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sexta-feira, 31 de maio de 2019
'Estou comendo pão que diabo amassou', diz Bolsonaro a caminhoneiros
Em almoço de pouco mais de quarenta minutos com caminhoneiros em um restaurante de beira de estrada em Anápolis (GO), o presidente Jair Bolsonaro disse estar “comendo o pão que o diabo amassou”, mas que só muda se cassarem seu mandato. “Eu estou comendo o pão que o diabo amassou. Não loteamos ministérios, bancos oficiais e estatais. (...) Só muda se alguém cassar o meu mandato”, afirmou o presidente a um caminhoneiro que disse acreditar que falta boa vontade em Brasília.
Bolsonaro chegou ao restaurante ‘Presidente - Posto e Churrascaria’ por volta de 12h30 acompanhado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, do líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL), e do porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo de Barros. Pela manhã, o presidente cumpriu agenda em Goiânia, onde se reuniu com representantes do governo e participou de um culto na Assembleia de Deus.
Rodeado por cerca de 30 caminhoneiros, Bolsonaro incentivou o grupo a dar entrada no pedido de porte de arma de fogo, se comprometeu a acabar com os radares móveis - “para dar uma folga para o policial rodoviário” - e disse que pretende aumentar a validade da carteira de motorista para dez anos e passar o limite de pontos para 40. Na maior parte do almoço, Bolsonaro ficou em silêncio comendo rodízio de carne. A maioria das perguntas feitas pelos caminhoneiros foi respondida pelo ministro da Infraestrutura.
Ao entrar no tema “porte de arma de fogo”, Bolsonaro perguntou para um grupo de caminhoneiros que estava sentado à sua frente na mesa quantos eram favoráveis à medida. Três levantaram a mão em resposta ao presidente. “No decreto, eu acabei com a comprovação da efetiva necessidade. Por enquanto, está um pouco caro ainda, mas vamos diminuir isso aí. Mas já abriu as portas, dá entrada... Tem um tempo de dois ou três meses para conceder o porte. Eu coloquei lá como profissão de risco (caminhoneiros). Quanto mais arma, mais segurança. Se tiver arma de fogo, é para usar”, explicou.
Questionado por um caminhoneiro sobre a existência de algum projeto que permita reduzir o preço do diesel para a categoria, Bolsonaro respondeu: “O que mais pesa no combustível é o ICMS, que é do Estado. Não é a gente. Por isso que eu trabalho para privatizar o refino. Quanto mais tiver concorrência, melhor. Tá ok?”.
Depois de ser questionado por um caminhoneiro sobre se há algum dispositivo na proposta de reforma da Previdência que inclua a categoria, Bolsonaro teve de consultar o líder do governo na Câmara. “Não, especificamente, não”, disse o deputado Major Vitor Hugo. “Antes dos 65 anos não conseguimos aposentar?”, retrucou o caminhoneiro. “Não”, respondeu o presidente.
Almoço de Bolsonaro com caminhoneiros custou R$ 1,7 mil
O almoço, realizado de última hora no Posto Presidente, custou R$ 1.694,00 e foi pago pela Secretaria de Administração do Presidência da República. “Foi aleatória (a ida para o restaurante). Foi feito levantamento de ontem para hoje de onde teria mais caminhões neste horário, eu estava vindo de Goiânia e paramos aqui para conversar com os caminhoneiros”, explicou o presidente sobre o encontro.
Ao final do encontro, Bolsonaro disse que a conversa foi “bastante cordial”. “Eles têm seus problemas. Passam por nós muitos deles. E para muitos estamos buscando soluções e, para outros, buscaremos”, contou a jornalistas após o almoço. Questionado sobre os protestos contra o contingenciamento de verbas na educação realizados pelo País nesta quinta-feira, 30, disse: “Ah, vamos falar sobre caminhoneiros, vai…”
Teo Cury, enviado especial, O Estado de S.Paulo
Greenfield pede R$1,3 bi por fraudes com recursos da Funcef, Petros e Previ
A força-tarefa da Operação Greenfield, do Ministério Público Federal em Brasília, ajuizou nesta quinta, 30, uma ação de improbidade administrativa contra 34 pessoas e duas empresas, solicitando o pagamento de mais de R$1,3 bilhão como reparação aos prejuízos causados aos fundos de previdência complementar Funcef, Petros e Previ, e consequentemente, à Caixa, à Petrobrás, ao Banco do Brasil e aos contribuintes.
