quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

No último dia do ano, governo libera R$ 18 bi para a Petrobras. Quer dizer, a quadrilha Lula-Dilma assalta a empresa e viúva socorre

Marta Beck e Danilo Fariello - O Globo

Estatal foi maior beneficiada por medida editada no último dia do ano


Apesar das dificuldades da equipe econômica para fechar as contas de 2014, o governo editou nesta quarta-feira uma medida provisória que libera R$ 20,139 bilhões em créditos extraordinários para diversos órgãos do Executivo, além do pagamento de encargos financeiros da União e transferências a estados e municípios. Publicada no Diário Oficial da União no último dia do ano, a MP beneficia principalmente a Petrobras e pode atenuar a queda dos investimentos das empresas estatais no ano.

Segundo o Ministério do Planejamento, R$ 17,9 bilhões do total liberado são destinados à Petrobras, que enfrenta um escândalo de corrupção e, nesta semana, proibiu empreiteiras citadas como suspeitas pelo Ministério Público Federal no esquema de cartel de participar de novas licitações a serem abertas pela estatal.

Esses recursos para a estatal serão aplicados principalmente em investimentos na produção de petróleo e gás, a partir de áreas nas bacias de Santos e Campos (R$ 2,78 bilhões) e na implantação da refinaria Abreu e Lima, concluída neste ano (R$ 2,25 bilhões).

Ao longo de 2014, o ministério havia cortado investimentos da refinaria em mais de R$ 3 bilhões, acompanhando a disponibilidade de recursos do Tesouro.

Outros R$ 2,2 bilhões estão sendo liberados para uma série de programas, entre eles o de prevenção contra desastres naturais, e o projeto FX-2, destinado à aquisição de novos caças suecos pela Força Aérea Brasileira (FAB). O dinheiro também será utilizado para o pagamento de despesas da Previdência Social.

A liberação de mais de R$ 20 bilhões para gastos vai na contramão do que vem prometendo a nova equipe econômica, que fala em cortes de gastos e fim de desonerações para melhorar o quadro fiscal. No entanto, o Ministério do Planejamento argumenta que a maior parte do crédito extraordinário — R$ 14 bilhões — refere-se apenas a remanejamento de gastos que já estavam na conta. Somente pouco mais de R$ 6 bilhões são o que se poderia chamar de recursos orçamentários novos.

Este ano, a queda da arrecadação e o forte aumento das despesas públicas obrigaram o governo a negociar com o Congresso uma redução da meta de superávit primário (poupança feita para o pagamento de juros da dívida pública), que estava fixada em R$ 99 bilhões, ou 1,99% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Depois de muita polêmica, os parlamentares concordaram em alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 e permitiram que a equipe econômica abandonasse a meta fiscal. O governo pode, na prática, terminar o ano até mesmo com déficit primário.

Mesmo assim, oficialmente, há um compromisso de entregar um superávit primário de R$ 10,1 bilhões este ano, o que dificilmente deve ocorrer. Até novembro, o setor público teve um déficit primário de R$ 19,6 bilhões, ou 0,42% do PIB. Esse também foi o pior resultado já registrado para o período.



Salário mínimo e tabela do IR têm reajuste menor que o esperado

Cristiane Jungblut e Geralda Doca - O Globo

Em cenário de aperto, governo arredonda valor do benefício para R$ 788. Economia é de R$ 600 milhões


A presidente Dilma Rousseff fixou em R$ 788 o valor do salário mínimo, a partir de 1º de janeiro de 2015, em decreto publicado no Diário Oficial desta terça-feira. O valor atual do mínimo, de R$ 724, foi reajustado em 8,84%. Num momento de aperto nas contas públicas, Dilma arredondou para baixo o valor final do salário mínimo. A previsão da equipe econômica encaminhada ao Congresso era de R$ 788,06 e, na semana passada, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou parecer do relator do Orçamento da União de 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que elevava o mínimo para R$ 790.

A decisão de Dilma representa uma economia para o governo de pelo menos R$ 600 milhões, em relação ao aprovado na comissão. Isso porque, segundoo Ministério da Fazenda, cada real a mais no valor do mínimo representa cerca de R$ 300 milhões de gasto adicional.

O valor oficial do salário mínimo é calculado com base no percentual de crescimento do PIB de dois anos anteriores — neste caso, de 2013 — mais a variação da inflação do ano anterior (2014). O índice de inflação utilizado é o INPC (Índice Nacional de Preços) e não o IPCA, que é considerada a inflação oficial no país. O decreto estabelece ainda que o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 26,27 e o valor da hora será de R$ 3,58.

