segunda-feira, 31 de julho de 2023
Prestígio da Lava Jato se mantém em alta entre executivos brasileiros, diz pesquisa
Pesquisa revela que 64% dos executivos brasileiros consideram trabalhos da Lava Jato como positivos para as empresas.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo - arquivo
Uma pesquisa divulgada neste final de semana pela Quaest em parceria com a Transparência Internacional apontou que 64% dos executivos brasileiros ainda avaliam como positivos os trabalhos anticorrupção desenvolvidos durante a Operação Lava Jato, mesmo com os reveses enfrentados nos últimos anos.
O levantamento, que ouviu 100 executivos das 250 maiores empresas brasileiras entre os dias 12 e 28 de julho, mostra que 83% deles acreditam que as operações anticorrupção dos últimos anos reduziram a sensação de impunidade.
Além disso, a pesquisa revelou que 93% deles consideram que as operações trouxeram consequências positivas para as empresas, como a mudança nos mecanismos e padrões de integridade corporativa.
Por outro lado, 91% dos executivos ouvidos pela Quaest consideraram que os sistemas de integridade nas empresas brasileiras hoje são “imaturos” mesmo com os instrumentos trazidos pela Lei Anticorrupção, como acordos de leniência, responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas e o incentivo à adoção de sistemas de compliance.
Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil, diz que a Lei Anticorrupção equiparou o Brasil às legislações mais modernas do mundo, provocando uma revolução no setor privado com a disseminação de mecanismos e uma cultura de compliance antes inexistentes.
“Mas os próprios executivos reconhecem que os sistemas de integridade ainda são imaturos e sua efetividade depende, de um lado, de incentivos positivos, como o apoio da alta liderança nas empresas e, do outro, da capacidade de enforcement das autoridades”, disse em entrevista à CNN Brasil.
Enforcement é o controle efetivo dos órgãos de investigação, que dividiu os executivos ouvidos pela pesquisa ao analisarem os resultados obtidos nos últimos cinco anos. Para 36% deles, o controle das autoridades tem se mantido estável, enquanto que apenas 28% veem ter aumentado nos últimos anos.
Para os executivos, 57% consideram que a lei ajudou pouco a desenvolver o compliance de pequenas e médias empresas, enquanto que 42% consideram que ajudou muito. Apenas 1% considera que não ajudou em nada neste quesito.
Os executivos também avaliam que afrouxar a Lei das Estatais gera um alto risco de afetar o compliance das empresas públicas (71%). Para 87% deles, a entrada do Brasil na OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, conhecida também como “clube dos ricos”, pode ajudar a elevar os padrões de administração dos negócios.
A entrada do Brasil na OCDE era uma das principais bandeiras do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que não tem ganhado destaque no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Guilherme Grandi, Gazeta do Póvo
Crises e oportunidades na economia mundial
Estimativa da FGV aponta que a soja impulsionou o desempenho da agropecuária no PIB no primeiro trimestre deste ano.| Foto: Michel Willian/arquivo Gazeta do Povo
A década de 1980 foi um tempo de dificuldades oriundas de crises econômicas; aqueles foram, também, anos de mudanças relevantes na economia global. O mundo foi abalado em 1971 pela decisão do presidente norte-americano Richard Nixon de suspender a garantia de conversão de dólares em ouro, isto é, o dólar passou a ser moeda fiduciária (baseada na confiança); em 1973 foi desferido duro golpe na economia global pela explosão da crise do petróleo, quando o preço do barril saiu da faixa de US$ 2,20 a US$ 3 e saltou abruptamente para US$ 14; em 1979, o golpe do petróleo se repetiu, com o preço do barril pulando de US$ 14 para US$ 28. Essa sequência de fatos castigou todo o planeta, principalmente com duas graves consequências: inflação e recessão.
Na década de 1970, já estava em curso certa decepção com os rumos que, no mundo inteiro, haviam sido tomados pelo Estado, cuja trajetória desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, vinha sendo o crescimento da estatização da economia, o aumento da intervenção governamental na vida da sociedade, o excesso de regulamentação, o aumento da carga tributária e a expansão das dívidas feitas pelos governos para cobrir os déficits públicos crescentes e sem controle. As causas dessa realidade incluíam a necessidade de reconstrução mundial em face do estrago feito pela guerra e a disseminação das teorias de John Maynard Keynes, que respaldaram um Estado grande e com forte presença na economia por meio de empresas estatais e gastos públicos.
