quinta-feira, 31 de julho de 2025
Nikolas repercute sanção a Moraes: 'Brasil tem respiro de democracia'
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) - Foto: Reprodução/Vídeo/@nikolas_dm
Na noite desta quarta-feira, 30, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou um vídeo em suas redes sociais no qual repercute a sanção dos Estados Unidos (EUA) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos primeiros minutos da gravação, o parlamentar explica as medidas às quais o juiz está sujeito. A medida, que tem base na Lei Global Magnitsky, bloqueou possíveis bens do magistrado no país e também restringiu seu acesso a serviços de empresas norteamericanas, além de proibir sua entrada nos EUA.
Afinal, o que está em jogo? pic.twitter.com/dqShtzJ1ew — Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) July 30, 2025
O bloqueio também atinge ativos relacionados a empresas com vínculos com Moraes. Ele não pode realizar transações financeiras com cidadãos nem instituições dos Estados Unidos, o que envolve, por exemplo, a utilização de cartões de crédito emitidos por bandeiras norte-americanas.
Para Nikolas, a medida contra Moraes se difere de outros alvos norteamericanos, como venezuelanos e cubanos, já que, no Brasil, há uma democracia estabelecida. É esta tese que o deputado segue ao longo do vídeo.
“Nos outros locais em que os EUA usa a Lei, já há uma ditadura estabelecida, mas, no Brasil, tem um respiro de democracia, como, por exemplo, falar na internet… é uma bela rachadura nessa tirania”, desse o parlamentar.
“Será que essas sanções vão fazer com que Moraes e o consórcio recuem nas decisões arbitrárias? Ninguém sabe, mas não podemos deixar de fazer o nosso papel no Brasil. Por isso, vamos nos manifestar no próximo domingo, 3.” Na conclusão do material, Nikolas Ferreira afirma que o brasileiro deve se manifestar a favor do impeachment de Moraes. “Tudo o que eles querem que você faça é desistir”, afirmou. “Não podemos ter menos persistência que esses caras.”
Lucas Chelddi - Revista Oeste
Magnitsky e tarifaço impulsionam ato de domingo
Manifestações estão previstas em pelo menos sete Estados do país
Parlamentares da oposição convocaram manifestações para o próximo domingo, 3, em várias regiões do país. A mobilização ocorre em resposta às sanções impostas por Donald Trump ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os atos, impulsionados pelo tarifaço e pela aplicação da Lei Magnitsky ao magistrado brasileiro, pedem o fim dos “abusos” da Suprema Corte.
As manifestações estão previstas em pelo menos sete Estados: Rio Grande do Sul, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Goiás. Na capital fluminense, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocou a oposição para se reunir na Praia de Copacabana.
“O que estamos atravessando hoje no Brasil estará nos livros de história amanhã”, publicou Flávio em suas redes sociais. “Perdemos nossa liberdade aos poucos, normalizamos perseguições e fingindo que está tudo normal no país.”
Flávio Bolsonaro - Mais do que nunca, o Brasil precisa de cada um de nós! Te convido a lutar pela nossa liberdade em Copacabana, neste domingo (3/Ago), às 11:00, em frente ao Posto 5. Espero você lá! #ReajaBrasil
Já o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) pede que os participantes levem aos atos slogans como “Fora Lula, fora Alexandre de Moraes”.
“Está em nossas mãos mudar o Brasil”, destacou o parlamentar. “No dia 3 de agosto, vamos todos às ruas e às praças para dizer ‘não’ aos abusos de Alexandre de Moraes. Fora Lula, fora Alexandre de Moraes.”
Nas Ruas - Deputado Sanderson faz um convite para todos saiam às ruas no dia 03 de agosto para lutar pelo nossa Brasil.
No Estado de São Paulo, os atos devem ocorrer em Bariri, Bauru, Campinas e São José dos Campos. Na capital, a manifestação está marcada para as 14 horas, na Avenida Paulista.
Nesta quarta-feira, 30, a punição do governo norte-americano a Moraes dominou as discussões na plataforma X. Termos como “grande dia”, “Lei Magnitsky”, “Xandão” e “obrigado Eduardo Bolsonaro” estiveram entre os dez assuntos mais comentados da rede social.
Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, a legislação permite que o país aplique sanções econômicas a “perpetradores de graves violações de direitos humanos em todo o mundo”.
Desta forma, o órgão justifica que Moraes utilizou o cargo na Suprema Corte para “autorizar detenções arbitrárias preventivas à liberdade de expressão”.
Nas Ruas - O nosso pedido é: REAJA BRASIL! A manifestação vai acontecer em todas as cidades do Brasil no dia 3 de agosto. Aqui em São Paulo convido você e sua família para uma manifestação pacifica, às 14h, no dia 3 de agosto, na Avenida Paulista. Até lá!
