domingo, 30 de setembro de 2018

Gebran pede manifestação do MPF em delação de Palocci

O Antagonista apurou que o desembargador Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4, abriu vista para o MPF analisar o relatório de avaliação da PF, sobre as provas de corroboração entregues por Antônio Palocci em seu acordo de colaboração.

O parecer dos procuradores fundamentará a decisão de Gebran sobre a efetividade da delação do ex-ministro de Lula, para a concessão de benefícios.

Por Claudio Dantas, O Antagonista

Pronunciamento de Bolsonaro na Avenida Paulista

Na Paulista, multidão fala em vitória de Bolsonaro no 1º turno

Partidários do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, se reuniram neste domingo, 30, na Avenida Paulista em São Paulo e em outras 8 capitais. Militantes e candidatos fizeram um apelo para eleitores de João Amoêdo(Novo) , Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) se unirem em torno do capitão, na esperança de uma vitória no primeiro turno. 
Em discurso aos manifestantes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), e o candidato ao Senado Major Olímpio (PSL) criticaram o PT. A PM não divulgou estimativa de público na manifestação, que ocupou três quarteirões da Avenida Paulista. Olímpio disse que se a  candidatura de Bolsonaro crescer "mais um Alckminzinho" - cinco ou seis pontos porcentuais nas pesquisas - seria possível vencer a eleição ainda no primeiro turno. 





Ato a favor de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista
Ato a favor de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista  
Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP
Em áudio, gravado no Rio de Janeiro, e divulgado durante a manifestação, Bolsonaro repetiu o mantra. “Vamos ganhar essas eleições no primeiro turno. A diferença será tão grande que será possível qualquer possibilidade de fraude. Chega de PT e de PSDB." O vice de Bolsonaro, general reformado Hamilton Mourão (PRTB), chegou a ser anunciado, mas não participou do ato. 
Atos favoráveis a candidatura de Bolsonaro ocorreram em outras oito capitais e 16 cidades, em oito Estados e no Distrito Federal.Uma parte das manifestações consistiu em carreatas e buzinaços, como foi o caso de Brasília e Recife. Foram registrados atos também em Maceió, Manaus, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém e Florianópolis.  Cidades menores, como Niterói (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Tubarão e São José (SC) e Uberlândia (MG), além de 11 cidades do interior paulista,  também tiveram manifestações favoráveis ao candidato do PSL. Na maioria deles, as Pms locais não divulgaram estimativas de público. 
No caminhão de som, militantes ressaltam a participação feminina no evento - dizendo que as mulheres são mães, amigas, que cuidam da casa, dos homens e da família. Eduardo Bolsonaro falou às mulheres que apoiam seu pai. “As mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda. Elas não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, disse o deputado, que ainda criticou o autor do atentado contra Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira. “Meu pai não tomou uma facada por alguém que queria tomar a carteira dele. Eles estão com medo”, concluiu. 
Eduardo Bolsonaro também falou sobre a hipótese de vitória de Fernando Haddad (PT). “Ele dará indulto para o Lula no dia seguinte”. Além disso, afirmou que se o pai for eleito, o ex-presidente Lula não terá privilégios. Ele irá cumprir pena em um presídio comum”. Ainda de acordo com ele, o Brasil não será "governado da cadeia como o PCC", em uma referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba. 
Os discursos mantiveram a narrativa que tem acompanhado a campanha de Bolsonaro desde o primeiro dia. Gritos contra o PT, Lula, Venezuela e artistas que  vivem do dinheiro da Lei Roaunet. 





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Multidão na Paulista em apoio a Bolsonaro
A primeira a se pronunciar no carro de som foi a candidata a deputada federal pelo PSL, Carla Zambelli: “A nossa manifestação é verde e amarela.  Nossa manifestação tem bandeira do Brasil e não de partidos. Somos movidos pelo amor por uma pessoa que vai mudar o País. Finalmente teremos paz com Jair Bolsonaro na Presidência. Ele é o único presidente que irá fortalecer a Polícia Federal. É a primeira vez em décadas que temos um presidente que fala de Deus com lágrimas nos olhos. O nosso Estado é laico mas não é ateu", afirmou. Em seguida, a candidata iniciou uma oração, finalizada por "ele sim" pelos manifestantes presentes. 
Entre os simpatizantes, a certeza de que um resultado diferente da vitória de Bolsonaro será resultado de uma fraude eleitoral. “Se o Bolsonaro não ganhar vai ser roubado. Não vamos sair da rua se isso acontecer”, disse a empresária Helena Dias.

Princípio de confusão no vão livre do Masp

Os grupos se encontraram no MASP. A PM precisou “escoltar” um grupo que se posicionava contra Bolsonaro para fora do vão livre. Policiais afirmaram que não houve detenção. 