O valor considera o triplo dos danos decorrentes de fraudes realizadas no Fundo de Investimento em Participações Global Equity Properties (FIP GEP), entre 2009 e 2014.
Documento
- A AÇÃO PDF
A Funcef, a Petros, a Previ e outros fundos de previdência complementar eram cotistas do FIP GEP, que foi constituído em 2008 para aplicar recursos em empreendimentos imobiliários. O Fundo era gerido pela Global Equity Administradora de Recursos S.A.
No entanto, segundo as investigações, os gestores do FIP GEP e os ex-executivos dos três fundos de pensão, praticaram ‘atos de gestão temerária e fraudulenta, resultando na dilapidação do patrimônio aportado e consequente prejuízo dos investidores’.
A ação indica os investimentos assumidos pelo fundo eram de ‘altíssimo risco’ e não observavam princípios de transparência, prudência , segurança e análise.
Segundo a força-tarefa, houve omissão dos ex-executivos dos fundos de pensão, a ponto de não acompanharem a real situação dos investimentos realizados, mesmo quando o FIP alegou não possuir caixa para a finalização de qualquer projeto.
A investigação identificou que os recursos do Fundo foram aplicados em sociedades de propósito específico (SPEs) que ‘sequer saíram do papel ou que tiveram preços superfaturados em mais de 500’.
A investigação identificou que os recursos do Fundo foram aplicados em sociedades de propósito específico (SPEs) que ‘sequer saíram do papel ou que tiveram preços superfaturados em mais de 500’.
Os procuradores indicam ainda que a FIP GEP realizava investimentos em empreendimentos dos quais diretores ou funcionários do próprio fundo eram acionistas.
A Greenfield apontou a falsificação de quatro laudos de avaliação que teriam induzido comitê de investimento do FIP GEP a erro. Em um dos casos, a sobre precificação chegou a R$27 milhões, diz a força-tarefa.
Segundo o Ministério Público Federal, as irregularidades já são objeto de uma denúncia enviada à Justiça em fevereiro, o que significa que as 34 pessoas acusadas na ação respondem também criminalmente.
A ação foi enviada à 22.ª Vara de Justiça Federal e pede ainda que os réus percam funções públicas, tenham direitos políticos suspensos, paguem multa e sejam proibidos de contratar com o poder público.
Pepita Ortega, O Estado de São Paulo
Dólar cai a R$ 3,92, menor valor em 1 mês, e Bolsa tem seu primeiro maio positivo em uma década
O dólar comercial recuou 1,32% nesta sexta-feira, a R$ 3,925, menor valor em um mês, com os investidores otimistas com a aparente melhora na articulação em torno da reforma da Previdência. Também contribuiu para o fortalecimento do real, segundo analistas, o fluxo de investidores que buscam alternativas ao México após o anúncio de tarifas dos EUA sobre o país vizinho.
Com isso, a Bolsa recuou menos que os pregões americanos, que tiveram a pior semana no ano. O Ibovespa perdeu 0,44%, aos 97.030 pontos. Apesar da queda desta sexta-feira, o índice encerrou o mês com alta acumulada de 0,7%, seu primeiro maio positivo dos últimos dez anos. Já o câmbio encerrou o mês praticamente estável, avançando 0,1% no período.
Rennan Setti e Gabriel Martins, O Globo
Com isso, a Bolsa recuou menos que os pregões americanos, que tiveram a pior semana no ano. O Ibovespa perdeu 0,44%, aos 97.030 pontos. Apesar da queda desta sexta-feira, o índice encerrou o mês com alta acumulada de 0,7%, seu primeiro maio positivo dos últimos dez anos. Já o câmbio encerrou o mês praticamente estável, avançando 0,1% no período.
Maldição' de maio
O mês é considerado maldito por investidores. Uma das máximas de Wall Street é "Sell in May and Go Away"? (venda em maio e vá embora), baseada na percepção dos investidores de que o período iniciado no mês e termina em outubro costuma ser desfavorável para a Bolsa. No caso do Ibovespa, maio foi um mês de perdas em todos os anos desde 2009, às vezes com recuos de dois dígitos, como no tombo de 10,9%, no ano passado, e de 11,8%, em 2012.
E, este ano, maio foi especialmente turbulento, com manifestações contrárias ao governo, sequências de dados negativos sobre o ritmo da economia e derrotas do Executivo no Congresso, além de notícias de recrudescimento da guerra comercial entre EUA e China. A Bolsa chegou a cair abaixo dos 90 mil pontos, patamar que havia sido superado no fim do ano passado. A última semana do mês, porém, foi de recuperação, com o noticiário político indicando uma trégua entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso, o que tende a facilitar a aprovação da reforma da Previdência - tida pelos investidores como medida crucial para reduzir o peso da dívida pública na economia.
