quinta-feira, 31 de maio de 2018
"Parente perigoso", por J.R. Guzzzo
Exame
Todas as vezes que ouvir falar em “recurso estratégico”, ponha a mão no bolso e segure a carteira: alguém, com certeza, está querendo roubar você. Pode ser gente do governo — tanto faz que seja da situação ou da oposição. Podem ser sindicatos e CUTs. Podem ser, certamente, empreiteiros de obras públicas loucos para construir refinarias, “complexos industriais” e “plantas” disto ou daquilo. Podem ser todos os economistas do “campo progressista”, sem exceção. Podem ser intelectuais, professores de universidade, artistas de novela. Existe à vista alguma coisa que possa ter um valor qualquer? Então, dizem todos os nomeados acima, é “estratégico”. Se é estratégico ninguém pode mexer: a coisa tem de ser “do Estado”, ou do governo. Como tanto o “Estado” quanto o “governo” são uma ideia e não um ser humano, a exemplo do ex-presidente Lula, isso quer dizer, obrigatoriamente, que gente de muita carne e muito osso vai mandar nela. Também obrigatoriamente, essa gente vai criar empresas imensas para cuidar da riqueza da “população”, lotar cada uma delas com funcionários amigos e roubar o pobre do “recurso estratégico” até não sobrar um único osso.
A esquerda nacional, historicamente, é a mãe desnaturada dos gêmeos “bem estratégico” e “empresa estatal”, mas os beneficiários materiais de sua doutrina não são apenas os esquerdistas. Como acontece com tanta frequência na aplicação das ideias “progressistas”, entra na festa todo o tipo de safado que a elite brasileira tem a oferecer — com o tempo, na verdade, vai se descobrindo que é justamente esse bonde do capitalismo terceiro-mundista, tão selvagem quanto a selva no inferno de Dante, quem mais ganha dinheiro com a história de que “o Brasil tem de defender as suas riquezas da cobiça internacional” etc, etc,. Vale qualquer coisa, aí. Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do “Brasil forte” — assim fica tudo só para nós. Simples demais? Pode ser simples, mas não é demais: é apenas a verdade estabelecida pela observação dos fatos, diante da roubalheira que chegou ao ponto de fissão nuclear a partir dos governos Lula-Dilma e que tanta gente está hoje desesperada para colocar de novo em operação.
Em nenhum espaço da vida brasileira a ação dos saqueadores se mostra tão desesperada quanto no petróleo e na Petrobras. Trata-se, possivelmente, da área em que o brasileiro é roubado há mais tempo — espantosamente, desde 1953. Depois da implosão do PT, a Petrobras tem passado com excelentes resultados por um processo de reconstrução. O governo Michel Temer desistiu de encher a empresa de políticos-bandidos, o que deixa absolutamente transtornados os presidentes do Senado, da Câmara e as gangues do Congresso, e permitiu que um executivo de talento, Pedro Parente, tocasse a máquina como ela deve ser tocada. Deu certo. Parente salvou a estatal da falência e criou ali uma cultura de competência, responsabilidade e resultados. É claro que os políticos, de Lula ao extremo anti-Lula, querem matar esse Parente.
O pano de fundo da greve dos caminhoneiros, que tanto barulho levantou, é a guerra entre a liberdade econômica e as forças que querem continuar controlando o petróleo e os combustíveis no Brasil. Na superfície é uma disputa por preços, eliminação de impostos dementes e questões financeiras imediatas — por sinal esses caminhoneiros, onde Lula e a esquerda são detestados, mostraram uma capacidade de juntar gente e mostrar força infinitamente maiores que a “mobilização social” em favor do “Lula Livre”. (A multidão que iria cercar a prisão “até Lula ser solto” nunca passou de 500 pessoas, e hoje está reduzida a nada. Virou uma palhaçada de artistas que agora usam Lula para promover seus shows.) Para além da greve, porém, está a discussão verdadeira: o fim da Petrobras e similares, o estabelecimento da livre concorrência e a construção de um Brasil com chances de progredir.
Flávio Rocha: “O desinfetante natural contra a corrupção é a ação do livre mercado”
Germano Oliveira, IstoE
Um dos homens mais ricos do Brasil e dono da Riachuelo, o empresário Flávio Rocha decidiu ser candidato a presidente para, segundo ele, “revolucionar” o governo. Sua ideia é reproduzir no Estado o mesmo sistema que rege suas empresas. Ou seja, uma engrenagem baseada no livre mercado. Ao replicar esse modelo, ele acredita que irá azeitar a máquina pública e, assim, atender as “donas Marias”, que, de acordo com ele, é quem puxa a carruagem do Brasil. “Essa é a novidade que trago da iniciativa privada. A dona Maria é o cliente que pode tudo, inclusive nos demitir”, disse o empresário durante entrevista aos editores de ISTOÉ, na segunda rodada da sabatina com os presidenciáveis.
De cara, Flávio Rocha propõe vender as 160 estatais, inclusive a Petrobras e os bancos públicos, como o BB e a Caixa. Assim, ele deseja que o governo deixe de investir os recursos públicos na gigantesca máquina pública e possa, dessa forma, destinar os R$ 2 trilhões arrecadados com impostos no financiamento de setores essenciais. Com a venda das estatais, pode se obter, só no primeiro ano de governo, R$ 600 bilhões, para resolver os problemas emergenciais, diz. Ele também promete fazer as quatro mais importantes reformas – tributária, previdenciária, política e do Estado – logo no início do seu eventual mandato. “Quem disser que não vai fazer a reforma da Previdência estará cometendo estelionato eleitoral”. Rocha disse acreditar que só o livre mercado pode acabar com a corrupção. “O desinfetante natural contra a corrupção é a ação do livre mercado”.
Ainda na entrevista, de duas horas de duração, o candidato revelou-se a favor da intervenção militar no Rio de Janeiro, como também em Fortaleza, “onde está havendo uma caçada de policiais”, mas diz querer distância dos militares, numa clara tentativa de se diferenciar do concorrente Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL.
Tal como Bolsonaro, no entanto, ele também defende que a população se arme para proteger seu patrimônio. Para o presidenciável, o fazendeiro não deve ter pudores em atirar no sem-terra que invadir sua propriedade.
Vamos começar a sabatina com o caos vivido pelo País nesta semana. Há economistas dizendo que o movimento dos caminhoneiros deu início a um levante tributário no País. O senhor acha que chegamos ao limite da carga tributária suportável?
Sem dúvida. O episódio da greve dos caminhoneiros é absolutamente emblemático para nos mostrar a inacreditável orfandade em que se encontra a imensa maioria da população. O conflito que vai reger esta eleição não é do capital contra trabalho, do rico contra pobre, do negro contra branco ou do Nordeste contra Sudeste. Será entre os que puxam a carruagem, a imensa maioria dos que suam a camisa, os que trabalham, pagam impostos e geram riquezas, contra uma minoria da aristocracia burocrática que se apropriou do Estado brasileiro, que zela por seus privilégios e que não têm compromissos com o usuário do serviço público. Eu quero representar essa mudança. Em todos os projetos políticos, da extrema esquerda à extrema direita, se olha só para os que estão no alto da carruagem. A grande novidade que eu trago como contribuição da iniciativa privada, é olhar para a dona Maria, que puxa a carruagem. Nas reuniões de diretoria da Riachuelo eu colocava uma cadeira vazia na cabeceira da mesa para simbolizar a dona Maria, que é a nossa cliente e que pode nos demitir. Essa é a lógica inversa do Estado. Fico imaginando uma reunião semelhante da diretoria da Petrobras, com os diretores nomeados por partidos políticos, se algum deles tem algum compromisso com o ‘seu’ João caminhoneiro, que está abastecendo seu caminhão nas bombas com o óleo diesel, um dos mais caros do mundo.
O movimento foi legítimo?
É legitimo, mas não se pode defender a obstrução de rodovias. A greve é um direito constitucional, mas a partir do momento em que prejudicou o povo já não apoio mais. São dois instantes. Quando ela surgiu, recebeu minha total solidariedade, mas depois passou a ser oportunisticamente apropriada por setores ideológicos, ligados a corporações. As mesmas corporações que causaram a justa indignação. Está na hora de anunciarmos a privatização da Petrobras.
Mas a privatização da Petrobras levaria a empresa a atuar como uma organização independente e o governo não teria manobra nenhuma para acabar como uma greve hoje.
O mero anúncio da privatização já acalmaria o usuário na perspectiva da redução dos privilégios, dos desperdícios, da ineficiência própria de qualquer monopólio, além da corrupção que sempre existiu. O desinfetante natural contra a corrupção é a ação do livre mercado.
O senhor faria a reforma da Previdência que o governo Temer tentou fazer e não conseguiu?
Não é só a reforma da Previdência. É a reforma para atingir o funcionalismo público. É um milhão de super-aposentadorias, que representam 75% do déficit e que estão passando ao largo na reforma da Previdência. Temos que cortar os privilégios. E não é só por problemas de caixa, mas também por uma questão de justiça social. O nosso sistema previdenciário é o Robin Hood às avessas. É tirar dinheiro do pobre para manter os maiores privilégios do País.
No sistema concentrado como o nosso, o spread bancário é violento, como reduzir?
Falei que faria quatro reformas (Previdência, tributária, política e do Estado). E se eu fosse citar a próxima eu falaria da reforma do sistema bancário. Nós estamos no piso da taxa referencial, talvez a menor da série histórica, mas o spread para a ponta praticamente não se moveu. Isso se deve a um duopólio, ou talvez a cinco bancos, que representa 86% da oferta de crédito. Isso é um gargalo, que está impedindo que chegue ao Brasil a revolução das Fintechs, que era nossa esperança para termos um cenário do sistema financeiro mais concorrencial. Mas quando aparece uma Fintech mais promissora, ela é imediatamente neutralizada pela rede bancária. Acho que o BC tem tarefa importante no sentido de fazer essa regulação.
