Das 25 companhias que pagam mais, 18 estão localizadas no polo tecnológico de São Francisco, na Califórnia
Estagiários podem ganhar até 7 mil dólares nos EUA (Thinkstock)
Levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo site americano Glassdoor, especializado em recrutamento e pesquisa salarial, revela que os vencimentos de estagiários podem chegar a 7.000 doláres — cerca de 16.300 reais.
Segundo o levantamento, das 25 empresas com melhores salários, 18 estão sediadas no polo tecnológico de São Francisco, na Califórnia. Segundo a publicação, os altos salários revelam a corrida pelos talentos para atuar, principalmente, nesse setor.
O levantamento foi realizado entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano com base nas pesquisas salariais feitas pelo site.
Conheça as 15 empresas com os melhores salários para estagiários
Palantir
A empresa de tecnologia de Palo Alto, especializada em análise de dados e segurança na rede, tem como clientes CIA e o FBI. Ela paga nada menos do que 7.012 doláres para estagiários.
VMware
A companhia de software oferece 6.966 dólares de bolsa-estágio.
Twitter
Um estudante que atua no microblog pode receber até 6.971 dólares por mês.
Linkedin
Em quarto lugar aparece a rede social profissional Linkedin, que oferece para seus internos bolsa-auxílio de 6.230 dólares.
Facebook
A dona da maior rede social do mundo também aparece na lista das companhias com melhores salários para estagiários: até 6.213 dólares ao mês.
Microsoft
A empresa fundada por Bill Gates oferece 6.138 dólares para alguns de seus pupilos.
eBay inc.
A empresa de e-commerce aparece na sétima posição do ranking. Seus estagiários ganham bolsas de até 6.126 dólares por mês.
Exxon Mobil
Única empresa entre as dez primeiras colocadas que não atua na área de tecnologia, a petroleira norte-americana paga até 5.972 dólares.
Google
O gigante de buscas oferece até 5.969 dólares por mês aos novos talentos.
Apple
A companhia fundada por Steve Jobs aparece oferece bolsas que chegam a 5.723 dólares por mês.
Amazon
O gigante americano do e-commerce aparece na 11º posição na lista, com 5.631 dólares.
Nvidia
A líder em computação visual oferece salários de até 5.446 dólares.
Chevron
A petroleira americana, que também atua na extração de petróleo no Brasil, é a segunda da lista que não pertence ao ramo da tecnologia. Um estagiário pode ganhar até 5.424 dólares para trabalhar para a companhia.
Adobe
A empresa de software oferece bolsas para estagiários que chegaram a 5.409 dólares.
ConocoPhillips
A companhia de energia é a única do setor que figura entre as 15 empresas com melhores salários para universitários. Aos seus estagiários, a empresa paga até 5.357 dólares.
A quebra do banco
Lehman Brothers (2008) e suas conseqüências – a deflagração da maior crise
financeira global desde os anos 1930 e uma severa recessão nos países ricos –
animaram analistas de esquerda a vaticinar o declínio americano.
Distintas corrente
de opinião apontaram a China como a potência do século XXI. A profecia
declinista não se confirmou. A economia americana já se recuperou e deve
crescer em torno de 3% neste ano, nível similar ao desempenho pré-crise.
O PIB chinês
pode ser o maior do mundo até 2020, mas os Estados Unidos tendem a continuar
como líderes do planeta, principalmente por manterem a posição de maior
potência tecnológica e bélica.
Lula comprou
a tese declinista e foi mais longe. Em 2010, ao visitar o campo de petróleo
Tupi, na Bacia de Santos, afirmou que o século XXI seria “o século do Brasil e
da América Latina”.
Já fora do
governo, comemorou a crise americana. “Foi gostoso passar a Presidência da
República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise”.
E jactou-se
de supostos feitos ao afirmar que a solução para o problema econômico do Brasil
não foi dada por “nenhum doutor, nenhum americano e nenhum inglês, mas por um
torneiro mecânico pernambucano”.
A tese
declinista subestimou a capacidade de reação dos Estados Unidos, que deriva de
suas inúmeras vantagens: solidez das instituições, cultura capitalista,
qualidade da educação e inigualável propensão a inovar.
Oito das dez
melhores universidades do mundo são americanas, segundo a Times Higher
Education. Vinte e sete das trinta universidades cujas pesquisas são as mais
citadas em artigos acadêmicos são americanas, diz a UniversidadeNetherland Leiden.
Os Estados
Unidos contabilizam um terço dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento,
conforme a Rand Corporation. Em parte por causa disso tudo, o trabalhador
americano é muitas vezes mais produtivo do que o chinês, o brasileiro e mesmo o
de países ricos.
Um novo e
inédito fenômeno está em curso nos Estados Unidos. Assiste-se a uma
reindustrialização, provocada pelo reshoring, o oposto de offshoring, que é a
migração de indústrias, particularmente para a China.
Estudo
especial da The Economist (19/1/2013) mostrou que 48% das maiores empresas
americanas com vendas anuais acima de 10 bilhões de dólares repatriam fábricas.
A principal
razão é o aumento dos custos trabalhistas na China.
Os avanços dos
Estados Unidos espalham benefícios por todos os cantos do planeta.
A população
mundial se comunica por meio de tecnologia do Vale do Silício. A internet foi
criada nos Estados Unidos. As empresas líderes de tecnologia de informação e
comunicação – Apple, Microsoft, Google, Facebock e Twitter – são americanas.
Os Estados
Unidos protagonizam uma nova revolução energética por meio da tecnologia de
extração de gás e petróleo de xisto.
Segundo a
Agência Internacional de Energia, em 2020 o país se tornará o maior produtor
mundial de petróleo, superando a Arábia Saudita.
Essa
revolução teve muito a ver com o ambiente de regras pró-mercado e de instituições
que preservam direitos de propriedade e respeito aos contratos, incluindo leis
de patentes.
O dono do
solo é também do subsolo. Foi isso que levou o empreendedor George Mitchell
(1919-2013) a investir 10 milhões de dólares do próprio bolso para desenvolver
a tecnologia de perfuração horizontal, que libera o olé e o gás contido nas
rochas. Mitchell morreu bilionário e sua inovação se dissemina mundo afora,
ampliando o potencial energético de vários países. O Brasil será um deles.
Aqui, os
governos do PT, movidos por visão estatista e desconfiança em relação ao setor
privado, promovem retrocessos na área energética.
No governo
Lula, substituiu-se o bem-sucedido regime de concessão pelo de partilha na
exploração do petróleo, atribuindo ao Estado a responsabilidade maior nessa
área.
No governo
Dilma, aumentou-se a intervenção estatal na energia elétrica (medida provisória
579) e as empresas estais foram postas a serviço de políticas populistas e de controle
de inflação.
Por essas e
outras, está longe o dia (se houver algum) em que nosso país será potência
mundial dominante.
Já os
Estados Unidos crescem agora mais do que nós.
O vaticínio
de seu declínio fracassou redondamente.
Empossado no cargo de ministro da Saúde há 25 dias, Arthur Chioro já promoveu três ajustes no Mais Médicos. Ele se refere às novidades como aprimoramentos gerenciais de “um programa inovador e criativo”. Em verdade, são remendos de uma iniciativa eleitoral e mal planejada.
Há duas semanas, acossado pelos pepinos que lhe foram legados pelo antecessor Alexandre Padilha, Chioro anunciara a edição de dois conjuntos de regras. Num, fixaram-se as normas para a substituição de médicos que desistem do programa. Noutro, estabeleceram-se critérios para a exclusão de municípios que descumprem as contrapartidas assumidas com o governo federal.
Nesta sexta-feira, Chioro veio aos refletores para apresentar a terceira meia-sola de sua curtíssima gestão. Ele informou que o contracheque dos médicos cubanos subirá de US$ 400 para US$ 1.245. Para que isso ocorra, Cuba terá de entregar mensalmente aos profissionais que enviou ao Brasil os US$ 600 que vinha retendo em Havana, acrescidos de US$ 245.