No início da semana, Bolsonaro se reuniu com os presidentes dos outros dois poderes para afinar o discursos a favor da aprovação da proposta. Desta maneira, os investidores ficam mais confiantes:
— Os investidores voltaram a precificar o mercado tendo como pano de fundo a aprovação da Previdência. Recentemente, assistimos a uma harmonia entre os poderes, e em tentativas de acelerar a tramitação no Congresso — avaliou Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial.
'Sobra mais para o Brasil'
Outro motivo que contribui para esta queda, na leitura de Figueredo, é que o Brasil está bem atrasado em relação ao crescimento econômico. Sendo assim, caso a agenda de reformas passe logo, o país tem capacidade de avançar o que não conseguiu até agora.
— Nos últimos anos, enquanto os investimentos e o crescimento brasileiro ficaram retraídos, o mundo avançava. Agora o cenário é o inverso: o mundo com risco de desaceleração e o Brasil em processo de ajuste fiscal e retomada do crescimento — diz. — Se o dever de casa for feito, o Brasil tem chances de avançar. Assim, dólar cai e Bolsa sobe.
Segundo analistas, a imposição de tarifas sobre o México, embora tenha efeitos negativos sobre a perspectiva de crescimento global, também acaba levando a aumento de fluxos financeiro para o Brasil. Segundo Paulo Nepomuceno, estrategista da corretora Coinvalores, enquanto o peso mexicano desvaloriza-se em 2,43% após o movimento de Trump, o real é a moeda que mais ganha valor entre as principais dividas do mundo.
— A notícia sobre o México é ruim, mas pensando em termos de alocação de investimento em países emergentes, acaba sobrando mais espaço para o Brasil. Com os investidores reduzindo suas posições no México, esses recursos acabam sendo deslocados para outros emergentes, mas o Brasil é um dos poucos que não enfrenta problemas de financiamento da divida no curto prazo nem tem grande parte de sua dívida em moeda estrangeira — explicou Nepomuceno.
Pregão de perdas no exterior
No exterior, porém, os principais índices acionários europeus recuaram nesta sexta-feira, com as montadoras especialmente afetadas, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, ampliou o escopo de sua guerra comercial ao ameaçar impor novas tarifas sobre as importações mexicanas.
O índice europeu STOXX 600 perdeu 0,81%, fechando maio com pedas de 5,7%, pior resultado mensal desde janeiro de 2016. A Bolsa de Londres caiu 0,78%, enquanto Frankfurt recuou 1,47%, na mínima de cerca de cinco meses. Paris teve queda de 0,79%.
Em Wall Street, as Bolsas estenderam as perdas com o movimento de Trump contra o México e fecharam o pregão com o pior desempenho semanal desde o Natal. O índice Dow Jones caiu 1,41%, enquanto o S&P 500 recuou 1,32%. A Nasdaq perdeu 1,51%.
“O presidente Donald Trump está jogando um ‘Game of Thrones’ tanto com adversários externos quanto domésticos”, disse Ed Yardeni,presidente e estrategista-chefe do Yardeni Research, em entrevista à agência Bloomberg.
Destaques da Bolsa
No último pregão do mês, as atenções ficaram voltadas para os figroríficos listados na Bolsa. Na véspera, a BRF (dona da Sadia e da Perdigão) anunciou que estuda uma fusão com a Marfrig. Os investidores interpretaram a notícia como negativa para a BRF, que passou por uma conflituosa reestruturação de diretoria nos últimos anos e ainda precisa reduzir seu nível de endividamento. A BRF caiu 4,52%, maior queda do Ibovespa. Com o interesse da rival por seus ativos, a Marfrig subiu 0,74%.
“A lógica financeira parece maior do que a lógica operacional de uma combinação”, escreveu o Goldman Sachs em relatório.
Pesaram no Ibovespa as ações de Vale e Petrobras, prejudicadas pelo cenário negativo para commodities com a ameaça de Donald Trump contra o México, além de retaliação da China na guerra comercial. A Vale caiu 2%, enquanto a Petrobras perdeu 2,3% (PN, sem voto).
Rennan Setti e Gabriel Martins, O Globo
Promessa de campanha, EBC será extinta, afirma Bolsonaro
Ao ser questionado pelo apresentador se manteria a promessa de campanha de extinguir a EBC, Bolsonaro respondeu que sim e ponderou que o impasse se dava sobre o futuro dos funcionários concursados.