Luís Batistela - Revista Oeste
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Em referência a Alexandre de Moraes, Estados Unidos dizem que vão intensificar combate a ‘agentes malignos’
Governo Trump justifica sanções como medida para proteger e fortalecer democracia no continente contra "indivíduos nocivos"
Os Estados Unidos (EUA) sinalizam uma escalada em seu empenho para combater o que chamam de “agentes estrangeiros malignos”. O movimento refere-se sobretudo ao comportamento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Foi o que manifestou nesta quarta-feira, 30, o Bureau of Western Hemisphere Affairs. A entidade, que trata de assuntos do hemisfério ocidental sob a sigla WHA, executa a política externa norteamericana em todo o continente. A abrangência vai do Canadá até a ponta da América do Sul e o Caribe.
EUA: contra os “indivíduos nocivos” Em um movimento de alto impacto, Washington estaria avaliando a aplicação de outras sanções, além de Moraes, no âmbito do Programa Global Magnitsky de Sanções.
A iniciativa destaca a determinação dos EUA em mobilizar “todos os instrumentos diplomáticos, políticos e jurídicos adequados e eficazes”. A instituição fala em “atingir indivíduos que considera nocivos aos seus interesses e à estabilidade democrática”.
A informação, que repercute em círculos diplomáticos, ressalta a seriedade da abordagem do governo de Donald Trump. Reflete desse modo a declaração de que “os Estados Unidos estão tomando medidas adequadas e eficazes para combater agentes estrangeiros malignos”.
Com um secretário adjunto de Estado à frente, o WHA coordena as ações do governo dos EUA por meio de suas embaixadas e consulados em 30 nações da região. A sanção a um membro do judiciário brasileiro, como o ministro Moraes, reflete, conforme dizem autoridades do governo Trump, a prioridade em “defender a Carta Democrática Interamericana” e apoiar a democracia.
The United States is taking action against Brazilian Supreme Court Justice Alexandre de Moraes under the Global Magnitsky sanctions program. We will use all appropriate and effective diplomatic, political, and legal instruments to counter foreign malign actors.
Bureau of Western Hemisphere A aplicação das sanções Global Magnitsky, ferramenta que se
direciona a indivíduos com envolvimento em sérias violações de
direitos humanos e corrupção, seria um claro indicativo de que os
Estados Unidos estão firmes em usar todas as suas prerrogativas
para confrontar o que percebem como ameaças à democracia e à boa
governança no hemisfério.
Fábio Boueri - Revista Oeste
Lei Magnitsky: entenda as consequências que o ditador Alexandre de Moraes vai enfrentar
Sanções incluem bloqueio de bens, proibição de entrada nos EUA e isolamento internacional
O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta terça-feira, 30, a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida impõe sanções severas ao magistrado, incluindo o congelamento de bens, restrições de visto e exclusão do sistema financeiro norte-americano.
O Departamento do Tesouro dos EUA, responsável pelo anúncio da punição ao ministro brasileiro, classifica Moraes como responsável por “graves violações de direitos humanos”.
A Lei Magnitsky, criada em 2016, permite ao governo norte-americano punir autoridades estrangeiras envolvidas em corrupção ou abusos contra liberdades civis, mesmo fora do território dos Estados Unidos.
A sanção contra Alexandre de Moraes
Moraes está agora proibido de entrar ou transitar em território norteamericano. Qualquer ativo que o ministro eventualmente possua em solo norte-americano será congelado. Além disso, bancos e empresas com sede nos EUA ou com negócios no país ficam impedidos de manter relações com o magistrado. Isso inclui operadoras de cartão de crédito, plataformas digitais e instituições financeiras globais.
O impacto da sanção pode se estender para além das fronteiras dos EUA. Países aliados, como Reino Unido, Canadá e integrantes da União Europeia, têm histórico de adotar medidas semelhantes em alinhamento com Washington, o que pode agravar o isolamento diplomático de Moraes.
A depender da amplitude das sanções, até familiares e associados do ministro podem ser incluídos nas restrições.
O estigma de estar na lista da Lei Magnitsky costuma trazer consequências políticas e institucionais de longo prazo. Para autoridades de alto escalão, como um ministro da Suprema Corte, a classificação implica perda de legitimidade no cenário internacional e pode afetar a atuação do país em fóruns multilaterais e tratados de cooperação.
A inclusão de Moraes na lista ocorre em meio a pressões políticas crescentes. Desde o começo do ano, parlamentares aliados do expresidente Jair Bolsonaro intensificaram articulações em Washington para responsabilizar o ministro por atos que consideram autoritários. O Departamento de Estado dos EUA já havia sinalizado, em maio, que analisava o caso à luz da legislação de sanções internacionais.
Com a decisão desta terça-feira, os EUA tornam-se o primeiro país a aplicar formalmente sanções contra um integrante do Judiciário do Brasil.