Lula foi eleito em 2022 após ter prometido repetir o desempenho econômico de sua gestão anterior, sem nem sequer mencionar o quadro mundial que lhe tinha sido altamente favorável
Os efeitos desse quadro foram inflação, recessão, aumento da dívida externa (em parte para pagar importações de petróleo aos altos preços) e governos inchados por empresas estatais (muitas delas grandes, ineficientes e corruptas). A crise do setor público atingia níveis elevados e, somada ao aumento das demandas sociais resultantes do crescimento da população, fomentou o início da uma onda antiestatizante e a favor da liberalização comercial e abertura ao exterior, resultando num processo crescente que viria a se consolidar nos anos 1990 com a abertura dos mercados globais, isto é, a globalização econômica.
A globalização, apesar de seus percalços, criou uma onda de expansão dos negócios internacionais, ampliou o comércio exterior multilateral e elevou expressivamente o movimento de capitais financeiros entre as nações. Na sequência, a economia mundial percorreu um longo período de prosperidade, crescimento do produto bruto, inflação baixa, taxa de juros declinante, aumento do consumo, ascensão de novas classes de renda e baixo desemprego. Em 2007, uma crise não imaginada começou a explodir em altas proporções.
O panorama descrito ocorreu sob um aspecto até então desconhecido: o deslocamento em grande escala de parcelas do produto mundial desde os países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, com o efeito de elevar a poupança global e dar base para a queda da taxa de juros e da inflação. Isso ocorreu porque os países em desenvolvimento vinham com taxa média de poupança maior que os países desenvolvidos (fator importante para baixar a taxa de juros) e menor pressão dos salários embutidos no custo de produção dos bens e serviços (fator que ajudou a manter a inflação em níveis baixos). Tal percurso, apesar de alguns problemas, seguiu apresentando desempenho positivo até que, no ano de 2007, estourou uma bolha que abalaria a economia mundial.
Após os primeiros sinais em 2007, os anos seguintes presenciaram uma crise mundial gravíssima, iniciada com o estouro da crise imobiliária nos Estados Unidos, cujos efeitos se espalharam rapidamente pela Europa, Japão e alguns países produtores de petróleo que eram fortes investidores em ativos denominados em dólar norte-americano. A gravidade da crise financeira mundial foi manifestada numa sequência de crises em países como Irlanda, Espanha, Grécia, Portugal e Japão, os casos mais barulhentos de uma onda que se alastrou por países europeus da zona do euro e outros fora dela.
Naquele momento, alguns países em desenvolvimento, como os chamados “Brics” (Brasil, Rússia, Índia e China), pareciam não sofrer muito os efeitos da crise financeira, podendo seguir com seu alto ritmo de consumo, puxado principalmente pelo consumo de alimentos na China, fenômeno que favoreceu o Brasil pela elevação dos preços das commodities agrícolas. A boa onda perdurou até 2010 e contribuiu para o Brasil aumentar suas receitas no comércio exterior e ampliar as reservas internacionais em moeda estrangeira. Na época, o governo Lula foi premiado por uma realidade macroeconômica internacional altamente favorável ao Brasil.
O Brasil não está em guerra e continua favorecido pela demanda mundial de alimentos, mas o país está começando a queimar sua imagem no campo da estabilidade política, na incerteza quanto à adesão à economia de mercado e quanto ao futuro da democracia
Lula agora está em seu terceiro mandato, eleito após ter prometido repetir o desempenho econômico de sua gestão anterior, sem nem sequer mencionar o quadro mundial que lhe foi altamente favorável e havia sido revertido logo no início do governo Dilma Rousseff. Embora tenha tomado decisões erradas, como abandonar a matriz macroeconômica que vinha desde o governo Fernando Henrique Cardoso (e que era baseada em superávit fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante) e ter sido chefe de um dos governos mais corruptos da história brasileira, Dilma não teve a mesma sorte de Lula quanto ao cenário econômico mundial favorável, fazendo que ela passasse o tempo todo construindo a narrativa de que os desacertos de seu governo eram causados pela crise internacional.
O mundo agora vive uma fase de crises e oportunidades. Entre as crises estão os cenários de guerra e suas consequências – especialmente o caso da guerra entre Rússia e Ucrânia, que criou graves problemas no comércio de petróleo, gás, alimentos e insumos industriais – e os déficits públicos que, ademais de empurrarem a inflação para cima, exigirão sacrifícios decorrentes das dívidas públicas deles derivadas.