O senhor diz que é liberal na economia, mas conservador nos costumes. Gostaríamos de saber o que o senhor acha da liberação do aborto, das drogas mais leves, como a maconha, e sobre o armamento. O senhor acha, afinal, que a população tem que se armar? E o que o senhor acha da pena de morte?
Eu me alinho à imensa maioria da população brasileira. Sou sim contra a pena de morte. Sou contra o aborto. Acredito que o estatuto do desarmamento, que o povo já se manifestou claramente em 2005, com ampla maioria o rejeitando, por enxergar um viés ideológico, faz parte do marxismo cultural, que é desarmar o camponês e soltar o MST em cima. Foi fracassada a política de desarmamento. Não estou falando em dar um fuzil a cada brasileiro, mas de 2% da população brasileira, que passa pela mesma via crucis dos testes psicológicos a que um policial é submetido. Quero que possam ter porte de arma e ajudar a vizinhança na segurança pública.
O fazendeiro tem que atirar no sem-terra por exemplo?
Ele tem que ter o seu instrumento de defesa. É absolutamente cruel, com a virulência e a agressividade das invasões dos sem-terra, que você tenha um camponês totalmente desarmado, totalmente indefeso. A defesa é legítima. Deve ser dado ao camponês o direito de defesa.
E sobre a constituição de famílias poliafetivas, reconhecimento da união entre casais do mesmo sexo, adoção de filhos por casais homossexuais, enfim, essa discussão que passa pelo campo comportamental. As religiões são interlocutoras adequadas?
Não. O Estado é laico. O nosso governo vai ser laico.
Como o senhor vê a intervenção do Exército para conter a violência no Rio?
É medida extrema e necessária diante da perda do controle do Estado. Fui a Fortaleza e o quadro lá é ainda mais dramático do que o do Rio. Se mata duas vezes e meia mais do que se mata no Rio: 40 mortos a cada fim de semana. Em Fortaleza, se atingiu inacreditáveis 78 mortos para cada 100 mil habitantes. Por que não Fortaleza? Por que só o Rio? Por causa da visibilidade internacional? O caso de Fortaleza é extremo. Lá, está havendo uma caçada a policiais. É oito vezes mais perigoso ser policial do que um soldado na guerra do Vietnã ou na 2ª Guerra. É uma verdadeira caçada. É preciso prestigiar a polícia.
De 2003 a 2016, o setor produtivo recebeu de incentivos e subsídios do governo num total de R$ 420 bilhões. No mesmo período, o Bolsa-Família recebeu R$ 372 bilhões. Ou seja, os empresários receberam mais do que os mais carentes. O senhor pretende acabar com os incentivos aos empresários?
Essa é uma deformação do livre mercado. A nossa empresa, num ambiente concorrencial, para manter a equidade concorrencial, se tornou, por pressão minha, tomador de recursos do BNDES. Tomamos ao longo de 10 anos um total de R4 1,4 bilhão, que se transformaram em 200 lojas, em 13 mil empregos diretos nas nossas lojas e 60 mil empregos nos nossos fornecedores. Conosco, o BNDES não perdeu dinheiro. Nós já pagamos 90% dos empréstimos. Mas o BNDES se tornou palavrão na era petista.
Como o sr. vê o BNDES como financiador dos projetos de infraestrutura?
O que pode a curto prazo destravar o gargalo dos financiamentos necessários à infraestrutura, que é outro detrator da nossa competitividade, é a redução das travas burocráticas regulatórias. Não é falta de dinheiro. Dinheiro está abundante no mundo. Existem travas ambientais, em decorrência da legislação ambiental, da época que fazia sentido a floresta ficar intocada. A biotecnologia na Alemanha, que tem 10% da nossa área de floresta, vai representar em 2030 algo em torno de 25% do PIB. A biodiversidade pode representar grande avanço no nosso PIB a curto prazo, mas existem travas ambientais, com uma lei defasada.
A sua observação pode ser válida, mas os satélites do INPE mostram que as florestas na Amazônia estão sendo derrubadas vorazmente.
Essa é uma injustiça que se comete contra o Brasil. Dois terços do nosso País estão do jeito que Pedro Álvares Cabral encontrou. Na Europa é 0,7%. Por que eles não preservam as florestas deles? Nós não destruímos nada. Nós temos apenas 7,8% do nosso território ocupado com a agricultura.
Mas os relatórios do INPE sustentam que o volume de derrubada, queimada e destruição da Amazônia Legal continua em alta.
Esses números estão em áreas de invasão. Esse é o problema da proliferação de quilombolas.Temos 14% de áreas indígenas no Brasil. E são eles que estão desmatando.
Veja o que diz Flávio Rocha sobre outros temas:
Pedro Parente
PRB, Odebrecht e Lava Jato
Possibilidade de aglutinação de candidatura
Desemprego
Participaram da sabatina os jornalistas: Carlos José Marques, Carlos Sambrana, Camila Srougi, Germano Oliveira, Mário Simas Filho, Ralphe Manzoni Jr e Ricardo Boechat
Leia a íntegra da sabatina com Flávio Rocha (PRB)
Não teríamos como deixar de começar esta sabatina com a situação que o País vive neste momento. Há economistas dizendo que o movimento dos caminhoneiros deu início a um levante tributário no País. O senhor acha que chegamos ao limite da carga tributária suportável pelos brasileiros e que outras categorias podem tomar medidas extremas como os caminhoneiros?
Sem dúvida. Esse episódio da greve dos caminhoneiros é absolutamente emblemático dos motivos que me tiraram da minha vida empresarial por constatar a inacreditável orfandade em que se encontra a imensa maioria da população brasileira. O conflito que vai reger esta eleição não é capital contra trabalho, não é rico contra pobre, não é negro contra branco ou Nordeste contra Sudeste. É entre os que puxam a carruagem, a imensa maioria dos que suam a camisa, os que trabalham, pagam impostos e geram riquezas, contra uma minoria de uma aristocracia burocrática que se apropriou do Estado brasileiro. O Estado Corte, o Estado que zela por seus privilégios e que não têm compromissos com o usuário do serviço público. Eu quero representar essa mudança. Em todos os projetos políticos, da extrema esquerda à extrema direita, estão olhando para cima dos que estão na carruagem. A lógica de ganhar eleição no Brasil é atender as corporações que se apropriaram do Estado. A grande novidade, que eu trago como contribuição da iniciativa privada, é olhar para a dona Maria. Essa foi a marca da administração na minha empresa. Nas reuniões de diretoria da minha empresa eu colocava uma cadeira vazia na cabeceira para simbolizar a dona Maria, que é a nossa cliente, que pode demitir ou promover cada um de nós. Essa é a lógica inversa do Estado. Fico imaginando uma reunião semelhante da diretoria de um monopólio estatal do Petróleo por exemplo, onde aqueles diretores, nomeados por partidos políticos, se algum deles tem o mesmo compromisso com o ‘seu’ João caminhoneiro que está abastecendo seu caminhão nas bombas com o óleo diesel dos mais caros do mundo, quando poderíamos ter um dos mais baratos. Então é essa orfandade que faz com que o nosso projeto represente a grande novidade da política brasileira.
O que o senhor faria se estivesse na presidência da República?
O diagnóstico é muito simples. Chegou a conta do petrolão. A ineficiência do monopólio, que é o habitat natural da corrupção e é também a zona de conforto da ineficiência. Eu tomaria a medida necessária, que é a solução definitiva para esse problema: submeter esse setor essencial, de óleo e gás, que impacta a competitividade de todos os outros setores, a um choque de eficiência que só a concorrência traz, só o livre mercado. Está mais do que na hora de anunciar a privatização da Petrobras.
Vou insistir. O senhor está diante de uma greve, que levou o colapso a toda a vida do brasileiro, o que o senhor faria?
No curto prazo, torna-se uma combinação explosiva a chegada da conta do petrolão, com suas ineficiências acumuladas, com a dívida que até pouco tempo atrás fazia da Petrobras a empresa mais endividada do Brasil e o momento das flutuações de câmbio e do barril do petróleo, que levou a uma tempestade perfeita. Isso fez explodir a justa indignação. No curto prazo tem que haver um pulmão de amortecimento dessas flutuações para evitar que tudo isso chegue à bomba, gerando a indignação que gerou. Essa é uma medida provisória. A medida sustentável, definitiva, é a privatização da Petrobras para que os freios e contrapesos do livre mercado atuem, levando à eficiência e à redução do preço final do combustível, em benefício do usuário.
Mas a privatização da Petrobras levaria a empresa a atuar como uma organização independente e o governo não teria manobra nenhuma para acabar como uma greve hoje.
O mero anúncio da privatização já acalmaria o usuário na perspectiva da redução dos privilégios, dos desperdícios, da ineficiência própria de qualquer monopólio, além da corrupção que sempre… O desinfetante natural contra a corrupção é a ação do livre mercado. Mas isso é a médio prazo. No curto prazo, acho que as medidas anunciadas pelo governo são paliativas e necessárias para reduzir o impacto da explosão dos preços.
O que interessa ao consumidor não é o preço final na bomba?
Exatamente. Por isso, as medidas de curto prazo são também necessárias, mas não são sustentáveis, porque a conta vai chegar mais uma vez. E isso onera o País. Quem paga a conta é o contribuinte. E esse ônus será repassado para todo o resto da sociedade brasileira. Para evitar que essas ineficiências e esses desperdícios continuem impactando o preço, daí a urgente necessidade de anunciar a solução definitiva, duradoura e sustentável, que é entregar esse setor essencial e transversal da economia à sabedoria suprema do livre mercado.
Como o senhor então avalia a política de reajuste diário da Petrobras que está na origem dessa crise? Essa política não é de livre mercado como o senhor defende?