❌ Com a aplicação da Lei Magnitsky, Moraes está…
💰 Congelamento de bens 🌐 O isolamento de Moraes ⚠️ O que significa entrar na lista da Lei Magnitsky • Está impedido de entrar ou transitar por território norte-americano; • Qualquer visto que o ministro possuía está automaticamente cancelado; • Restrição de acesso às redes sociais de origem norte-americana; e • A punição pode ser estendida a familiares ou associados próximos, caso identificados como cúmplices.
💰 Congelamento de bens 🌐 O isolamento de Moraes ⚠️ O que significa entrar na lista da Lei Magnitsky • Está impedido de entrar ou transitar por território norte-americano; • Qualquer visto que o ministro possuía está automaticamente cancelado;
• Restrição de acesso às redes sociais de origem norte-americana; e
• A punição pode ser estendida a familiares ou associados próximos, caso identificados como cúmplices.
• Quaisquer ativos financeiros ou patrimoniais que o ministro possua em jurisdição norte-americana ficam congelados imediatamente.
• Empresas e bancos norte-americanos ficam proibidos de realizar qualquer operação financeira com o sancionado; e
• A sanção se estende a instituições globais que utilizam o sistema bancário dos EUA.
• Países aliados dos EUA, como Reino Unido, Canadá e União Europeia, costumam adotar medidas semelhantes em apoio à sanção; e • Moraes pode ser impedido de participar de eventos e fóruns internacionais, inclusive acadêmicos ou jurídicos.
• Entrar na lista da Lei Magnitsky significa ser classificado como violador de direitos humanos ou envolvido em corrupção grave;
• A sanção enfraquece a legitimidade internacional do ministro; e
• Pode gerar pressão sobre o governo brasileiro e comprometer cooperações bilaterais.
Edilson Salgueiro - Revista Oeste
Lei Magnitsky: Estados Unidos punem o ditador Alexandre de Moraes
A possibilidade de aplicação da sanção vinha sendo ventilada nos últimos meses; nome do ministro está no site do Tesouro dos Estados Unidos
O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão do Supremo Tribunal Federal. Punido pelo governo norte-americano, ele não pode mais ter cartão de crédito de bandeira dos EUA - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira, 30, a imposição de sanções contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A punição se dá com base na Lei Magnitsky. A informação foi publicada há poucos minutos no site do Tesouro Nacionmal.
A possibilidade de aplicação das sanções previstas na Lei Magnitsky vinha sendo ventilada nos últimos meses, em razão das denúncias de excesso do Judiciário brasileiro. Havia expectativa de que mais ministros da Corte fossem punidos, mas, apenas Moraes foi incluído.
Nesta semana, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que articula nos EUA uma pressão contra o STF, disse que havia pedido a interlocutores do governo Trump que começasse as punições da Magnitsky por Moraes.
Outros ministros já foram punidos com cassação do visto para os EUA de Moraes e de seus aliados. Isso inclui, além de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e outros sete ministros do STF: Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Flávio Dino, Dias Toffoli, Edson Fachin, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
O STF aplicou penas de 14 a 17 anos de prisão para manifestantes do 8 de janeiro. Além disso, a Corte mantém na prisão mulheres idosas e doentes em razão dos atos de dois anos atrás, criou regras para as redes sociais contrárias às que existiam, censurou centenas de brasileiros conservadores ou de direita e seus perfis em redes sociais.
O tribunal também censurou empresas norte-americanas, como o X, o Rumble e, indiretamente, a Truth Social, empresa de mídia do presidente dos EUA, Donald Trump. Para a Casa Branca, essas decisões foram uma violação da soberania do país.
Processo contra Bolsonaro
A aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes e outros integrantes do STF ocorrem diante do avanço da Corte contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na última sexta-feira, 18, a maioria da 1ª Turma validou a imposição de medidas cautelares contra o ex-chefe de Estado, o que inclui o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de uso das redes sociais.
O ex-presidente é réu em processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. A ação contra ele irritou publicamente Trump. O presidente norte-americano classificou o caso como “caça às bruxas” e “vergonha internacional” e responsabilizou a situação jurídica de seu aliado para impor a tarifa de 50% aos produtos e serviços exportados pelo Brasil aos EUA — se nada mudar, a taxa entrará em vigor a partir de 1º de agosto.
O que é a Lei Magnitsky?
Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, já havia manifestado “uma grande possibilidade” de que o governo Trump aplicasse sanções a Moraes.
A Lei Magnitsky, aprovada pelo Congresso norte-americano em 2012 e expandida em 2016, tem como objetivo permitir que os EUA imponham sanções a indivíduos considerados responsáveis por corrupção ou por violações graves de direitos humanos.
Originalmente voltada para o caso do advogado russo Sergei Magnitsky, morto em uma prisão de Moscou depois de denunciar corrupção estatal, a norma passou a ter alcance global. A sanção pode ser aplicada a qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade.