O Brasil não está em guerra e continua favorecido pela demanda mundial de alimentos, mas o país está começando a queimar sua imagem no campo da estabilidade política, na incerteza quanto à adesão à economia de mercado e, principalmente, dúvidas quanto ao futuro da democracia política. Isto é, o Brasil pode acabar fabricando sua própria crise nas relações internacionais, pois os investidores estrangeiros já começam a se indagar se o Brasil lhes garantirá segurança jurídica e liberdade econômica para aqui investirem. O mundo apresenta oportunidades, a exemplo do enorme volume de capital financeiro em busca de oportunidades, lugares e projetos bons, rentáveis, seguros e estáveis no longo prazo. O problema é saber se o Brasil repetirá sua eterna sina de jogar fora as oportunidades, esmerando-se em criar suas manchas políticas e institucionais. Nisso está o desafio da sociedade, dos políticos e do governo.
Gazeta do Povo
Brasileiros tiraram R$350 bi do País em um mês
Títulos pré-fixados e com juros semestrais significaram 16,7% das vendas, totalizando R$ 599,3 milhões. Foto: José Cruz/ ABr
As incertezas do governo Lula (PT) e as ameaças de cunho ideológico têm assustado um número cada vez maior de brasileiros, que abrem contas no exterior, amparadas em Lei, para dolarizar seu dinheiro em busca de proteção e estabilidade. Só em janeiro, primeiro mês do atual governo, foram mandados R$350,1 bilhões para o exterior. Na maior parte dos casos, quantias modestas. Durante todo o ano 2018, os brasileiros transferiram para o exterior 4 vezes menos: R$89,4 bilhões.
De acordo com dados do Banco Central, em 2021 e 2022 houve um salto de 150% na dolarização de reais, de R$138,2 para R$347,5 bilhões.
Mas o recorde absoluto ocorreria entre 1º e 30 de janeiro deste ano, primeiro mês do atual governo, com espantosos R$350,1 bilhões.
A transferência de reais começou já em 2021, com o envio de R$150 bilhões, e subiu em flecha para R$198 bilhões em 2022.
O expert Henrique Bredda, gestor do fundo Alaska, destaca no Instagram que exportadoras nacionais mantêm lá fora US$70 bilhões (R$350 bi).
Diário do Poder
domingo, 30 de julho de 2023
PGR arquiva mais de 100 ações contra Lula e ministros - O crime compensa. Bandidos em cargos públicos provam...
Desde janeiro deste ano, a PGR de Augusto Aras já arquivou mais de 100 ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Desde janeiro deste ano, a PGR de Augusto Aras já arquivou mais de 100 ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), familiares do presidente e ministros do governo federal.
Segundo informações da coluna Radar, da Veja, o relato constante em artigo público Léo subprocurador-geral Humberto Jacques de Medeiros, em um endereço do site Conjur.
Os dados, segundo o Radar,,alimentam críticas de adversários, que acusam Aras de repetir a “baixa produtividade” vista durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Isso não é baixa produtividade. Pelo contrário, o Ministério Público tem trabalhado muito. O papel do Ministério Público não é alimentar a judicialização da política com ações vazias e midiáticas”, sustenta o PGR.
Raul Holderf Nascimento, Conexão Política
Autismo aumenta 400% nos EUA em 16 anos. Medicina tenta desvendar as causas
Altair Muñiz, menino mexicano de dez anos diagnosticado com transtorno do espectro do autismo, brinca em casa em abril de 2023. A ciência no momento está mais preparada para descartar respostas ruins sobre as causas do aumento nos casos de autismo do que para oferecer uma resposta completa sobre suas origens.| Foto: EFE/ Sáshenka Gutiérrez
Um estudo publicado neste ano na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, afirma que o número de pessoas com diagnóstico de transtorno do espectro do autismo (TEA) cresceu cinco vezes nos Estados Unidos, entre 2000 e 2016. O dado corresponde a crianças sem deficiência intelectual avaliadas aos oito anos de idade, em uma região populosa de Nova York e Nova Jersey, durante o período. Já o número de crianças autistas com deficiência intelectual dobrou nos 16 anos analisados.
As razões exatas para o crescimento ainda são desconhecidas, mas a medicina tem levantado algumas hipóteses, como maior conhecimento dos médicos sobre o TEA, mais acesso da população a diagnóstico, aumento de pais em idade avançada (o que é um fator de risco), até um “afrouxamento” da definição de autismo, que estaria levando a uma inflação diagnóstica.
O Brasil ainda carece de estatísticas sobre o tema, mas o neurologista Erasmo Casella, do Hospital Albert Einstein, disse à Gazeta do Povo que tem observado na prática “muito mais casos de autismo no dia a dia, no consultório”. Ele cita outra estatística americana, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): “o último dado foi de um caso para 36 [pessoas]. Dois anos antes, era um caso para 44, e, 15 ou 20 anos atrás, era um caso para cada 250. Então, trata-se de um aumento exponencial”.