Segundo o Ministério da Previdência, são 21 mlhões de beneficiários que recebem o piso previdenciário, no mesmo valor do salário mínimo. Os segurados da Previdência terão seus benefícios reajustados na folha de janeiro, paga entre 26 de janeiro e 6 de fevereiro.
Essa não foi a primeira vez que Dilma arredondou para baixo o valor do mínimo. Em 2011, ao fixar o valor para 2012, a presidente reajustou para R$ 622, quando o Congresso havia aprovado uma projeção de R$ 622,73.

Segundo o Ministério do Planejamento, para se chegar ao valor de R$ 788 em 2015, o governo aplicou uma taxa de crescimento de 2,49% em 2013 e utilizou um INPC estimado para 2014 de 6,28%. Esses índices são aplicados de forma cumulativa em cima do valor de R$ 723,38 e não de R$ 724. A explicação é que o valor dado em dezembro de 2013 para valer em 2014 foi fechado com base num INPC um pouco maior do que o finalizado para 2013. É que o INPC usado em dezembro é uma estimativa, já que o índice fechado do ano só é conhecido em janeiro do ano seguinte.

GOVERNO PREPARA NOVA MP

Já a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) deverá ser anunciada em meados de janeiro de 2015. Segundo fontes da equipe econômica, nova medida provisória, com reajuste de 4,5%, será publicada assim que a presidente Dilma Rousseff sancionar a MP 656 e vetar a correção proposta pelo Congresso, de 6,5%. A MP 656 foi aprovada no fim de dezembro e o prazo para a sanção é de 15 dias.

— Estamos trabalhando com a mesma correção de 4,5% proposta anteriormente — disse um integrante do governo.

Segundo essa fonte, o ideal seria baixar logo a MP com a correção para que os novos índices, que incidem sobre os salários, pudessem vigorar a partir de 1º de janeiro de 2015. 

Mas é preciso resolver primeiro a questão do reajuste aprovado pelo Congresso, diante da necessidade de ajuste nas contas públicas. A MP que propunha originalmente a correção de 4,5% perdeu validade sem ser votada pelo Congresso.



Futuro ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas prega expulsão de petistas condenados. Ué! Quer fechar o PT!

Flávio Ilha - O Globo

Vargas, que será responsável por negociar com o Congresso, diz que CPIs perderam eficiência

O deputado federal Pepe Vargas (PT-RS), que assumirá amanhã o Ministério das Relações Institucionais no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, defendeu ontem a expulsão do partido de filiados condenados por corrupção. Segundo Pepe, um dos líderes da corrente Democracia Socialista (DS), “não há alternativa se não a exclusão”:

— Se as investigações comprovarem, se houver condenação judicial transitada em julgado (sem direito a recursos), não há alternativa se não a exclusão dos quadros partidários. Mas é importante notar que, dos denunciados até agora pelo Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato, nenhum é filiado ao PT. Vai aparecer alguém vinculado ao partido? Não sabemos. Se aparecer, vamos agir — disse o futuro ministro.

O artigo 231 do estatuto do PT já prevê a expulsão de filiados condenados “por crime infamante ou práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.” Petistas foram condenados por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do mensalão. Nesse caso, porém, a decisão sobre eventuais expulsões foi transferida para a Executiva Nacional, e o assunto nem foi discutido. A regra, que contraria o estatuto, foi adotada pelo presidente do PT, Rui Falcão.

ELEITO PARA O TERCEIRO MANDATO NA CÂMARA

Com Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), Vargas integrará o núcleo político do segundo mandato de Dilma. Em dois anos à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o deputado teve uma atuação discreta, a ponto de ter se surpreendido com o convite de Dilma para ocupar a pasta, confirmado no último dia 22. Segundo Vargas, seu plano era assumir seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados.

O futuro ministro se defendeu das insinuações de que não tem “estofo nem lastro” para assumir a função de negociar com o Congresso, ainda mais depois que a base do governo perdeu a maioria folgada do primeiro mandato. Segundo Vargas, “algumas pessoas podem ter currículos melhores que o meu, mas, certamente, não são muitas”.

Vargas criticou a insistência do Congresso em investigar denúncias de corrupção por meio de CPIs, que, para ele, “perderam a eficiência”.