Entre as sanções previstas, estão o congelamento de ativos financeiros sob jurisdição norte-americana e a proibição de entrada nos EUA. As consequências, porém, vão além da dimensão financeira. Indivíduos sob sanção também ficam impedidos de acessar serviços digitais operados por empresas norte-americanas, como Google, Gmail,
YouTube e Google Pay.
Fora até do “mundo” Google “Essa pessoa não pode nem fazer uma pesquisa no Google, pois o seu endereço IP será bloqueado pela própria empresa, impedindo o acesso”, explicou o advogado Ricardo Vasconcellos, em entrevista ao Jornal da Oeste em 21 de março.
Sob sanção dessa lei, uma pessoa não pode ter cartão de crédito de nenhuma das bandeiras que operam nos EUA, como Visa, MasterCard e American Express. Os familiares dos sancionados também ficam sujeitos às penalidades.
A iniciativa norte-americana não se limita a efeitos diretos. Ainda que o Brasil não esteja sujeito à legislação, a imposição de sanções por parte dos EUA frequentemente desencadeia medidas similares por parte de outros países com leis equivalentes, como Reino Unido, Canadá e membros da União Europeia.
Na avaliação de Vasconcellos, a aplicação da Lei Magnitsky implica mais do que uma punição simbólica. Trata-se, segundo ele, de um mecanismo eficaz de pressão internacional.
“Caso queira fazer uma viagem a países que mantenham relação próxima com os EUA, também não irá conseguir”, afirmou o jurista.
Loriane Comeli e Anderson Scardoelli - Revista Oeste
terça-feira, 29 de julho de 2025
Bolsonaro atrai multidão de apoiadores em ‘motociata’ nas ruas de Brasília
Ex-presidente evita discurso, mas atrai multidão em ato no coração da capital
Motociclistas saíram da Granja do Torto até a rodoviária do Plano Piloto. (Foto: Redes Sociais)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma motociata na tarde desta terça-feira (29) em Brasília.
Como enfrenta restrições médicas por causa da última cirurgia, realizada em abril, o político participou da motociata de carro.
Bolsonaro seguiu à frente das motos por um trajeto da Granja do Torto até a rodoviária do Plano Piloto, sem passar pela Esplanada dos Ministérios.
Parlamentares como os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Hélio Lopes (PL-RJ), Gustavo Gayer (PL-GO) e senador Marcos Rogério (PL-RO), participaram do ato.
Como enfrenta medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o ex-presidente não fez nenhum discurso e apenas tirou fotos e fez acenos à apoiadores.
A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, acompanharam Bolsonaro.
Veja abaixo fotos e vídeos do evento
Vice-governadora do DF, Celina Leão ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Instagram/Celina Leão)
Diário do Poder
Conversa com Augusto Nunes 29/7/2025: assista à entrevista com Henrique Prata
Conversa com Augusto Nunes marca o retorno do jornalista ao comando de entrevistas. Agora, o objetivo é ultrapassar os limites da análise política. O programa é semanal e vai ao ar das 20h30 às 21h30, às terças-feiras.
Aos 72 anos, o empresário Henrique Prata é o responsável pela existência de uma preciosidade do sistema de saúde nacional: o Hospital de Amor, localizado em Barretos, no interior de São Paulo.
Henrique é filho dos médicos Paulo e Scylla Prata. Em 1962, seus pais assumiram o Hospital São Judas Tadeu, unidade que hoje é dedicada aos cuidados paliativos. Cinco anos depois, em 1967, fundaram a Fundação Pio XII, com o objetivo de oferecer tratamento gratuito a pacientes com câncer.
Aos 15 anos, Henrique começou a trabalhar na fazenda do avô. Tornou-se fazendeiro, agropecuarista e piloto. Aos 33 anos, assumiu o então Hospital de Câncer de Barretos, que mais tarde se tornaria referência internacional no tratamento gratuito e especializado para pacientes com câncer.
Sob sua gestão, o hospital implantou unidades móveis, centros de tratamento e reabilitação que chegam a atender mais de meio milhão de pessoas por ano. Em 2017, a instituição passou a adotar oficialmente o nome pelo qual já era carinhosamente chamada pelos pacientes: Hospital de Amor.
Além da atuação na saúde, Henrique Prata também é autor de livros como Acima de Tudo o Amor, A Providência e O Parque dos Lobos.
Henrique Prata é o convidado de hoje para a conversa com Augusto Nunes
Revista Oeste
EUA não sinalizam recuo: Brasil representa só 1,1% das suas importações
Donald Trump. Foto: Gage Skidmore
Cresce a certeza de que o presidente Donald Trump confirmará o tarifaço de 50%, a partir do dia 1º, e aplicará mais sanções contra o Brasil porque pode, simples assim, como já disse. Há relatos de que Trump está de fato indignado com as perseguições a Jair Bolsonaro e atos de censura a empresas e cidadãos dos EUA pelo regime, segundo diplomatas brasileiros. E Trump já teria precificado a briga: são do Brasil só 1,1% dos produtos importados pelos americanos, anualmente.
