dizem que a experiência mostra a necessidade de uma nova geração de energia nuclear.
“A energia nuclear tem um papel realmente importante a desempenhar para chegar a net zero em muitos países”, disse Tom Samson, executivo-chefe da Rolls-Royce SMR, que trabalha há seis anos em um projeto de reator nuclear pequeno, modular e comercial - e sente que o momento já chegou.
A Rolls-Royce, que anunciou o empreendimento este mês, está entrando em um mercado multibilionário para pequenos reatores nucleares, competindo com empresas como NuScale , GE Hitachi e TerraPower (que tem Bill Gates como presidente) nos Estados Unidos; Électricité de France , a empresa de energia estatal francesa; Corporação Nuclear Nacional da China e a KEPCO na Coreia do Sul.
Samson apresenta o empreendimento como uma nova abordagem para um setor famoso por atrasos e derrapagens nos custos e, principalmente, evitado pelos investidores. A Rolls-Royce, que fabrica motores a jato e fornece a usina de energia para a frota de submarinos nucleares da Marinha Real, espera construir 16 das usinas na Grã-Bretanha e também gerar vendas de exportação.
Os componentes pré-fabricados serão montados e transportados por caminhão ou navio. Inicialmente, as usinas deverão custar 2,2 bilhões de libras cada, o equivalente a US$ 3 bilhões, em comparação com um preço estimado de 22,5 bilhões de libras para uma usina de tamanho real agora em construção no oeste da Inglaterra.
Os desenhos do reator Rolls-Royce mostram um compacto e futurista edifício em uma paisagem verdejante. Um reator teria cerca de um sétimo da geração das maiores usinas nucleares modernas e poderia abastecer um milhão de residências.
Os sindicatos trabalhistas na Grã-Bretanha e na Europa apoiam as iniciativas, argumentando que as usinas nucleares geram empregos e são preferíveis às tecnologias renováveis, como as fazendas de energia solar, que não requerem muitos funcionários para se manter.
Projeto do reator Rolls-Royce mostra um edifício compacto e futurista; segundo a companhia, unidade poderia abastecer 1 milhão de residências. Foto: Rolls-Royce
Os críticos dizem que a energia nuclear dificilmente será solução para acelerar o avanço para emissões líquidas zero.
Por um lado, novas usinas nucleares, mesmo as pequenas, levarão até uma década ou mais para entrar em operação, em parte por causa dos requisitos regulatórios, longe de serem rápidas o suficiente para lidar com uma emergência climática. O primeiro reator Rolls-Royce não entraria em funcionamento até 2031.
A capacidade de pequenos reatores nucleares de produzir energia rápida ou barata o suficiente para fazer diferença para os países também não está clara, disse Mark Hibbs, pesquisador sênior e especialista nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. Hibbs, que mora na Alemanha, observou que 10 desses reatores poderiam ser necessários para fazer o mesmo trabalho de uma grande usina nuclear moderna.
Doug Parr, cientista-chefe do Greenpeace na Grã-Bretanha, disse: “Isso não resolve os problemas da sociedade; resolve os problemas da indústria nuclear”. E acrescentou: “Eles querem chegar a um novo conceito que não tenha a imagem ruim de uma grande usina de energia nuclear”.
Aqueles que defendem um renascimento da energia nuclear dizem que tais preocupações são exageradas.
Na França, o presidente Macron anunciou este mês que reiniciaria o programa atômico do país para “cumprir” os compromissos da França de reduzir as emissões de carbono. Um recente relatório encomendado pelo governo concluiu que a França provavelmente não conseguirá atingir emissões líquidas zero até 2050 apenas com energia renovável.
Espera-se que seu governo autorize a Electricité de France a construir seis novos reatores pressurizados e gaste bilhões para ajudar a EDF a produzir pequenos reatores nucleares modulares até 2030. O trabalho seria uma tábua de salvação para a companhia, que está devendo mais de 40 bilhões de euros (US$ 45 bilhões) após enfrentar atrasos na construção de usinas nucleares e estouros de orçamentos.
No Leste Europeu, a corrida já começou
Polônia, Romênia e Ucrânia, há muito dependentes de usinas termoelétricas a carvão, estão entre os que assinaram contratos com empresas americanas e europeias para tecnologia de pequenos reatores. A Polônia sozinha planeja construir grandes reatores nucleares e pelo menos meia dúzia de pequenos em locais produtores de carvão para gerar energia e criar empregos.