— As quebras de sigilo da Polícia Federal e do Ministério Público, por exemplo, hoje são muito mais rápidas que de uma CPI. Os procedimentos da Controladoria-Geral da União também. E não são histriônicos como se vê em algumas comissões, com depoimentos em geral romanescos. Não é uma CPI que vai resolver o problema da corrupção no país — criticou.

Uma das primeiras missões de Vargas na relação com o Congresso será negociar o pacote de ajuste na Previdência, que deverá ser remetido por medida provisória no início de 2015.

Segundo Vargas, a partir da proposta formalizada, será necessário discutir com os movimentos sindicais, a sociedade e o Congresso para estabelecer pontos de convergência e “eventuais aperfeiçoamentos”. O governo, disse, não quer “atropelar a oposição” para aprovar medidas, que geram economia de R$ 18 bilhões ao ano.

Sobre seu estilo ao negociar temas polêmicos, afirmou:

— A relação (do governo) com o Congresso será independente e harmônica. Mas independência não quer dizer necessariamente conflito. E harmonia não é submissão.



No dia da posse de Dilma, protestos anti-PT serão no céu

Veja


Praias Rio
Depois dos atos que reuniram milhares de manifestantes anti-PT no asfalto, nos carros de som e nas sacadas dos edifícios de diversas cidades em novembro e dezembro de 2014, o Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua e grupos parceiros anunciaram que o protesto em 1º de janeiro de 2015, o dia da posse da presidente reeleita Dilma Rousseff, será feito no céu.
O objetivo é alcançar o maior número possível de pessoas com a denúncia de um dos maiores atentados à democracia de nosso país: o Petrolão – “uso bilionário da Petrobras para enriquecimento ilícito, financiamento de campanhas e compra de parlamentares”.
No Rio de Janeiro, para chamar a atenção dos cariocas em pleno verão, um avião irá sobrevoar as praias a partir da Zona Sul com a tradicional faixa de mídia aérea trazendo um alerta contra a roubalheira petista, enquanto em Florianópolis um balão subirá aos ares com a denúncia.
Já em Maceió, os manifestantes sairão às ruas para um ‘adesivaço’ e um ‘panfletaço’, ao passo que em Brasília haverá um protesto liderado por Adolfo Sachsida – um dos brasileiros expulsos das galerias do Congresso por Renan Calheiros a pedido de Jandira ‘Vai pra Cuba’ Feghali.
Em São Paulo, os manifestantes irão simular a posse da presidente na Avenida Paulista com um desfile em carro aberto em direção ao prédio da Petrobrás, “contando inclusive com a importante ajuda de alguns militantes de esquerda bastante caricatos”.
Em nota à imprensa, os organizadores reforçaram o compromisso do movimento com a defesa das instituições democráticas e das liberdades individuais e econômicas em nosso país.
Veja a agenda dos protestos por cidade:
Rio de Janeiro – 14 horas – 5 voltas aéreas pelas praias da Zona Sul, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes;
São Paulo – 14 horas – Avenida Paulista (Masp);
Maceió – 16 horas – Palato Farol;
Brasília – 14 horas – Congresso Nacional;
Florianópolis – 17 horas – Estrada SC 401 – Trevo de Jurerê.

Aécio e Caiado reagem a estelionato eleitoral de Dilma e maior rombo nas contas públicas desde 1997