Atos pró-Bolsonaro ocorrem no interior paulista

Manifestantes voltaram às ruas na manhã deste domingo em pelo menos dez cidades do interior de São Paulo, desta vez em atos de apoio ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. No sábado, as manifestações contra Bolsonaro organizadas por grupos de mulheres, alcançaram ao menos doze cidades do interior. 
Em Campinas, o ato deste domingo contou com a presença do filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL. Os manifestantes – cerca de 3 mil pessoas, segundo a Polícia Militar -, se concentraram no Largo do Rosário, na região central, e caminharam até a Praça Arautos da Paz, com apoio de carro de som.
Em Araçatuba, cerca de 2 mil veículos, segundo a Polícia Militar, participaram de carreata em favor de Bolsonaro. Os manifestantes fizeram um buzinaço na Avenida dos Araçás. Vários veículos levavam a bandeira do Brasil. Um grande número de mulheres participou do ato.
Em Bauru, muitos apoiadores de Bolsonaro vestiram verde e amarelo. A concentração ocorreu na Praça da Paz. A PM não estimou o público.
Em São José dos Campos, simpatizantes do candidato do PSL realizaram um ato de apoio na Praça Afonso Pena. A PM não fez estimativa de público. Em seguida, os manifestantes percorreram em carreata as ruas da cidade. Houve carreata também em São Carlos e em Jales. A PM não contabilizou o número de veículos.
Em Jundiaí, um carro de som abriu a carreata, a partir do Parque da Uva. Houve desfiles de veículos em apoio a Bolsonaro também em São Manoel, Ipiguá e Botucatu. Em Sorocaba, cerca de 600 manifestantes realizaram ato em favor do candidato em frente ao Palácio dos Tropeiros, sede da prefeitura.

BH também tem manifestação favorável a Bolsonaro

Depois da manifestação que levou milhares de pessoas ao centro de Belo Horizonte, um ato de apoio ao candidato a Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, realizado na orla da Lagoa da Pampulha, ponto turístico da cidade,  teve hino das Forças Armadas, comemoração pela saída do deputado federal do hospital e oração.
A manifestação começou com diversas críticas ao movimento “Ele Não”. Muitas mulheres estiveram presente no ato favorável ao candidato e cantaram que “mulher vota em Bolsonaro”.
No entanto, a organização do evento negou que fosse uma resposta à manifestação. “Estamos aqui por Bolsonaro para que ele vença em primeiro turno” disse uma das organizadoras, Gleine Carvalho, que afirmou que o ato não teve qualquer influência partidária.
Carvalho ainda fez críticas ao movimento “Ele Não”. “Eu não sou adepto dessas questões de modinha. O 'ele não’ foi criado pela classe artística para defender os benefícios deles. Quando vemos o povo aqui, vemos que o 'ele sim’ está muito forte”, disse.

Brasília tem carreata

 A Polícia Militar do Distrito Federal informou que cerca de 25 mil veículos participaram da carreata em prol do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) realizada neste domingo na Esplanada dos Ministérios. Segundo a PM, 6 faixas foram ocupadas na dispersão, com 20 a 30 carros passando por minuto por faixa.
Questionado pela imprensa sobre esse número de participantes - já que por volta do meio-dia, perto do fim da manifestação, a estimativa divulgada foi de 10 mil a 12 mil carros -, o Major Michello reafirmou que o dado final levou em consideração três horas e meia de evento. Segundo ele, a contagem começou no início do ato, às 9h, e desde então chegavam e saíam carros.

Porto Alegre reúne manifestantes 

Partidários de Bolsonaro realizaram ato a favor do candidato na avenida Goethe, em Porto Alegre, na tarde deste domingo. O local é tradicional ponto de comemorações esportivas na cidade e ficou marcado por ser palco das manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo os organizadores, o ato a favor do candidato foi "suprapartidário". "O voto útil para o Brasil é o voto em Bolsonaro", afirmou Carmen Flores, candidata ao Senado pelo PSL. Políticos e apoiadores do candidato se revezaram nos discursos em dois carros de som.

Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

‘Culpa é do Trump’, insinua Vaticano sobre acordo com China, por Vilma Gryzinski

Nada do que o papa Francisco fez até agora se compara, em termos de desalinhamento doutrinário, ao acordo em princípio no qual entrega à China o poder de nomear bispos.
A Igreja é católica, apostólica e romana porque o bispo de Roma, também conhecido como papa, é o detentor da autoridade hierárquica suprema.
Ao ceder esse poder, mesmo que de maneira habilmente disfarçada pelo domínio de todas as sutilezas da linguagem diplomática, o papa Francisco abre um racha em sua própria autoridade.
A Associação Católica Patriótica Chinesa, instituição oficial inventada no auge do comunismo puro e duro, torna-se assim a corrente dominante à qual têm que dobrar o joelho os católicos que enfrentaram décadas de perseguições para manter a fidelidade a Roma, praticando a religião na clandestinidade como os primeiros cristãos.
Sem nenhuma surpresa, o cardeal Joseph Zen, do alto de seus 86 anos e da nada tranquila aposentadoria em Hong Kong, classificou o acordo como “uma incrível traição”.
Por “entregar o rebanho aos lobos”, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, deveria renunciar, fuzilou o veterano da resistência ao poder avassalador do regime chinês. E o papa? “Contra o santo padre eu não me coloco”, disse, fiel à inquebrantabilidade hierárquica.
Mais surpreendente do que a “rendição total”, segundo a definição do cardeal Zen, é a explicação que vem sendo sussurrada para vaticanistas simpáticos a Francisco.
Uma delas, a conhecida Maria Antonietta Calabrò, escreveu, entre todos os meandros da categoria, basicamente que os ataques da “direita católica americana” a Francisco são coordenados com a política de confronto comercial de Donald Trump em relação à China.
E a resposta de Francisco foi a concordata, como vem sendo chamado o acordo pelos mais rebeldes, evocando a sinistra submissão da Igreja firmada pelo futuro papa Pio XII em 1933 com a Alemanha nazista.
Tem que ter fôlego para segurar tanto conspiracionismo. A vaticanista segura. “Ninguém pode negar que o acordo do Vaticano com a China tem uma dimensão geopolítica além da espiritual e religiosa”, escreveu ela.
Realmente, ninguém negaria isso: colocar o papa no bolso é uma espetacular vitória geopolítica para a China.
A vaticanista associa, em seguida, as revelações ainda não esclarecidas sobre a aparente condescendência do papa com Theodore McCarrick, o ex-cardeal americano que caiu em desgraça por seu histórico de práticas sexuais com seminaristas, a um ataque bem planejado. Praticamente, geopolítico.
“Justamente no momento em que os Estados Unidos de Trump começaram uma guerra comercial com a China, a direita católica americana trouxe à tona o papel de negociador não-oficial exercido pelo agora ex-cardeal com a China.”
SINAL DE DEUS
McCarrick realmente fez oito viagens à China, entre suas muitas atividades diplomáticas. “Chegou a ficar hospedado em Pequim num seminário sob controle do Estado”, anotou a vaticanista, sem ironia aparente. O ex-cardeal sempre foi um ativo defensor do acordo agora selado pelo Vaticano.
Só para lembrar. McCarrickl caiu em desgraça por causa dos processos na justiça comum americana revelando o segredo de Polichinelo sobre suas atividades extracurriculares de abuso de menores e maiores.
O papa foi envolvido no escândalo depois que o arcebispo italiano Carlo Maria Viganò o acusou de ignorar a punição secreta de Bento XVI a McCarrick e reabilitar sua carreira de representante diplomático não-oficial da Igreja.
Viganò fez a denúncia e sumiu do mapa, ressurgindo agora com outra declaração, vertendo veneno contra o papa, em que reafirma a “decisão mais difícil de minha vida”.
Francisco optou pela tática altamente discutível de não se pronunciar a respeito, num silêncio cheio de insinuações que agravou as tensões internas da igreja.
A tática das insinuações voltou a ser usada por ele no caso da China. Na tradicional “entrevista do avião”, quando fala aos vaticanistas e repórteres em geral na volta de alguma viagem ao exterior (dessa vez, aos países bálticos), ele disse que recebeu muitas cartas de apoio depois da grave acusação de Viganò.
Entre as manifestações, uma veio de um bispo da igreja oficialmente reconhecida pelo regime chinês e outra de um bispo da igreja clandestina. Viu nisso “um sinal de Deus” para fazer o acordo com a China, promovendo a unificação.
É preciso ter muita fé para entender o salto duplo mortal carpado da lógica franciscana. O tipo de fé extraordinária dos padres e bispos chineses que, encarcerados ou severamente vigiados, mantiveram durante décadas.
No jornal South China Morning Post, de Hong Kong, um desses resistentes, identificado sob o nome fantasia de padre Mateus, disse que, agora, pretende se aposentar, em silêncio obsequioso. Ele passou décadas em prisões chinesas por não aceitar a submissão à igreja estatal.
O título da reportagem é “Traídos e abandonados: por que os católicos chineses na clandestinidade se sentem como Jesus na Sexta-Feira Santa”.
Existem cerca de 10 milhões de católicos na China. Cerca de 40% são fieis da clandestinidade. Seu pastor máximo agora quer que saiam dela e aceitem a palavra final do Estado chinês.
Por quanto tempo continuarão a dizer a declaração de fé na “Igreja una, santa, católica e apostólica”, que faz parte do Credo desde o Concílio de Niceia, realizado no ano 325?
E como aceitarão as insinuações nada sutis de que a culpa disso tudo é do Trump, que quis prejudicar a Santa Madre só por causa da rivalidade com a China?
Os crentes sempre têm o consolo da falta de lógica da crença. Talvez os chineses “traídos e abandonados” creiam que “a fé vê o invisível, acredita no inacreditável e recebe o impossível”.

Veja

"Porsche branco e três tiros na cabeça: a morte da influencer", por Vilma Gryzinski