- Está decidido essa questão. Salim Mattar está tratando do assunto. Agora você pode ver mais de 80% dos funcionários são concursados, o que fazer com este pessoal? É um número enorme de concursados, que partiu para essa linha no passado por interesses do governos anteriores.
Na sequência, Gentili defendeu que a EBC não poderia ser privatizada, mas sim extinta. Bolsonaro respondeu:
- Tem que extinguir aquilo lá. E você vai ter que realocar aqueles funcionários - afirmou o presidente, que foi indagado novamente se a extinção continuava nos planos.
- Continua, porque interessa pra gente.
O chefe do Executivo defendeu que exista apenas um "pequeno núcleo" da Secretaria de Comunicação (Secom) com "dezenas de funcionários" para atender demandas como "convocação em rede nacional, uma viagem, uma imagens e isso daí."
- A EBC, como um todo, é um grande peso para todos nós, que mesmo sendo privatizada ou sendo extinta vai continuar pesado para nós, tendo visto a quantidade enorme, mais de de 2 mil funcionários concursados - disse o presidente, concluindo que não se pode "fazer nenhuma maldade" com quem ingressou por concurso na empresa.
Promessa de campanha
A extinção da EBC foi uma das principais promessas de campanha de Bolsonaro. Responsável pela comunicação do governo, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, entretanto, defende uma otimização e racionalização da empresa.
Em entrevista ao GLOBO em janeiro, Santos Cruz afirmou que a ideia não era acabar com a empresa.
- A ideia é aproveitar o máximo que der da estrutura, mas fazer uma racionalização para fazer mais atualizada, mais ágil, sem ideologia, ver quais os princípios que ele vai difundir. Não pode, não tem interesse nenhum de competir com os veículos de comunicação tradicionais. Ela não pode ter ideia de competir, mas só de complementar. Ela vai passar por modificações em curto prazo sem dúvida nenhuma para se ter mais efetividade.
Em abril, o EBC anunciou a unificação da programação das duas tevês do conglomerado: TV Brasil, emissora pública, e NBR, emissora do governo federal. A fusão foi alvo de questionamento do Ministério Público Federal e pela Câmara de Deputados.
Audiência da Rede Globo em 2019 é a pior da história
O ano de 2019 não está sendo positivo para a Rede Globo.
No primeiro trimestre, a emissora fechou o período nobre
de sua grade horária, que abrange o horário das 18h à
meia noite, com a pior audiência de sua história.
Informação registrada pelo site Notícias da TV, portal
especializado em entretenimento e índices de audiências.
Dados do Painel Nacional de Televisão (PNT), que contém
números das 15 maiores regiões metropolitanas do Brasil,
confirmam a emissora registrou 21,5 pontos no período.
Ao compararmos os números atuais com o ano de 2018, a
Globo havia registrado 26,2 pontos no primeiro trimestre.
Como noticiou o Conexão Política nesta quinta-feira,
apresentadores de alto escalão da emissora foram
dispensados e perderam espaço no Grupo Globo.
São eles: Adriane Galisteu, Fernanda Gentil, Maju
Coutinho e Otaviano Costa.
Ainda segundo o Notícias da TV, a principal motivo
para toda essa reformulação é o alto custo de sua atual
folha de pagamento.
O dinheiro que entra através das publicidades e patrocínios
não tem sido suficiente para arcar com todas as despesas.
O Conexão Política
"Por que o papa argentino gosta tanto de políticos como Lula?", por Vilma Gryzinski
Será que o papa Francisco não sabe o que essas pessoas fizeram num passado recente?
Claro que sim. Jorge Bergoglio, seu nome como bispo, tem 82 anos é da geração que viveu todas as fases da história recente na Argentina e na América Latina.
Os ciclos de populistas dos anos cinquenta e sessenta, a ascensão de movimentos de esquerda que sonhavam imitar Cuba, os golpes militares desfechados como reação, com brutalidade feroz na Argentina e no Chile.
Depois, a transição democrática e governos de centro-direita, superados pelo novo populismo de esquerda. Kirchner, Lula, Evo, Hugo, Corrêa e mais Kirchner.
Em nome do combate às desigualdades sociais, associaram-se aos mais poderosos produtores e banqueiros para tirar dos pobres e dar aos muito ricos. Para compensar, a massa era acalmada, com bolsas-tudo, acesso ao consumo através da armadilha do crédito barato e empregos fugazes.