O autismo tem relação com o desenvolvimento do cérebro, o órgão mais complexo do corpo humano. Desse ponto de vista, não é surpresa que uma miríade de fatores diferentes possa influenciar esse desenvolvimento na direção do que se convencionou chamar de “neuroatipicidade”, ou desenvolvimentos cerebrais que são diferentes do comum e levam a padrões diferentes de comportamento e expressão mental.
Casella ressalta que mais fácil do que dar a resposta completa no momento é descartar as respostas erradas: “está super comprovado, há muitos anos, que vacinas não têm relação com autismo”, esclarece o médico. Na maior parte das vezes, acrescenta, “o TEA é genético, mas, por exemplo, prematuros extremos com complicações têm mais chance de ter autismo”, além daqueles que são fruto de “pais mais velhos”. Um pai com mais de 50 anos e mãe com mais de 40 também são um fator que aumenta o risco.
O neurologista também aponta um aumento de 30% do diagnóstico entre negros e hispânicos, que antes não tinham tanto acesso ao tratamento médico. Além disso, “se acredita que a maior causa de aumento na incidência é resultante de um melhor conhecimento dos médicos e maior acesso da população aos médicos e outros profissionais que fazem diagnóstico”.
Distribuição desigual do aumento nos casos de autismo
Além do crescimento nos casos, outra novidade trazida pelo estudo publicado na revista Pediatrics é que o aumento do autismo não se distribuiu uniformemente: ele está mais associado à ausência de deficiência intelectual — duas a cada três crianças diagnosticadas não tinham esse problema —, e a melhores condições socioeconômicas, além de ascendência europeia. Josephine Shenouda, doutora em saúde pública e principal autora da pesquisa, acredita que isso não significa que haja excesso de diagnóstico, mas que está havendo subnotificação entre as crianças não brancas e mais pobres.
Autistas com deficiência intelectual, cuja condição é chamada por alguns cientistas de “autismo profundo”, são aqueles que precisam de cuidado. Alguns são não verbais, ou seja, não se tornam fluentes na comunicação por fala. Outro estudo do mesmo período, publicado em abril na revista Public Health Reports, envolvendo mais de 20 mil crianças de oito anos, concluiu que os casos de autismo profundo hoje são 26,7%, cerca de um em quatro. Os sem deficiência são os casos mais leves, como aqueles que tinham a antes chamada “síndrome de Asperger”: são pessoas sem problemas de autonomia, apenas com dificuldades de entender algumas sutilezas sociais.
Psiquiatra dissidente se arrepende de ter ajudado a expandir critérios de diagnóstico de autismo
O psiquiatra americano Allen Frances, que já liderou esforços de edição de manuais de diagnóstico na área, tornou-se uma figura dissidente. “Sinto muito por ter ajudado a baixar o padrão da exigência de diagnóstico”, disse ele em abril ao jornal New York Post. Ele acredita que as duas edições mais recentes do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, “afrouxaram a definição de autismo” e “contribuíram para a criação de modas de diagnóstico que resultaram na inflação diagnóstica de transtornos autistas em crianças e adultos”. A primeira edição, de 1962, caracterizava 60 transtornos mentais. A quinta edição, a mais recente, tem mais de 300.
Frances denuncia que já estava claro, desde a testagem preparatória para a quarta edição do DSM, que “a nova definição triplicaria a taxa” de pacientes diagnosticados. Ele pensa que, em vez de triplicar, o ajuste conceitual multiplicou a taxa quase cem vezes. “Cada vez mais médicos começaram a rotular tanto a diversidade normal quanto uma variedade de outros problemas psicológicos como autismo”. Ele também critica a noção de “espectro”, introduzida na quinta edição: “isso obscureceu ainda mais a fronteira entre transtorno mental e diversidade normal”.
Na Califórnia, o aumento no número de diagnosticados autistas foi de 50 vezes em 33 anos, informou a jornalista Bari Weiss. No dia 20 de julho, Weiss publicou em seu jornal The Free Press um relato da advogada californiana Jill Escher, mãe de dois autistas profundos que largou a profissão para se dedicar a eles e à questão.
Ativismo identitário atrapalha os autistas
Escher teve Jonathan em 1999, e o diagnóstico veio dois anos depois. Na gestação seguinte, ela ouviu dos médicos que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Porém, 16 meses após o nascimento de sua filha Sophie, a menina também mostrou os sinais claros de autismo: “como o seu irmão, ela não atingiu nenhum dos marcos cognitivos ou de linguagem, nem de perto. Autismo, mais uma vez”.