Os EUA são o segundo maior cliente, compra 12% das exportações do Brasil, mas é ínfimo o papel brasileiro nas importações americanas.
Os US$40,3 bilhões que os EUA compraram do Brasil em 2024 representam só 1,1% dos US$3,4 trilhões do total de suas importações.
O Brasil é elo fraco no Brics, onde quase todos já fecharam acordo com os EUA. E sobra espaço para os EUA imporem seus próprios valores.
Brigar com China, Índia ou Rússia provocaria mais estragos aos EUA do que o Brasil, cuja capacidade de retaliar é próxima de zero.
Revista Oeste
segunda-feira, 28 de julho de 2025
MEC não atinge meta e seis Estados retrocedem na alfabetização de crianças
Foto: Agência Brasil
Além de revelar que o Brasil não conseguiu atingir a meta de 60% das crianças alfabetizadas em 2024, o indicador “Criança Alfabetizada”, divulgado pelo Ministério da Educação, mostra que há seis Estados que foram na contramão da proposta e conseguiram até regredir. São os casos de Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Rondônia e Rio Grande do Sul. Todos tiveram resultados piores em 2024 comparados a 2023.
O Amazonas conseguiu sair de 52,2% (2023) para 49,17% (2024). A meta era de 56,8% de crianças alfabetizadas. Passou longe.
A Bahia do governador petista Jerônimo Rodrigues recuou de 36,8% para 35,96%. O Pará também piorou e passou de 48,4% para 48,2%.
No Paraná, o índice foi de 73,12% para 70,42%. Rondônia também oscilou negativamente e passou de 64,6% para 62,62%.
Com Estado inundado no período avaliado, o Rio Grande do Sul teve a pior queda do ranking. Saiu de 63,4% (2023) para 44,67% (2024).
Diário do Poder
'Foi Moraes quem tumultuou a ordem jurídica e provocou confronto com Trump', por J.R. Guzzo
Ministro do STF, relator dos casos do 8 de janeiro e da 'tentativa de golpe', tem contas a acertar pelas ilegalidades que cometeu
O último decreto apostólico do STF, do governo Lula e do Alto Comissariado da esquerda brasileira determina que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho que milita em sua causa nos Estados Unidos e quem admite a noção geral de que a justiça poderia estar cometendo ilegalidades contra ele sejam declarados, já, traidores da pátria. São inimigos da soberania nacional, colaboracionistas e agentes de potência estrangeira.
É uma sorte, para todos eles, que o Brasil não esteja atualmente em tempo de guerra. Se estivesse, estariam sujeitos à pena de morte — o crime de traição, segundo artigo 5º da Constituição Federal, é o único que pode ser punido com o fuzilamento do réu. No caso, a traição de Bolsonaro, seu filho e políticos da oposição é ter incentivado a adoção de sanções comerciais contra o Brasil por parte dos Estados Unidos, em represália ao tratamento que têm recebido do STF.
Em visita à Câmara dos Deputados, nesta segundafeira, 21, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) exibiu a tornozeleira eletrônica que passou a usar por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Em discurso, o ex-chefe do Executivo afirmou que a medida imposta pelo ministro Alexandre Mostrar mais
Formada essa doutrina, que prevê excomunhão para quem não concordar que o “bolsonarismo” é o responsável por tudo o que acontecer de ruim se as medidas de Trump realmente forem executadas, fica uma pergunta no ar. Será que o ex-presidente, seu filho e todos os que apontam as ilegalidades cometidas pela justiça nos processos contra ele são, realmente, os únicos responsáveis pela intragável desordem que se criou com essa rixa?
O exame dos fatos disponíveis mostra que não. É por causa da condenação já praticamente anunciada de Bolsonaro, sem qualquer dúvida, que Donald Trump entrou na história. Mas por que, em primeiro lugar, ele anunciou as sanções? Porque, no caso, o processo da lei foi para o espaço. É certo também que Trump não foi o único que percebeu as violações em série da legislação brasileira nos processos conduzidos contra Bolsonaro no STF.
Ainda há pouco, 15.000 advogados assinaram um manifesto denunciando as ilegalidades. Editoriais da imprensa internacional acusam o STF em geral e Alexandre de Moraes em particular. O exministro Marco Aurélio sugere que Moraes precisa de um divã psicológico. Não é nenhum deles, nem Bolsonaro, que conduz há seis anos um inquérito ilegal que pode punir quem o ministro quiser. Não inventaram o flagrante perpétuo, o julgamento por lotes e a prisão temporária pelo resto da vida.