“A capacidade de trazer uma nova geração de energia elétrica em menos tempo e com um custo total de projeto mais baixo é o principal motivador”, disse John Kotek, vice-presidente de desenvolvimento de políticas e assuntos públicos do Instituto de Energia Nuclear, um grupo do setor em Washington.
Mas, à medida que investidores buscam onde aplicar trilhões de dólares em ativos para evitar os combustíveis fósseis, a energia nuclear está se tornando cada vez mais difícil de ser ignorada.
“O consenso geral nos círculos climáticos é que a energia nuclear é uma fonte de energia limpa”, disse Marisa Drew, diretora de sustentabilidade do Credit Suisse. “Se alguém conseguir entregar algo que seja economicamente viável, escalonável e verdadeiramente ecológico, e ainda faze-lo de uma forma segura”, disse ela, “então teremos que abraçar a ideia”. / TRADUÇÃO DE ANNA MARIA DALLE LUCHE
O relator da PEC, Fernando Bezerra - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - 30/11/2021
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o relatório da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios por 16 votos a 10. O texto seguirá na sequência para o plenário da Casa. O governo quer liquidar a tramitação nesta terça-feira, 30, mas ainda busca apoio e a votação poderá ficar para quinta, 2.
A PEC foi apresentada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para abrir espaço ao Auxílio Brasil, programa desenhado para substituir o Bolsa Família, com um benefício mensal de R$ 400. A PEC institui um caráter permanente à transferência de renda sem a necessidade de apresentar fontes de financiamento. A regra da LRF só valerá se houver um novo aumento a partir de 2023, de acordo com especialistas.
A proposta limita o pagamento de precatórios (dívidas da União reconhecidas pela Justiça) e altera a regra de cálculo do teto de gastos (regra que limita o crescimento de despesas à inflação do ano anterior) a partir do próximo ano, abrindo um espaço fiscal de R$ 106,1 bilhões em 2022.
O líder do governo e relator da PEC no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), não mexeu nos dois pontos centrais defendidos pelo Executivo: o limite do pagamento de precatórios e a alteração do teto de gastos. Para conseguir os votos necessários, no entanto, o parecer promoveu uma série de modificações. As mudanças dependem de aval da Câmara, mas a cúpula do Congresso poderá promulgar a parte principal logo após a aprovação no plenário do Senado, fatiando a proposta.
O parecer vincula o espaço fiscal aberto com a PEC ao Auxílio Brasil; despesas com saúde, previdência e assistência social; e o cumprimento de limites individualizados do teto de gastos, como no caso do mínimo exigido para a saúde e o repasse a outros Poderes. Essa destinação, no entanto, está vinculada apenas à folga gerada pela mudança na regra do teto - cerca de R$ 62,2 bilhões -, e não ao limite no pagamento de precatórios, que pode abrir margem para 43,8 bilhões em outros gastos.
Em uma nova alteração nesta terça, o relator retirou do parecer o pagamento de precatórios ligados ao antigo Fundef (fundo de financiamento à educação anterior ao Fundeb) do teto de gastos. A medida atende a um pedido das bancadas do PSD e do DEM e cede a uma pressão de governadores de Estados que aguardam por esses repasses, um total de R$ 16 bilhões.
Pelo novo relatório de Bezerra, as despesas com o pagamento de precatórios do Fundef não se incluem nos limites do teto de gastos. O parecer, no entanto, mantém o parcelamento dessas despesas em três anos: 40% no primeiro ano, 30% no segundo e 30% no terceiro ano. Para 2022, a maior parte das transferências ficará garantida até 31 de agosto, ou seja, antes do período eleitoral.
Outra alteração, que atende a uma demanda do PSD e do MDB, inclui os precatórios de natureza alimentícia na lista de prioridade de pagamento, colocando idosos, pessoas com deficiência e portadores de doença grave na frente da fila, logo após os repasses para as requisições de pequeno valor (RPV) - dívidas de até R$ 60 mil.