Seus filhos têm agora 24 e 17 anos, respectivamente, e continuam não verbais e “profundamente afetados”. Sophie é mais versátil, mas nenhum dos dois consegue ler ou escrever. Com franqueza, Escher compara a vida dos filhos ao filme O Feitiço do Tempo, em que o protagonista interpretado por Bill Murray fica preso em uma viagem no tempo cíclica, acordando sempre no mesmo dia.
A mãe não está contente com a influência do ativismo na área: “A ascensão recente do movimento identitário da ‘neurodiversidade’, no qual o autismo é reinventado como uma diferença natural para ser celebrada, não investigada, prevenida ou tratada, ajudou a espalhar um pó mágico de complacência sobre o mundo do autismo”. Em vez de fazer a área avançar, as revistas científicas “publicam com frequência artigos de ativistas que fazem policiamento de linguagem”, reclama. “Agora, a prevenção do autismo está fora de questão”.
O ativismo também atrapalha com “conceitos fantasiosos”, como a proibição de pagar baixos salários a pessoas com deficiência intelectual severa, o que acaba eliminando por completo as vagas para esse público. Isso “significa que pessoas como os meus filhos perderão sua única chance de ter um trabalho estruturado, sustentado e produtivo, e serão empurrados ainda mais para as margens da sociedade”.
“Parte de mim entende” os esforços dos ativistas, diz Escher. Ela própria já ajudou inúmeras pessoas com autismo e organizou mais de 200 eventos, de festas a reuniões. “Mas o nosso desejo inquebrantável pelo bem social levou de muitas formas a dourar a pílula e a trivializar essa deficiência mental séria”. Ela concorda que o autismo se deve ao “desenvolvimento desregulado do cérebro, não às vacinas”. Porém, não acha que o aumento dos casos se deve a uma mera questão de mudança conceitual no diagnóstico, mas a um fenômeno concreto cujas causas a ciência foi tragicamente incapaz, até o momento, de desvendar. Contra isso, ela tem um conselho para os especialistas: largar o “guarda-chuva absurdo” do “espectro autista” e dividi-lo em subcategorias com mais significado e relevância.
Eli Vieira, Gazeta do Povo
Oppenheimer - Christopher Nolan entrega filme magistral com silêncios ensurdecedores
O ator irlandês de 47 anos Cillian Murphy vive o protagonista de “Oppenheimer”| Foto: Reprodução YouTube
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Com um roteiro notavelmente equilibrado e eficaz, que nos convida a pensar na criação da primeira bomba atômica, Christopher Nolan consegue manter o espectador tenso por 180 minutos sem falhar. Em Opppenheimer, que está em cartaz nos cinemas brasileiros desde a semana passada, o diretor britânico adapta o livro americano Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, pelo qual Kai Bird e Martin J. Sherwin ganharam o Prêmio Pulitzer de 2006 na categoria de biografia.
Nolan absorve o impressionante trabalho de pesquisa do livro e o dramatiza, criando conflitos e um enredo que se assemelha muito aos de Batman:O Cavaleiro das Trevas e Interestelar. A construção dos personagens (os antagonistas voltam a brilhar) é magnífica. Ao contrário dos outros filmes de Nolan, as questões científicas em torno da teoria física são bem compreendidas, o que não acontecia em alguns de seus filmes anteriores, especialmente Tenet e A Origem.
A fotografia em 65 milímetros é linda, tanto em cores quanto em preto e branco, que numa sala IMAX reluz mais e melhor. Nolan argumenta que o futuro do cinema de grande orçamento passa por esses tipos de salas especiais – e ele tem razão. Som e música, habilmente misturados ao silêncio em uma montagem que estimula o mistério, realçam o expressionismo de um cineasta fiel a uma linguagem e a um tipo de relato hipnóticos, tendo como protagonistas os dilemas e paradoxos da física quântica.
O trabalho dos atores é excelente, tendo em conta que a fragmentação da história os obriga a fazer um esforço especial para não prejudicar a continuidade nos arcos dos respectivos personagens. A ambiguidade dá a tônica de uma história em que você passa da luz à sombra com facilidade: personagens que te atraem podem te repelir e vice-versa. A ascensão e queda de Oppenheimer, que, além de "muito inteligente, era também muito burro", como apontou seu amigo e colega Isidor Isaac Rabi, é contada com qualidade audiovisual superlativa. Recriar o teste atômico de julho de 1945 sem usar efeitos digitais em locações próximas ao New Mexico Research Center tem um resultado brilhante.