Assegurado o reajuste, o médico cubano passará a receber algo como R$ 3 mil. Ou R$ 7 mil a menos do que é pago aos colegas brasileiros e aos estrangeiros de outras nacionalidades. Repetindo: beneficiados pelo “aprimoramento” que Brasília negociou com Havana, os profissionais cubanos terão a ventura de embolsar remuneração 70% inferior à dos outros médicos.
O reajuste chega depois que 27 médicos cubanos desistiram do programa, cinco deles com o deliberado propósito de fugir da ditadura dos irmãos Raúl e Fidel Castro. Chega nas pegadas da abertura de ações no Ministério Público do Trabalho e na Procuradoria da República em Goiás. Porém, contra todas as evidências, Chioro jura que o governo não está fazendo por pressão aquilo que deixou de fazer por precaução.
“Nós não somos mobilizados por uma pressão”, afirmou o novo ministro da Saúde. “Não há da nossa parte pressão de cubanos” que abandonaram o programa. “Muito menos daquela profissional”, acrescentou, esquivando-se de citar o nome de Ramona Rodriguez, a médica cubana que, ao desertar, levou o trombone aos lábios para denunciar as condições de trabalho que a fizeram se sentir como “uma mercadoria”.
De acordo com Chioro, os cubanos devem o reajuste dos seus vencimentos a “uma determinação da presidenta Dilma”. Nessa versão, as negociações com Cuba e com sua intermediária, a Organozação Panamericana de Saúde, já haviam sido deflagradas antes de Padilha trocar a Esplanada pelos palanques de São Paulo.
Uma repórter dirigiu a Chioro uma pergunta singela: Quando? Chioro respondeu que as negociações vinham sendo entabuladas “desde o início do projeto”. Heimmm?!? Pelo menos “desde o final do ano passado”. Hã?!? “Posso até me informar de reuniões anteriores que tenham sido realizadas”.
Como?!? “O que eu sei é que a determinação da presidenta Dilma já tinha acontecido.”
Nas palavras de Chioro, um programa como o Mais Médicos, de dimensões jamais vistas no mundo, “vai exigir da gente um aperfeiçoamento constante”. O ministro acha que houve “uma mudança no eixo central da crítica ao programa”. Hoje, os críticos já não falam em falta de médicos. Já não qiestionam o preparo técnico dos cubanos. Virão outros questionamentos. “Que nós vamos debater tranquilamente, até porque o programa dura três anos e surgirão desafios que não foram pensados em julho do ano passado”, quando foi lançado.
No esforço que realiza para justificar-se, Chioro expõe o miolo da encrenca: o programa tem duração de três anos, eis a mãe de todas as fragilidades do Mais Médicos. Supondo-se que as dificuldades sejam superadas; admitindo-se que 45 milhões de brasileiros desassistidos passem a dispor de mediciana de qualidade a partir de abril, imaginando-se que as debilidades do SUS desapareçam, aceitando-se a tese de que os postos de saúde do Brasil estão na bica de virar pedaços do paraíso… levando-se tudo isso em conta, chegaríamos à triste constatação de que o Éden do Mais Médicos tem um prazo de validade de três anos.
Os primeiros médicos foram enviados aos fundões do país e às periferias das grandes cidades em julho do ano passado. Quer dizer: em meados de 2016, esses profissionais começarão a fazer as malas. Os médicos brasileiros voltarão para o conforto das metrópoles. Os cubanos que não tiverem desertado retornarão a Havana. Os demais estrangeiros vão para seus respectivos países. E os brasileiros serão devolvidos à sua realidade de menos médicos.
Por sorte, 2016 é ano de eleições municipais. Se Dilma Rousseff ainda estiver no Planalto, poderá anunciar o Mais Médicos 2. O país não vai virar um Sírio-Libanês hipertrofiado. Mas o paraíso será prorrogado por mais três anos.
“O Novo Direito Constitucional Brasileiro”, o livro de Roberto Barroso, havia me deixado de cabelo em pé, como escrevi. Lá ele discorre sobre o caso Cesare Battisti. Publiquei então umpost a respeito, que merece ser revisitado.
O ministro é adepto de um tal “neoconstitucionalismo”. Já conversei com alguns especialistas. Ninguém consegue explicar direito que estrovenga é essa. Uma definição possível para ela seria “Novo Arbítrio das Luzes”, que poderia ser assim caracterizado: um grupo de supostos iluminados, considerando-se dotado de uma razão superior, acha que pode ignorar as leis democraticamente pactuadas para fazer justiça. Assim, em vez de valer o que está escrito nos códigos, vale o que faz “avançar a luta”. Mas qual? De quem? Ora, de quem outorga a si mesmo o poder para ignorar a lei. Entenderam?
Já expus algumas coisas que o doutor andou pensando sobre temas que patrocinou na Corte, como a liberação do aborto de anencéfalos e a união civil entre homossexuais. Mas não vou repisar argumentos. Quero aqui tratar de outro assunto, sobre o qual ele discorre em seu livro: a sua saga para manter no Brasil o terrorista italiano Cesare Battisti. Transcreverei trechos, alguns realmente surpreendentes, um tanto estupefacientes até. A partir da página 510, ele recorre ao estilo da crônica ligeira para contar “O que ninguém ficou sabendo”. A partir de agora, tudo o que aparecer em vermelho é extraído do livro. Meus comentários seguem em preto. Barroso tenta demonstrar, vejam vocês, que teve de enfrentar o preconceito da imprensa… Vamos lá.
Nem tudo o que aconteceu, de bom e de ruim, eu posso contar ainda. Mas a condução do caso foi uma experiência de vida. A começar pelas visitas periódicas à Papuda. Por não ser um advogado criminal, idas a penitenciárias e delegacias nunca fizeram parte da minha rotina. Mas certamente faz parte de uma vida completa no Direito. E ali se tem a confirmação de que é possível conservar a dignidade, mesmo nas condições mais indignas. De parte isso, a convivência com a adorável escritora francesa Fred Vargas, sua irmã Jo e com um conjunto de pessoas idealistas e despojadas que apoiavam a causa trouxe-me particular proveito ao espírito. Entre essas pessoas, merece destaque a figura singular do Senador Eduardo Suplicy, um homem de bem e de espírito elevado, que vive em uma dimensão ligeiramente diferente das demais pessoas. O jornalista Mário Sergio Conti, na época diretor-geral da Revista Piauí, foi um interlocutor de primeira linha em diversos momentos importantes e, por mais de uma vez, prestou a mim e ao Cesare valiosa ajuda na relação com a imprensa. Na Papuda, o Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Márcio Marquez de Freitas e os agentes policiais Adelmo Rodrigues da Conceição Junior, Hélio Augusto de Oliveira Rezende, Ismar Santos Resende e Roberto Carlos Chagas Rodrigues, com extrema civilidade, tomaram nossa vida melhor e mais fácil.
Também foi uma experiência dura, mas um grande aprendizado, trabalhar em um caso com a totalidade da imprensa contra. Não era fácil contar a história real nem divulgar notícias favoráveis. Por exemplo: quando o Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Fernando de Souza, após a concessão do refúgio, deu um parecer favorável, pedindo a extinção do processo de extradição, nenhum veículo fez do fato uma notícia importante. Como era. Diante da falta de espaço na parte noticiosa dos jornais e revistas, escrevi inúmeros artigos para a página de opinião de diversos jornais, como a Folha de S.Paulo, O Globo, Correio Brasiliense, Blog do Noblat, Consultor Jurídico e Migalhas. Merval Pereira, de O Globo, a despeito de sua posição pessoal contrária à causa, abriu espaço na coluna para a apresentação dos argumentos de defesa. Com um importante jornalista, de um influente veículo, mantive o seguinte diálogo: “Cesare Battisti jamais foi acusado ou condenado por terrorismo. Sua qualificação como terrorista é errada e se insere na propaganda depreciativa da Itália”. Respondeu-me ele: “Mas essa posição faz parte da linha editorial do nosso veículo”. Um tanto perplexo, procurei argumentar: “Essa não é uma questão de linha editorial. É um fato. E fatos devem ser noticiados de maneira correta”. De longa data acho isso: as pessoas têm direito a sua própria opinião, mas não aos próprios fatos. A esse propósito, e por justiça, registro que Felipe Recondo, do Estado de S.Paulo, fez a cobertura que separou, da maneira mais própria, o que era opinião do que era a divulgação de fatos. E Rodrigo Haidar, do Consultor Jurídico, é quem faz uma das melhores coberturas do Supremo Tribunal Federal da imprensa brasileira. Em anexo a esse texto, publico uma matéria dele sobre o caso. Narro três episódios a seguir.