Outras mudanças
A CCJ promoveu uma alteração para deixar claro que o limite imposto pela PEC valerá apenas para o pagamento de precatórios, e não para a expedição de decisões judiciais - a Justiça continuará sem limites para determinar o pagamento das dívidas, mas a trava estará no Orçamento. A alteração foi solicitada pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), que citou risco de o dispositivo gerar uma "fila de precatórios" no Judiciário. Com isso, os senadores querem diminuir o risco de a PEC ser derrubada no STF por interferir no volume de decisões do Judiciário.
Outra alteração beneficia diretamente Estados que não cumpriram as regras de refinanciamento de dívidas com a União. A lei para renegociação dos débitos dos governos estaduais com a administração federal foi aprovada em 2016 e exigia um teto de gastos atrelado à inflação por dois anos nos Estados, na tentativa de evitar descontrole fiscal.
Alguns Estados, no entanto, podem não ter cumprido essa regra e são obrigados a devolver os valores com os quais foram beneficiados. Atualmente, multas equivalentes ao benefício precisam ser pagas imediatamente se houver descumprimento. O que o relatório permite é o parcelamento dessa restituição aos cofres federais ao longo do prazo contratual. Senadores esperam que a mudança beneficie aproximadamente 10 Estados.
De acordo com o relator, o parcelamento não terá impacto para a União. "Quando não cumpre determinados dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, está sujeito a aplicação de multa e a multa teria que ser paga imediatamente. Os Estados pedem que sejam pagas ao longo do contrato. É sobre parcelamento, não existe mudança de mérito em relação a isso", disse Bezerra. A alteração foi feita após uma emenda apresentada pelo senador Carlos Favaro (PSD-MT), vice-líder do PSD no Senado.
Lei de Responsabilidade Fiscal
A PEC garante um auxílio social permanente sem a necessidade de apontar uma fonte de financiamento, driblando a Lei de Responsabilidade Fiscal. O relator incluiu um dispositivo para deixar claro que, se houver nova mudança na lei que institui o Auxílio Brasil, a LRF deverá ser respeitada.
Mesmo com a alteração, há margem para o governo implantar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 de forma permanente sem apontar uma fonte de financiamento.
O governo ainda precisará fazer caber a despesa dentro do teto de gastos. A PEC dos Precatórios mexe significativamente no cálculo da limitação fiscal, abrindo espaço para esse aumento a partir do ano que vem. De acordo com o líder do governo, o impasse em torno da necessidade de financiamento do auxílio permanente está "superada".
Com informações der Daniel Weterman, O Estado de S.Paulo
O deputado estadual Kelps Lima, presidente da CPI do Consórcio Nordeste, em curso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, publicou um vídeo com trecho da fala de uma testemunha que afirma que os respiradores ‘comprados’ no auge da pandemia do vírus chinês chegaram a custar até 10 vezes mais do que o valor do custo de produção. Um superfaturamento de 1000%.
No depoimento, colhido durante audiência pública, no dia 25 de novembro, o engenheiro e empresário Antônio Carlos Alvares Fasano disse que foi contratado para desenvolver um respirador pulmonar para a empresa Biogeoenergy.
Fasano afirmou que o valor acertado para o desenvolvimento do equipamento que seria comercializado com a Hempcare e, depois, revendido ao Consórcio Nordeste, ficou em R$ 500 mil, mas que já teria recebido R$ 2 milhões como adiantamento para compra de peças.
Seu trabalho incluía, além do desenvolvimento, a entrega de protótipos e a transferência total da tecnologia, com treinamento da equipe que cuidaria da produção em uma empresa sediada na cidade de Araraquara (cujo prefeito é o ex-ministro petista Edinho Silva), no interior de São Paulo.
O engenheiro esclareceu que o custo final de cada respirador foi de R$ 15 mil e que ficou surpreso quando soube depois, pelo noticiário, que seriam revendidos a R$ 150 mil reais.
“Os respiradores não existiam. Sendo desenvolvidos, eles custariam ao povo do Nordeste dez vezes mais do que o seu custo. O negócio foi feito para roubar o povo nordestino", afirmou Kelps Lima.