Mas incompatíveis com as ineficiências do monopólio. Num regime de pluralidade concorrencial, com vários players, nos vários elos da cadeia de suprimentos, cada empresa pode, a seu julgamento, atenuar, retardar ou represar determinados impactos, como o cambial ou no preço do barril do petróleo, ajustando e sempre beneficiando o consumidor. Se em determinada empresa do setor de refino, por exemplo, resolver ser mais ou menos agressiva no repasse de um insumo por uma variação cambial, ela pode beneficiar o consumidor na medida que outra empresa seja mais ou menos agressiva. São tantas as variáveis que atuam no complexo como é do óleo e gás que somente a sabedoria do livre mercado sabe lidar com todas essas verdades. Mas a certeza que se tem é que o grande ganhador é sempre o usuário, é a dona Maria do setor, é o caminhoneiro que está abastecendo o seu caminhão na bomba de combustível.
O senhor fala de livre mercado, mas o objetivo final é o lucro. Já o Estado é um ente que tem como produto final o bem estar social. Num País que tem grande parte de sua rede de transporte baseada no sistema rodoviário, que depende dos derivados do petróleo, não é mais correto se ter a justiça social acima do lucro?
A visão egoística do lucro se exacerba quando existe um único agente econômico monopolista. Essa busca do lucro é saudável ganância e é o motor da humanidade e todos perseguem o lucro através dos caminhos saudáveis, na busca da produtividade, fazer mais com menos. E quanto mais plural, quanto mais diversificada, for essa busca legítima do lucro…O lucro na empresa privada se dá de uma forma mais direta, mais consensual, que é buscar a satisfação do seu cliente. Por isso, a empresa privada é mais eficiente do que um monopólio estatal. O caminho mais curto para o lucro é a satisfação das donas Marias. É a satisfação do seu usuário final do seu serviço ou dos bens que fornecemos. Esse é o motor da humanidade. É isso que faz a busca permanente dos ganhos de produtividade, de eficiência, que deve estar em todos os setores, inclusive no setor crucial como é o do óleo e gás.
O senhor fala na necessidade de se cortar a carga tributária, que hoje chega a 33% do PIB e os tributos são os responsáveis por termos um combustível tão caro no Brasil. Mas como a carga tributária com as demandas sociais tão grandes?
Por isso eu me referi à adoção medidas emergenciais de curto prazo como temporárias e provisórias. E como elas são insustentáveis, há que se perseguir a solução definitiva, que é a busca de parceiros, da privatização do setor, inclusive com a correspondente vinda de investimentos para o País. A explosão da carga tributária vem de alguns anos. Eu me lembro quando passei pelo Congresso como deputado de 1986 a 1994, e inclusive fui um dos caçulas da Assembléia Nacional Constituinte, nós nos indignávamos com os escorchantes 22% do PIB que era a carga tributária na época. De lá para cá, justamente pela lógica de se fazer política olhando para os que estão em cima da carruagem, olhando para os interesses corporativos e a disseminação dos privilégios que estão incrustados no Estado brasileiro, essa carga tributária bate recordes sucessivos. E não é só carga tributária. É o déficit que também explode ano a ano. Um País é a proporção entre sua força de tração, que são aqueles que produzem, os trabalhadores e aqueles que empreendem, e o peso do Estado. No Brasil, se considerarmos a carga tributária, mais o déficit e mais o peso dos monopólios estatais, que são mais uma perversa forma de tributação, vamos que de forma totalmente diferente dos países com os quais a gente compete, nós já temos o peso da cruz estatal maior do que sua força de tração. Nos países emergentes, essa realidade da carga tributária é da ordem de 15% a 20% do PIB. Ou seja, são países que têm de 80 a 85% de força de tração. Essa proporção entre força de tração e o peso do Estado é absolutamente preponderante para dar condições a um País para competir. Eu me lancei neste projeto político para ser o guardião da competitividade. Nós não vamos conseguir gerar os empregos que a gente precisa, e até o financiamento do Estado que a gente precisa, sem a gente colocar o Brasil nos trilhos da competitividade. O Brasil perdeu 50 posições no ranking de competitividade em cinco anos. Somos o 153º País menos livre e consequentemente menos próspero do mundo. Estamos no pelotão dos 30 países mais hostis ao investimento. Estamos na má companhia da Venezuela, da Coréia do Norte, Somália, Cuba. Mas podemos andar rapidamente. Primeiro, redesenhando o Estado brasileiro para a lógica das donas Marias. E nós temos um Estado que foi projetado para os privilégios da Corte de Brasília. E isso vai nos levar, a partir de um projeto de uma folha em branco, com um Orçamento base zero, a gente pode ter um Estado que dê conta da Saúde, da Educação, Segurança Pública e Justiça, com uma carga tributária em torno de 25% do PIB. Mas precisa inverter a lógica em 180 graus. Ao invés de desenharmos um Estado para os privilégios da Corte, temos que ter um Estado voltado para o usuário do serviço público, que está morrendo nos hospitais, morrendo de bala perdida nas ruas pelo caos da segurança pública.
Nós temos um problema real que é o déficit fiscal, que só este ano deverá ser de R$ 150 bilhões e para o próximo ano será ainda maior. Como reduzir esse déficit reduzindo tributos? O presidenciável Ciro Gomes disse no Roda Viva que vai tributar dividendos e taxar as grandes fortunas. Só o Brasil e Estônia não tributam ganhos sob capital. Como resolver essa bomba fiscal?
O problema do déficit fiscal é explosivo e jamais terá solução sob a ótica do quê que é bom para a Corte de Brasília. A solução é redesenhar o Estado para a lógica da imensa maioria da população brasileira que puxa a carruagem….
O senhor poderia falar onde corta, quem demite. O senhor acabaria com a estabilidade dos funcionários públicos. Como o senhor ordenaria o remédio para os problemas?
São três coisas fundamentais. A reforma da Previdência é absolutamente urgente. Dizer que não vai se fazer a reforma da Previdência é o prenúncio de um estelionato eleitoral. A reforma da Previdência, por uma simples visita às quatro operações fundamentais, se nota que é fundamental atacar questões que este governo não atacou.
O senhor faria essa reforma que o governo Temer tentou fazer e não conseguiu? Ou vai fazer uma reforma diferente?
Não é só a reforma da Previdência. É a reforma para atingir o funcionalismo público. É um milhão de super-aposentadorias, que representam 75% do déficit e que estão passando ao largo na reforma da Previdência. Temos que cortar os privilégios. E não é só por problemas de caixa, mas também por uma questão de justiça social. O nosso sistema previdenciário é o Hobin Hood às avessas. É tirar dinheiro do pobre para manter os maiores privilégios do País. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto. As privatizações, como é o caso da Petrobras. Longe da questão de caixa. É questão de eficiência. Porque esse monopólio é um fator que fere de morte a competitividade do Brasil. Contaminam com a ineficiência. E depois o redesenho do Estado. Temos Estado de mais onde não precisa haver Estado, puxando a carruagem que chega quase a 50% do PIB, ou seja, o carrapato está maior do que o boi, e falta Estado onde ele é insubstituível, na Saúde, Educação e Segurança Pública estão à míngua por falta de recursos. Não se tem dinheiro para encher o tanque de uma viatura policial. Gente morrendo nos hospitais por falta de anestésico, mas tem dinheiro para contra-cheques de R$ 1 milhão para funcionários públicos.
Além da Petrobras, que outras estatais o senhor privatizaria?
A Eletrobrás, os Correios, os bancos públicos… Caixa Econômica e Banco do Brasil, além das 160 estatais que podem ser realmente privatizadas a curto prazo. O impacto é até menor porque algumas delas são até inoperantes. Estimo um potencial de R$ 600 bilhões no primeiro ano de mandato como fruto dessas privatizações, com ganho de competitividade com essas privatizações.
O que o senhor não privatizaria?
Eu privatizaria todas as estatais, até em questões como Saúde e Educação, eu acho que existe um grande espaço para parcerias público-privadas (PPPs) ou juntar o melhor dos mundos: juntar a obrigação do Estado de cuidar da Saúde e da Educação, com o amparo da iniciativa privada, com sua eficiência, com modelos como o voucher estudantil, que nós chamamos de o ticket-educação, a formação de cooperativas de ensino, de forma meritocracia, premiando os melhores alunos com créditos que possibilitem matriculas em escolas privadas. Porque esse é outro fator de desigualdade no Brasil: é esse regime de castas que existe na Educação. Existem os ricos desfrutando da excelência de uma escola privada e a grande maioria da população, dos mais pobres, submetidos à ineficiência de uma educação brasileira que despenca visivelmente em qualquer ranking comparativo, como o índice Pisa.
Gostaria de voltar ao assunto: o senhor tributaria os dividendos?
Nós vimos recentemente a experiência mal sucedida do François Holland na França, que seguiu as teses do economista Thomas Piketty, que propôs a luta contra desigualdade com um imposto de renda extremamente progressivo. Isso teria mais ou menos o mesmo efeito fiscal do que a tributação dos dividendos, mas ele não levou em conta uma característica que é a mobilidade geográfica do rico. Nós já estamos tendo uma enorme evasão de fortunas com o atual quadro de incentivos garantidos pelo cenário atual. A intensificação da tributação dos dividendos, vai trazer o que ninguém quer. É agravar o quadro do fundo do poço em matéria de investimentos. Nós chegamos no ano passado a 15% de investimentos sobre o PIB. Qualquer tributação adicional sobre os ganhos de capital, iriam reduzir isso a níveis impensáveis. Temos que elevar esse percentual para 20 a 25% do PIB. Nós precisamos ser mais atrativos ao investimento. Se nós já estamos em 153º lugar como os países mais hostis ao investimento, a solução na linha do Piketty ou tributação de dividendos ou de grandes fortunas vai apenas acelerar esse êxodo que existe de capitais, e o mais dramático, que se segue ao êxodo de capitais, que é o êxodo de talentos. Nós queremos reverter esse quadro. Nós propomos, e podemos sim, tirar o Brasil do pelotão desses 30 países mais hostis do planeta, e colocá-lo entre os destinos preferenciais do investimento no mundo. Nós temos US$ 8 trilhões aplicados a juros negativos no mundo, procurando investimentos. O Brasil tem oportunidades de investimentos enormes, em infraestrutura, em moradia. Aqui tem tudo a ser feito. Nós temos que criar condições para que esse investimento venha para cá, mas não afugentar que aqui poderia investir. Então, o nosso compromisso é ser guardião da competitividade. Transformar o Brasil no destino preferencial de investimentos, que pode ser feito com a reforma trabalhista, com a reforma tributária, com a reforma da Previdência e com a reforma do Estado.