Comento
1: Começo pela concordância. Também acho que Eduardo Suplicy transita numa dimensão diferente da de outras pessoas… O que me diferencia de muita gente é considerar que o que parece sincera ingenuidade é método.
2: Notem que doutor Barroso tem ideias muito precisas sobre a imprensa. Sim, claro, ele defende a “liberdade de opinião”, desde que os fatos registrados estejam corretos. Cabe a pergunta: no caso de alguém achar que os fatos estão “errados”, deve-se fazer o quê? Os que defendem o Conselho Federal de Jornalismo e o controle social da mídia dizem querer impedir a “distorção dos fatos”. Quem é o juiz, doutor? Qual é o tribunal?
3: Notem que, segundo Barroso, a “totalidade da imprensa” estava contra. É mesmo? Não obstante, ele conta com a colaboração de um jornalista, Mário Sérgio Conti — que era diretor da revista Piauí (???) —, que, nas suas palavras, prestou “valiosa ajuda na relação com a imprensa” a ele próprio e ao terrorista Battisti.
4: A imprensa estava tão hostil que o doutor confessa — fruto, suponho, da “valiosa ajuda” — ter publicado “inúmeros artigos” na Folha, Correio Braziliense, Consultor Jurídico, Blog do Noblat e Migalhas. Merval, importante colunista do Globo, abriu espaço para os argumentos de defesa. Há os agradecimentos a Felipe Recondo, do Estadão (é muito justo que o advogado de Battisti o faça, noto desde logo)… Que diabo, então, de imprensa “hostil” é essa? Até quem, como Merval, era sensatamente contra o refúgio ao terrorista lhe concedeu espaço.
5: Parabenizo a eficiência de Barroso e de Conti. De fato, a partir de certo momento, a imprensa parou de chamar o terrorista de “terrorista”. No dia 27 de junho de 2011, observei neste blog:
“Vocês se lembram quantas vezes reclamei aqui do fato de a imprensa brasileira, com raras exceções, chamar Cesare Battisti de “ativista”. Até brinquei: “Vai ver os passivistas são aqueles que ele matou…”. Os mais finórios iam ainda mais longe: Battisti seria um “ex-ativista”. O delinqüente raramente é chamado por aquilo que é: um terrorista”.
6: Vejam que coisa… O futuro ministro do Supremo faz crônica ligeira, quase amorosa, de um fato que levou a Corte ao ridículo, que a pôs de joelhos. O STF considerou refúgio ilegal, mas atribuiu ao presidente a formalidade de expulsar Battisti. Era a quadratura do círculo. Lula decidiu que ele ficaria. Logo, ficava, então, contra a lei. Assim, o que o Supremo decidiu naquele dia, para aplauso do doutor, é que, sob certas circunstâncias, existe uma pessoa acima da lei no país: o presidente.
7: E cumpre desfazer aqui um truque um pouco vulgar de jurista considerado tão brilhante. A Itália só não condenou Battisti por terrorismo por razões processuais: porque queria evitar justamente a alegação canalha de que seus crimes eram atos políticos.
8: Não sei que jornalista disse aquela porcaria ao doutor: “Ah, eu sei que ele não é terrorista, mas o meu jornal…”. Isso é, vênia máxima, uma fantasia meio boboca. Eu poderia escrever algo assim: “Outro dia, conversei com um constitucionalista, e ele me disse que sabia que seus argumentos eram intelectualmente fraudulentos, mas que, no mundo do direito, as coisas são assim mesmo. O importante é ganhar…”. Qual é a diferença entre o interlocutor de Barroso e o meu? Com essa suposta “revelação”, o futuro ministro do Supremo joga uma sombra de suspeição sobre a imprensa e alimenta a voracidade dos pterodáctilos que defendem a censura. Mas as coisas ainda vão piorar bastante.
Um vídeo
Na sua egologolatria como advogado — vamos ver como será no tribunal —, doutor Barroso falou pra chuchu. E acho que acabou dando “bom dia!” a cavalo. Abaixo, há um vídeo que está na Internet com uma entrevista sua ao site Migalhas sobre o caso Battisti. Mais uma vez, ele reclama do jornalismo. Mas o faz de maneira bem particular.
Diz que esteve junto com a imprensa em vários casos nos quais atuou: aborto de anencéfalos, união civil de homossexuais, células-tronco… E confessa: “Ter a imprensa a favor é uma delícia”. Mas repete a crítica feita no livro: no caso Battisti, ela estaria contra. E AÍ O DOUTOR ACUSA, POR VIA OBLÍQUA, A IMPRENSA DE MANIPULAÇÃO. Curioso o seu pensamento: quando a imprensa, então, está com ele, ela não manipula ninguém e “é uma delícia”; quando não está, aí ela é perversa. Aliás, a fala do advogado deveria levar muitos jornalistas a refletir sobre a sua função: fazer a “delícia” de promotores de causas ou ser independente. O vídeo segue abaixo. O trecho mais estupidamente perturbador se dá entre 4min05s e 4min44s.
Voltei
Reproduzo a enormidade que disse o doutor:
“A política [na década de 70] pautava os processos políticos judiciais na Itália. As pessoas dizem: ‘Não, mas a Itália era uma democracia. Eu respeito e é admirável que a Itália não tenha sucumbido a golpes, mas a democracia italiana foi muito mais truculenta do que a ditadura brasileira. Morreu mais gente. Prisões preventivas de até oito anos… O sujeito ficava cinco anos preso sem ser denunciado, sem nenhuma culpa formada. Depois de algum tempo, aquilo passou a ser um leilão de distribuição de culpas” (…).
Trata-se de uma soma estonteante de disparates. De fato, são oficialmente 426 (estão tentando rever) as mortes atribuídas ao regime miliar, e as esquerdas mataram, no Brasil, ao menos 120 pessoas. Na Itália, entre o fim dos anos 1960 e dos anos 1980, morreram mais de 2 mil pessoas.
Mas atenção!
Foram vítimas de terroristas de extrema esquerda (a larga maioria) e de extrema direita. O estado
italiano, ao contrário do que sugere o doutor, estava combatendo o terrorismo, não se aliando a ele. A afirmação é irresponsável no que concerne à história. Pode ter havido um caso ou outro de desrespeito à lei, mas não era a regra. Pergunto: em qual lugar o doutor gostaria de ter sido advogado nos anos 1970 (não tinha idade para isso): sob o regime legal italiano ou sob o AI-5 brasileiro?
Está na Suprema Corte brasileira um homem que, entre a ditadura do AI-5 e a democracia italiana da década de 70, escolheria o AI-5… Battisti vale tudo isso?
O vídeo acima traz outros absurdos. Ao discorrer sobre o caso, fica evidente que doutor Barroso trata menos dos aspectos legais que concernem ao Brasil e dá maior relevo ao que seriam os erros e incongruências do processo ocorrido na Itália. Vale dizer: defende, então, que o governo brasileiro se comporte como Corte Revisora da Justiça de outro país, com o qual mantém um tratado de extradição que nem denunciado foi. Mas isso, reitero, é o de menos perto do que diz sobre a democracia italiana. É um escândalo.
Não custa lembrar que o último atentado das Brigadas não tem assim tanto tempo: em março de 2002, o que restou do grupo assassinou o economista Marco Biagi. Em 2007, 19 pessoas foram presas com fuzis, acusadas de pertencer ao grupo. Em 2012, um ataque a um empresário levantou suspeitas de que os facinorosos pudessem estar se reorganizando. A Itália conseguiu esmagar o terror sem praticar terrorismo de estado, à diferença do que sugere o futuro ministro do Supremo. Vamos voltar ao livro.