A partir desse testemunho os pontos da obscura trama começam a ser esclarecidos. O Consórcio Nordeste, administrado por seu secretário-executivo, o ex-ministro petista Carlos Gabas, e com a anuência dos governadores, pagou quase R$ 50 milhões antecipados pela compra de respiradores que não existiam e, que, após desenvolvidos e produzidos em uma fábrica de Araraquara-SP (do também petista Edinho Silva), seriam repassados a uma empresa atravessadora, a Hempcare, que se responsabilizaria, enfim, pela venda, mas com um sobrepreço estratosférico.
Um enredo de filme de gângsteres atuando nos bastidores mais altos do poder, com direito a lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. E, claro, uma farta distribuição dos ‘lucros’ em uma farra com o dinheiro público. Um escandaloso crime, pago com o suado imposto do povo brasileiro.
O retrato do Brasil pré-Bolsonaro. E é por isso que eles querem voltar ao poder, a qualquer custo!
A inauguração da nona cascata de ultracentrífugas amplia a capacidade nacional de enriquecimento de urânio
A unidade Angra 1 produz energia nuclear | Foto: Reprodução/Eletronuclear
Na sexta-feira 26, o Brasil deu mais um passo no aumento de sua capacidade de produção de energia nuclear. A Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) inaugurou a nona cascata de ultracentrífugas para a Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio.
Localizada em Resende (RJ), a estrutura vai permitir o atendimento de 65% das demandas anuais da usina de Angra 1, que produz energia nuclear. Desse modo, a capacidade atual aumentou 5%.
A empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil administra a estrutura. O governo federal pretende entregar, em seguida, a décima cascata até 2023.
O general Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, participou do evento. O militar destacou o desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro para ampliar e diversificar a matriz energética do país, considerada uma das mais limpas do mundo.
De acordo com o ministro, a matriz energética diversificada ajudou a superar a recente falta de chuvas. “Superamos a maior crise hidrológica que o país já vivenciou”, afirmou. “Superamos porque temos competência, sabemos estabelecer a correta governança e também estamos dando continuidade a todos esses programas. Se nós não tivéssemos a energia nuclear, se não tivéssemos nossa matriz hidráulica, que foi muito prejudicada pela crise, se não tivéssemos diversificado a nossa matriz, que hoje é composta basicamente de nove fontes, não teríamos superado esse desafio.”
O governo federal investiu R$ 54 milhões na construção da nona cascata de ultracentrífugas. Por fim, a inauguração faz parte da primeira fase de implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio, um projeto em parceria com a Marinha do Brasil, que vai auxiliar a produção de energia nuclear no país.
Texto limita o pagamento anual dos precatórios e altera a fórmula de cálculo do teto de gastos
Plenário da Comissão de Constituição e Justiça | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Por 16 a 10, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta terça-feira, 30, a PEC dos Precatórios. Agora, a proposta segue para o plenário da Casa.
O texto limita o pagamento anual dos precatórios, que são dívidas da União reconhecidas pela Justiça, e altera a fórmula para se calcular o teto de gastos, o que dá mais dinheiro para o governo em 2022.
A PEC é a principal aposta do Palácio do Planalto para bancar o programa social Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial.
Segundo a equipe econômica do governo, se aprovada, a proposta deve abrir espaço superior a R$ 106 bilhões no Orçamento.
Para conseguir votos suficientes, o relator no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), fez uma série de mudanças em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados.
Entre os pontos está o que confere caráter permanente ao Auxílio Brasil. O texto, contudo, não define qual será a fonte de recursos que custeará o programa pós 2022.
Se as alterações forem aprovadas no plenário do Senado aprovar as alterações, a PEC deverá ser votada novamente pela Câmara.
Na segunda-feira 29, a Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado, divulgou um cálculo afirmando que o texto pode gerar uma “bola de neve” de R$ 850 bilhões em precatórios não pagos até 2026.
A expectativa do governo é de que o presidente da casa legislativa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), paute a votação ainda nesta terça-feira.
Nos últimos dias, no entanto, Pacheco vinha sinalizando que a votação no plenário ficaria para a quinta-feira.
Medida amplia a capacidade produtiva da empresa e gera empregos
O Corolla Cross é produzido na fábrica da Toyotaem Sorocaba (SP) | Foto: Divulgação
A fábrica da Toyota em Sorocaba (SP) volta a produzir sem paradas nesta terça-feira, 30. A empresa inicia hoje a implantação do terceiro turno de trabalhadores no local.