É Moraes que está julgando Bolsonaro direto no STF — e não na
primeira instância, como se fez com Lula. É ele que proibiu o expresidente de ser entrevistado na imprensa; depois, jogou um facho
de escuridão no próprio despacho. É ele que pôs tornozeleira no réu
e o proibiu de falar com o seu filho. Foi ele que tumultuou a ordem
jurídica e provocou o confronto com Trump. Terá de ajudar com a
conta.
Texto, publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo
J.R. Guzzo - Revista Oeste
Trump fecha acordo com a União Europeia e reduz tarifas pela metade
Em troca, bloco fará um investimento de US$ 600 bilhões nos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo, 27, a celebração de um novo acordo comercial com a União Europeia. A declaração foi feita depois de uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, realizada em um de seus campos de golfe na costa oeste da Escócia.
Segundo Trump, os termos do acordo preveem a redução pela metade das tarifas sobre a maioria dos produtos europeus exportados para os EUA. “Sob o acordo, a maior parte das exportações da UE para os EUA enfrentará uma tarifa de 15%, abaixo da tarifa de 30% que o presidente havia ameaçado recentemente”, informou.
Em contrapartida, Trump declarou que a UE concordou em aceitar importações norte-americanas sem qualquer tarifa. Trump qualificou o pacto como um marco em sua política comercial. “Esse foi o grande, esse é o maior de todos”, disse aos repórteres.
Embora os detalhes completos do tratado ainda não tenham sido divulgados, o presidente antecipou que produtos como aço e alumínio não estarão incluídos no novo regime.
“Tarifas sobre esses produtos são uma questão mundial que permanecerá como está”, afirmou. Produtos farmacêuticos também ficaram de fora. Outro ponto do acordo envolve o setor energético. Trump revelou que o bloco europeu se comprometeu a adquirir US$ 750 bilhões em energia dos EUA.
Além disso, está previsto um investimento direto de US$ 600 bilhões da União Europeia na economia norte-americana. A negociação foi concluída às vésperas do prazo estabelecido por Trump para a entrada em vigor das tarifas. A União Europeia é um dos maiores parceiros comerciais dos EUA e protagoniza uma das relações comerciais mais relevantes do mundo, com movimentação aproximada de US$ 4 bilhões por dia.
Trump comenta crise em Gaza e responsabiliza Hamas Durante a coletiva, o presidente também foi perguntado sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza e se Israel deveria adotar medidas adicionais para permitir o acesso de alimentos à região. Trump não respondeu diretamente, mas comentou a ajuda já enviada pelos EUA.
“Ninguém deu além de nós, e ninguém disse: ‘Puxa, muito obrigado’”, declarou.
“E seria bom ter pelo menos um agradecimento.”
O Tarifas entram em vigor no sábado e não serão adiadas, diz Trump.
Ana Paula Henkel - Donald Trump acaba de fechar mais um acordo comercial - desta vez com a União Europeia. Produtos europeus que entram nos EUA terão uma tarifa de 15%. Tarifas de 0% sobre produtos americanos. UE comparará centenas de BILHÕES de dólares em equipamentos Mostrar mais
Mateus Conte - Revista Oeste
domingo, 27 de julho de 2025
sábado, 26 de julho de 2025
XRP dispara para US$ 3,34 enquanto plataforma de mineração HashJ atrai holofotes em meio à revolução silenciosa
HashJ transforma a mineração digital em uma experiência acessível e interativa, conquistando usuários em países como Brasil, Índia e Nigéria
A criptomoeda XRP, da Ripple, voltou com força total, registrando alta de 10,1% nas últimas 24 horas e alcançando o valor de US$ 3,34 — seu maior preço desde janeiro de 2018. O movimento explosivo acompanha um volume de negociações acima de US$ 12,3 bilhões, consolidando-se como um dos maiores ralis diários da moeda nos últimos anos.
Esse rompimento altista reacendeu as especulações sobre um possível retorno aos recordes históricos e levantou a pergunta: será que a temporada das altcoins está de volta?
Panorama atual do XRP:
Preço: US$ 3,34 (+10,1% em 24h)
• Volume negociado: US$ 12,3 bilhões (+120%)
• Valor de mercado: US$ 177 bilhões
• Resistência-chave: US$ 3,45 (máxima de 2018)
• Suporte principal: US$ 2,95
Por que essa alta do XRP importa? A valorização não acontece de forma isolada. A queda no domínio do Bitcoin e os crescentes aportes em Ethereum, Solana e XRP sinalizam um aquecimento mais amplo entre as altcoins.
Somente nos últimos 10 dias, baleias acumularam mais de 2,1 bilhões de tokens XRP, acompanhadas por fluxos institucionais após a superação de impasses jurídicos e regulatórios.