Para que serve isso?
Há um caso um tantinho constrangedor. O nome do subcapítulo 7.3 é “O que se faz com um alvará de soltura?”
Era meia-noite do dia 8 de maio de 2011. Após sair do Plenário do STF e ter falado com a imprensa sobre a decisão favorável, saboreava alguns minutos de paz e felicidade, tendo ao meu lado o Eduardo Mendonça e a Renata Saraiva, advogados do escritório de Brasília, que trabalharam comigo passo a passo no caso. Vindo não sei exatamente de onde, o jornalista Felipe Seligman, da Folha de S.Paulo, me entregou uma via do alvará de soltura, que havia obtido na Presidência do Tribunal.
Emocionado e perplexo, perguntei na roda que se formara: “Alguém sabe o que fazer com isso?”. A pergunta não era retórica. Rodrigo Haidar conta esse episódio em um saboroso artigo que publico como anexo desse texto. Depois de apurar como funcionava a burocracia de tirar alguém da penitenciária, rumei em direção à Papuda, para dar a notícia ao Cesare, pessoalmente. Luiz Eduardo Greenhalgh estava lá na porta, com o filho, me aguardando. Dei-lhe um abraço e combinamos que ele sairia com Cesare da penitenciária. A partir dali, ele voltaria a cuidar sozinho dos interesses de Cesare.
Entrei no presídio e aguardei pelo Cesare na sala da direção, onde eu costumava recebê-lo. Vinha feliz, emocionado. Mostrei a ele a cópia da ordem de soltura, demos um longo abraço e fiz a ele duas recomendações finais. A primeira: sem entrevistas, em um primeiro momento. Melhor se recompor, rever os amigos, as filhas, sair da tensão. Mais adiante, se quisesse, aí sim falaria com a imprensa, com calma, após algumas semanas. “Não se deixe tratar como uma celebridade eventual. Você é um homem sofrido e com história”. A segunda: não comentar nada sobre o STF, as diferentes fases do processo e o sofrimento que viveu. “Olhar para frente, sem ressentimentos”. Não comentar, seja para elogiar ou criticar. Cesare cumpriu a palavra. Aliás, cumpriu-a todas as vezes em que se comprometeu comigo. Estive brevemente com ele no lançamento do seu livro “Ao pé do muro”. A dedicatória dele dizia: “Para Luís Roberto Barroso, sem quem esse dia não teria chegado”.
Encerro
No vídeo que vai acima, o doutor diz não se apaixonar por processos, só por sua mulher. Excelente! Parece que o caso Battisti também derreteu seu coração. Sei reconhecer de primeira, desde moleque, a confissão de ignorância com que o falso humilde se põe acima dos mortais. Lembro lá do ginásio ainda. Um escamosinho tinha dinheiro para comprar lanche da cantina. Volta e meia ele me perguntava se meu pão com ovo frito era bom… “Nunca comi pão com ovo…”, dizia com falsa melancolia. Um dia dei um muqueta (não está no dicionário, mas o contexto explica) no nariz dele — e apanhei também, é claro. Melhor lutar com palavras.
O doutor, acostumado com as iguarias do direito constitucional, não sabia para que servia o alvará de soltura, nunca tinha visto um… Espero que tenha estudado depois disso. Afinal, o STF, salvo engano, além de ser um Tribunal Constitucional, também é uma Suprema Corte que lida, frequentemente, com o pão com ovo do direito penal. Ademais, cabe a ele processar e julgar originariamente uma penca de autoridades, inclusive os próprios ministros do Supremo. Não achei nem engraçada, nem humana, nem descolada a confissão de ignorância. Cumpre lembrar, aliás, que a “470” é uma ação penal e atende pelo nome de “mensalão”.
À época, fui acusado de fazer carga contra o então futuro ministro. Não! Só estava cumprindo a minha obrigação. Se um futuro ministro do Supremo tinha um livro, decidi ler o que escreveu. E contar para os leitores o que li. Ler ainda é um bom modo de a gente se instruir.
Eu realmente não me cansava de ler o livro “O Novo Direito Constitucional Brasileiro – Contribuições para a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil”, de Luís Roberto Barroso, o ministro da tese exótica para inocentar mensaleiros. Ele gosta de recorrer à crônica ligeira, num estilo, assim, confessional e amigão ilustrado. Uma outra passagem sobre o caso Cesare Battisti me preocupou. A razão é simples: nunca saberemos quando, ao conversar com o doutor, poderemos dizer: “Mas o senhor escreveu tal coisa…”. Haverá sempre o risco de ele dizer: “Pô, foi mal… Não fui eu!”. A que estou me referindo?
O Brasil tem um tratado de extradição com a Itália. E tratados de extradição, a menos que sejam denunciados — isto é, rompidos —, têm de ser cumpridos. Ou tratados não são, certo? Logo, Lula estava obrigado, também pelo tratado (mas não só por ele), a entregar Battisti à Justiça italiana. E, SIM, BARROSO HAVIA ASSINADO UM ARTIGO, EM 2000, AFIRMANDO QUE PRESIDENTES ESTÃO OBRIGADOS A CUMPRIR TRATADOS. Logo, o teórico Barroso discordava do advogado Barroso. Como resolver? Ele, então, conta em seu livro, às páginas 511 e 512 (em vermelho), a seguinte barbaridade:
7.1 Coautoria de artigo doutrinário é um perigo
No início dos anos 2000, Carmen Tiburcio — minha sócia e Professora-Adjunto de Direito Internacional Privado da UERJ, como já registrei — e eu escrevemos um artigo sobre extradição no direito brasileiro. Dividimos o texto em diferentes tópicos e cada um escreveu um conjunto deles. A certa altura, em passagem escrita por ela, Carmen afirma que, quando há tratado de extradição celebrado com o Estado requerente, não há discricionariedade do Presidente da República para entrega ou não do extraditando, mas sim vinculação ao tratado. Pessoalmente, não acho isso. Ao menos não dessa forma abrangente. Mas o texto estava coassinado por mim e, na época em que foi escrito, esse ponto não me chamara a atenção Pois bem: no primeiro julgamento do caso, esta acabou sendo uma das discussões centrais. Quando o Ministro Gilmar Mendes, a quem cabia desempatar, suspendeu a sessão e adiou o julgamento por uma semana — certamente para preparar com calma o seu voto — eu não tinha dúvida de que sua assessoria iria achar o meu texto, escrito em conjunto com Carmen. E usá-lo contra mim, naturalmente. Foi um susto. Era preciso tomar uma medida preventiva. Às pressas, escrevi um artigo de jornal, no qual noticiei a existência do artigo conjunto e expus minha verdadeira opinião. O tratado vincula o Presidente no plano internacional, mas não muda as suas competências constitucionais. A não observância do tratado pode até mesmo trazer alguma consequência na esfera internacional, mas não altera os poderes constitucionais do Presidente. Que poderá entregar ou não o extraditando, como melhor lhe aprouver. Pronto o artigo, foi uma dificuldade publicá-lo em cima da hora, já que era preciso que ele saísse antes do julgamento. Contei, para isso, com a ajuda providencial do Irineu Tamanini, que na época era o (excelente) assessor de imprensa do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Saiu no Correio Brasiliense. No julgamento, o Ministro Gilmar de fato fez menção ao artigo doutrinário que eu coassinara, mas tal circunstância já havia sido atenuada pelo artigo do Correio.
Comento
Ora se tem a impressão de que assinou um artigo sem ler, ora se se tem a impressão de que leu, mas não achou relevante. O fato é que seu nome estava no texto, e, como ele patrocinava uma causa em que dizia o contrário, cumpria inventar, então, uma… desculpa! Deixem-me ver se entendi direito: Barroso permitiu que algo que não pensava ficasse no ar durante 12 anos! Aí, então, teve de correr para, ele confessa, dar uma resposta preventiva a Gilmar Mendes.