Com a medida, houve a contratação de 550 funcionários pela fábrica da Toyota na cidade. Deles, mais de um terço (37%) é formado por mulheres. A planta do interior paulista fabrica os modelos Yaris, Etios e o Corolla Cross.
Graças à produção continua por 24 horas, a empresa vai ampliar sua capacidade de fabricação de 122 mil para 158 mil veículos por ano. Enquanto a montadora retoma o terceiro turno, outras marcas vão no rumo contrário e promovem férias coletivas e colocam funcionários em suspensão temporária de contratos.
O setor enfrenta paradas em razão da falta de semicondutores. O problema, entretanto, não tem afetado com tanta intensidade o grupo japonês. A empresa também é a única montadora que está produzindo no Brasil modelos híbridos. Aqueles que rodam com motor elétrico e a combustão (flex), podendo utilizar etanol no abastecimento.
A ampliação da produção vai consolidar a fábrica da Toyota como a maior produtora de veículos eletrificados da América Latina, de acordo com uma nota emitida hoje pela companhia. Assim, a empresa dá “em mais um passo da empresa na busca pela massificação de tecnologias mais limpas e consequente avanço no compromisso de neutralidade de carbono na região”, afirmou em nota.
Flávio Bolsonaro fez um discurso duro contra adversários do presidente nas eleições de 2022 | Foto: Reprodução/YouTube
Coube ao senador Flávio Bolsonaro, também filiado ao Partido Liberal (PL) nesta terça-feira, 30, fazer o discurso mais duro e direcionado a dois dos adversários do presidente Jair Bolsonaro na disputa eleitoral de 2022 — Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Sergio Moro (Podemos).
“Traidor é aquele que humilha uma mulher, que expõe publicamente uma pessoa pensando no poder porque o convidou para ser seu padrinho de casamento. E a decepção vem na proporção inversa à admiração que as pessoas tinham por essa pessoa”, disse o senador, referindo-se ao episódio envolvendo a desavença pública entre Moro e a deputada Carla Zambelli (PSL-SL) — de quem o ex-juiz foi padrinho de casamento.
“Traidor é aquele que, por ação ou omissão, interfere na Polícia Federal. Em um governo conservador, havia uma orientação superior para que se dificultasse a aquisição de armas de fogo para as pessoas exercerem o direito à legítima defesa”, continuou Flávio. “Traidor é aquele que tenta colocar no governo pessoas que defendem o aborto.”
Arrancando aplausos da plateia que lotava o auditório, Flávio Bolsonaro arrematou: “Traidor é aquele que não tomou as devidas providências para descobrir quem mandou matar Bolsonaro”.
Lula
Sobre Lula, também sem citar o nome do petista, o senador recém-filiado ao PL colocou em dúvida as pesquisas de intenção de voto que apontam o ex-presidente na liderança.
“As pesquisas ainda querem nos fazer crer que um ex-presidiário, preso por roubar o povo brasileiro, está na frente de Bolsonaro mesmo com o trabalho excepcional que o governo vem fazendo nos últimos anos”, ironizou.
Técnicas antigas de produção podem aumentar a produtividade e também reduzir a liberação de gases do efeito estufa; medidas podem diminuir a pressão para ampliar a fronteira agrícola e evitar a derrubada da floresta
‘Degradação é igual cachorro correndo atrás do rabo’, diz CostaRAIMUNDO PACCO/ESTADÃO
O pecuarista Mauro Lúcio Costa é famoso no interior do Pará. Alguns de seus colegas fazendeiros dizem que “Maurão é nosso professor”. Costa se tornou referência na região próxima das cidades deParagominas e Tailândia ao praticar uma pecuária sustentável. Aparece com frequência em publicações sobre o mundo rural, e sua fazenda já ganhou prêmio de sustentabilidade.
A trajetória de Costa como pecuarista, porém, começou diferente. Após comprar uma propriedade em 1997, desmatou cerca de 500 hectares dela e aproveitou mais uma área que já havia sido devastada pelos donos anteriores. Cinco anos depois, o pasto que havia plantado no local começava a entrar em degradação. “Esse era o normal aqui. As pessoas abriam áreas e as degradavam. Era mais fácil ir para a floresta e desmatar de novo do que recuperar. A recuperação até hoje custa muito. Mas quis fazer diferente, porque a degradação é igual cachorro correndo atrás do rabo: arruma, degrada, arruma, degrada.”