Nolan sabia que a credibilidade do filme estava em jogo no quesito som – e o que ele oferece é avassalador. Embora pareça paradoxal, principalmente para quem não sabe que no cinema se trabalha por contraste e/ou afinidade, o mais genial no filme são seus silêncios ensurdecedores. Nesse sentido, a sequência de abertura é magistral.
Serviços secretos soviéticos
Uma questão instigante e de muito peso na história é a exigência de sigilo nos trabalhos de pesquisa atômica e a presença de espionagem. O filme mostra que a relevância do comunismo e o comprometimento dos serviços secretos soviéticos nos Estados Unidos não podem ser resolvidos com o apelo simplista de uma caça às bruxas. A sombra da Rússia, aliada em 1945 e inimiga durante a Guerra Fria, é longa. Nolan poderia ser criticado por explorar um encontro sexual, mas é sabido que muitos dos recrutamentos de pensadores, cientistas e agentes duplos pelo Ministério do Interior russo, e mais tarde, pela KGB tinham como uma de suas principais âncoras a luxúria e a soberba intelectual que geralmente fica escondida.
O filme é muito ambicioso porque convida o espectador a refletir sobre a ciência e seus limites, a ética da pesquisa aplicada às armas de destruição em massa, o conceito de dissuasão, a influência da personalidade no trabalho em equipe dos cientistas, os efeitos da vida pessoal no campo profissional, a diferença entre físicos de lousa e físicos de laboratório, a relevância das máquinas que permitem verificar modelos teóricos, as decisões políticas sobre o uso da força, etc., etc.
Oppenheimer é um ótimo filme. Fica maior quando você lê sobre cada um dos personagens interpretados, incluindo o presidente Truman, o secretário de guerra Henry Stimson e o general Graves, chefe do Projeto Manhattan. E os físicos ganhadores do Prêmio Nobel Niels Bohr, Enrico Fermi e Ernest Lawrence.
Alberto Fijo, Gazeta do Povo
J.R. Guzzo: 'Economia ficará estável – desde que não se coloque em prática as ideias de Lula'
Confluência de fatores positivos, muitos deles alheios à vontade de Lula, levaram a elevação da nota do Brasil pela agência Fitch.| Foto: Andre Borges/EFE
A agência internacional Fitch, uma das mais prestigiadas no setor de “rating” financeiro, subiu a nota do Brasil. Agora somos BB – o que não é lá essas coisas, mas é melhor do que ser menos, e muito melhor do que a classificação de Argentina, Venezuela e outras economias em processo de extinção. Na Alemanha ou no Canadá ninguém se importaria com a notícia, porque eles não precisam da Fitch para saber se vão bem ou mal, mas aqui é coisa de primeira página – país de Terceiro Mundo é isso mesmo, sempre ligado no que os ricos dizem a seu respeito de tempos em tempos. No caso da Fitch e do Brasil a avaliação foi indiscutivelmente positiva. Temos um país solvente, e isso é essencial para todo o resto.
A nota da Fitch não é um julgamento sobre o desempenho geral da economia brasileira. A Fitch é uma agência de avaliação de risco, e o que faz é exatamente isso: avalia quais são os riscos, para um investidor estrangeiro, de não receber de volta o dinheiro que aplicou no Brasil. Quanto mais alta a nota, menor o risco. Considera-se, no momento, que esse risco baixou – o que não significa que os investidores internacionais vão começar a despejar bilhões de dólares no Brasil daqui a cinco minutos.
O governo simplesmente não existe. Mas, do ponto de vista da estabilidade financeira, as coisas estão em ordem até agora.
Na verdade, nunca o nível de investimento externo esteve tão baixo como agora. Mas é muito melhor do que se o risco tivesse aumentado. A grande vantagem disso tudo é que não se trata de palpite de economista, desses que a mídia fica entrevistando dia sim dia não. É uma análise lógica que vem da observação dos fatos. Só isso: dos fatos como eles são.
A avaliação da capacidade do Brasil para pagar seus compromissos externos melhorou, de cara, pelo volume das reservas internacionais que vêm sendo acumuladas há anos, e que o atual governo está conseguindo manter – 350 bilhões de dólares pelas últimas contas, o que nos coloca entre os dez países do mundo com maiores caixas em moeda forte. A inflação, nesses primeiros sete meses de governo Lula, continua baixa. O dólar está valendo menos do que valia no ano passado; o real, aliás, é uma das moedas mais estáveis da América Latina, e mesmo além dela.