Ao se privatizar tudo também poderíamos ter um problema. O crédito rural só funciona porque temos o Banco do Brasil. Os bancos privados agora que estão olhando para o crédito rural porque o agronegócio está explodindo. Privatizar tudo não cria um problema para vários setores?
Para estimular determinado setor, não é preciso ter bancos públicos. Você pode fazer, com o sistema bancário eficiente como o nosso, você pode subsidiar taxa de juros. Não é exatamente a solução que um liberal pede…
No sistema concentrado como o nosso, o spread bancário é violento. O senhor como empresário sabe muito bem disso…
Quando ele falei das quatro reformas e se eu fosse falar da próxima reforma eu falaria da reforma do sistema bancário. Nós estamos no piso da taxa referencial, talvez a menor da série histórica, mas o spread para a ponta praticamente não se moveu. Isso se deve a um duopólio, ou talvez cinco bancos, se incluirmos ai os bancos públicos, que representa 86% da oferta de crédito. Isso é um gargalo, que está impedindo que chegue ao Brasil a revolução das Fintechs, que era nossa esperança para termos um cenário do sistema financeiro mais concorrencial. Mas quando aparece uma Fintech mais promissora é imediatamente neutralizada pela rede bancária. Eu acho que o Banco Central tem tarefa importante no sentido de elevar a tal nível de rigor a regulação, a normatização, para que apenas alguns players fiquem em cada setor. Foi assim no setor de proteína animal, onde o feitiço se virou contra o feiticeiro na Operação Carne Fraca, depois no sistema financeiro também fazendo com que os players internacionais não conseguem vir aqui. Setorialmente você tem um teto de exposição por empresa para os bancos. Então você consegue só que dois ou três bancos consigam realmente ter uma oferta de crédito aos clientes mais relevantes do mercado financeiro. Então é necessário reduzir esse nível de regulação para que o mercado torne-se mais concorrencial. Essa é a solução para o sistema financeiro, para eliminar esse enorme gargalo para que esses US$ 8 trilhões que estão procurando um destino encontrem um canal para irrigar o mercado financeiro do Brasil.
E a outra ponta dessa estrutura, que é o brasileiro menos favorecido, que está pendurado nos programas sociais. Muitos criticam os programas, dizendo que são assistencialistas, se dá o peixe e não se ensina a pescar. Como o senhor vê esses programas como o Bolsa-Família?
Num País com mais de 50 milhões abaixo da linha da pobreza, é necessário que haja uma rede de proteção social e eu como nordestino sou testemunha da necessidade do Bolsa-Família, mas o fundamental é que tenha uma porta de saída. E é aí que eu me orgulho da nossa empresa. Temos muitos projetos de impacto social, mas nada se equivale ao nosso Pró-Sertão. Esse projeto é uma ação da nossa empresa que visa disseminar oficinas de costura. Temos resultados fantásticos. Cidades que nunca tinham visto uma carteira de trabalho assinada, cidades de cinco a quinze mil habitante, no sexto ano consecutivo de seca no Norte-Nordeste, nós estimulamos a construção de oficinas de costura, um espaço transformar. A ideia eu tive quando fui à Galícia (Espanha), que tem muita similaridade com o Nordeste, e vi que uma região pode se blindar contra o desemprego. Em 2008, durante a crise mundial do Lehman Brothers, onde o desemprego entre os jovens na Espanha atingiu 50%, e usaram as oficinas de costura para resolver a crise. Estamos tentando reproduzir o projeto da Galícia aqui no Brasil, um projeto para a criação de 300 fábricas desse tipo aqui no Brasil.
Mas o Ministério Público do Rio Grande do Norte mandou o senhor paralisar a implantação dessas oficinas considerando que eram irregulares…
É, quando estávamos inaugurando a 60ª oficina, com a transformação das cidades, em que tinha se eliminado qualquer forma de produção, cerâmicas se eliminaram pelas secas. Isso me tirou do sério. Um agente, financiado pelo dinheiro público (a procuradora do Ministério Público do Trabalho), destruiu empregos na região. Isso num País com 14 milhões de desempregados. Quando se tenta gerar emprego, você tem como obstáculo exatamente a ação hiper-regulatória, insensível ao trabalho. Mas eu acredito que a Justiça do Trabalho seja mais sensível ao projeto, do que foram nossos detratores lá no Rio Grande do Norte e que possamos chegar a bom termo. Mas o que foi emblemático é que mostrou que nós podemos mudar o Brasil com a solidariedade de todos os trabalhadores. Gerou um clamor social. O projeto nos serviu de grande ensinamento, que me mostrou que é possível mudar este País. Mostrou que essa falácia do capital contra o trabalho, de patrão contra o trabalhador, não existe. Até como mostrou pesquisa do Instituto Perseu Abramo, aqui de São Paulo, isso é repudiado pela opinião pública. A luta de classe, nessa visão Marxista, está totalmente desmoralizada. O conflito que existe hoje é entre os que produzem, contra os que se valem do Estado. O inimigo é o Estado perdulário, voltado para privilégios. Então, quando aconteceu esse episódio lá, vieram caravanas de todas as regiões para Natal, protestando e manifestando solidariedade à nossa ação. Isso foi um alento para mim. E mostrou que nós não estamos sozinhos. Somos a imensa maioria, essa união saudável desses parceiros e empreendedores, que antes eram forças antagônicas e hoje são parceiros no processo de transformação do Brasil.
Falando em reforma tributária, em 1994 o senhor defendia a criação do Imposto Único. O senhor mantém essa posição?
O Imposto Único é a grande revolução na forma de financiamento do Estado. É a transformação do imposto do deslocamento de mercadorias para o mundo etéreo do bit. Na época talvez não existisse a tecnologia, hoje tão disseminada, que vai possibilitar a revolução tributária. Daqui a 10 ou 20 anos, quando nós lembrarmos que hoje para tributar tem que rastrear fisicamente o deslocamento de mercadorias, buscar um documento declaratório, nota fiscal para conferir que aquilo que está numa camionete é aquilo que está declarado na nota fiscal, vamos perceber que isso era pré-histórico e vão ter dificuldade de acreditar que a gente fazia assim. Hoje, a síntese de toda a atividade econômica está concentrada em 200 computadores, em 200 bancos, através de impulsos eletrônicos. Essa é a forma de tributar. É a base universal, que alcança o vasto oceano de clandestinidade. Por isso, estou trazendo de volta esse tema, porque acho que hoje no Brasil, com o sistema financeiro que temos, podemos fazer essa grande inovação na forma de tributar, que é mais justa, porque é o sistema tributário atual é cruelmente regressivo ao recair sobre o consumo, sobre os preços dos bens. A carga tributária sobre a baixa renda, quem ganha salário mínimo, é desigual. A carga tributária não está distribuída pela progressividade. A grande fortuna troca de fronteira, migra para Miami, vai para Portugal, fica imune a qualquer tipo de aumento da carga tributária. O trabalhador comum não pode fugir, não pode ir para Miami. E só sobre ele que recai a grande carga tributária. Se alguém que ganha salário mínimo provavelmente vai gastar os 100% que ganha e que em média tem 40% do preço dos produtos com impostos escondidos nos produtos, essa pessoa vai pagar 40% do que ganha só com impostos, enquanto que uma pessoa de alta renda, que consome só 10% do que ganha, vai ter os mesmos 40%, mas sobre 10%, que dá 4%, enquanto que o pobre paga 40%. Portanto, estamos com um grupo de estudos trabalhando nessa revolução tributária e essa reforma talvez tenha mais impacto na competitividade do que a reforma trabalhista. Nesse estudo que nos coloca em 153º lugar em competitividade traz a possibilidade de galgarmos 30 pontos no ranking de competitividade. A reforma tributária, automática, não declaratória e universal, fazendo com que todos paguem, e todos paguem menos, pode nos fazer saltar 50 pontos nesse ranking e aí já podemos chegar entre os 100 países mais competitivos do mundo.
O senhor fala em privatização, reformas, várias medidas de uma vez só, mas como fazer isso num Congresso que a gente sabe que funciona com o toma-lá-dá-cá. Como fazer tanta coisa no primeiro ano de mandato? Como o senhor combinaria com os russos?
Quero lembrar que estamos do lado dos 98% que pagam a conta. Esse gigante estava fora do jogo, estava hibernando, e o jogo era feito para cima da carruagem, para os 2% das corporações que ditavam as regras. A grande novidade é a entrada em campo desse gigante. É esses que vão entrar em campo. O toma-lá-dá-cá não faz parte do jogo. Ele é conseqüência da ausência de projetos. Qual era o projeto do governo Dilma, um governo tão heterogêneo, que vai do ministro Rossetto até o meu querido amigo Guilherme Afif, que é um liberal como eu. É tão heterogêneo que aglutine, uma proposta de País. É o projeto que estamos colocando, de um País próspero, receptivo a investimento, que seja menos hostil ao capital. Isso é mais sedutor do que o toma-lá-dá-cá e temos que lembrar também que no presidencialismo temos forte e historicamente a gente já viu medidas impopulares. Mas não me desmotiva medidas impopulares para esses 2% que estão em cima da carruagem. Quero ser impopular para esses 2% que tem privilégios. Os 98% que estão fora do jogo político e que passem a entrar no jogo, a gente aprova sim, em nome da prosperidade.