Andar pelas ruas de Bagdá num Porsche conversível branco com bancos em couro vermelho foi o último ato de inocente exibicionismo de Tara Fares.
A bem sucedida seguidora do triângulo miss, modelo e influencer do Instagram queria, como tantas outras jovens, ser uma Kardashian – provavelmente Kyllie Jenner, a caçula do clã K que desbancou a irmã mais velha, Kim.
Chegou a arrasar com 2,7 milhão de seguidores que curtiam as sobrancelhas poderosas, os lábios sobrenaturais, a maquiagem industrial, os penteados mutantes e os decotes comparativamente recatados da ex-Miss Bagdá, segunda classificada no Miss Iraque.
Três tiros, na cabeça e no peito, coisa de profissional, disparados pelo carona de uma moto, acabaram com a festa de Tara. Ela tinha 22 anos. Foi feita uma prisão.
Segundo os relatos relativamente esparsos para uma influencer tão conhecida, Tara Faraes Chamoun tinha mãe libanesa e pai iraquiano,  morava no Curdistão, ia frequentemente a Bagdá e era cristã.
Teoricamente, estava fora das exigências sobre comportamento feminino feitas pelos seguidores fundamentalistas do Islã.
Na prática, tudo costuma ser diferente em países onde exibir qualquer pedaço do corpo feminino contraria códigos inquebrantáveis.
Aliás, do corpo masculino também. No ano passado, o ator e modelo Karar Nushi foi atacado, mutilado e assassinado a facadas.
Os longos e alisados cabelos loiros, os olhos verdes e as roupas justas, normais nos meios onde circulava, foram associados a homossexualidade e devidamente, do ponto de vista dos fundamentalistas, castigados. O caso ficou conhecido como o do modelo morto “por ser bonito demais”.
Antes e durante a ditadura de Saddam Hussein, o Iraque era um país relativamente ocidentalizado, pelo menos nas grandes cidades. Homens e mulheres não usavam os trajes tradicionais, bares e restaurantes (pertencentes a cristãos, pelo menos no papel) serviam bebidas alcoólicas e as tensões sectárias eram controladas na ponta do fuzil, de forma brutal.
A ascensão xiita depois da invasão americana transformou em norma dominante o estrito código disseminado pelos aiatolás do Irã. Nos lugares sunitas onde a ocidentalização mal havia chegado, a coisa continua a mesma.
O assassinato de Tara Fares foi comparado ao caso da paquistanesa Qandeel Baluch, asfixiada pelo irmão para “limpar a honra” da família.
Qandeel, nada originalmente chamada de “Kim Kardashian do Paquistão”, era muito mais audaciosa do que a influencer iraquiana.
Fazia provocações para aumentar a popularidade nas redes sociais e participava de programas de televisão com uma queda para o escândalo.
Bombou de vez quando mostrou fotos tiradas um quarto de hotel  com um mufti, a palavra empregada para designar uma autoridade em assuntos religiosos. Embora alegasse que queria orientar as ovelhas desgarradas, o mufit foi suspenso. Qandeel  aumentou espetacularmente seu índice de celebridade.
No período entre a fama e a fuga de sua aldeia, largando o marido e perdendo a guarda do filho, foi garota de programa. Sustentava a família, incluindo o irmão encarregado de estrangulá-la durante uma visita à casa dos pais.
A morte dela foi exigida pelo conselho da aldeia e endossada pelos familiares. Um documentário sobre o caso mostra, entre outras cenas de cortar o coração, o pai dela na cadeia, dizendo que faria tudo de novo para salvar o nome da família.
Por causa do assassinato de Qandeel, foi aprovada uma lei no Paquistão revogando a prática disseminada, ancorada em princípios muçulmanos, de liberar homicidas nos casos de “crimes de honra” quando a família da vítima perdoa o crime. A prática também valia para casos de estupro.
Entre as mensagens de solidariedade de amigos e seguidores de Tara Fares, apareceram também manifestações de apoio ao crime. Um jornalista da televisão estatal chegou a tuitar que ela era uma ordinária. A palavra foi outra..