Em toda parte, o modelo brasileiro de corrupção foi exportado, somando-se às já conhecidas práticas locais. A maior diferença era de escala e de concentração: nunca ninguém conseguiu roubar tanto com tão poucos envolvidos.
Jorge Bergoglio acompanhou isso tudo passo a passo e foi um dos mais conhecidos críticos a Néstor Kirchner.
Ganhou fama de direitista na Argentina, agravada pelo episódio dos jesuítas colaboradores de grupos armados de esquerda que foram sequestrados e torturados durante o regime militar.
A pecha de delator foi recuperada por ex-montoneros antes que Cristina Kirchner mandasse o pessoal parar com a loucura de falar mal de um argentino eleito papa. Nessa ordem de importância, claro.
“Conservamos sobre Néstor e eu disse: sabe o que acho que aconteceu com vocês, Jorge? (Porque eu o chamo de Jorge quando conversamos e não Sua Santidade e ele, obviamente, me chama de Cristina). No fundo acho que a Argentina era um país pequeno demais para vocês juntos”, escreveu a ex-presidente do livro Sinceramente, usando dos recursos de narcisismo terminal, falsa intimidade, manipulação grotesca ou pura invenção de fatos.
Por que o papa recebeu uma política com esse tipo de caráter e boicotou o quanto pode seu substituto, Mauricio Macri?
De forma geral, podemos dizer que está no sangue. Bergoglio não consegue se desvincular da ideia do “rouba mas faz”. Influenciado pela opção preferencial pelos pobres, cujas dificuldades acompanhou intensamente como arcebispo, acaba colocando no pacote a preferência opcional pelos corruptos ou seus representantes.
Francisco podia ter se esquivado de um encontro como o registrado no ano passado pela foto acima. Escolheu deliberadamente receber os três personagens e falar com eles durante uma hora.
O ex-ministro Celso Amorim foi um dos participantes. Saiu de lá com um bilhete escrito a mão pelo papa em agradecimento ao livro enviado por Lula. As cortesias se multiplicaram na recente carta.
Se Francisco achasse justas as sentenças por corrupção ao apenado de Curitiba, certamente não usaria os termos escolhidos. E um católico criminoso que implorasse uma palavra de conforto ao papa, primeiro teria que pedir perdão pelos pecados cometidos.
Os outros participantes do encontro do ano passado foram o ex-senador chileno Carlos Omamani e Alberto Fernández, ex-ministro da Casa Civil de Néstor Kirchner.
Como num clássico tango argentino, a fila rodou rápido. Ironicamente, Fernández é agora o candidato a presidente ungido por Cristina Kirchner.
Numa manobra maquiavélica ou mefistofélica, ainda falta algum tempo para saber, Cristina resolveu convocar o homem de confiança do falecido marido, reservando para si um modesto papel de candidata a vice-presidente.
Todo mundo sabe o que Néstor Kirchner fez. E quem tiver alguma dúvida pode consultar os Cadernos das Propinas escritos pelo motorista que transportava os infindáveis sacos e malas cheios de milhões de dólares enviados por empresários bonzinhos que só queriam ajudar o presidente a pensar no bem do povo e na felicidade da nação.
Vários desses empresários estão recolhidos atualmente ao sistema prisional argentino. Políticos também.
Será que o papa acredita que um presidente Aníbal Fernández é um ínclito que fará um governo responsável?
Carlos Omamani, o ex-senador chileno, só se enrolou em doações irregulares feitas por uma grande mineradora. Mas o delito já prescreveu e ele disse que “vai se arrepender para o resto da vida”.
O ex-senador foi militante na juventude do Movimento de Esquerda Revolucionária, o MIR. O grupo armado queria fazer uma revolução à cubana no Chile e ajudou a criar o caos que impulsionou o golpe de estado do general Pinochet.
Em 1989, remanescentes ideológicos do MIR sequestraram o brasileiro Abílio Diniz, libertado na véspera do segundo turno entre Lula e Fernando Collor.
O ex-senador chileno adotou Marco Enríquez-Ominami Gumucio depois que se casou, no exílio, com a mãe dele. O pai biológico é Miguel Enríquez, criador do MIR, morto em 1974, logo depois do golpe. Marco criou um novo partido de esquerda depois de ter 20% dos votos na eleição presidencial de 2009.
Da mesma forma que escolhe quem vai receber e para quem vai escrever ou mandar rosários, o papa escolhe quem não vai receber.
Atualmente, esse é um assunto importante na Itália: se e quando o papa vai se encontrar com Matteo Salvini, o ministro do Interior que está engolindo adversários e aliados.