Com o volume onchain disparando, os mercados de derivativos responderam com um aumento de 18% no open interest, indicando apostas pesadas no movimento seguinte do ativo. Esse impulso, porém, não é exclusivo do XRP. A movimentação serve como gatilho para uma nova onda de projetos com forte utilidade e acessibilidade — exatamente onde a HashJ entra em cena.
HashJ: a revolução da mineração começa fora das criptos
Enquanto os grandes tokens dominam as manchetes, uma revolução paralela e silenciosa acontece em outra frente: plataformas.
A HashJ é uma plataforma de mineração em nuvem que vem crescendo rapidamente com o retorno do entusiasmo cripto.
O que é a HashJ?
Trata-se de uma plataforma de mineração gamificada, acessível via navegador e projetada para dispositivos móveis.
Ao contrário da mineração tradicional — que exige GPUs caras ou equipamentos ASIC — a HashJ permite que qualquer pessoa ganhe recompensas apenas acessando o site, reivindicando bônus e participando de desafios.
É mineração para todos — simples, envolvente e em expansão
acelerada.
Crescimento explosivo acompanha rali das altcoins:
• 🚀 Engajamento de mineração diário cresceu 22%
• 💸 Atividade total ultrapassou US$ 450 milhões em 24h
• 🌍 Presente em mais de 20 países
Mineração encontra o universo dos games
A HashJ transforma a experiência de mineração em um jogo. Os usuários não apenas mineram: eles jogam, ganham e evoluem.
Recursos principais:
• Bônus diários por login
• Jogos do tipo “gire para ganhar”
• Recompensas por indicação de amigos
• Airdrops e eventos por tempo limitado
• Prêmios por sequência de atividades
Cada ação melhora a taxa de ganho e libera novas vantagens, com uma taxa de retenção de usuários comparável às principais plataformas DeFi.
Acessível globalmente — especialmente onde a mineração era inviável
A HashJ tem se destacado em mercados emergentes como Nigéria, Indonésia, Brasil e Índia — regiões onde adquirir equipamentos caros ou ter acesso a energia barata é um desafio. Graças ao modelo gratuito e ao design mobile-first, qualquer pessoa com smartphone pode participar.
Próximos passos
• Pools de mineração com colaboração social
• Programas de fidelidade com recompensas otimizadas
• Integração com NFTs para impulsos de mineração premium
• Camada utilitária com token nativo (em desenvolvimento)
Mesmo sem ser um token, a plataforma tem atraído atenção como um dos projetos mais promissores do momento.
Considerações finais: o XRP mostra que o mercado voltou, enquanto a HashJ prova que a revolução da mineração está apenas começando
A alta de 10% do XRP e os US$ 12 bilhões em volume demonstram que o mercado cripto ainda tem força para movimentos violentos — especialmente quando há liquidez e narrativa. No entanto, o verdadeiro destaque pode estar na participação. E nesse quesito, a HashJ mostra que a nova fase da criptoeconomia pode ser conduzida não só por traders, mas por mineradores, jogadores e usuários comuns.
A HashJ não quer ser o novo XRP. Ela quer ser o que o XRP nunca foi: mineração acessível para todos, um login por vez.
Revista Oeste
sexta-feira, 25 de julho de 2025
'O homem que não se ajoelhou', por Flávio Gordon
Filipe Martins suportou o que muitos preferiram trocar por uma mentira conveniente
“Se o principal pilar do sistema é a vida na mentira, não surpreende que a ameaça fundamental a ele seja viver na verdade. É por isso que ela deve ser reprimida com mais severidade do que qualquer outra coisa.” (Václav Havel, O Poder dos Sem-poder)
N uma cela escura em Curitiba, entre paredes úmidas e a vigilância contínua dos capangas do regime, Filipe Martins suportou o que muitos — incluindo homens supostamente treinados para a resistência, tal como os integrantes das Forças Especiais do Exército — preferiram trocar por uma mentira conveniente. Sofreu o que o vocabulário dos juristas, sempre asséptico, chama de “isolamento cautelar”, mas que a corregedora de presídios da capital paranaense, Stella Burda, nomeou com mais honestidade: isolamento em solitária, ausência total de luz, mais de 70 dias sem ver a mulher e perseguições internas confirmadas por carcereiros e presos.
A denúncia, feita em depoimento formal, foi prontamente hostilizada pela PGR, que, em vez de investigar a tortura, tentou intimidar a testemunha ao silêncio. Num gesto digno de regimes totalitários, o problema deixou de ser a violação dos direitos, e passou a ser o vazamento da violação. A jornalista Ana Paula Henkel tornou público o escândalo.
Mas escandaloso mesmo foi o aparente desinteresse da sociedade brasileira pelo caso — sugerindo que, em termos de atenção aos direitos humanos, não estamos em posição de arrotar orgulho nacional contra uma pretensa ingerência estrangeira.