Veja

"A vingança anunciada de Lula", por José Nêumanne


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, negou pedido de seu antigo parceiro do Trio Ternura da Segunda Turma Ricardo Lewandowski, que requereu o agendamento da votação de duas ações que podem mudar a jurisprudência da autorização para prisão após condenação em segunda instância. Isso não quer dizer, necessariamente, que o ex-advogado de José Dirceu, do PT e da União no primeiro mandato de Lula tenha mudado de opinião sobre o tema. Ele continua firme ao lado de Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Gilmar Mendes na defesa da volta ao status quo ante, que, numa interpretação duvidosa do artigo 5.º, inciso VII, da Constituição, subordinava o começo do cumprimento de pena ao chamado “trânsito em julgado”. Ou seja, que os quase infinitos recursos sejam julgados, o que leva a pena para as calendas.
O que pode ter motivado a negativa de Toffoli, confirmando sua afirmação anterior à posse de que não agendaria a discussão para mudança da jurisprudência, deve ser certa trégua que achou conveniente propor à sociedade e aos agentes do Estado. Mas a pressa e o despudor com que o ex-revisor do mensalão agiu dão a entender que pode ser uma tentativa de servir de pretexto para que o ministro que nunca passou num concurso público para juiz se sinta estimulado a quebrar a promessa. De qualquer maneira, tanto a transferência do julgamento do recurso contra a decisão adotada em abril pelo plenário do próprio STF de não soltar Lula do plenário virtual (na prática, automático e pacificado) quanto a pressão para o agendamento das ações pedindo relaxamento de prisão de condenados em segunda instância são sinais claros de que a bancada do PT na cúpula do Judiciário quer aproveitar-se de todas as oportunidades para mandar Lula de volta ao lar, doce lar. E não está de todo afastada a hipótese de que Toffoli não ceda a essa pressão, “docemente constrangido”.
Nesse panorama é que tem sido noticiada outra decisão sôfrega e trêfega do ministro do Supremo que não hesitou em rasurar a Constituição para permitir que, mesmo deposta por impeachment, Dilma Rousseff não tivesse de cumprir quarentena de oito anos sem cargo público após o julgamento dos delitos que a apearam do poder. Refiro-me ao fato de o mesmo ministro Ricardo Lewandowski haver autorizado o protagonista do habeas corpus em questão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a conceder uma entrevista à colunista social Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo. A informação foi confirmada na sexta-feira 28 de setembro pela assessoria do magistrado à agência de notícias Reuters e foi devidamente divulgada por ampla cobertura nos meios de comunicação e redes sociais. Essa foi a primeira decisão favorável a Lula desde que ele foi preso em abril deste ano, após condenação no processo do tríplex no Guarujá (SP).
O ex-presidente também teve, durante a campanha eleitoral, até ter sua candidatura ao Palácio do Planalto barrada pela Lei da Ficha Limpa, todos os pedidos anteriores para falar com a imprensa rejeitados.
O resultado final da votação para mudar, ou não, a jurisprudência em questão dependerá do fiel da balança representado pelo voto da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber. Ela tem votado contra o habeas corpus, negando sua convicção pessoal e apoiando a decisão do colegiado. Resta saber como votará se for posta sobre o prato da balança a possibilidade de mudar a jurisprudência com nova maioria.
Convém chamar a atenção para a proximidade do primeiro turno da eleição, marcado para o domingo 7 de outubro, para o qual o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, aparece nas pesquisas como segundo colocado e, portanto, forte candidato a passar para o segundo turno. E não será leviano imaginar como essa pressão poderá fortalecer-se caso isso venha a ocorrer e, mais, o ex-prefeito de São Paulo vença a disputa final contra o primeiro colocado agora, Jair Bolsonaro, do PSL, da extrema direita. Antes mesmo de se concretizarem tais hipóteses, convém alertar aqui, mais uma vez, para o plano de vendetta armado para aproveitar a coincidência de dois petistas no poderoso comando de dois Poderes da República: o próprio Haddad e o supracitado Toffoli.
Não é absurda a hipótese de, caso Fernando Haddad seja de fato eleito, Lula sair da cadeia e os procuradores da Lava Jato entrarem no lugar dele.
Em sua primeira entrevista como presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli disse que “o STF sempre deu suporte à Lava Jato, vamos parar com essa lenda urbana, com esse folclore”. Mas Josias de Souza, colunista do UOL, garante que a recente tentativa de enquadramento do procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa da Operação Lava Jato, foi resolvida numa troca de mensagens por WhatsApp, instrumento, no mínimo, inusitado de decisões jurídicas, entre o presidente do STF e o corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel. Conforme foi noticiado pelo Estadão, este “comunicou a Dias Toffoli a abertura de Processo Administrativo Disciplinar contra o procurador Deltan Dallagnol”. Josias completou a notícia com um detalhe: numa mensagem o ministro mandou ao procurador um link com as críticas do colega deste no Paraná publicadas no jornal. Na resposta, Rochadel foi solícito ao responder também pelo celular e informar que estavam sendo tomadas as “providências pertinentes”. Toffoli respondeu: “Grato”.
Tudo isso depois de o mesmo corregedor haver tentado censurar outro procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, recomendando que evitasse “mencionar pessoas investigadas por ele e outros membros em publicações nas redes sociais e na esfera privada”.
Segundo o site O Antagonista, que deu a informação acima, “Orlando Rochadel Moreira é amigo de Ela Wiecko e foi procurador-geral de Justiça de Sergipe, durante o governo do petista Marcelo Déda. Déda morreu em 2013, mas o petismo do censor de Carlos Fernando dos Santos Lima continua bem vivo”.
No Jornal Eldorado da sexta-feira 28 de setembro comentei notícia divulgada pelo site BR18 segundo a qual, “na agenda de divulgação de seu livro, o ex-presidente do PT e ex-chefe da Casa Civil no primeiro governo de Lula, José Dirceu, passou o que talvez possa ser considerado um aviso”. Fê-lo ao responder ao diário espanhol El País sobre a possibilidade de o PT ganhar a eleição e “não levar” por causa da oposição da direita.
Reproduzo aqui a resposta de Dirceu: “Acho improvável que o Brasil caminhará para um desastre total. Na comunidade internacional isso não vai ser aceito. E dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”. Foi, segundo ele, por essa falta de força que medidas como uma reforma tributária não foi feita nos 13 anos de governo petista. “Tem que acumular força. Eles (a direita) priorizaram a mobilização popular, deles, da classe média, durante o nosso governo”.
No comentário lembrei a semelhança da sentença do petista com frase atribuída ao então secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Luiz Carlos Prestes, quando reconheceu que seus camaradas estavam no governo de João Goulart, mas ainda não estavam no poder. A frase foi, entre outros, um Leitmotiv do golpe militar, puxado por certo general Mourão Filho, que se autodenominava “vaca fardada” e mobilizou suas tropas em Minas para ocupar o Rio de Janeiro, dando início ao movimento que depôs o governo constitucional do petebista gaúcho. Não vejo hoje sinais lúgubres de ruptura institucional como a de 1964, até porque o Mourão Filho atual não comanda tropas e é mais inofensivo do que propagam os temerosos de Bolsonaro levá-lo ao poder e a um autogolpe. Mas não seria prudente descuidar do vaticínio de Dirceu.
Não seria de todo paranoico imaginar que, num eventual governo federal petista a ser empossado em 2019, algum alto funcionário dos Poderes da República e devoto do presidiário de Curitiba, gente do naipe de Haddad, Toffoli e Lewandowski, estivesse disposto a apunhalar as instituições, como Adélio Bispo de Oliveira fez com Bolsonaro em Juiz de Fora. E, em consequência, perseguisse, de forma implacável, os agentes da lei pelos quais afirmam que seu guru é perseguido. Seria o caso de prevenir, porque, com o fato consumado, não haverá remédio para ministrar.

Com Blog do Augusto Nunes, Veja

Triplica número de jovens que não estudam, não trabalham e nem buscam emprego no Brasil. Pudera! Depois de uma década e meia de Lula-Dilma e o puxadinho Temer...

Moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Vitória Camões, de 21 anos, esteve muito perto do sonho de se tornar arquiteta. Conseguiu bolsa integral e chegou a frequentar uma semana de aulas, no início deste ano. Mas esbarrou na falta de dinheiro para o transporte até a faculdade, na Zona Norte do Rio, e o material para as aulas. Para estudar, precisa trabalhar. Técnica em design de interiores, não consegue uma vaga porque não tem experiência. De tanto ouvir “não”, desistiu de procurar emprego e de estudar.

— Em todo lugar que deixava currículo, perguntavam se eu tinha experiência. Esse é o maior obstáculo. Pedem experiência a alguém que nunca trabalhou antes — reclama Vitória, cuja família, composta por quatro pessoas, tem renda de R$ 1.500 mensais.