Os dois, obviamente, se detestam. Salvini saiu do campo restrito da Liga Norte, um partido secessionista, para se tornar o político mais importante do país unicamente com base no fechamento dos portos aos migrantes que continuam a chegar, embora em menor número, de países africanos.
Uma das maiores causas abraçadas pelo papa Francisco é a abertura irrestrita de fronteiras de todos os países para todos os que queiram entrar, independentemente de restrições econômicas ou de segurança.
O papa também acha que os recém-chegados têm direito a bolsa-imigrante, alojamento, celular, importação de familiares e outros benefícios.
No último comício antes das eleições para o Parlamento Europeu, das quais saiu fortalecido, Matteo Salvini beijou o crucifixo do terço que sempre leva no bolso (embora se reconheça como “o último da fila dos cristãos”) e invocou a proteção de Nossa Senhora da Imaculada Conceição para si mesmo e para toda a Itália.
E trolou o papa, fazendo uma referência em que a simples menção do nome de Francisco provocou vaias.
Vários representantes do Vaticano surtaram. Paolo Parolini, que é a segunda personalidade mais importante, como secretário de Estado, denunciou o “risco de abuso de símbolos religiosos”.
O jesuíta Bartolomeo Sorge tuitou que a Itália que vota na Liga “não é mais cristã”.
“Olhem o que escreve este teólogo. Só falta que alguém peça minha excomunhão. Avante, com fé, respeito e humildade”, respondeu Salvini, sem nenhum risco de ter, pelo menos, as duas últimas virtudes.
Esta é a situação existente no momento, resultado do envolvimento direto do papa em questões políticas e de dúvidas religiosas que desperta: a direita detesta o papa e a esquerda o exalta; a ala mais conservadora o considera ambíguo ou até herético e a turma da teologia da libertação o recebe como um profeta.
Fiéis perdidos ou confusos ficam no meio, sem entender por que Francisco um dia faz o discurso mais forte já vindo de um papa contra o aborto, comparando-o a contratar um pistoleiro de aluguel, e no outro exorta os católicos a abrir as portas a todos os que queiram morar em seus países.
Numa longa entrevista a uma vaticanista mexicana, o papa argentino se descreveu como “conservador”, embora concordando com a tese da jornalista de que vem caminhando para o outro lado desde que foi eleito para a Santa Sé.
Terminou falando, com profundo e comovente sentimento, da crueldade do mundo onde tantas mulheres são humilhadas, exploradas, abusadas ou assassinadas.
O lado A de Francisco tem uma força enorme, de fé e comprometimento. O lado B ainda acredita, tristemente, no “rouba mas faz”.
Veja
Setor público tem superávit primário de R$ 6,6 bi em abril, melhor resultado em dois anos
O setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobrás e Eletrobrás) apresentou superávit primário de R$ 6,637 bilhões em abril, informou nesta sexta-feira, 31, o Banco Central. O resultado representa o melhor desempenho para o mês desde 2017, quando houve superávit de R$ 12,908 bilhões. Em março, havia sido registrado déficit de R$ 18,629 bilhões.
O resultado primário consolidado do mês passado superou levemente a mediana das estimativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast, de R$ 6,570 bilhões, num intervalo que previa superávit de R$ 900 milhões a R$ 8,528 bilhões.
O resultado fiscal de abril foi composto por um superávit de R$ 6,133 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado positivamente com R$ 731 milhões no mês. Enquanto os Estados registraram superávit de R$ 1,043 bilhão, os municípios tiveram resultado negativo de R$ 312 milhões. As empresas estatais registraram déficit primário de R$ 227 milhões.
A meta de déficit primário do setor público consolidado considerada pelo governo é de R$ 132,0 bilhões para 2019. No caso do governo central, a meta é um déficit de R$ 139,0 bilhões.
De janeiro a abril, o superávit primário acumulado é de R$ 19,974 bilhões, o equivalente a 0,86% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o BC. Mas em 12 meses até o mês passado, as contas do setor público acumulam déficit primário de R$ 95,575, o equivalente a 1,37% do PIB.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o resultado de abril já era esperado. “Temos um conjunto de receitas sazonais em abril que ocasionam superávits no mês”, afirmou, destacando que o resultado foi melhor que o saldo positivo de R$ 2,900 bilhões de abril de 2018.
Segundo ele, o superávit primário no primeiro quadrimestre do ano é o melhor para o período desde 2015, quando somou R$ 32,4 bilhões.