Mas na reforma da Previdência, o Congresso não pensou nos 98%. Os privilégios falaram mais alto e os 2% tiveram poder de lobby mais eficiente para barrar qualquer tramitação. E privilégios neste País acabam virando direito adquirido. Para se fazer isso, precisamos ou de um Congresso com ampla maioria para mudar ou fazemos uma revolução?
Mas o nome dessa revolução é despertar o gigante. Na Previdência, houve um erro de comunicação. A política do atual governo não colocou o dedo na ferida. A palavra-chave para se mudar a Previdência é o corte de privilégios. Não faz sentido que 3% dos aposentados representem um déficit de R$ 1,5 trilhão em dez anos.
Isso não foi enfrentado nas propostas. Quem mais pagava a conta não era quem tinha aposentadoria privilegiada…
A conta não é de dos 32 milhões de aposentados que geram talvez R$ 500 bilhões de déficit em dez anos. Esses não vão perder nada. Eles tem uma aposentadoria média de 1,3 salários mínimos. Com a fragilidade política a questão dos privilégios não pôde ser atacada, essa questão será atacada agora. Eu tenho certeza que o governo, mesmo com baixa popularidade, teve 320 votos para aprovar o Friboigate. Não tenho dúvida de que com 60 milhões de votos, nos primeiros meses de governo – e vamos colocar isso claramente na campanha – não tenho dúvidas que nos primeiros cem primeiros dias nós vamos aprovar as quatro reformas fundamentais, porque eles vêm em benefício da imensa maioria dos que estão acordando contra os privilégios. A revolta dos caminhoneiros é o exato retrato desse conflito. Nós vimos aqui uma corporação que se apropriou de um setor da economia e a chegada dessa conta para uma grande maioria que ficou indignada e também tomou conta da necessidade de se mobilizar.
Estamos num País onde a política é feita dentro de um governo de coalizão, mas que se transformou num governo de cooptação na prática, mas hoje embora vivamos um presidencialismo, vivemos num presidencialismo quase parlamentar, porque o Congresso conta muito. O senhor vem de um partido onde essa base ainda não está negociando com outros aliados, como o senhor conseguiria aprovar essas medidas no Congresso?
Eu acredito num País em que existem duas coalizões. A coalizão dos 98%, que pagam a conta, e a coalizão dos 2% que recebem os privilégios. Estamos construindo essa coalizão. Essa ficha está caindo e esse gigante está despertando e é isso que me faz acreditar que o gigante desperto vai fazer as mudanças que precisamos.
O senhor defende a reforma política e que reforma seria essa?
A reforma política passa em primeiro lugar pelo fim da reeleição. Está no nosso programa cinco anos de mandato, sem reeleição. O voto distrital está acoplado à necessidade da revisão do pacto federativo. O voto distrital é importante para aproximar representantes e representados, mas é incompatível com a realidade em que a União fica com quase 70% do bolo tributário. Esta inversão da pirâmide, deixando os recursos onde existe a demanda social, que é no município, corrigindo os efeitos dessa febre de contribuições que são impostas e que se multiplicaram, do governo Fernando Henrique para cá, com o intuito de não serem compartilhadas com os outros níveis da federação, trouxe uma concentração enorme de recursos para a União. Hoje o voto distrital iria dar um poder aos favoritos do poder central que talvez 90% dos deputados, no regime de voto distrital, seriam os favoritos da União, que iria canalizar os favores do governo federal através dos seus favoritos. É necessário que essa reforma política venha junto com a revisão do pacto federativo.
O seu partido, o PRB, está negociando com uma frente de outros partidos mais ao centro para que se tenha um único candidato. O senhor abriria mão de sua candidatura para ser vice de algum desses partidos?
Eu tenho estimulado fortemente a negociação nesse sentido, porque eu acredito firmemente que nós temos condição de lá pelo início das convenções partidárias de estarmos na frente. Um fato importante é que eu sou o mais desconhecido de todos os candidatos. Só 5% sabe da existência da nossa candidatura, praticamente um quarto fala em intenção de votos. Essa é a maior taxa de conversão entre todos os candidatos. Isso fala fortemente nosso favor. Estamos gastando sola de sapato. Ontem eu fui à 38ª cidade onde fizemos eventos de pré-candidatura e até as convenções já teremos vencido o obstáculo do desconhecimento. Por isso, eu tenho estimulado essas conversas e desejo ser ponto de aglutinação desse bloco de centro, que são os partidos mais alinhados doutrinariamente. Numa campanha majoritária você tem que ter um amplo espectro de doutrinas e convicções, mas estamos trabalhando nesse sentido.
Com o senhor na cabeça de chapa ou o senhor aceitando uma vice-presidência?
Eu não saí do meu melhor momento da minha vida empresarial para ser coadjuvante. Vamos assumir os compromissos mas eu só autorizei as conversas porque tenho a convicção de que daqui a um mês e meio nós estaremos na frente nesse bloco de centro.
Ontem (28) saiu uma pesquisa do Ibope, só o Estado de São Paulo, onde o seu discurso de redução do Estado, teria mais a sensibilizar, mas o seu índice é igual a zero. Como se tornar protagonista que não abre mão de sua candidatura para uma composição? No cenário nacional o senhor está com 0,5%…
Nos últimos 45 dias, estive cumprindo essa extensa agenda de 38 municípios fora de São Paulo. Foi um erro estratégico. Agora, vamos focar mais em São Paulo, junto à mídia nacional. O que é mais relevante é a taxa de conversão e o desconhecimento é uma coisa a ser atacada. Os próximos 30 dias serão decisivos.
A considerar que vamos ter a Copa do Mundo em que praticamente não se faz campanha e vamos ter praticamente só dois meses para fazer campanha, e com baixos recursos, como resolver essa equação de se tornar mais conhecido?
Queria relembrar aqui fenômenos de candidatos que à esta altura também estavam com traço, mas tinha um ativo que era a baixa rejeição e com espaço para crescer. E eu me enquadro nessa situação. O meu grande ativo é o ineditismo do nosso projeto, ocupando esse vácuo. Tem muita gente falando só em economês, do esforço da eficiência do Estado, da privatização, mas eu, em minhas andanças, tenho percebido que não é só isso que está tocando o coração do eleitor. Esta eleição será uma eleição no campo dos valores e é por isso que me coloco como um liberal, mas como alguém que se sente indignado pelo marxismo cultural, da inversão de valores, do ataque às instituições, dos ataques à polícia, a vitimização do bandido. Esse é o tem que está calando.
O senhor diz que é liberal na economia, mas liberal nos costumes. Gostaríamos de saber que o senhor acha da liberação do aborto, das drogas mais leves, como a maconha, como defende o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e sobre o armamento. O senhor acha, afinal, que a população tem que se armar? E o que o senhor acha da pena de morte?
Esses itens estão todos alinhados e eu me alinho à imensa maioria da população brasileira. Sou sim contra a pena de morte. Sou contra o aborto. Acredito que o estatuto do desarmamento, que o povo já se manifestou claramente em 2005, com ampla maioria rejeitando o estatuto do desarmamento, por enxergar um viés ideológico no estatuto do desarmamento. Isso faz parte do marxismo cultural, é desarmar o camponês e soltar o MST em cima. Foi fracassada a política de desarmamento. Não estou falando de dar um fuzil a cada brasileiro, mas estou falando de 1 ou 2% da população brasileira, que tem habilidade que eu obviamente não tenho. Mas um homem de bem, que passe pelo mesma via crucis de testes psicológicos que um policial passa para ter seu porte de arma, por que não? Porque não criar o efeito aureola na sua vizinhança e ajudar na segurança pública?
Mas o fazendeiro tem que atirar no sem-terra por exemplo?
Ele tem que ter o seu instrumento de defesa. É absolutamente cruel você com a virulência, a agressividade das invasões dos sem-terra, você ter um camponês totalmente desarmado, totalmente indefeso, a defesa é legítima.
A experiência nos Estados Unidos não tem sido boa. Somente neste ano foram 23 incidentes em escolas em que jovens saíram armados e trucidaram com colegas.
Mas eu estou falando de 62 mil homicídios, de 120 mil tentativas de homicídios aqui no Brasil. Me desculpe 23 é irrelevante. Você pega o mapa dos Estados Unidos e coloca as regiões onde tem maiores restrições ao armamento, como Nova York, Chicago, Miami, as regiões metropolitanas. Tira essas regiões, no resto dos Estados Unidos você está em 120º lugar em matéria de criminalidade. É irrelevante estatisticamente. Cito uma frase que reflete bem. A melhor maneira de parar um homem mau com uma arma é um homem bom com uma arma. Porque essa coragem de um pequeno assaltante brasileiro entrar num restaurante, num churrasco, ele sabe que não vai encontrar numa reação. Eu me coloco do lado da imensa maioria da população. Hoje as pesquisas mostram um percentual de apoio de mais de 80%. Só são a favor do desarmamento quem não está sofrendo esse problema, que não estão uma comunidade, que não está tendo que sair do barraco para esperar a filha o ponto de ônibus, para escoltá-la até em casa. A questão da violência quem sente é o mais carente, o mais pobre.
Quem vai comprar uma arma é o pobre que vai pegar a filha no ponto de ônibus ou somos nós?
Vão ser todos…
Mas se o pobre não está tendo dinheiro para comprar leite, vai comprar uma arma?