O dinheiro não perde o seu valor – e isso é um elemento vital para a saúde da economia. Não há missões do FMI negociando esmolas por aí. O Brasil fez grandes reformas que outros países não fizeram, como a reforma da Previdência Social, e está colhendo agora os frutos das decisões corretas que soube tomar. O Banco Central é independente da intromissão política do governo e das gangues que operam no Congresso, as duas maiores ameaças de assalto que existem para o Tesouro Nacional – e uma garantia fundamental para a estabilidade da moeda.
Há uma pressão maligna para o aumento explosivo do gasto público. O ritmo do crescimento é ruim. Não há investimento, nem melhora no emprego, nem aumento na renda. O governo simplesmente não existe – conseguiu, desde janeiro, não abrir uma única bica d’água em todo o território nacional. Mas, do ponto de vista da estabilidade financeira, as coisas estão em ordem até agora. Para continuarem assim, o governo nem precisa de grandes ideias ou grandes decisões. Basta não levar adiante as repetidas propostas de suicídio econômico feitas da discurseira colérica do presidente da República e da sua multidão de puxa-sacos.
J.R. Guzzo, Gazeta do Povo
Ataques ao BC reforçam temor de manipulação pelo 'consórcio Lula-STF'
Roberto Campos Neto, reconhecido como melhor presidente de Banco Central do mundo, tido pelo ex-presidiário Lula como inimigo. - Foto: Raphael Ribeiro
Na polêmica sobre a taxa Selic de 13,75%, o governo Lula (PT) adota a estratégia de pressionar politicamente o Banco Central a alterar sua avaliação técnica para definir indicadores sensíveis da economia. Em todo o mundo democrático, os bancos centrais são autônomos, como no Brasil, blindados de influência política. A estratégia reforça a suspeita de que o governo tenta desestabilizar a direção do BC para assumir o controle e definir taxa de juros irreais, de olho na próxima eleição.
Não por ignorância e sim por esperteza, o PT difunde a lorota de que a queda da inflação é obra do governo. Mas é consequência da taxa Selic.
No mercado, a indicação do ativista Marcio Pochmann para o IBGE reforçou a suspeita de que há um plano para “controlar” indicadores.
Ataques de Lula ao BC irritam cada vez mais especialistas que conhecem a integridade e a qualidade técnica de quem define a Selic.
Eleito melhor presidente de BC do mundo, Roberto Campos Neto apoiou a taxa Selic de 13,75% no início da campanha presidencial de 2022.
Diário do Poder
sábado, 29 de julho de 2023
Agro impulsiona economia de São Paulo e tem superávit de US$ 10 bi no primeiro semestre
Antonio Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de SP e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes - Foto: Rogério Cassimiro/Governo de São Paulo
Em entrevista exclusiva para a Gazeta do Povo, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, fez um balanço do primeiro semestre da gestão. Entre os assuntos, o secretário abordou as invasões de terra no estado, a importância da negociação de fertilizantes com o presidente russo Vladimir Putin e os números da pasta nos primeiros seis meses do ano.
De acordo com dados da pasta, no primeiro semestre São Paulo registrou um superávit de US$ 10 bilhões, um recorde e o correspondente a um aumento de 6,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os alimentos mais exportados foram cana-de-açúcar, laranja e soja. O produto que São Paulo mais importou foi o salmão.
Junqueira enfatizou o pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), no início do mandato, as prioridades da gestão para a pasta. “Estamos muito focados no pequeno e médio produtores. Isso foi um pedido do governador no primeiro dia de trabalho, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e também potencializar a renda dessas pessoas”.
Junqueira foi secretário-adjunto da pasta durante o governo José Serra (PSDB), entre 2007 e 2011. Questionado sobre a diferença do ex-governador para o atual, ele foi direto: “o Serra pedia para escolher dois ou três projetos e ir neles. Ele era político. O Tarcísio é uma pessoa mais simples, que conversa, mas cobra muito. Ele é um trator trabalhando. Já conseguiu 200 bilhões de dólares de investimento para o estado. Ele é muito bem avaliado pelo agro”.
Negociação de Bolsonaro com Putin trouxe fertilizantes a preços razoáveis
De acordo com Junqueira, outro problema enfrentado pelo agro paulista é o manuseio do adubo. Segundo um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 40% dos produtores paulistas não sabem utilizar o adubo. “Isso é um grande problema. O maior bem de um produtor é a sua terra e precisa saber cuidar dela”, diz o secretário.
Junqueira elogiou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em negociar com o presidente russo Vladimir Putin o fornecimento dos fertilizantes para o agro brasileiro. “Precisamos dos fertilizantes para o plantio. O ex-presidente pensou no país e na produção nacional. É preciso conversar com todos. Bolsonaro conseguiu trazer os fertilizantes da Rússia a preços razoáveis, isso foi muito importante. Infelizmente, o Brasil ainda não produz seu próprio fertilizante”.