Com Blog Felipe Moura Brasil - Veja




Aécio Caiado
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado recém-eleito senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) reagiram nesta terça-feira (30) no Facebook ao estelionato eleitoral da presidente Dilma Rousseff que comentei em post anterior e ao maior rombo nas contas públicas desde 1997. Veja os posts:
Aécio Neves:
“No apagar das luzes do seu primeiro mandato, que termina de forma melancólica, a presidente Dilma Rousseff trai novamente os compromissos assumidos com seus eleitores e anuncia novas e duras medidas que, na campanha eleitoral, garantiu que não iria tomar: reduz direitos dos trabalhadores e dificulta o acesso dos estudantes brasileiros ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
No primeiro caso, sindicalistas já denunciam as perdas para os trabalhadores e a forma unilaterale autoritária com que as medidas foram tomadas, sem qualquer diálogo com as Centrais Sindicais.
No caso do Fies, a imprensa publica que a Federação Nacional das Escolas Particulares calcula em 20% a redução do número de estudantes beneficiados com as políticas educacionais no setor privado.
A presidente, que já havia rompido outros compromissos assumidos com os brasileiros que acreditaram em suas promessas e a honraram com seu voto, faz agora o impensável: coloca em prática as suas medidas impopulares, prejudicando aqueles que deveriam ser alvo da defesa intransigente do seu governo: os trabalhadores e os estudantes.
Na campanha eleitoral, a candidata Dilma disse que não mudaria os direitos dos trabalhadores ‘nem que a vaca tussa’. Mudou. A cada nova medida anunciada vai ficando ainda mais claro que foi a mentira quem venceu as últimas eleições.
RomboRonaldo Caiado:
“É o maior estelionato eleitoral da história. Nunca antes este País viu tantas acusações contra adversários de quem está no poder em uma eleição que se tornaram realidade… E pelas mãos de quem apontou e acusou Aécio Neves! Dilma tira R$ 18 bilhões dos trabalhadores! Creio que o Brasil cada vez mais aprende que no PT não dá para confiar. É regra!
Coincidência ou não, o rombo do governo chegou a R$ 18 bilhões, o mesmo valor que será tirado dos trabalhadores. Quando dizemos que não existe milagre e que tudo é pago pelo povo, não é retórica. Governo gastou, alguém banca. E quem banca é o povo.
A verdade dói para os petistas. Dizem que não é verdade e que do jeito que estava benefício trabalhista facilitava para “aproveitadores”. Até chamar trabalhador de aproveitador o PT agora chama. Queria ver coragem nas eleições. Aos petistas, frase deles: aceitem que dói menos. Aos trabalhadores, não aceitem. Demonstrem sua insatisfação! O Brasil não aguenta mais essa enganação.”

As mais belas livrarias para se conhecer mundo afora

Veja



Livraria Cook and Book em Bruxelas, Bélgica
Livraria Cook and Book em Bruxelas, Bélgica (Livraria/VEJA)
O turismo literário não consiste apenas em visitar lugares retratados nos grandes clássicos da literatura. Não só os museus, mas também as livrarias têm despertado o interesse dos viajantes que buscam por cultura durante seus passeios. Além de reunirem milhares de grandes obras, possuem atrativos como arquitetura, história e gastronomia. A Polare, na cidade de Maastricht, na Holanda, foi montada dentro de igreja dominicana construída no século XIII, enquanto a Cook and Book, em Bruxelas, oferece em seus 1.200 metros quadrados não só livros, mas também um renomado restaurante.
Confira imagens dessas e outras livrarias que valem constar dos roteiros de suas próximas férias.


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Livraria Ler Devagar em Lisboa, Portugal
Livraria Ler Devagar em Lisboa, Portugal - Reprodução/VEJA

Austrália e Nova Zelândia comemoram a chegada de 2015

Veja


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Fogos na Ponte da Baía de Sydney, na Austrália
Fogos na Ponte da Baía de Sydney, na Austrália  - Reuters/VEJA
A Austrália, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul foram os primeiros países a se despedirem de 2014 e darem as boas-vindas a 2015 no planeta. Na Austrália, a tradicional queima de fogos da Ponte da Baía de Sydney reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas e proporcionou um belo espetáculo pirotécnico, que iluminou o cartão postal da cidade, o emblemático Sydney Opera House.
A capital neozelandesa, Wellington, também celebrou o último dia do ano com fogos de artifício e shows gratuitos no principal parque, enquanto Auckland, a segunda cidade mais importante do país, deu as boas-vindas a 2015 com as badaladas do relógio gigante da Sky Tower e uma festa na praia.
(Com agência EFE)