Mas a falta da arma mata mais a curto prazo do que até a falta do leite. Deve ser dado ao camponês o direito de se defender.
E sobre a redução da maioridade penal?
Sou a favor da redução para 16 anos.
Como o senhor vê a intervenção do Exército para conter a violência no Rio? O senhor defende a intervenção militar?
É medida extrema e necessária diante da perda do controle do Estado. E digo mais. Fui a Fortaleza e o quadro lá é ainda mais dramático do que acontece no Rio. Se mata duas vezes e meia mais do que se mata no Rio de Janeiro. Quarenta mortos a cada fim de semana. Em Fortaleza se atingiu inacreditáveis 78 mortos para cada 100 mil habitantes.
Fortaleza teria que sofrer intervenção militar também?
Por que não Fortaleza? Por que só o Rio? Por causa da visibilidade internacional? O caso de Fortaleza é extremo. Lá, está havendo uma caçada a policiais. Aqui, é oito vezes mais perigoso ser policial do que um soldado na guerra do Vietnã ou na Segunda Guerra Mundial. É uma verdadeira caçada. É preciso prestigiar a polícia.
Não falta uma política nacional de segurança pública? O que fazer com as polícias, se unifica ou não? Como ter eficiência da polícia com uma proposta como a sua de armar a população?
Mais uma vez eu reforço o ponto de voltarmos às nossas necessidades do usuário do serviço público, no caso da segurança. Amplos setores da sociedade tem o discurso da socialização da culpa, da vitimização do bandido. Esse é o caminho para a impunidade. Se a culpa é de todos, não é de ninguém. Existe uma esquerda defendendo o bandido e uma direita defendendo o sindicalismo das corporações. E o grande órfão nessa questão é o que mais precisa, que é a vítima. A nossa proposta de política de segurança pública está voltada para a vítima. Precisamos proteger quem nos protege. As polícias estão intencionalmente garroteadas. Falta a tecnologia mais essencial. Estive recentemente no Rio de Janeiro e as policiais não têm nem internet nas delegacias de polícia. É um cerceamento dos mais elementares na qualidade da investigação.
Mas é falta de investimento?
Sim, é falta de investimento.
É falta de dinheiro ou é mau uso de dinheiro?
Na segurança pública é falta de dinheiro. Em outros setores, como na Saúde e Educação é mau uso do dinheiro. Na Saúde temos o mesmo investimento sob o PIB que existe em outros países que universalizaram a Saúde, como a França e a Inglaterra, de 11,6% do Orçamento desses países. Não estamos com tanta inferioridade em relação a esses países. Falta sim é a gestão. Acredito que a livre iniciativa pode contribuir nesse setor. Um choque de gestão. Existe uma visão corporativista que vê no avança tecnológico, na inovação, numa visão arcaica e ultrapassada, que vê a livre iniciativa como uma ameaça ao emprego. Então, na Saúde e Educação falta gestão, tecnologia, que é o preponderante a cumprir.
Para a Saúde e Educação tem verbas carimbadas. O senhor é a favor de verba carimbada para a Segurança Pública?
Esse é outro fator que agrava… A segurança pública deveria ser prioridade. Neste cenário de Orçamento engessado, tem duas soluções: destravar esse engessamento que existe nas outras áreas ou garantir um mínimo para os investimentos necessários para a Segurança, que está mais diretamente ligada à preservação da vida.
Queria voltar ao assunto do Bolsa-Família e de outros programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, que o próprio governo Temer manteve. O senhor vai manter esses programas sociais?
Realmente eu não conclui na outra resposta sobre a rede de proteção social. Nosso programa tributário que está sendo rascunhado prevê o que estamos chamando de Bolsa-Família 2.0, que é uma rede de proteção mais robusta e menos vulneráveis às fraudes. Seria o Imposto de Renda negativo para famílias com renda familiar abaixo de um salário mínimo.
Hoje a gente vive uma negação da política. A população não quer o político tradicional e também não quer os partidos que estão aí. Muitos reclamam da velha política. O senhor é filiado a um partido, o PRB, cujo presidente é acusado de ter recebido dinheiro da Odebrecht e está sendo investigado pela Lava Jato. Sabemos que não há nada contra o senhor, mas o senhor não se sente desconfortável de estar num partido assim?
Meu elo de ligação com o PRB está de acordo com o nosso ideário, que é inegociável…
Esse nosso ideário é o seu ou é do PRB?
O meu ideário, que está perfeitamente abrigado dentro do ideário do partido. O meu ideário e que encontrei abrigo no PRB é o da defesa do emprego e da família. O ideário que eu defendo é de dois valores fundamentais, de criação de emprego, da atração de investimentos, de libertar a economia e dos valores da família. Eu trago a minha biografia. Até o mais cético dos jornalistas acredita. Basta ver o balanço da nossa empresa. Mesmo que não houvesse a questão ética, seria uma questão de inteligência que a opção pela política está longe de ter motivação de locupletação. Então, nossas idéias e o nosso programa são inegociáveis e é em torno delas que vamos construir o leque de alianças. Essas questões jurídicas são questões para serem tratadas no Judiciário. A contribuição que eu trago e acho estranho que não seja tratada, é a questão mais importante na luta contra a corrupção. No Judiciário espanta as moscas, para matar as moscas e a Lava Jato faz brilhantemente essa tarefa. O Executivo tem a segunda parte importante, que é a estrutural, a definitiva de tirar o presunto da sala, que é a reforma do Estado. É fazer com que o Estado não seja tão tentador, tão atrativo às oportunidades de corrupção. Essa é a luta definitiva e não vejo ninguém falando. Acho que merece um crédito de confiança o político que defende o Estado menor, do mesmo modo que merece uma desconfiança o político defensor de um Estado grande, um Estado recheado pelos monopólios estatais, que abrigam as tetas gordas para a corrupção.
Hoje os partidos tem restrições de gastos, pois as empresas não podem mais financiar as campanhas eleitorais e os candidatos terão recursos menores. Os candidatos mais ricos, que é o seu caso, ainda podem por dinheiro do bolso para financiar suas campanhas. O senhor vai pôr a mão no bolso para financiar sua campanha? Ter dinheiro para gastar pode lhe dar mais fôlego nesta eleição?
À princípio eu relutei porque imaginei que isso poderia dar a impressão de um projeto individual que inviabiliza uma caminhada política, mas eu percebi que o fato de eu anunciar que vou bancar minha campanha e vou abrir mão do fundo partidário, trouxe conforto aos eleitores e aos analistas da política. É que isso mostra um total compromisso apenas com um programa de governo.
Como o senhor vê a nova legislação, o senhor é favorável ao fim da contribuição empresarial?
Houve uma grave deformação nesse debate. Não está em questão se é pessoa física, se é pessoa jurídica, o grande compromisso no debate no financiamento de campanha é a relação incestuosa entre fornecedores do Estado e os beneficiários das contribuições. Quem eram os grandes financiadores de campanhas? Eram os fornecedores do governo. No meu Estado, eu era procurado a dar contribuições e eu dava pouco. Empresas menores do que as nossas davam mais e hoje eu entendo porque! Então eu acho que as contribuições inocentes, de empresas que vivem do mercado, que não é fornecedor da vida pública seria um ótimo caminho para o financiamento de campanhas políticas. Vou colocar meu dinheiro, dentro do limite que prevê lei para o financiamento das campanhas. E o limite da lei é mais do que suficiente. Não pretendo nem chegar perto desse limite.
O senhor já tem tesoureiro?
Meu filho, o Flávio, que é do mercado financeiro, vai me ajudar. Mas quem monta a estrutura de campanha é o partido.
Esse discurso de defesa da família é muito caro e seu partido é muito identificado com a Igreja Universal do Reino de Deus. O senhor vê algum risco desse protagonismo em alguns momentos da religião na ação política?
O que existe é uma orfandade de valores. Há uma demanda do eleitor, que está angustiado com a inversão de valores. Existe muita gente combatendo o marxismo econômico, o Gustavo Franco dizendo que a jaqueta liberal está na moda, mas o marxismo da forma mais moderna é a forma mais sórdida do marxismo cultural, do bagunçar para governar, da demolição dos alicerces de uma sociedade para construir a utopia que eles julgam ideal para construir a sociedade que já deu errado no mundo todo. É essa forma de ataque. E essa inversão de valores está por trás de dois fatos inegáveis: o crescimento dos escândalos da corrupção e a explosão da criminalidade. A intimidação do bandido, o ataque às polícias. Isso é o marxismo cultural.
Vamos ficar em algo menos genérico: constituição de famílias poliafetivas, o reconhecimento da união entre casais do mesmo sexo, a adoção de filhos por casais homossexuais, enfim, essa discussão que passa mais pelo campo comportamental, pela natureza de gênero, como o senhor se coloca diante dessas questões? As religiões são os interlocutores adequados para discutir essas questões?
Não, absolutamente. O Estado é laico. O nosso governo vai ser laico. Até 15 dias atrás eu era o presidente da maior empresa de moda do Brasil, que é uma empresa de diversidade por natureza. Somos o maior empregador de transsexuais do Brasil, o maior empregador de mulheres. Ser conservador está longe de ser moralista, de ser careta. Ser conservador é apenas a justa indignação que é minha e da grande maioria da população ao ver ataques às nossas raízes, com objetivo ideológico. É só isso. Então não vamos ficar no debate apenas no economês, porque o economês confina os candidatos a 1%. Está aí o Bolsonaro que exagera nas cores e está aí sua alta rejeição, mas tem o mérito de tocar nesse assunto, mesmo que algumas vezes exagerando e radicalizando. Essa demanda existe e estava desaguando nessa candidatura do Bolsonaro, que estava aí antes de mim. Nosso diagnóstico é esse: nós precisamos realmente de uma resposta completa ao triste ciclo que nós queremos deixar para trás e que foi marcado por idéias ruins na economia, com intervenção no Estado, explosão do gasto público, intervencionismo e erosão de valores. Temos que apresentar uma proposta completa. Não é o fenômeno Macron e o brasileiro não está preparado para isso, que é a direita democrática na economia e esquerda nos valores. E muito menos a política da Marie Le Pen, que se apresenta e que é o Macron com sinais trocados e que é a direita radical nos valores, mais nacionalismo e esquerda na economia. O brasileiro quer apenas o economista que não surja do terreno pantanoso desses temas espinhosos que eu estou me propondo a pisar e que devem ser debatidos.