Em outra passagem, ficou claro que o doutor não vê a imprensa, assim, com muitos bons olhos. Dá para entender a razão, dada a frequência com que esta lhe prestou favores. Ele precisava publicar um artigo. Então o assessor de imprensa da OAB foi mobilizado, e se encontrou um jornal: o Correio Braziliense.
Especialista em despiste
Noto que Barroso se orgulha um pouco de sua, vamos dizer, arte do despiste. Num outro trecho, ele conta como deu uma entrevista em francês, mesmo sem dominar o idioma, e como enganou alguém que contraditara a sua fala com um texto já programado. Interessante o seu estilo. A gente nota que ele se orgulha a valer de seus ardis inteligentes. Leiam (em vermelho):
7.2 Como era doce o meu francês
Em um certo momento, a escritora Fred Vargas me perguntou se eu poderia participar, por telefone, do Brasil, de um programa de rádio francês. A opinião pública francesa tinha certo peso na questão, sobretudo pelo boato, recorrente – que nós não confirmávamos nem desmentíamos – de que a primeira-dama Carla Bruni apoiava a permanência de Cesare Battisti no Brasil. Meu francês é suficiente para ler textos, fazer palestras preparadas previamente e pedir comida em restaurante. Não para um debate ao vivo; e menos ainda em uma rádio, via telefone. Propus, então, o seguinte: a jornalista me mandaria as perguntas com antecedência, e aí eu responderia no ar. Mas ela não poderia mudar o que seria perguntado. Veio a concordância e pus-me a me preparar para a entrevista. Rascunhei as respostas, o texto foi revisto por um antigo estagiário (Lucas Hermeto) e treinei o improviso com minha professora de francês de longa data (Sylvie Souvestre). No dia fatídico, havia um grupo de debatedores no estúdio – todos contra! – e eu, falando por telefone. Após a terceira ou quarta resposta, um debatedor enfezado lá do estúdio entrou no ar e disse: “Esse sujeito fala francês muito bem, eu não concordo com nada do que ele está falando e não vou ouvir calado”. E soltou o verbo, dizendo um punhado de coisas ruins, a maior parte das quais eu não entendi. Quando a palavra voltou para mim, disse pausadamente (já tinha me preparado para a hipótese!): “A vida não é feita de certezas absolutas e a verdade não tem dono. Eu respeito o ponto de vista do jornalista que acaba de se me manifestar, mas ele não corresponde ao meu modo de ver a questão. Permitam-me, assim, concluir o que dizia … “. E voltei para o meu texto ensaiado, rezando para aquilo acabar logo.
Encerro
A vaidade de Barroso é pantagruélica, esfomeada mesmo! Embora seu francês não dê para o debate (pequena confissão de humildade, bem pequena), o outro lá deixou claro: ele “fala bem!”. Ponto! Não entendeu o que disse o interlocutor, mas sentiu que a favor não era. Esperto, já tinha a resposta-padrão preparada, que pode ser usada em qualquer debate, diga-se: “Respeito o seu ponto de vista, mas…”. E se retoma a fala de onde se parou.
Hábil, inteligente, perspicaz, precavido, safo… Importa pouco que ele tenha patrocinado uma causa contra uma tese que ele próprio assinara; importa pouco que tenha, digamos, vencido um debate sem entender o que dizia o outro lado… Nesse mundo, o sentido das palavras não parece ter, assim, tanta importância.
O doutor poderia parafrasear uma frase já histórica de Lobão e mandar imprimir uma camiseta: “Assinei, mas não fui eu”.
Heroína, cocaína e 'diversas outras' foram encontradas pela perícia, que concluiu a causa como overdose
Ator foi encontrado morto dia 2 de fevereiro
Philip Seymour Hoffman morreu de uma “mistura acidental de drogas”, que provocou uma overdose, segundo o resultado da autópsia divulgado nesta sexta-feira. No exame, foram encontradas heroína, cocaína e "diversas outras drogas", além de remédios para ansiedade e anfetamina, segundo a perícia da polícia nova-iorquina.
O ator, de 46 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, em Nova York, no dia 2 de fevereiro. Um amigo dele fez uma ligação de emergência para a polícia de Manhattan. Ele lutava contra o vício em drogas, e foi internado em maio de 2013 em uma clínica de dependência por uso de heroína.
Vencedor do Oscar de melhor ator por sua atuação em "Capote", em 2006, Hoffman fez sua estreia nos cinemas em 1991. O primeiro trabalho foi em um filme independente intitulado "Triple Bogey on a Par Five Hole", dirigido por Amos Poe. No thriller criminal de Anthony Minghella "O Talentoso Ripley" (1999), Hoffman roubou a cena dos astros Matt Damon, Jude Law e Gwyneth Paltrow no papel coadjuvante do escorregadio e esnobe Freddie Miles.
O ator também interpretou o jornalista musical Lester Bangs de "Quase Famosos" (2000), de Cameron Crowe, e teve papéis relevantes em "Magnólia" (1999), de Paul Thomas Anderson, estrelado por Tom Cruise; "Ninguém é Perfeito" (1999), de Joel Schumacher (no qual encarnou uma drag queen, personagem que provocava o ex-policial vivido por Robert De Niro); e em filmes de grande orçamento, como o vencedor do Oscar "Cold Mountain" (2003), também de Minghella.
Também constante no teatro, Hoffman recebeu duas indicações para o prêmio Tony por seu trabalho em montagens de “True west” (Sam Shepard) e “Longa jornada noite adentro” (Eugene O’Neil). Em 2012, foi aclamado na Broadway à frente de “A morte do caixeiro viajante", montagem de Mike Nichols da peça de Arthur Miller.
Hoffman nasceu em Fairport, nos Estados Unidos. Era casado com a estilista Mimi O'Donnell e deixou três filhos.
Parte da carteira do banco teve forte queda em valor de mercado no ano passado
Henrique Gomes Batista - O Globo
O BNDES informou nesta sexta-feira que fechou 2013 com uma perda total de R$ 2,6 bilhões em alguns de seus investimentos. Trata-se das ações que estão na carteira no banco, disponíveis para venda, e que sofreram “um declínio significativo ou prolongado de seu valor”. Por isso, contabilmente, o banco registra essa perda no valor das ações. Até 2012, essa perda contábil era de apenas R$ 484 milhões.
Estes valores não entraram efetivamente nos resultados do banco — que nesta sexta anunciou lucro de R$ 8,150 bilhões em 2013. O BNDES não informa de que empresas são essas ações.
Carlos Frederico, chefe de contabilidade do BNDES, afirmou que parte desta perda, contudo, pode ser revertida no futuro, uma vez que o banco não se desfez destes ativos, que podem se recuperar.
Mas o próprio banco admite que isto é pouco provável.
— São ativos e investimentos com valor de mercado descolados há muito tempo dos valores previstos, o que faz o banco lançar esta perda, mas isso só entra no resultado quando vendemos estas operações — afirmou Frederico, lembrando, contudo, que em 2013, no conjunto, a carteira do BNDESPar se valorizou, mesmo em um ano difícil para as empresas listadas em Bolsa.
O mau momento das empresas em 2013 também se refletiu no lucro do banco. O resultado do BNDESPar no ano passado foi de R$ 1,712 bilhão, 10% a menos que o R$ 1,91 bilhão de 2012. O dado positivo do resultado do banco foi a inadimplência, que teve recorde de baixa, de apenas 0,01%.
O lucro de 2013 foi ampliado pelo resultado de R$ 1,538 bilhão do Finame, fundo que destina recursos à máquinas e equipamentos.
O lucro do banco em 2013 ficou perto do resultado de 2012, de R$ 8,126 bilhões. Porém, o lucro de 2012 foi inflado em R$ 2,38 bilhões por uma regra contábil que permitiu ao BNDES não corrigir o valor de 25% de suas ações classificadas como “disponíveis” em anos de grande volatilidade na Bolsa.
Iniciativa faz parte de campanha antiobesidade e por mais exercícios físicos nos EUA
WASHINGTON - Políticos são constantemente acusados de encenarem o tempo todo, mas não é comum ver o vice-presidente e o presidente dos Estados Unidos dando uma corridinha falsa nos salões da Casa Branca.