"Agora não tem marketing", editorial do Estadão

Livre do marketing eleitoral e, portanto, desobrigada da necessidade de dizer e fazer apenas aquilo que dá voto, Dilma Rousseff defronta-se agora com a responsabilidade de governar o País por mais quatro anos. É desafio um pouco mais difícil do que tudo o que já enfrentou, considerando a herança maldita que ela legou a si mesma. E como nem tudo o que foi prometido na campanha eleitoral é, já se viu, para valer, às vésperas da posse no segundo mandato uma das coisas aparentemente claras na cabeça de Dilma é que ela parece disposta a, finalmente, assumir um governo que possa chamar de seu. O que ainda não se sabe é se isso será bom ou ruim para o Brasil.
O que se observa, por conta da composição no novo Ministério, é que, ao escalar a equipe "da casa" - os ministros com gabinete no Palácio do Planalto e, por essa razão, mais próximos da intimidade da presidente -, Dilma se esmerou em eliminar todos os vestígios da presença de Lula em seus calcanhares. Com isso deu uma guinada à esquerda dentro da seara petista, acabando com a influência, dentro do Planalto, da tendência majoritária e lulista do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Optou por escalar dois representantes de uma facção partidária mais à esquerda, a Democracia Socialista (DS): Miguel Rossetto e Pepe Vargas, respectivamente para a Secretaria-Geral e a pasta das Relações Institucionais. Permanece no Palácio Aloizio Mercadante, o chefe da Casa Civil, membro da CNB, mas desafeto de Lula.
Por outro lado, a escalação do trio que comandará Fazenda, Planejamento e Banco Central, até onde se sabe, foi resultado de entendimento entre Dilma e seu criador, atendendo a ponderações óbvias sobre a necessidade de promover um controle fiscal que ajude a reconquistar a confiança do mercado e dos investidores no governo, de modo a permitir a retomada do crescimento da economia. Resta saber o nível de autonomia que Dilma concederá ao trio, já que a imposição de uma política de rigor fiscal é incompatível com a prática predominante do seu primeiro mandato.
Quanto à composição do novo Ministério em geral, o resultado é tão medíocre quanto o critério que a orientou. Fiel ao "presidencialismo de coalizão" a que se submeteu sob a alegada necessidade de garantir a "governabilidade", Dilma esforçou-se, nem sempre com sucesso, em satisfazer as demandas da "base aliada", principalmente de seu próprio partido e do insaciável PMDB, além da raia miúda sempre ávida em garantir seu quinhão. Como resultado, ninguém está satisfeito, provavelmente nem ela própria.
Ainda na área política, Dilma já vai inaugurar o novo mandato com dois enormes abacaxis a descascar: o escândalo da Petrobrás e a clara intenção de Lula de exercer permanente pressão sobre ela, a partir do princípio de que, se não vai por bem, vai por mal. De fato, não seria de esperar que Lula aceitasse passivamente a redução de sua influência no governo. Por isso, sabendo contar com a maioria dos quadros dirigentes e da militância do PT, retomou com maior ênfase seu habitual discurso populista e procura se aproximar de movimentos sociais alinhados com a esquerda, na intenção de comandar a pressão sobre Dilma "a partir das ruas". Afinal, 2018 vem aí.
Enquanto isso, Dilma continua fazendo o que pode para dar conta do recado das urnas. O que tem significado, paradoxalmente, para usar uma expressão elegante, renegar por palavras e atos pontos fundamentais de seu discurso eleitoral. A mais recente proeza foi anunciar cortes de R$ 18 bilhões/ano no pagamento de cinco benefícios trabalhistas: abono salarial, seguro-desemprego, seguro-defeso, pensão por morte e auxílio-doença.
A nomeação do "banqueiro" Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda já contradisse todo o discurso com que Dilma atacou a intenção revelada por Aécio Neves durante a campanha eleitoral de nomear Armínio Fraga para o mesmíssimo cargo. Agora o governo petista, ao anunciar cortes de benefícios sociais para "corrigir distorções", pratica a mesma "ignomínia" de que a oposição era acusada pela propaganda petista: tentar resolver os problemas do País reduzindo os recursos da área social, ou seja, fazendo "a comida desaparecer da mesa do trabalhador". Agora pode.