Aliás, o senhor disse que o Bolsonaro é esquerda na economia. O senhor acredita que ele seja a esquerda na economia?
A minha concepção de esquerda e direita é.. Direita é o protagonismo do individuo, da livre iniciativa, que é a única melhor forma de geração de riqueza. Esquerda é o protagonismo do Estado, da defesa do nacionalismo, dos monopólios estatais, o anti-reformismo. Esse é um ponto de convergência entre a esquerda e a direita. Ambos são corporativistas. Muda talvez o nome da corporação. Na esquerda você tem a defesa do corporativismo dos professores… E a extrema-direita defendendo o corporativismo dos militares. Mas o corporativismo é o mesmo. Foi por isso que eu saí da minha cadeira, para defender aqueles que pagam a conta desse corporativismo e que são os grandes órfãos da grande maioria dos eleitores.
Vou fazer uma pergunta ao senhor que eu eu fiz na semana passada ao Alvaro Dias. Nós temos 50 milhões de pessoas cuja renda familiar não chega a R$ 400. O que o senhor tem a dizer para essas pessoas?
A solução sustentável e definitiva chama-se prosperidade. É transformar o Brasil num terreno fértil ao investimento. Esse é o único caminho. Essas são as vítimas de uma burocracia tóxica e hostil que afugentou o capital e condenou o Brasil a receber humilhantes 15% de investimentos do PIB em investimentos, que é o grande fator de empobrecimento e o que significa a termos 50 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. A descrença no livre mercado leva à hiper-regulação que nós chegamos e que nos levou a níveis anedóticos. A judicialização no Brasil é o grande inimigo da prosperidade. O juiz mais sábio é o livre mercado. Ele poderia estar gerenciando grande parte dos conflitos numa economia livre se não fosse a intervenção absurda da judicialização, em todas as áreas, na área trabalhista, ambiental, no direito do consumidor. O grande inimigo do trabalhador é o xiita trabalhista. O grande inimigo no meio ambiente é o xiita ambiental. O inimigo do consumidor é o xiita que nos faz ter o Iphone mais caro do mundo, o McDonald’s mais caro do mundo. Está apenas se restringindo a competição e tornando o Brasil inacessível.
Mas tem que ter algum tipo de regulação, não é candidato?
A menor possível. O mercado é a regulação mais sábia. Aqui se infantiliza o consumidor e o trabalhador. O Estado serve para infantilizar as partes: não, você não pode contratar fulano, não pode isto e aquilo. Isso é um desserviço ao elo mais frágil, no caso o trabalhador, e é o grande alimentador do desemprego.
Levantei aqui um dado que de 2003 a 2016, o setor produtivo recebeu de incentivos e subsídios do governo um total de R$ 420 bilhões. No mesmo período, os programais sociais, como Bolsa-Família, receberam R$ 372 bilhões. Ou seja, os empresários receberam mais do que os mais carentes, na chamada Bolsa-Empresário. Caso o senhor seja eleito, pretende acabar com os incentivos aos empresários?
Essa é uma deformação do livre mercado. A nossa empresa, num ambiente concorrencial, para manter a equidade concorrencial, se tornou, por pressão minha, tomador de recursos do BNDES. Tomamos ao longo de 10 anos um total de R4 1,4 bilhão, que se transformaram em 200 lojas, em 13 mil empregos diretos as nossas lojas e 60 mil empregos nos nossos fornecedores. Conosco o BNDES não perdeu dinheiro. Nós já pagamos 90% desses recursos. E nos últimos três anos não temos mais recorrido ao BNDES, porque os bancos privados tem se mostrado mais competitivos. Na época do Roberto Campos, que foi o criador do BNDES, o banco era o único para financiar projetos de longo prazo. Mas o BNDES se tornou palavrão na era petista. O BNDES chegou a representar 50% do crédito no Brasil. Nos Estados Unidos é de meio por cento. A total deformação do banco aconteceu por duas causas absolutamente condenáveis. Primeiro financiar obras faraônicas em ditaduras do socialismo bolivariano da América Latina e segundo há a ação esdrúxula e ofensiva a qualquer liberal que é a estratégia de campeões nacionais. Isso é o cúmulo da arrogância do intervencionismo estatal. Quando o Estado burocrata em Brasília ou no Rio de Janeiro se arroga no direito de dizer: este vai ser o campeão nacional do óleo e gás ou este vai ser o campeão da proteína animal, isso é um disparate que levou a grandes perdas e com certeza isso não vai existir num governo liberal.
Então vai acabar o subsídio aos empresários?
Claro que sim. Tem uma frase que vou citar, sem nenhum demérito ao histórico e à equipe do BNDES, que fez um trabalho competente até ser aviltado com as pressões externas e uso politiqueiro em determinado período da nossa política. Mas hoje eu acho que a necessidade do BNDES é muito menor, porque hoje existe oferta de crédito ampla. Outra coisa, quando você tem 50% de dinheiro subsidiado, você onera os restantes 50%. Quando obtivemos o empréstimo com 2% de juros menores do que o mercado, se onerou os 50% de crédito ao consumidor, que teve que comprar menos porque teve menos acesso a crédito, com certeza a gente fica no prejuízo.
Como o senhor vê o BNDES como financiador dos projetos de infraestrutura?
O que pode a curto prazo destravar o gargalo dos financiamentos necessários à infraestrutura, que é outro detrator da nossa competitividade, é a redução das travas burocráticas regulatórias. Não é falta de dinheiro. Dinheiro está abundante no mundo. Temos a trava regulatória. Existem travas ambientais, em decorrência da legislação ambiental, da época que fazia sentido a floresta… Da era extrativista da exploração econômica da nossa biodiversidade. Hoje, estamos na era da biotecnologia. A floresta vale muito mais, o nosso ecossistema, vale muito mais em pé, mas hoje esbarra numa ainda em uma legislação desatualizada, da era em que a ameaça era derrubar a floresta. Não é mais o desmatamento a ameaça. A biotecnologia na Alemanha, que tem 10% da nossa área de floresta, vai representar em 2030 algo em torno de 25% do PIB. Você imagina quando a biodiversidade pode representar no nosso PIB a curto prazo, mas existem travas ambientais com a lei defasada, que são muito severas. Precisamos tornar o Brasil menos hostil. Estive agora em Belém. Há anos vivemos o drama da novela da BR-319. Falta terminar 200 km, de um total de 1.200 km, que poderia baratear o preço em 30% o preço da produção agrícola da região importante. Mas há ONGs, levadas por elevados ideais, mas outras com outros objetivos, de apenas não permitir que a estrada seja terminada. Eles dizem que colocaram câmaras e não vão permitir que um galho seja cortado para a estrada ser terminada.
A sua observação pode ser valida, mas os satélites do INPE mostram que as florestas na Amazônia estão sendo derrubadas vorazmente. Inclusive na última Conferência do Clima, o Brasil foi constrangedoramente advertido pelas autoridades da Noruega pela derrubada das matas na Amazônia e esse País, que tem a tradição de financiar projetos de preservação do meio ambiente, suspenderam os financiamentos destinados ao Brasil. Os números da destruição da floresta amazônica são muito negativos, isso sem falar na Mata Atlântica que só tem 5% do seu total. O senhor acha que esse cuidado preservacionista é retrógrado?
Essa é uma injustiça que se comete contra o Brasil. Dois terços do nosso País estão do jeito que Pedro Álvares Cabral encontrou. Na Europa é 0,7%. Por que eles não preservam as florestas deles?
Pelo que estou entendendo é que, enquanto a gente não destruir o tanto que eles destruíram, não estamos cometendo irregularidade alguma?
Mas nós não destruímos nada. Nós temos 7,8% do nosso território apenas ocupado com a agricultura…
Candidato, desculpe, mas os relatórios do INPE sustentam que o volume de derrubada, queimada e destruição da Amazônia Legal continua em alta. O que tem acontecido são períodos de desaceleração do processo, mas a curva é de inegável e matemático crescimento. Como combinar esses números com esse discurso?
Esses números estão em áreas de invasão. Esse é o problema, da proliferação de quilombolas… Temos 14% de áreas indígenas no Brasil. É o dobro. E são eles que estão desmatando. A área do agronegócio está restrita a 7,8% do território nacional. Cada vez que o mundo compra um saco de milho do Brasil em detrimento de um saco de milho produzido nos Estados Unidos ou Europa, o planeta agradece, porque nós temos a agricultura mais sustentável do mundo. Mas há o cerco a quem produz, inclusive de ordem ideológica. Os nossos concorrentes internacionais, assustados com a enorme competitividade do nosso agro, descobriram que é muito mais barato, do que ao invés de subsidiar com bilhões de dólares às suas agriculturas ineficientes, sub-repticiamente financiar esse verdadeiro cerco, esse patrulhamento muitas vezes injusto e muitas vezes caluniosas, a nossa agricultura, que é a mais fantástica do mundo.
São os quilombolas e os índios que estão nesse processo de derrubada das florestas?