Foi o que aconteceu quando a primeira-dama Michelle Obama “mandou” os dois darem mais movimento para seu programa de exercícios físicos chamado ‘Let’s Move’ (vamos nos mexer).
A fama Obama de obediente ficou marcada quando ele disse que parou de fumar mais por “medo” de sua mulher do que qualquer outro motivo.
Aparentemente, a moral de Michelle abarcou também o vice-presidente Joe Biden.
No vídeo, o vice de 71 anos entra na sala de Obama e diz “let’s move”. O presidente topa, e os dois saem dando uma corridinha falsa pelos corredores, de calça social, gravata e mangas arregaçadas.
Quando voltam para o escritório, o presidente americano, de 52 anos, oferece, de forma didática como para mostrar a importância de se hidratar, um copo de água para Biden que pede:
— Avise a Michelle que eu fiz isso.
— Mesma hora na semana que vem? — pergunta Obama após brindar.
Inquérito vai apurar causas do acidente. Segundo a agência, não há risco de vazamento de petróleo. Unidade é operada pela Petrobras
Daniel Haidar - Veja
Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, Rio de Janeiro (Marcelo Sayão/EFE)
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Marinha interditaram nesta sexta-feira a plataforma SS-53, operada pela Petrobras na Bacia de Campos, que afundou parcialmente com uma inclinação de 3,5 graus na madrugada. A estrutura já foi estabilizada. A paralisação do funcionamento da embarcação vai ser mantida "até que sejam reestabelecidas as condições regulamentares de segurança operacional", de acordo com comunicado distribuído pela ANP.
No momento do acidente, era realizado um serviço para iniciar a extração de óleo de um poço no Campo de Marlim, na Bacia de Campos, mas não há risco de vazamento ou indícios de poluição no mar, de acordo com a ANP. Havia 113 funcionários a bordo da plataforma. Ninguém ficou ferido. Chegaram a ser resgatados 77 deles para que fosse realizado o trabalho de estabilização pelos 36 trabalhadores que permaneceram a bordo.
Uma equipe de inspetores navais e auditores técnicos foi enviada para acompanhar as investigações e as medidas de segurança em andamento, de acordo com a agência reguladora. Também foram deslocados pela Marinha um navio de patrulha oceânica e um helicóptero. Foi aberto um inquérito administrativo para apurar as causas do acidente.
Já se sabe que houve um alagamento em um dos tanques da embarcação. Segundo a estatal, uma válvula do sistema de lastro, o mecanismo que nivela o grau de submersão da embarcação, falhou. De acordo com a Noble, a empresa proprietária da plataforma, o problema na estabilização da plataforma começou por volta de 1 hora desta sexta-feira.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e representante dos trabalhadores no conselho de administração, José Maria Rangel, a inclinação chegou ao “limite do perigo”. Mas não houve risco de afundar, segundo a Petrobras. “A inclinação chegou ao limite do perigo, porque se inclinasse mais do que isso o helicóptero não conseguiria pousar no heliponto e muito menos o guindaste operar. Foi um incidente grave”, disse Rangel.
A SS-53, batizada Noble Paul Wolf, é uma sonda submersível. A Noble ganha 428 mil dólares por dia de serviço prestado para a Petrobras. De acordo com o site do Ibama, possui posicionamento dinâmico para perfuração, “completação” (a preparação do poço para produção) e intervenção em poços de petróleo. Nesse tipo de posicionamento, não há ligação física da plataforma com o fundo do mar, exceto pelos equipamentos de perfuração.
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense informou que os trabalhadores que estavam na plataforma foram levados para um hotel flutuante na região. Como a plataforma é uma embarcação estrangeira, com bandeira da Libéria, a maioria dos operários é de origem estrangeira. Há apenas um ou dois funcionários da Petrobras na unidade, supervisionando os trabalhos, disse o sindicato, por meio da assessoria de imprensa.
O problema ocorre em meio a recentes notícias de que a Petrobras poderia enfrentar novas paralisações em suas plataformas de produção na Bacia de Campos caso não resolvesse questões de segurança, conforme noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo no domingo.
No início da semana, a Petrobras informou que órgãos de fiscalização haviam auditado diversas plataformas da empresa, apontando não conformidades e pontos de melhoria das condições operacionais, que segundo a estatal, têm recebido adequado tratamento.
"Qualquer violação da soberania será extremamente desestabilizadora”, diz presidente americano
O presidente americano Barack Obama (Kevin Lamarque/Reuters)
O presidente Barack Obama disse na noite desta sexta-feira que os EUA estão "extremamente preocupados" com uma possível intervenção militar russa na Ucrânia e que "qualquer violação da soberania" do país será "extremamente desestabilizadora”. Horas antes, o governo interino do país comunicou que homens armados tomaram dois aeroportos na região da Crimeia, no sul da Ucrânia, e atribuiu a operação à Rússia. O espaço aéreo da região foi fechado e estradas foram bloqueadas. "Haverá custos para qualquer tipo de intervenção militar", advertiu Obama, em um breve discurso, acrescentando que vai continuar acompanhando a situação com seus aliados europeus e se comunicando diretamente com a Rússia.
O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchinov, pediu nesta sexta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, retire seus militares da Crimeia. "A Rússia enviou tropas à Crimeia e não apenas tomou o Parlamento como também procura tomar controle da infraestrutura de comunicação.
Ela deve parar imediatamente esta provocação e pedir que os militares na Crimeia atuem exclusivamente dentro dos limites estabelecidos nos acordos", disse, fazendo referência ao tratado de 1997 entre Kiev e Moscou, que estipula as regras para a frota russa do Mar Negro, ancorada no porto de Sebastopol, na Crimeia.
O Ministério ucraniano das Relações Exteriores já havia denunciado a violação do espaço aéreo pela Rússia. "Nós assistimos hoje a uma invasão armada russa (...). O espaço aéreo (da Crimeia) está fechado em razão do grande número de aterrissagens de aviões e helicópteros russos", denunciou o representante do presidente ucraniano na Crimeia, Serguei Kunitsyne, à rede de televisão ART. Ele estimou em cerca de 2 000 o número de militares russos transportados por aeronaves até o aeroporto militar de Gvardeiskoie, próximo a Simferopol.
Guardas de fronteira ucranianos tinham estimado anteriormente que pelo menos dez helicópteros russos haviam ingressado na Crimeia, sendo que apenas três tinham sido autorizados por Kiev.
Testemunhas também disseram ter visto nesta sexta-feira à noite uma movimentação de veículos de transportes de tropas não identificados na estrada que liga Sebastopol a Simferopol, assim como a aterrissagem de vários aviões de carga militares em um aeroporto militar perto de Simferopol.
Ucranianos prestam homenagem aos mortos nos confrontos que acabaram por derrubar o presidente Viktor Yanukovych - Bulent Kilic/AFP
Parlamento - Centenas de milicianos pró-Rússia estavam reunidos nesta sexta-feira nas proximidades do Parlamento da República Autônoma da Crimeia, em Simferopol, onde a bandeira russa foi hasteada. Reunidos a portas fechadas, os deputados do Parlamento da Crimeia votaram na quinta-feira pela realização de um referendo no dia 25 de maio para dar mais autonomia à Crimeia.
Os eventos na região no sul da Ucrânia expõem a crescente ameaça de separatismo decorrente das tensões envolvendo o novo governo ucraniano e a Rússia.
Nesta semana, as Forças Armadas russas deslocaram aviões e tropas para patrulhar a fronteira com a Ucrânia – uma demonstração de força por parte do presidente Vladimir Putin. A Rússia também garantiu abrigo ao ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, foragido após ser acusado de ordenar o assassinato em massa de cidadãos nos violentos protestos da semana passada. Segundo balanço oficial, 82 pessoas morreram. ONU - Também nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez uma reunião a portas fechadas para examinar a situação na Ucrânia.