O caso remete às páginas imortais de Arthur Koestler. Em O Zero e o Infinito, o protagonista Rubachov, preso nos expurgos stalinistas, é torturado não apenas fisicamente, mas psicologicamente, até confessar crimes inexistentes em nome de um ideal corrompido. No ambiente mental totalitário, confessar-se culpado era uma prova de pureza revolucionária. Melhor ser executado como herege arrependido do que viver como cético.
Assim, os julgamentos espetáculo do stalinismo foram povoados por homens que, já desprovidos de alma, e visando a uma espécie de redenção histórica, mendigavam perdão ao Estado que os destruíra.
Filipe Martins, ao contrário, negou-se a reproduzir esse rito profano. Perante os seus algozes, não confessou crime inexistente, não delatou aliados, não se prostrou diante da narrativa oficial. Seu corpo esteve aprisionado, mas a sua alma permaneceu incólume. E é esse o crime imperdoável, aos olhos dos sacerdotes do novo regime: a altivez. Foi isso que desnorteou o auxiliar do tirano de toga, desesperado em interromper a palavra fustigante de Martins, o preso político que, com a simples presença de seu caráter inquebrantável, não apenas revelava a pequenez existencial de um burocrata símbolo da banalidade do mal, como também demolia todo o castelo de areia do regime de exceção.
No Brasil do século 21, há mesmo algo de soviético na estética da repressão. O dissidente não é julgado por um crime, mas por uma condição: a de pertencer ao grupo errado, a de pensar fora da cartilha, a de não reverenciar o ridículo que veste toga.
A “democracia” que se diz ferida por memes e opiniões é a mesma que manteve um cidadão preso ilegalmente, sem julgamento, por mais de um ano — como aviso exemplar aos demais. A analogia com Sergei Magnitsky é inevitável. O advogado russo morreu nos cárceres da polícia de Putin depois de denunciar a corrupção no seio da Nomenklatura. Foi espancado, privado de tratamento médico, e por fim assassinado. Sua morte deu origem à Lei Magnitsky, legislação internacional que permite aos Estados Unidos sancionar indivíduos estrangeiros por violação de direitos humanos.
Hoje, a possibilidade de ver Alexandre de Moraes incluído entre os nomes puníveis por essa legislação já não é mais uma “teoria da conspiração”, mas uma realidade iminente.
Mas, se o bravo Sergei Magnitsky morreu, outro bravo, Filipe Martins, continua vivo. E é isso — ironia das ironias — o que mais incomoda seus algozes, um incômodo estampado no desconforto do substituto de Alexandre de Moraes na oitiva. Porque — ainda que isso não tenha dado certo com Sergei — um homem morto sempre pode ser transformado em estatística, em “excesso”, em “erro de procedimento”. Já um homem vivo, que se recusa a curvar-se, é uma acusação em carne e osso. É a refutação viva do sistema. É o pesadelo dos abusadores de autoridade.
Como Václav Havel, Martins compreendeu que, em tempos de mentira institucionalizada, a verdade não precisa gritar — basta existir. Se o dissidente tcheco transformou as suas peças e cartas em atos de resistência moral, Filipe transformou o próprio silêncio em clamor. O que a censura não conseguiu apagar a cela escura tampouco conseguiu calar.
Talvez por isso o regime esteja inquieto. Nota-se a apreensão no ar, e alguns de seus próceres já ensaiam o clássico adoecimento mental causado pela húbris. Para disfarçar o medo, os inquisidores multiplicam suas loas ao “Estado Democrático de Direito”, uma expressão que, de tão prostituída, perdeu toda a dignidade. Enquanto isso, dia após dia, Filipe Martins torna-se a prova viva de que há ainda quem se recuse a fazer da própria consciência uma moeda de troca. Para esses, a liberdade não se negocia com habeas corpus humilhantes, pois eles sabem que a alma, uma vez entregue a Mefistófeles, não pode ser resgatada por petição alguma.
Se há justiça fora dos autos, ela começará por reconhecer esse fato elementar: o que se passa hoje no Brasil não tem nada a ver com direito, mas com uma patologia política encarnada numa alma individual corrompida e noturna. Afinal, um poder que, ignorando solenemente a Constituição, prende para coagir e silencia para governar já não é, por óbvio, um poder legítimo.
É justamente contra essa usurpação do poder que, com o rosto sereno e a lógica afiada, se ergue a figura heroica de Filipe Martins. Ao recusar assumir a persona de um Rubachov tropical, o jovem preso político preservou o que resta da honra nacional. E lembrou aos usurpadores que há algo ainda mais assustador do que a crítica proveniente de fora: o desprezo silencioso de quem, ciente de que a verdade já foi até mesmo pregada numa cruz, não se rendeu aos poderes deste mundo.
Flávio Gordon - Revista Oeste