É a ideologização da sagrada bandeira ambiental. Vou lhe contar o que aconteceu no Rio Grande do Norte. A ideologização dessa bandeira levou o Estado a fazer 20 grandes projetos turísticos para o desenvolvimento do meu Estado. Estava sentado na cadeira do Meio Ambiente uma pessoa totalmente movida pela ideologia. Ele se travestia de ambientalista, mas ele impediu a chegada desses 20 projetos, que na época dava R$ 11 bilhões em investimentos e geraria 50 mil empregos. Essas áreas hoje estão totalmente degradadas. As pessoas que viviam no entorno, miseráveis, invadiram aqueles santuários ecológicos, que estariam sendo preservados hoje, com resorts, porque ele vende o meio ambiente, esses santuários se transformaram numa grande invasão. Você vê uma complacência com os órgãos ambientais nessa questão ideológica. Se é uma favela pode, mas não um projeto empreendedor, um resort. O grande detrator do meio ambiente no Brasil é o xiita ambiental. O que vemos é esse mapa da invasão. Esse mapa, que poderia estar trazendo boas notícias, está trazendo más notícias, com a criação de quilombolas no Brasil. Antes eram seis quilombolas no Brasil e hoje são 256 que equivalem a uma área do tamanho do Estado de São Paulo. E isso será área desmatada logo-logo.
O que o senhor faria para o combate à corrupção e os internautas perguntam qual é o diferencial do senhor em relação aos demais candidatos. Querem saber como o senhor vai resolver o desemprego.
Corrupção. O desinfetante natural da corrupção é o livre mercado. No setor de óleo e gás (Petrobras), por exemplo, regido pelas leis da livre concorrência não daria espaço para o executivo de uma dessas petroleiras colocar um sobrepreço de 200 ou 300% num navio de sonda ou numa plataforma de petróleo. Isso acontece num setor monopolista, porque isso vai direto para o preço. Deixa o ambiente concorrencial funcionar que esse fator será extirpado naturalmente. Caso se deixe contaminar pela corrupção, sai do mercado. Quando ao diferencial da nossa candidatura. Eu represento a novidade de guiar as decisões pelo usuário do serviço público. Quando for discutir Educação, vou saber o que torna o Juquinha que está no banco escolar mais apto para ser inserido no mercado de trabalho. Vou querer saber o que é bom para a dona Maria, o que que é bom para o paciente do hospital, para a vítima das balas perdidas.
O senhor é a favor das cotas para estudantes negros?
Não, não. Sou pela meritocracia. Nada melhor do que o mérito de cada um. Na última reunião dos 100 trainees da Riachuelo, há 15 dias, com jovens brilhantes e que serão os futuros gerentes da empresa e lá fiquei impressionado:eram 90 mulheres e 10 homens. Se fosse criar cotas, talvez fosse para proteger essa classe em extinção que são os homens executivos. Não precisa de cota. Mulher não precisa de cota, negro não precisa de cota. Precisamos de meritocracia. Cotas é uma ofensa ao valor fundamental da meritocracia.
Sobre a greve dos caminhoneiros, o senhor acha que ela foi manipulada ou por partido políticos ou por empresários, ou pelos dois?
O estopim foi a chegada da conta do petrolão. Todo o noticiário que a gente vê de valores exorbitantes desviados da Petrobras, fortunas acumuladas com o tempo em propinas angariadas para financiar campanhas políticas, tem um destino, que é o preço do petróleo. E isso levou a esta justa indignação. É uma sinalização para todo o restante, para os 98% dos pagadores da conta da corrupção na Petrobras….
O movimento é legítimo?
É legitimo, mas não se pode defender a obstrução de rodovias. A greve é um direito constitucional, mas a partir do momento em que prejudicam o povo. São dois instantes. Quando surgiu recebeu minha total solidariedade, mas depois passou a ser oportunisticamente apropriado por setores ideológicos, de corporações. As mesmas corporações que causaram a justa indignação.
Temos hoje muitos apelos à volta dos militares. O senhor vai enfrentar uma situação no ambiente militar que reaproxima os militares no campo da política, com o comandante do Exército se pronunciando às vésperas do julgamento do Lula, e apelos pela volta dos militares e uma corporação com projetos e prioridades como a compra de caças da Suécia, da construção dos submarinos da Marinha, que são programas milionários, como o senhor vê a corporação militar e seu aumento de peso no cenário atual?
Com foto o respeito, dentro das atribuições constitucionais das Forças Armadas e suas legítimas reivindicações. Sabemos que há um sucateamento das Forças Armadas que precisam ser supridas rapidamente. Quando disse que há duas ameaças, com dois cenários mais possíveis, há o iceberg da extrema esquerda e o iceberg da extrema direita. A extrema esquerda seria a volta a esse passado recente que gerou a maior crise da história e tanto desemprego. Mas não podemos compactuar com a juventude que pode a volta do regime militar. Essa juventude não viver o que eu vivi no auge da ditadura militar. Não se pode brincar com o valor fundamental da democracia. Do alto dos meus 60 anos tenho que me manifestar e devo dizer que no debate atual se fala sem conhecimento. Precisamos reconstruir o Brasil com esse valor da liberdade política, não se pode sequer flertar com essa possibilidade.
Há uma conflagração de poderes, entre o Judiciário e Legislativo. Como senhor enxerga esse quadro?
É resultado da crise política, da anemia de representatividade do poder do Executivo, a quem caberia o papel de moderador do cenário, mas não o exerce. Aí a gente está vendo o movimento anti-reformista que está havendo dentro da grande conquista, que foi a reforma trabalhista, e existem setores do Judiciário que se arvoram no direito de legislar. Dizem: isto eu cumpro, isto eu não cumpro, ignorando a decisão soberana do Congresso. É um claro exemplo da superposição de poderes.
Em outubro, comemoramos 30 anos da nova Constituição brasileira, que é executada ao sabor das ocasiões, com diversas interpretações. Ela precisa ser revista?
Com a autoridade de quem foi constituinte, mas também com a autoridade de quem foi vencido na maior parte das votações, lembro o que meu colega de constituinte, Roberto Campos, tenha se referido a ela afirmando que ‘isto não é uma Constituição, é um catalogo de aspirações”. Naquela época, todos se viam no direito de ir lá e pendurar suas reivindicações e agora a gente vê que a conta não fechou. Fizemos uma Constituição extremamente prolixa e claro que não caberia ao novo presidente da República, que vai jurar sobre esta Constituição, propor logo de cara uma nova constituinte. Mas é extremamente necessário uma desconstitucionalização, de regulamentar na legislação ordinária mecanismos que estão travados por uma Constituição restritiva ao livre mercado.
O senhor faria uma revisão no Mercosul?
Sim, há vinhos argentinos sendo vendidos mais baratos do que os vinhos do Rio Grande do Sul. É um caso típico que temos que repensar.
Como o senhor avalia a gestão do Pedro Parente à frente da Petrobras?
Sem sombra de dúvida é um executivo de altíssimo nível, digno, que conseguiu recuperar uma empresa que estava em frangalhos. Quando Pedro Parente assumiu era a empresa mais endividada do mundo. Hoje tem uma dívida aceitável, de duas ou três vezes seu EBTDA. Mas é de gestor da mais alta competência, mas não é um político. Não cabe a ele identificar esse movimento, tendo ao seu lado os preços, e gerando a crise que gerou. Essa é uma conta do endividamento do passado, com os anos de corrupção, aliados com o câmbio e o preço do barril de petróleo gerou uma tempestade perfeita, gerando uma reação em cadeia.
Como acabar com o monopólio da Petrobras de uma hora para a outra?
Nós temos as experiências de privatização e é lógico que o pré-requisito do bom senso indica é que não se venda um pacote inteiro, desmembrando-se em empresas, obedecendo a uma lógica que o CADE sabe bem disso. O CADE, que é tão rigoroso quando uma fábrica de biscoitos compra outra fábrica de biscoitos, tem que ter esse mesmo espírito a nortear um processo como esse. O Brasil acertou quando privatizou as telecomunicações. Havia gente que pediu para a Telebrás vender tudo num pacote só, mas isso não aconteceu. O Brasil ensinou isso, que não se pode vender o monopólio junto. Tem que fatiar e a mesma estratégia deve ser adotada no caso da Petrobras.
Gostaria de voltar à questão do desemprego, que o senhor acabou não respondendo da outra vez. O que o senhor faria para acabar com o desemprego?
Gerar empregos é a prioridade de qualquer governo e gerar emprego é a minha prioridade. Eu entendo de gerar empregos na prática. Em dez anos como presidente da Riachuelo fiz 320 mil contratações. A minha empresa a 15ª maior empregadora do Brasil. Aqui no Brasil é mais fácil. Não é criar emprego, é impedir que destruam os empregos que temos. Vamos fazer uma cruzada contra a destruição de empregos. O burocrata que vier com sua visão ideológica ou criar dificuldade para vender facilidades, e ter qualquer impacto na capacidade de gerar empregos, vai ter que se ver comigo. Quando você gera emprego, você resolve todos os outros problemas, o da segurança, da habitação, da saúde, resolve a educação e fortalece o sustentáculo maior da família. O inverso também é verdadeiro: quando desaparece o emprego, a célula da família perde a sua estabilidade.
Por que o eleitor deve votar no senhor e não nos demais?
Porque eu vou representar os 98% dos que pagam impostos, suam a camisa e puxam a carruagem. E isso não é a realidade da política brasileira. Os políticos brasileiros têm o rabo preso com as corporações e ninguém as desafia. O que a gente vê aí são esses 2% que estão no alto das carruagens e que têm que ser desafiados. Temos que fazer uma política que é boa para o atendimento dos serviços públicos, que seja boa para o Joãozinho que está num banco de escola pública e é bom para a vitima da insegurança pública. Essa é a lógica da empresa privada, mas não é a lógica do Estado. Vamos comemorar os 200 anos da independência do Brasil em 2020 e a nossa proposta é libertar o Brasil da Corte, que só mudou de endereço: era em Lisboa e agora é em Brasília.
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