Outro grande problema do agro paulista, para o secretário, é a falta de conexão de internet nas terras rurais.
“O maior problema do estado de São Paulo é falta de conectividade no interior. Não podemos ser a locomotiva do Brasil e termos 50% do estado sem conexão com a internet. A Embrapa mostra que, se o produtor tiver conectividade, fatura até 25% a mais. É inconcebível sair da capital 20 quilômetros e a internet sumir. Isso vai ser um programa de estado”, afirma Junqueira.
Em relação à ajuda aos pequenos produtores, a gestão Tarcísio tem focado no Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap). O fundo tem como objetivo conceder crédito, seguro rural e renegociação ou prorrogação de dívidas. As condições são melhores do que as ofertadas em bancos tradicionais, com juros de 3% fixos ao ano, com até cinco anos para pagar. Segundo dados da secretaria, no primeiro semestre deste ano R$ 108 milhões foram liberados para crédito a pequenos produtores.
Com força do agro, secretário quer dobrar orçamento da Agricultura
Para o secretário paulista da Agricultura, a pasta deve dobrar de verba para o ano de 2024. “O agro tem margem para crescer ainda mais. Conversei com Tarcísio e para o ano que vem teremos um bom aumento na verba da pasta”. Junqueira diz que pediu para dobrar o orçamento, já que o agro é o setor das “boas notícias”, mas reconheceu que se o aumento for de 50%, será suficiente.
No ano passado, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou um orçamento de R$ 1.092.333.248 para a pasta da agricultura. Entre as 24 secretarias, ficou em 17° em orçamento destinado.
“O maior gasto da secretaria é folha de pagamento, que representa 60%. Automaticamente, ficamos travados para fazermos programas maiores” - Antonio Junqueira, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento de SP
De acordo com apuração da Gazeta do Povo, o governador paulista quer fazer uma reforma administrativa no estado. Inicialmente, a ideia é cortar 5 mil funcionários públicos. Posteriormente, esse número pode até dobrar.
Junqueira mostrou os números do agronegócio paulista para justificar o aumento no orçamento. “O agro de São Paulo representa 38% do PIB paulista e 15% do Brasil. O estado fatura quase R$ 11 mil por hectare”.
Invasores de terra não terão vez no governo, diz Junqueira
Entre as associações do agronegócio paulista, a principal reivindicação para o Poder Executivo é a garantia da segurança jurídica, incluindo tolerância zero com movimentos que invadem propriedades.
Durante a semana do último Carnaval, São Paulo sofreu uma onda de invasões de terra: 9 no total. Junqueira reitera que o governador vai cumprir a lei e não tolerará invasões de propriedade. “Precisamos fornecer segurança jurídica. Quem vai investir em um estado que não tenha segurança jurídica? Aqui nós temos uma regra: se invadir vai ter que desinvadir. O governador foi claro desde o começo: vamos respeitar a lei. Se invadir vai ter consequência”, disse ele.
“Recebo todo mundo. Já recebi até o deputado Eduardo Suplicy (PT) e o pessoal do José Rainha (líder do MST). Sou o secretário que mais recebo parlamentares. Tem alguns que vêm aqui e não conhecem absolutamente nada de agricultura. Não temos problema com ninguém”. Antonio Junqueira, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo
Por fim, Junqueira afirmou que o governo tem promovido programas para regularização fundiária. “Estamos promovendo os títulos de terra para muitas pessoas que estavam sem nada. Aquela pessoa sem o documento era um fantasma e agora você coloca ela no mapa” completou o secretário.
Lucas Saba, Gazeta do Povo
STF acaba ‘auxílio-livro’, mas poupa penduricalhos
Sede do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: divulgação
Em decisão unânime, que merece aplausos, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional um penduricalho inacreditável nos contracheques de integrantes do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: “auxílio-livro”. Suas excelências espetavam no bolso do contribuinte um mínimo de R$16 mil, equivalentes a 50% do menor salário dessa turma, a título de “abono de aperfeiçoamento profissional”. O problema é que o STF não estendeu a decisão a muitos outros penduricalhos existentes.
O “auxílio-livro” foi instituído em 2001, mas só em 2015 a PGR ingressou com ação no STF. Mas não se fala em devolver o dinheiro recebido.
O STF não levou em conta na decisão regalias existentes na Justiça e no setor público em geral, como “auxílio-pré-escola” ou “auxílio babá”.
Criaram a “interpretação” de que bônus e gratificações “não são salários” e, assim, não entram no cálculo do teto salarial de ministros do STF.
Diário do Poder