Daiane Costa e Bárbara Nóbrega, O Globo

Morre, aos 89 anos, a cantora Angela Maria


A cantora Angela Maria - Divulgação

A cantora Angela Maria, de 89 anos, morreu, na noite deste sábado, após 34 dias internada num hospital particular de São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório está marcado para este domingo, a partir das 10h, no Cemitério Congonhas, em Vila Sofia, São Paulo.

Angela foi uma das cantoras mais famosas do Brasil nos anos 1950 e 1960. Ela tinha 70 anos de carreira. O empresário da artista, Thiago Marques Luiz, postou, em sua página do Facebook, uma foto ao lado dela e escreveu sobre sua importância no mundo da música:

"Com o maior pesar do mundo informo a todos vocês que a maior cantora do Brasil, a nossa Rainha Angela Maria, não está mais entre nós. Foram 89 anos de vida e quase 70 de sucesso, reconhecimento, carinho e respeito de todo povo brasileiro. Não houve (e por certo não haverá) nenhuma cantora na nossa música com história semelhante em termos de produtividade, importância e longevidade. Tenho muito orgulho de ter Angela Maria na minha história e, principalmente, de ter dado a ela todas as flores em vida. Pra sempre te amarei, “Estrela da nossa canção popular”, escreveu.

Em um vídeo publicado no site oficial da cantora, o companheiro da artista anunciou a morte da mulher e disse que ela "estava sofrendo muito" nos dias em que passou internada. A informação sobre o falecimento também foi confirmada ao GLOBO, por telefone, pela cunhada de Angela, Rosana D'Angelo.

Os 70 anos de carreira da artista foi celebrado com o musical “Angela Maria — Lady Crooner”, apresentado, em junho, no palco do Teatro Carlos Gomes. A peça contou a trajetória pessoal e profissional da “Rainha do Rádio” — Angela foi uma das maiores estrelas da era de ouro da Rádio Nacional.

Em abril, a cantora apresentou a turnê “Angela Maria e as canções de Roberto e Erasmo”, quando levou aos palcos, além de suas canções, sucessos como “Sentado à beira do caminho”, “Você em minha vida”, “Sua estupidez”, “Eu disse adeus", “O show já terminou” e “Como é grande o meu amor por você".

RAINHA DO RÁDIO

No ano de 1929, nascia em Macaé a dona da voz que viria a ser uma das mais famosas do país. Angela Maria — nome artístico de Abelim Maria da Cunha — gravou seu primeiro disco aos 23 anos, a contragosto dos pais, que eram extremamente conservadores e não apoiavam a escolha profissional da filha. Mas a oposição não foi suficiente. Este ano, a Rainha do Rádio ou Sapoti, como era conhecida, completou 70 anos de carreira, ao longo dos quais lançou mais de 114 discos e superou a marca de 60 milhões de trabalhos vendidos.

A paixão pela música começou na infância, quando cantava no coral da igreja evangélica, onde seu pai era pastor. Conhecida no Brasil e no mundo, são dela sucessos como “Gente humilde”, “Babalu”, “Lábios de mel", “Tango para Tereza” e “Falhaste coração”.
O Globo

"O perigo da minoria", por Merval Pereira

O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas do Rio fez um estudo sobre as condições de governabilidade dos principais candidatos a presidente, publicado no site jurídico Jota. “Presidentes minoritários não apenas enfrentam mais dificuldade para aprovar a sua agenda no Legislativo, mas também gastam mais recursos políticos e financeiros para governar”.

Também são objeto de maior escrutínio político do Legislativo, adverte, tornando seus governos mais vulneráveis a crises políticas, que podem inclusive abreviar seus mandatos presidenciais. “Coligações eleitorais maiores tendem a gerar maior conforto para o presidenciável construir coalizões de governo, pois necessitará atrair um número menor de partidos para alcançar maiorias legislativas”.

Percebe-se, portanto, diz ele, que o esforço de montar coalizões majoritárias de governos como o de Haddad e de Bolsonaro será muito maior do que no de Geraldo Alckmin, por exemplo. “É importante destacar, entretanto, que o Legislativo no Brasil delegou para o Executivo muitos poderes constitucionais (medidas provisórias, vetos total e parcial etc.), procedimentais (urgência) e orçamentários”.

 Além de capacitarem o presidente a determinar a agenda, analisa Carlos Pereira, esses poderes incentivam a maioria dos outros partidos a gravitarem em torno do governo, como parceiros de coalizão, para terem acesso a recursos políticos e financeiros sob controle do presidente.

 “Coalizões que espelham a preferência mediana do Legislativo tendem a gerar menores problemas de coordenação para o presidente e, consequentemente maior sucesso legislativo a um menor custo de governabilidade”, diz ele. Na sua análise, o próximo Congresso deve se manter de centro-direita, e os candidatos de partidos localizados próximos a esse espectro ideológico terão mais facilidade de montar coalizões.

Como, segundo Carlos Pereira, os partidos políticos tenderão a diminuir suas bancadas, um maior número de legendas se transformará em partidos médios. O que vai exigir “maiores habilidades governativas do futuro presidente e grande capacidade de gestão de sua respectiva coalizão, pois o ambiente legislativo será ideologicamente mais diverso e com partidos com maior capacidade de veto e de interferência no processo decisório”.