O que Costa fez antes dos anos 2000 resume o que até hoje é a principal fonte de emissão de gás carbônico no País: o desmatamento para exploração da terra pela agropecuária. Quase metade das emissões brasileiras atuais são provocadas pelo desmatamento e, das áreas desmatadas, 95% são destinadas à agricultura e, principalmente, à pecuária, segundo Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima, uma rede entidades da sociedade civil.
Agropecuária e mudanças do uso da terra são as atividades mais poluentes
Apesar do desmatamento crescente, a agropecuária não tem obstáculos tão difíceis de serem superados como o setor de transportes, em que ainda é preciso desenvolver novas tecnologias para atingir o carbono zero. “É muito difícil o País todo zerar as emissões líquidas de carbono antes de 2050, porque precisaria de muito investimento. A meta, aliás, é 2050. Mas no caso do agronegócio, podemos obter a neutralidade antes, porque a maior parte das emissões vem do desmatamento ilegal. Para reduzir as emissões, é só cumprir a lei”, diz Marcello Britto, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Além de reduzir o desmatamento, o setor precisa avançar na adoção de práticas sustentáveis que existem há anos, mas que precisam ganhar escala. Entre essas práticas, a recuperação de pastagem - que começou a ser feita por Costa em sua fazenda no início dos anos 2000 - é o carro chefe.
As soluções para a agricultura ser carbono zero já existem. Elas estão em nossas mãos. O grande desafio é torná-las viáveis em larga escala. É preciso popularizar as práticas. O setor privado tem seu papel de implementá-las, mas os órgãos públicos têm o papel de fazer a articulação.”
Renata Potenza, coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias da ONG Imaflora
A recuperação de pastagem é um trabalho que envolve análise do solo para ver quais nutrientes ele perdeu com a exploração, retirada de plantas daninhas, adubagem e plantação de novo capim. Esse pasto novo, saudável, tem capacidade de retirar gás carbônico da atmosfera e o colocar no solo. Com essa técnica, a pecuária pode compensar os gases emitidos pelo gado.
Além de sequestrar carbono do ar, a recuperação de pastagem também aumenta a eficiência da alimentação do gado. Isso porque o pasto de melhor qualidade é metabolizado mais rapidamente, garantindo que o animal emita menos metano (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa) em seu processo de digestão, explica o pesquisador Moacyr Dias Filho, da Embrapa. Com uma alimentação melhor, o gado também engorda num período de tempo mais curto.
Apesar das vantagens ambientais e econômicas da recuperação, dos 170,7 milhões de hectares que o Brasil tinha de pasto em 2018, 57,2% ainda apresentavam alguma degradação, sendo 26% um grau severo. Degradado, o pasto tem baixo nível de nutrientes e, portanto, de produtividade. Em pouco tempo, acaba sendo abandonado, e o produtor desmata novas áreas para colocar seu gado.
Na fazenda de Costa, quando o pecuarista começou a recuperar a fertilidade do pasto, ouviu de pessoas na região que estava “louco” por gastar dinheiro com a prática quando ainda havia mais de 3.000 hectares em sua propriedade que poderiam ser explorados, isto é, desmatados. “As pessoas diziam que, se eu não abrisse (mais área para pasto) naquela época, não ia conseguir depois. Conheço muitas pessoas que desmataram sem ter necessidade, porque estavam prevendo que chegaria a época em que não poderiam mais desmatar.”
Sem optar pelo desmatamento, Costa passou a rotacionar o pasto (método antigo em que a propriedade é dividida em lotes que são ocupados por certo período de tempo pelo gado e, posteriormente, desocupados para que a pastagem descanse, seja adubada se recupere). O pecuarista ainda enriqueceu os 80% da propriedade que são área de reserva legal, plantando árvores nativas.
Hoje, a produtividade da fazenda de Costa é de 4,5 animais por hectare, enquanto a média brasileira é de 0,9. A meta é chegar a dez em 2023. “Já tenho o modelo de como fazer. Agora, o investimento é em rebanho, porque não preciso mais investir para reformar o pasto. O capim, se bem tratado, dura a vida inteira. Hoje, trabalho para não deixar que ele entre em estágio de degradação.”
