sábado, 29 de julho de 2023

Agro impulsiona economia de São Paulo e tem superávit de US$ 10 bi no primeiro semestre

 

Antonio Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de SP e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes - Foto: Rogério Cassimiro/Governo de São Paulo


Em entrevista exclusiva para a Gazeta do Povo, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, fez um balanço do primeiro semestre da gestão. Entre os assuntos, o secretário abordou as invasões de terra no estado, a importância da negociação de fertilizantes com o presidente russo Vladimir Putin e os números da pasta nos primeiros seis meses do ano.

De acordo com dados da pasta, no primeiro semestre São Paulo registrou um superávit de US$ 10 bilhões, um recorde e o correspondente a um aumento de 6,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os alimentos mais exportados foram cana-de-açúcar, laranja e soja. O produto que São Paulo mais importou foi o salmão.

Junqueira enfatizou o pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), no início do mandato, as prioridades da gestão para a pasta. “Estamos muito focados no pequeno e médio produtores. Isso foi um pedido do governador no primeiro dia de trabalho, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e também potencializar a renda dessas pessoas”.

Junqueira foi secretário-adjunto da pasta durante o governo José Serra (PSDB), entre 2007 e 2011. Questionado sobre a diferença do ex-governador para o atual, ele foi direto: “o Serra pedia para escolher dois ou três projetos e ir neles. Ele era político. O Tarcísio é uma pessoa mais simples, que conversa, mas cobra muito. Ele é um trator trabalhando. Já conseguiu 200 bilhões de dólares de investimento para o estado. Ele é muito bem avaliado pelo agro”.


Negociação de Bolsonaro com Putin trouxe fertilizantes a preços razoáveis

De acordo com Junqueira, outro problema enfrentado pelo agro paulista é o manuseio do adubo. Segundo um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 40% dos produtores paulistas não sabem utilizar o adubo. “Isso é um grande problema. O maior bem de um produtor é a sua terra e precisa saber cuidar dela”, diz o secretário.

Junqueira elogiou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em negociar com o presidente russo Vladimir Putin o fornecimento dos fertilizantes para o agro brasileiro. “Precisamos dos fertilizantes para o plantio. O ex-presidente pensou no país e na produção nacional. É preciso conversar com todos. Bolsonaro conseguiu trazer os fertilizantes da Rússia a preços razoáveis, isso foi muito importante. Infelizmente, o Brasil ainda não produz seu próprio fertilizante”.


Outro grande problema do agro paulista, para o secretário, é a falta de conexão de internet nas terras rurais.


“O maior problema do estado de São Paulo é falta de conectividade no interior. Não podemos ser a locomotiva do Brasil e termos 50% do estado sem conexão com a internet. A Embrapa mostra que, se o produtor tiver conectividade, fatura até 25% a mais. É inconcebível sair da capital 20 quilômetros e a internet sumir. Isso vai ser um programa de estado”, afirma Junqueira.

Em relação à ajuda aos pequenos produtores, a gestão Tarcísio tem focado no Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap). O fundo tem como objetivo conceder crédito, seguro rural e renegociação ou prorrogação de dívidas. As condições são melhores do que as ofertadas em bancos tradicionais, com juros de 3% fixos ao ano, com até cinco anos para pagar. Segundo dados da secretaria, no primeiro semestre deste ano R$ 108 milhões foram liberados para crédito a pequenos produtores.


Com força do agro, secretário quer dobrar orçamento da Agricultura

Para o secretário paulista da Agricultura, a pasta deve dobrar de verba para o ano de 2024. “O agro tem margem para crescer ainda mais. Conversei com Tarcísio e para o ano que vem teremos um bom aumento na verba da pasta”. Junqueira diz que pediu para dobrar o orçamento, já que o agro é o setor das “boas notícias”, mas reconheceu que se o aumento for de 50%, será suficiente.

No ano passado, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou um orçamento de R$ 1.092.333.248 para a pasta da agricultura. Entre as 24 secretarias, ficou em 17° em orçamento destinado.


“O maior gasto da secretaria é folha de pagamento, que representa 60%. Automaticamente, ficamos travados para fazermos programas maiores” - Antonio Junqueira, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento de SP


De acordo com apuração da Gazeta do Povo, o governador paulista quer fazer uma reforma administrativa no estado. Inicialmente, a ideia é cortar 5 mil funcionários públicos. Posteriormente, esse número pode até dobrar.

Junqueira mostrou os números do agronegócio paulista para justificar o aumento no orçamento. “O agro de São Paulo representa 38% do PIB paulista e 15% do Brasil. O estado fatura quase R$ 11 mil por hectare”.


Invasores de terra não terão vez no governo, diz Junqueira

Entre as associações do agronegócio paulista, a principal reivindicação para o Poder Executivo é a garantia da segurança jurídica, incluindo tolerância zero com movimentos que invadem propriedades.

Durante a semana do último Carnaval, São Paulo sofreu uma onda de invasões de terra: 9 no total. Junqueira reitera que o governador vai cumprir a lei e não tolerará invasões de propriedade. “Precisamos fornecer segurança jurídica. Quem vai investir em um estado que não tenha segurança jurídica? Aqui nós temos uma regra: se invadir vai ter que desinvadir. O governador foi claro desde o começo: vamos respeitar a lei. Se invadir vai ter consequência”, disse ele.


“Recebo todo mundo. Já recebi até o deputado Eduardo Suplicy (PT) e o pessoal do José Rainha (líder do MST). Sou o secretário que mais recebo parlamentares. Tem alguns que vêm aqui e não conhecem absolutamente nada de agricultura. Não temos problema com ninguém”. Antonio Junqueira, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo


Por fim, Junqueira afirmou que o governo tem promovido programas para regularização fundiária. “Estamos promovendo os títulos de terra para muitas pessoas que estavam sem nada. Aquela pessoa sem o documento era um fantasma e agora você coloca ela no mapa” completou o secretário.


Lucas Saba, Gazeta do Povo