A reunião foi convocada pela Lituânia, que exerce a presidência rotativa do organismo, a pedido de Kiev. Segundo fontes diplomáticas, os embaixadores dos 15 países-membros ouviram relatos do embaixador da Ucrânia na ONU, Iuri Sergueyev, e de um representante da secretaria-geral das Nações Unidas. Ao término do encontro, Sergueyev disse à imprensa que o aumento da presença militar russa na Crimeia representa "um desafio para a segurança e para a paz da região e um desafio para a integridade territorial" de seu país.
Paulo Passos Do UOL, em Joanesburgo (África do Sul)
CEO da Copa de 2010 comenta Mundial do Brasil
É no seu amplo escritório com vista para o Soccer City que o presidente da Safa, a Federação Sul-Africana de Futebol, guarda duas recordações do Brasil. Uma camisa do Corinthians, autografada por Ronaldo, enfeita a parede. A outra fica na mesa do cartola: uma pequena caixa transparente com areia da praia de Ipanema, souvenir dado por um dos patrocinadores da Fifa (Federação Internacional de Futebol).
Desde novembro de 2012, o cartola africano Danny Jordaan, que foi o CEO do Comitê Organizador Local da Copa de 2010, exerce o cargo de conselheiro da Fifa na organização do torneio deste ano. Ao comparar o último e o próximo Mundial, no Brasil, diz não ter dúvidas sobre qual o mais atrasado na entrega das obras.
"Se olharmos do ponto em que estávamos nessa época para a Copa [de 2010], o Brasil está mais atrasado", afirma Jordaan em entrevista ao UOL Esporte.
Ex-deputado pelo Congresso Nacional Africano, partido de Nelson Mandela e do atual presidente Jacob Zuma, o cartola aponta a boa relação entre a Fifa e o governo local como um dos pontos que deixaram, na sua opinião, os africanos à frente da organização brasileira. Ele acredita também que o fato do Brasil não disputar o direito a sediar o torneio com outro candidato "relaxou" demais os responsáveis pelo projeto.
Em 2007, o Brasil foi anunciado como sede da Copa de 2014 após um acordo entre Fifa, CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e demais federações da América do Sul, que não apresentaram candidatura. À época ainda vigorava o rodízio de continentes que garantia a um dos filiados da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) a organização da Copa.
Politicamente influente na África do Sul e na Fifa, Jordaan é atacado pela imprensa local e por críticos da Copa de 2010 por ter ajudado a dona do torneio a forçar o governo de seu país a gastar mais de R$ 10 bilhões na organização do evento. "Não houve diminuição nos investimentos sociais no ano. A Copa mudou a imagem da África do Sul", defende.
Danny Jordan
Não tenho dúvida de que o Brasil está mais atrasado que a África do Sul"
O cartola diz que o mesmo pode acontecer no Brasil. Bem humorado, faz até piada sobre os protestos e a campanha contra a Fifa no país. "Vi que vocês não querem a Copa. É isso? Então acho que não vou mais para o Brasil", ironiza. "É uma brincadeira, viu?", completa rindo. UOL Esporte: Você é conselheiro da Fifa para a Copa do Brasil? Como está vendo a situação atual da organização do torneio?
Danny Jordaan: Eu acho que obviamente algumas cidades estão sob pressão. O torneio está chegando perto. Completar a infraestrutura é a primeira coisa a ser feita. Você precisa deixar isso pronto e testar antes do torneio. O mais importante é estar tudo pronto com a infraestrutura. É o primeiro e maior desafio. O grande desafio em algumas cidades é completar o que falta de estádios e de áreas ao redor. É lá onde a Copa do Mundo acontece. Curitiba quase ficou fora da Copa. Qual seria a conseqüência disso, se tivesse acontecido? Seria devastador. A cidade se preparou por um longo tempo e, no final, fica fora. Seria um revés. A única coisa que Curitiba pode fazer é acelerar e terminar a tempo. Eu espero que todos os estádios estejam prontos. O mundo está esperando um grande evento no Brasil. A responsabilidade é dos brasileiros, de mostrar que esses problemas serão resolvidos. Quais semelhanças você vê entre Brasil e a África do Sul na organização da Copa?
Eu acho que uma coisa que é diferente é o Brasil estar atrás no programa de infraestrutura [em comparação com a África do Sul]. Quando você termina a parte de infraestrutura, você pode focar em outros projetos. Até de como ter a certeza de que o povo sinta o evento e o abrace. Quando o Brasil tiver finalizado a parte de estrutura poderá focar mais nisso, que é muito importante. Fazer com que as pessoas, principalmente os brasileiros, criem um sentimento com o evento e o celebre. O Brasil está mais atrasado que a África do Sul?
Eu acho que para infraestrutura não temos dúvidas disso, de que o Brasil está atrás da África do Sul. Agora é preciso entender que tem estar tudo pronto o quanto antes. Deve haver um programa de aceleração. Falo sobre estádios, infraestrutura em geral, como aeroportos. Eu me lembro quando fui a São Paulo que o aeroporto ainda estava em construção. É muito claro que é preciso um programa de aceleração. Se compararmos do ponto onde estávamos nessa época para a Copa, o Brasil está mais atrasado. Por que você acha que isso aconteceu?
Eu acho que uma das coisas, talvez, seja porque quando você faz uma candidatura para o evento, você começa a planejar e investir. Quando os inspetores vêm, você pode mostrar como as coisas estão, os estádios que serão construídos. Então, os planos começam no processo de candidatura, para depois serem implementados. No caso do Brasil, não houve competição com outro país. Vocês tiveram uma escolha incontestável, sem eleição. Isso criou uma sensação de estar relaxado. "Não tem outra candidatura, só a nossa", pensavam. Acho que os atrasos começaram do início. Agora, eu acho que as pessoas já se deram conta de que estão contra o tempo e que é preciso acelerar o programa. Houve um problema político também, com a saída do Ricardo Teixeira, que renunciou ao cargo [na CBF e no COL]. Ele estava envolvido em denúncias de corrupção. Isso teve influência nos atrasos?
Sim, acho que todos esses problemas causaram o atraso. Não há nada mais a fazer. Isso é historia. Não vai ajudar mais, o que ajuda é acelerar as coisas. Mas quando você olha a venda de ingressos para o Brasil, você nota que o mundo quer ir para o Mundial no Brasil. Isso é uma responsabilidade. Para conseguir responder à expectativa da imagem que pessoas têm na cabeça de que será um evento de muita celebração. Todos esperam ter uma ótima experiência num país que é o país do futebol. Se você vai a qualquer lugar no mundo e pergunta sobre 10 dos grandes brasileiros, eu tenho certeza que cinco serão jogadores de futebol. Então, essa imagem do país do futebol precisa estar no estádio. Isso que vocês têm (imagem ligada ao futebol) não pode ser a cruz que o Brasil pode ser crucificado.
Na Copa das Confederações houve muitos protestos. Pesquisas mostram que diminuiu o número de pessoas que são a favor da Copa no Brasil, por conta dos gastos públicos no evento. A boa imagem da Copa depende, primeiro, de você acelerar o programa e completar obras. Isso tira a pressão. Eu sei que em todos os países em desenvolvimento há um debate muito grande sobre onde deveríamos investir, se em infraestrutura para a Copa do Mundo ou em investimentos sociais, em casas, hospitais, escolas. Esse era o debate aqui também. Mas mostramos que os investimentos para a Copa não diminuíram os investimentos em programas sociais. Nós temos programas para o combate ao HIV, educação e muitos investimentos governamentais. Todos eles cresceram. Ao mesmo tempo em que houve investimento para infraestrutura por causa da Copa do Mundo. Mas temos que lembrar que infraestrutura não é somente para os 30 dias da Copa do Mundo. Foi um programa para investir em infraestrutura no nosso país. Foi para o turismo. Por isso, renovamos nossos aeroportos. Hoje temos, em média, 10 milhões de turistas por ano. Mas a Copa de 2010 deixou alguns elefantes brancos. Estádios como os de Durban e da Cidade do Cabo, todos novos, que não conseguem ter bom público, dão prejuízo para as prefeituras. Nessas cidades havia estádios que poderiam ser reformados. Vocês não se arrependem disso?