O projeto de Costa para tornar sua fazenda sustentável foi feito com a ajuda de especialistas como o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O docente havia trabalhado no programa Pecuária Verde, que ajudou a reduzir o desmatamento em Paragominas ao aumentar a produtividade e a sustentabilidade das fazendas locais.
“Tem muita área agrícola no País com baixa produtividade. Quando se aumenta a produtividade, se reduz a pressão por desmatamento”, diz Rodrigues. Segundo o professor, se um programa semelhante ao de Paragominas fosse adotado em todo o País e o rebanho brasileiro fosse mantido no tamanho atual, 32 milhões de hectares de pastagem (18,7% do que se tem hoje) seriam liberados. Nos cálculos de Dias Filho, da Embrapa, para cada hectare de pastagem recuperado, deixa-se de desmatar dois hectares de floresta.
“Adotar práticas sustentáveis no agronegócio é um processo lento. Não é feito de um dia para o outro. Tem de mostrar para o produtor como se faz e quais os custos. E precisa ter uma economia estável para ajudá-lo.”
Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa
Outra atividade importante para que a agropecuária reduza suas emissões, lembra Celso Manzatto, também da Embrapa, é plantar e manter árvores no meio das produções. O pesquisador explica que a árvore ajuda a manter o carbono no solo. Quando já se tem uma no local e ela é cortada, o teor de carbono no solo diminuiu em um terço.
Técnicas como o plantio direto e a integração pecuária-floresta também ajudam a aumentar o carbono no solo e são fomentadas no País há mais de dez anos, mas ainda não dominam a agropecuária, destaca Angelo Costa Gurgel, do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV.
“Há um esforço do Plano Safra para que o produtor pegue financiamento para a atividade sustentável a uma taxa de juros menor que a do mercado. Mas percebemos que os produtores vão em direção à sustentabilidade mesmo quando o gado demora para crescer. Aí, ele tenta adotar tecnologias e melhorar a pastagem”, diz Gurgel. Segundo ele, em regiões onde o preço da terra é maior, também há uma pressão para ser mais produtivo e se buscar essas técnicas.
Empresas criam tecnologias para diminuir liberação de metano pelo gado
Além das emissões de carbono em decorrência do manejo de solo e das mudanças do uso da terra, a pecuária precisa lidar com outro desafio para ser uma atividade de baixo carbono: a poluição gerada pelo gado. No ano passado, a liberação de gases resultantes da digestão dos ruminantes, a chamada fermentação entérica, foi responsável pela emissão de 64,6% do CO2 da agropecuária. Quando se considera o metano (um dos mais nocivos gases de efeito estufa), a participação da fermentação entérica chega a 91,6% do emitido pelo setor.
Antevendo a tendências, algumas empresas já vinham desenvolvendo tecnologias para ajudar os pecuaristas a diminuir a liberação de gases de seu rebanho. A JBS, por exemplo, participa de pesquisas que analisam como mudanças na dieta dos animais pode interferir na emissão de gases. Um dos projetos estuda a adição de taninos à alimentação do gado e outro, a de capim-limão.
“Os aditivos de taninos, por exemplo, melhoram a eficiência nutricional e diminuem as emissões de metano. Experimentos que já foram feitos mostram que as reduções podem chegar a 40%”, diz o diretor de relacionamento com pecuaristas da Friboi (marca da JBS), Fabio Dias.
Laboratório do Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, onde a adição de taninos à ração animal é estudada em parceria com a JBSDIVULGAÇÃO/JBS
A holandesa DSM, por sua vez, desenvolveu um suplemento nutricional chamado Bovaer que, segundo a empresa, reduz de 30% a 90% a emissão de gases de efeito estufa. O produto impede que microrganismos que fabricam metano no trato digestivo do animal sejam produzidos, explica o presidente da empresa na América Latina, Maurício Adade.
Liberado para uso no Brasil pelo Ministério da Agricultura, o Bovaer ainda não teve preço divulgado. O suplemento precisa ser acrescentado à ração diariamente na dose de um quarto de colher de chá por animal para fazer efeito.