"Compromisso com a mediocridade", por José Nêumanne

O Estado de São Paulo

Quando a presidente reeleita Dilma Rousseff anunciou o executivo da área financeira Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, a direita reagiu com espanto e a esquerda, com raiva. No entanto, ela apenas seguiu o figurino de seu primeiro governo, inspirado em seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. No caso específico, ela foi buscar o profissional para decepar os nós da economia a serem enfrentados no segundo governo em dois lugares confiáveis: o segundo escalão da assessoria do adversário tucano, Aécio Neves, e a indicação do banqueiro amigo Lázaro de Mello Brandão, chefe do segundo maior banco privado do País e velho aliado.
O chamado mercado ficou perplexo porque não contava com a astúcia de nossa figura "chapolinesca". Por falta de desconfiômetro e de sagacidade, os magnatas do negócio financeiro contavam com mais uma figurinha acadêmica carimbada do PT, nos moldes de Guido Mantega, o descartado, ou Aloizio Mercadante Oliva, a bola da vez na sinuca de madame. Ledo e "ivo" engano, dir-se-ia antigamente. Este escriba, precavido, não se surpreendeu por dois motivos: primeiramente, por ter aprendido a entender os atos da alta cúpula petralha no poder, sempre opostos à retórica da propaganda com a qual engana o eleitorado; e, em segundo lugar, por se lembrar de, em palestra no Conselho de Economia da Fiesp, o respeitado macroeconomista Octavio de Barros, vice-presidente do Bradesco, ter feito em priscas eras apaixonadíssimo discurso de louvação à gestão econômica do nosso padim Ciço do Agreste.
Surpreenderam-se os desatentos que não prestaram atenção nesses aparentes detalhes, que, na verdade, são essenciais. O filmete dos banqueiros tomando a comida do trabalhador para associar Neca Setubal, do Itaú, com a adversária Marina Silva era apenas uma patranha de marqueteiro. Como Napoleão espalhou a sábia lição de que "do traidor só se aproveita a traição", aviso dado antes de mandar fuzilar o alcaguete que lhe delatou as posições das tropas inimigas, Dilma sabe que se ganha o voto com a mentira do marketing político, mas se governa com quem conhece o caminho real das pedras. Pois então: avisou que ia convidar o presidente do banco amigo, Luiz Trabuco, e recebeu-o na companhia de seu Brandão, que vetou a solução, mas apresentou uma saída razoável na pessoa de Levy, ex-luminar da gestão lulista. O discurso do banqueiro rapace serve para levar os votos dos tolos. A boa gestão recomenda o uso da frieza dos dedos de tesoura disponíveis - a velha fábula de ganhar com a esquerda e guiar com a direita. Até porque, se não der certo, é só trocar. Não faltarão nomes no colete de seu Brandão.
Os futuros ministros do segundo governo que vêm sendo indicados também não foram inspirados nos discursos do palanque eletrônico, mas nas lições do mestre Maquiavel de Caetés. Que importa se a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia Abreu, assumiu a defesa sub-reptícia de uma "ordem medieval do trabalho" (apud Miriam Leitão) ao recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a implementação de normas explícitas a serem obedecidas pelos proprietários rurais, acusando-as de "preconceito ideológico contra o capitalismo"? A futura ministra é uma direitista do peito, amarrada à chefe por laços de afeto e admiração mútuos, assim como a Graciosa da Petrobrás.
Antes de nomear os novos ministros, a presidente tentou transferir parte de sua responsabilidade para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo acesso à delação premiada de Paulinho do Lula e de Beto Youssef para evitar nomear receptadores de propinas da roubalheira da Petrobrás. O ex-relator do mensalão, Joaquim Barbosa, chamou a iniciativa de "degradação institucional". O loquaz ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confessou o absurdo, em vez de dar uma de João sem braço. Ficou claro que na nomeação de seu primeiro escalão a chefe do governo leva em conta apenas as notícias do dia, em vez de compulsar os prontuários de seus futuros auxiliares. O líder da minúscula bancada governista do PRB na Câmara, George Hilton, vai tomar conta do Ministério do Esporte durante a Olimpíada no Rio, mesmo já tendo sido flagrado pela polícia carregando R$ 600 mil em pacotes de dinheiro vivo num avião privado. Kátia Abreu, Eduardo Braga e Hélder Barbalho são réus na Justiça. Aldo Rebelo tem ficha limpa, mas isso não basta para, com as palavras de ordem pré-históricas do PCdoB, comandar a pasta de Ciência e Tecnologia. Deus nos acuda.
Cid Gomes foi escolhido para o Ministério da Educação, apesar de ter sido acusado de pagar com dinheiro público o aluguel de um avião particular para viajar com a família (a sogra inclusive) para a Europa. E de ter conquistado com mérito a fama de Mecenas do semiárido por pagar cachês altíssimos a cantores como Ivete Sangalo e Plácido Domingo. Não o recomenda ao cargo a acusação de ter reagido a uma manifestação de professores afirmando: "Quem quer dar aula faz isso por gosto, não por salário. Se quer ganhar dinheiro, deixa o ensino público e vai pro privado". Sua saída do Partido Socialista Brasileiro (PSB), traindo Eduardo Campos para ficar com a presidente, que obteve votação espetacular no Ceará, o recomendou para o cargo muito mais do que o trabalho pioneiro de seu secretário adjunto de Educação, Maurício Holanda Maia, mais adequado para o cargo.
A reunião de bons burgueses com antigos delinquentes e derrotados nas urnas e o "museu de novidades" (apud Josias de Souza) não bastarão, contudo, para definir com justiça a Esplanada dos Ministérios sob Dilma 2. Sua principal característica genérica é a mediocridade ampla, geral e irrestrita. A mediocridade tirânica, que não se basta, que tudo faz para se impor e governar, é a marca do governo que nos espera e do destino que nos fará engolir.