Dívida bruta atinge maior porcentual do PIB desde 2006
A Dívida Bruta do Governo Geral fechou abril aos R$ 5,479 trilhões, o que representa 78,8% do PIB, atingindo o maior porcentual da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2006 – em março o porcentual era de 78,5% do PIB de março. No melhor momento da série, em dezembro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.
A Dívida Bruta do Governo Geral - que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais - é uma das principais referências para avaliação, por parte das agências globais de rating, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.
O BC informou ainda que a Dívida Líquida do Setor Público passou de 54,3% para 54,2% do PIB em abril, atingindo R$ 3,769 trilhões.
O peso dos juros
O setor público consolidado teve gasto de R$ 34,685 bilhões com juros em abril, depois de essa despesa ter atingido R$ 43,546 bilhões em março. No governo central a despesa com juros foi de R$ 29,014 bilhões; nos governos regionais, de R$ 5,176 bilhões e nas empresas estatais, de R$ 496 milhões.
No primeiro quadrimestre, o gasto com juros somou US$ 129,166 bilhões, ou 5,55% do PIB. E nos 12 meses até abril, os gastos com juros atingiram R$ 389,496 bilhões (5,60% do PIB).
Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
Bolsonaro diz que sofre 'sabotagens' no governo e 'muita pressão'. O Ministério da Educação está aparelhado
O presidente
Jair Bolsonaro
denunciou que sofre
"sabotagens"
no governo, com ministérios aparelhados e políticos inexperientes que esperavam dele resolver problemas "no peito e na raça". Em entrevista à revista Veja, publicada na manhã desta sexta-feira, o presidente criticou o que vê como influência da esquerda sobre o Ministério da Educação e até o da Defesa.
— É uma luta de poder. Há sabotagens às vezes de onde você nem imagina. No Ministério da Defesa, por exemplo, colocamos militares nos postos de comando. Antes, o ministério estava aparelhado por civis. Havia lá uma mulher em cargo de comando que era esposa do 02 do MST. Tinha ex-deputada do PT, gente de esquerda... Pode isso? Mas o aparelhamento mais forte mesmo é no Ministério da Educação — disse o presidente.
Bolsonaro disse não ser contra os estudos nas escolas e universidades sobre Che Guevara, líder da Revolução Cubana, contanto que também se fale aos estudantes sobre o coronel Brilhante Ustra. Ele reconheceu, porém, que errou ao nomear Ricardo Vélez para a Educação, sob indicação do guru Olavo de Carvalho.
Na visão do presidente, falta "patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil". Contou que sente uma pressão "muito grande" no cargo, sob as acusações de não ter governabilidade. "Mas o que é governabilidade?", questionou. Para Bolsonaro, a maioria dos parlamentares já entendeu a mudança de como se faz política em sua gestão.
— Já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também. Angústia, né? Tá faltando o mínimo de patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil — relatou. — Imaginava que ia ser difícil, mas não tão difícil assim. Essa cadeira aqui é como se fosse criptonita para o Super-Homem. Mas é uma missão.
Durante as duas horas de entrevista, Bolsonaro considerou já ter concluído as promessas de campanha de indicar "um gabinete técnico, respeitar o Parlamento e cumprir o dispositivo constitucional de independência dos Poderes". O presidente ressaltou o alcance da publicação dos atos de governo nas redes sociais e atribuiu o "sucesso" de engajamento ao filho Carlos Bolsonaro, mas reconheceu a "impetuosidade" do vereador do Rio, responsável por abrir discussões até com aliados do pai e tensionar o Executivo.
— O Carlos tem muita impetuosidade, quer resolver as coisas muito rapidamente. De vez em quando há um atrito entre mim e ele em função da velocidade com que ele quer resolver as coisas — argumentou.
Bolsonaro reconheceu se preocupar com a quebra de sigilo do filho senador Flávio Bolsonaro. "Se alguém mexe com um filho seu, não interessa se ele está certo ou errado, você se preocupa", explicou. Ele destacou que soube do caso pela primeira vez ao assistir ao Jornal Nacional, da TV Globo, ao lado do filho deputado Eduardo. Argumentou que os documentos das transações atribuídas a Flávio estão em cartório e disse não ver nada de errado na situação. Reconheceu, no entanto, que há dinheiro de funcionários na conta do ex-assessor Fabrício Queiroz.