As principais variáveis de gerência de coalizão são, segundo a análise de Carlos Pereira: distância ideológica da coalizão de governo para o plenário da Câmara dos Deputados; percentagem do número de cadeiras ocupadas do partido do presidente; concentração de poder medido pela quantidade de ministérios ocupados pelo partido do presidente e o tamanho da coalizão.

O índice de custo de gerência da coalizão (ICG) utilizado por ele na pesquisa sumariza as seguintes variáveis: o tamanho do governo medido pelo número de ministérios, emendas (valor em R$) executadas de autoria dos parlamentares pertencentes aos partidos da coalizão e gastos totais dos ministérios alocados a partidos aliados.

Por esses critérios, Fernando Haddad é o candidato que apresenta maiores custos de governabilidade, mesmo no cenário mais benevolente de baixa distância ideológica entre a coalizão e o plenário da Câmara; com o PT ocupando cerca de 15% de cadeiras no parlamento; concentrando menos ministérios e compartilhando poder com os parceiros de coalizão; e com um tamanho expressivo de partidos na coalizão.

Entretanto, “cenários menos benevolentes de uma alocação monopolista de ministérios para o PT e com a diminuição de parceiros na coalizão teriam o potencial de alçar um governo Haddad aos padrões de custo de governabilidade e conflito executivo-legislativo superiores aos encontrados durante governo Dilma Rousseff, que terminaram levando ao seu impeachment”.

Caso Bolsonaro alcance a presidência, as simulações indicam que ele enfrentaria um custo de governabilidade intermediário entre Fernando Haddad e um candidato de centro. Em um cenário menos benevolente, a gestão de coalizão de Bolsonaro na presidência geraria custos de governabilidade muito altos, semelhante a um governo do PT.

“Entretanto, se Bolsonaro escolher gerir sua coalizão mirando a mediana do plenário do Congresso, não monopolizar poder e recursos no seu próprio partido e atrair um maior número de parceiros para a sua coalizão, é esperado que ele enfrente custos relativamente baixos de governabilidade, similares aos encontrados em governos de um candidato de centro”.

O Globo

PT e PC do B assinam apoio a regime de Nicolás Maduro

Os três principais partidos de 'esquerda' do Brasil – PT, PC do B e PDT – intensificaram o discurso em defesa do regime chavista de Nicolás Maduro na Venezuela no momento que o país vizinho vive uma escalada de violência política que já deixou mais de cem mortos desde abril, segundo o Ministério Público local.
PT e PC do B subscreveram em Manágua, capital de Nicarágua, a resolução final do 23.º Encontro do Foro de São Paulo, organização que reúne diversos partidos de esquerda da América Latina e do Caribe.
O texto defende a elaboração de uma nova Constituição que amplia os poderes de Maduro, exalta o “triunfo das forças revolucionárias na Venezuela” e diz que a “revolução bolivariana é alvo de ataque do imperialismo e de seus lacaios”.

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Gleisi Hoffmann, 'amante do Petrolão' e presidente do PT, participou do 23.º Foro de São Paulo, realizado na Nicarágua Foto: FORO DE SÃO PAULO
Presente ao encontro, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), fez um discurso no qual afirmou que o partido manifesta “apoio e solidariedade” ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro “frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela”. 
Os representantes brasileiros no Foro não fizeram menção ao ataque ao parlamento neste mês promovido por militantes chavistas ou às denúncias de violência por parte do aparato militar oficial do Estado. 
O acirramento da violência tem como marco a morte de dois estudantes. Jairo Ortiz, de 19 anos, levou um tiro no tórax durante um protesto. Dias depois, Daniel Queliz, 20 anos, foi morto com um tiro no pescoço. Para a oposição, Maduro quer mudar a Constituição para ampliar seus poderes. 
“Nosso apoio ao Maduro é total. O Foro foi bem unificado em relação à Venezuela. Não houve omissão, porque a virulência da oposição está grande e conta com muito apoio externo”, afirmou Ana Prestes, da Fundação Maurício Grabois e uma das representantes do PC do B. 
Em Manágua, representantes do PT e do PC do B também condenaram o ataque feito por oposicionistas à Corte Suprema venezuelana. O PDT não enviou representantes ao evento, mas alinhou o discurso. “Nós apoiamos a autonomia do povo venezuelano de decidir seu destino. Condenamos atos de violência, mas pontuamos que, no caso da violência, ela vem dos dois lados”, disse Carlos Lupi, presidente nacional do PDT. 
O evento na Nicarágua, que homenageou o líder cubano Fidel Castro, produziu uma resolução de rechaço ao que foi chamado de “golpe de Estado” no Brasil e de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Reduzido. Oficialmente, o Foro de São Paulo tem sete partidos brasileiros inscritos: PT, PDT, PC do B, PCB, PPL, PSB e PPS. A maioria deles, porém, deixou de enviar representantes ao evento nos últimos anos. 
O secretário-geral do PCB, Edmilson Costa, disse que o partido tem críticas ao Foro, mas apoia “incondicionalmente o governo bolivarianista de Maduro”. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o partido nunca participou do encontro, mas preferiu não opinar sobre o regime de Maduro. 
O ex-ministro Roberto Freire, presidente do PPS, disse que estava no início do Foro de São Paulo, mas se afastou. “Era uma reunião na qual existiam partidos que tinham uma visão democrática bem acentuada, tal como nós. Imaginava-se que aquilo iria ser uma organização pluralista. No momento em que passou a ser um instrumento de concepções antidemocráticas e totalitárias que resultaram nessa ditadura venezuelana, o partido se afastou.”
O Foro foi fundado em 1990 por Lula e Fidel. O objetivo inicial era debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim. A primeira edição ocorreu na cidade de São Paulo, daí o nome dado ao encontro. Desde então, ocorre a cada um ou dois anos. 
‘Plataforma’. Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Oliver Stunkel, o Foro de São Paulo teve maior importância no primeiro mandato de Lula, a partir da atuação do então assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. “Era uma plataforma importante para auxiliar os presidentes no momento em que a esquerda crescia na America Latina”, disse Stunkel. 
Essa importância, segundo o professor, já não é a mesma porque os representantes dos países no Foro não têm mais ligação direta com os presidentes da República. No início do governo Lula, lembrou, as esquerdas viviam um período de ascensão no continente. A influência do Foro era sentida nas negociações do Mercosul e até nas decisões econômicas do Brics (grupo de países emergentes).
Além do próprio Lula, o período teve governantes como Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai) e Manuel Zelaya (Honduras). 
Pedro Venceslau, Gilberto Amendola e Valmar Hupsel Filho, O Estado de S.Paulo
Texto originalmente publicado em 22 Julho de 2017