Eu acho que é uma decisão que você precisa fazer. Uma coisa é pegar um estádio existente e reformar, aumentá-lo para cumprir as obrigações ou construir um novo. Nos dois casos, em Durban e Cidade do Cabo, quando começou o projeto houve um aumento no investimento. A reforma ficaria mais cara do que o previsto. Então, foram tomadas essas decisões. A vida de um estádio é de 75 anos. Todos os estádios antigos foram construídos nos anos 60. Mesmo com reformas agora, você teria que reformar depois em poucos anos ou construir outro. A decisão foi: não vamos reformar para depois de 10 anos não podermos receber outro grande evento. Nos anos 1960, os estádios não tinham as demandas atuais, por causa da internet, da televisão, incluindo satélites, segurança. Quando você aloca tudo isso junto e vê o quanto gasta, você precisa fazer essa equação. A construção de um novo estádio tem que entrar nessa equação. Mas na equação, construir um novo estádio sai mais caro, sim?
Mas todo investimento deve ser pensado para um grande período de tempo. Se você precisar sediar uma Copa do Mundo de rúgbi, os velhos estádios não estarão preparados. Então, serão usados os novos. A África do Sul quer ser sede de Olimpíada. Temos os estádios prontos. A longo prazo é melhor fazer o investimento agora do que deixar para construir depois, que vai custar mais. Gastamos muito menos em estádios do que no Brasil. Construímos seis novos estádios.
Morre médico cubano que atendia no Vale do Ribeira (SP)
Estadão Conteúdo
O médico cubano Vladimir Soubleppe Hernandez, de 49 anos, enviado pelo programa Mais Médicos, do governo federal, à cidade de Ribeira, no Vale do Ribeira, região sul de São Paulo, morreu na madruga desta sexta-feira, 28, quando retornava para Cuba.
O atestado de óbito informa que o médico tinha câncer no pâncreas. Hernandez foi enviado para a cidade em 13 de dezembro e atendia nas unidades do programa Saúde da Família.
A doença foi diagnosticada após uma tomografia pedida pelo próprio médico - ele sentia dores de estômago e reclamava de não conseguir se adaptar à comida brasileira.
O médico estava internado desde o dia 20 no Instituto do Câncer, em São Paulo, mas não teria respondido ao tratamento. O avião em que era levado de volta para Cuba fez uma escala em Manaus e o médico foi levado na manhã de quinta-feira para o Hospital 28 de Agosto, onde faleceu.
No Brasil, o Playstation 4 custa incríveis 4.000 reais, o mais caro do mundo. Com base no salário mínimo, o brasileiro demora mais de cinco meses para adquirir o console. Já na Austrália, onde o Playstation 4 sair por 549 dólares australianos, um trabalhador precisa de apenas seis dias para comprar o aparelho.
O que é possível comprar com o valor do PS4
Cruzeiro para duas pessoas
Em de vez de comprar um console, você pode levar seu cara metade para uma viagem deslumbrante entre o Rio de Janeiro e a Bahia. Em sites especializados, é possível adquirir um pacote para um cruzeiro de seis noites, com tudo pago, por cerca de 4.000 reais.
Dois Xbox One
Os 4.000 reais que seriam investidos em um PlayStation 4 podem ser facilmente convertidos em dois consoles Xbox One, da Microsoft. O e-commerce brasileiro está oferecendo o videogame por 1.999 reais na pré-venda. Fique com um e presenteie um amigo.
Quatro PlayStation 4 nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o PS4 custa 399 dólares. Com a cotação atual da moeda americana, é possível comprar quatro aparelhos. Ainda sobra dinheiro para jogos ou presentes. O problema são os impostos na hora da volta.
Três iPads Mini
Também é possível adquirir três iPads Mini diretamente do site da Apple no Brasil. A versão mais simples, com 16 GB, custa 1.299 reais. O dinheiro que sobrar pode ser utilizado na compra de aplicativos e jogos.
Uma bicicleta de alto desempenho
Uma bicicleta top de linha, com aro 29, quadro de alumínio e freio a disco custa por volta de 4.000 reais. Além de ajudar a manter a forma, a 'magrela' serve como meio de transporte.
66 ingressos para a Copa do Mundo no Brasil
Com 4.000 reais, é possível comprar 66 ingressos na categoria 4 para ver os jogos da Copa do Mundo no Brasil. Não são os melhores lugares, mas você poderá assistir a todos os jogos e ainda convidar familiares e amigos.
Dois fuscas fabricados em 1980
Os carros entraram na lista para efeito de comparação, e não pela sua utilidade real. Com um valor aproximado de 2.000 reais cada, é possível adquirir dois Fuscas 80 pelo valor do PlayStation 4. Se você gostar da ideia, pode até virar um colecionador.
Em Bruxelas, a presidente demonstra o que os europeus podem esperar do Brasil em relação a um acordo comercial: frases sem nexo e um mundo fantasioso
Duda Teixeira - Veja
Dilma Rousseff discursa na VII Cúpula entre Brasil e União Europeia, em Bruxelas: pobre do tradutor simultâneo (Wiktor Dabkowski/Zumapress.com)
Cinco frases sem sentido do discurso de Dilma
"A Zona Franca de Manaus, ela está numa região. Ela é o centro dela porque ela é a capital da Amazônia."
"Ela (Zona Franca) evita o desmatamento, que é altamente lucrativo — derrubar árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo."
"Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e mulheres são, e por isso é que as instituições têm que ser virtuosas."
"Queria destacar a importância da ligação entre o Brasil e a Europa por cabos de fibra óptica submarinos. A ligação com a Europa significa uma diversificação das conexões que o Brasil tem com o resto do mundo."
"Nós consideramos como estratégica essa relação, até por isso fizemos essa parceria estratégica."
"Este é o samba do crioulo doido." Assim começa a música de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), sobre um certo compositor que obedecia ao regulamento e só fazia canções sobre a história do Brasil.
Quando escolheram um tema complicado, a “atual conjuntura”, o compositor endoidou. Tiradentes falou com Anchieta, aliou-se a dom Pedro e da união deles foi proclamada a escravidão. Na diversão do Carnaval, a ausência da lógica garante a alegria dos foliões que querem distância de qualquer assunto chato.
Em reuniões diplomáticas internacionais, porém, é um desastre quando um governante toma esse tipo de liberdade com o idioma, com a história, a geografia e a lógica. Em seu discurso na segunda-feira 24, na VII Cúpula Brasil-Europa, em Bruxelas, a presidente Dilma Rousseff protagonizou um desses momentos constrangedores para ela e, como representante do Brasil, para todos os brasileiros. Dilma se disse satisfeita por estar presente na VI Cúpula.
O fato de a presidente errar a edição do evento do qual estava participando foi o menor dos deslizes do dia. Depois disso, nossa chefe de Estado deu muito trabalho ao tradutor simultâneo e ao responsável pelas transcrições dos discursos da presidente no blog do Planalto.
A viagem a Bruxelas tinha o objetivo de fazer avançar as negociações para a assinatura de um acordo de livre-comércio. Para o Brasil, o assunto é do máximo interesse. As exportações brasileiras para o bloco poderiam aumentar em 12% com o tratado. Preso às amarras ideológicas do Mercosul bolivariano, contudo, o Brasil não conseguiu costurar até agora um único acordo comercial com um parceiro de peso.
Quem manda no Mercosul são Venezuela e Argentina. Afogados nos próprios e monumentais erros de gestão ruinosa, esses dois países tragam os demais para seu buraco negro isolacionista e xenófobo. O Brasil não tem força para se impor e vai a reboque. Enquanto isso, as nações viáveis da região se uniram em torno da Aliança do Pacífico, a área de livre-comércio formada por Chile, Colômbia, México e Peru. São eles os novos tigres da economia sul-americana.
O Brasil, mais uma vez, perdeu a chance de liderar a região no rumo certo. “Isso põe em risco o futuro das exportações da indústria brasileira, que também enfrenta dificuldades tributárias, cambiais e logísticas”, diz o economista Roberto Giannetti da Fonseca, da Kaduna Consult.
Reportagem completa na edição desta semana de VEJA