— Estou chateado porque houve depósitos na conta dele, ninguém sabia disso, e ele tem que explicar isso daí. Eu conheço o Queiroz desde 1984. Foi meu soldado, recruta, paraquedista. Ele era um policial bastante ativo — contou. — E você sabe que lá no Rio você precisa de segurança. Eu mesmo já usei o Queiroz várias vezes. Então existe essa amizade comigo, sim. Pode ter coisa errada? Pode. Mas tem o superdimensionamento porque sou eu, porque é meu filho.
O presidente negou que o guru Olavo de Carvalho tenha influência no governo, embora tenha sido "pessoa importante" na campanha. Disse que raramente conversa com o ideólogo, a quem defendeu pelas recentes discussões com políticos.
— Quantas vezes eu fui chamado de ladrão, safado, sem-vergonha, homofóbico, racista. Eu fico quieto? Agora, se ele responde às agressões de lá... O Olavo não faz por maldade. Ele, pela idade talvez, quer as coisas resolvidas mais rápido — disse.
O Globo
— É uma luta de poder. Há sabotagens às vezes de onde você nem imagina. No Ministério da Defesa, por exemplo, colocamos militares nos postos de comando. Antes, o ministério estava aparelhado por civis. Havia lá uma mulher em cargo de comando que era esposa do 02 do MST. Tinha ex-deputada do PT, gente de esquerda... Pode isso? Mas o aparelhamento mais forte mesmo é no Ministério da Educação — disse o presidente.
Bolsonaro disse não ser contra os estudos nas escolas e universidades sobre Che Guevara, líder da Revolução Cubana, contanto que também se fale aos estudantes sobre o coronel Brilhante Ustra. Ele reconheceu, porém, que errou ao nomear Ricardo Vélez para a Educação, sob indicação do guru Olavo de Carvalho.
Na visão do presidente, falta "patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil". Contou que sente uma pressão "muito grande" no cargo, sob as acusações de não ter governabilidade. "Mas o que é governabilidade?", questionou. Para Bolsonaro, a maioria dos parlamentares já entendeu a mudança de como se faz política em sua gestão.
— Já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também. Angústia, né? Tá faltando o mínimo de patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil — relatou. — Imaginava que ia ser difícil, mas não tão difícil assim. Essa cadeira aqui é como se fosse criptonita para o Super-Homem. Mas é uma missão.
Durante as duas horas de entrevista, Bolsonaro considerou já ter concluído as promessas de campanha de indicar "um gabinete técnico, respeitar o Parlamento e cumprir o dispositivo constitucional de independência dos Poderes". O presidente ressaltou o alcance da publicação dos atos de governo nas redes sociais e atribuiu o "sucesso" de engajamento ao filho Carlos Bolsonaro, mas reconheceu a "impetuosidade" do vereador do Rio, responsável por abrir discussões até com aliados do pai e tensionar o Executivo.
— O Carlos tem muita impetuosidade, quer resolver as coisas muito rapidamente. De vez em quando há um atrito entre mim e ele em função da velocidade com que ele quer resolver as coisas — argumentou.
Bolsonaro reconheceu se preocupar com a quebra de sigilo do filho senador Flávio Bolsonaro. "Se alguém mexe com um filho seu, não interessa se ele está certo ou errado, você se preocupa", explicou. Ele destacou que soube do caso pela primeira vez ao assistir ao Jornal Nacional, da TV Globo, ao lado do filho deputado Eduardo. Argumentou que os documentos das transações atribuídas a Flávio estão em cartório e disse não ver nada de errado na situação. Reconheceu, no entanto, que há dinheiro de funcionários na conta do ex-assessor Fabrício Queiroz.
— Estou chateado porque houve depósitos na conta dele, ninguém sabia disso, e ele tem que explicar isso daí. Eu conheço o Queiroz desde 1984. Foi meu soldado, recruta, paraquedista. Ele era um policial bastante ativo — contou. — E você sabe que lá no Rio você precisa de segurança. Eu mesmo já usei o Queiroz várias vezes. Então existe essa amizade comigo, sim. Pode ter coisa errada? Pode. Mas tem o superdimensionamento porque sou eu, porque é meu filho.
O presidente negou que o guru Olavo de Carvalho tenha influência no governo, embora tenha sido "pessoa importante" na campanha. Disse que raramente conversa com o ideólogo, a quem defendeu pelas recentes discussões com políticos.
— Quantas vezes eu fui chamado de ladrão, safado, sem-vergonha, homofóbico, racista. Eu fico quieto? Agora, se ele responde às agressões de lá... O Olavo não faz por maldade. Ele, pela idade talvez, quer as coisas resolvidas mais rápido — disse.
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