Bolsonaro prepara equipe para o 2º turno das eleições 2018

Às vésperas das eleições 2018, conselheiros do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, preparam ações para reforçar uma possível campanha no segundo turno, quando o capitão reformado deverá ter 10 minutos no horário de rádio e TV para o embate direto com o petista Fernando Haddad – se o resultado das urnas confirmar as pesquisas de intenção de votos. 
Enquanto consolida as análises, o grupo começa a ser tratado dentro da campanha como embrião do ministério de um eventual governo Bolsonaro. Dele participam generais da reserva, antigos colegas do candidato na Câmara, representantes de classe e de setores da economia que se aproximaram do deputado nos últimos meses. Em entrevistas, Bolsonaro afirma que vai formar um “time técnico”.
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência Foto: Fabio Motta/Estadão
A hierarquia de poder e influência dentro do “núcleo duro” da campanha leva em conta as prioridades de seu plano de governo. Misto de secretário pessoal e assessor, o advogado Gustavo Bebbiano é presidente interino do PSL. Ele ajuda nas articulações políticas, participa da distribuição de verba do partido e controla a agenda do candidato.
O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, que prepara estudos nas áreas de Defesa e segurança pública, o também general da reserva Osvaldo Ferreira (infraestrutura), o economista Paulo Guedes (economia), e o líder ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia(agricultura) são, atualmente, os conselheiros de mais destaque. 
O plano de governo para a agricultura prevê numa mesma pasta a agricultura familiar, o Incra e, possivelmente, o Ibama. A agricultura familiar ganharia uma autarquia nos moldes da Embrapa. Ele diz que não haveria diálogo com “organizações” como o MST e as negociações ocorreriam com entidades como a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetag). “O Brasil não precisa de reforma agrária, mas de colonização para assentar as famílias, sem ideologias”, disse Garcia. 
Os estudos na área de defesa e soberania nacional preveem o “fortalecimento” da Funai, órgão indigenista que foi sucateado pelos governos do PT e do PSDB. Funai, Ibama, Polícia Federal e a Receita Federal estariam integrados numa política de Estado para a Amazônia. O grupo avalia que é preciso maior rigor na liberação de entrada de ONGs estrangeiras em terras indígenas. 
O administrador do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata, e o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), são cotados para chefiar a pasta da Saúde num eventual governo Bolsonaro. 
Bolsonaro tem recebido políticas de segurança de colegas da Câmara. O candidato manifestou interesse em colocar Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na chefia da Casa Civil. Pelo menos três outros nomes são ouvidos por Bolsonaro na área da segurança pública: Fernando Francischini (PSL-PR) e Major Olímpio (PSL-SP), ambos deputados, e o coronel Ney Oliveira Müller
Na área de ciência e tecnologia, o candidato costuma citar como referência o nome do astronauta Marcos Pontes, que é tenente-coronel da reserva da Força Aérea, como um dos cotados para assumir pasta na área.

Guedes tem ‘palavra final’ na economia 

Indicado por Bolsonaro como futuro ministro da Economia, numa pasta que concentraria os poderes dos atuais ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Paulo Guedes organiza e comanda as discussões técnicas do programa. Há mais de 30 especialistas debruçados sobre o diferentes temas, entre eles Luciano Irineu de Castro, doutor em matemática e professor da Universidade de Iowa, Adolfo Sachsida, doutor em economia e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Arthur Weintraub, advogado e professor da Unifesp.
Desde que se tornaram públicas propostas econômicas de Guedes, como um plano de simplificação tributária que envolveria a criação de imposto sobre movimentações financeiras, a ordem é que os colaboradores não deem entrevistas.
A fidelidade a Bolsonaro e a Guedes é repetida por aqueles que aceitaram falar sob reserva com o Estado. Eles repetem que “a palavra final” sobre o que entra ou sai do programa é de Guedes. É o economista também quem organiza as equipes e autoriza a entrada de novos “voluntários”, como são chamados os colaboradores.
O resultado é que, todos os dias, há alguma reunião ocorrendo. Parte do debate ocorre via WhatsApp. Há conversas também por meio do Skype. Há ainda especialistas que não compõem a equipe mas são ouvidos por Guedes para burilar suas ideias.
É o caso de Marcos Cintra, autor da proposta de imposto único que tem a simpatia de Guedes, e de Roberto Castello Branco, ex-diretor do BC e atualmente na FGV que deu sugestões para a área de óleo e gás. 

Leonencio Nossa e Renata Agostini, O Estado de S.Paulo