quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Paulo Polzonoff Jr. - 'Uma análise da verdadeira minuta do golpe'

 

Portaria 69 de 14 de março de 2019: o começo de tudo. (Foto: Reprodução)


Naquele dia 14 de março de 2019, a previsão era de céu nublado com pancadas de chuva em Brasília. Quem saiu de casa, pois, levou o guarda-chuva, sem poder imaginar que, no gabinete da Presidência do STF, o ministro Dias Toffoli invocava seus poderes supremos para criar uma tempestade tão tão tão tão danosa – que sentimos os efeitos dela até hoje: a Portaria 69.

Foram os cinco parágrafos curtos desse documento que deram ao Supremo Tribunal Federal o poder absoluto no Brasil. O poder de censurar, de impor narrativas e de fazer das tripas coração, ou melhor, de fazer da Constituição mero adereço para defender não a democracia, como eles gostam de dizer hoje, e sim a honra do tribunal, de seus membros e de seus familiares. Foram 15 linhas que institucionalizaram o preceito jurídico segundo o qual a vontade dos ministros vale mais do que tudo. Do que tudo.


Que honra?

Essa é a verdadeira minuta de um golpe que se apoiou num artigo do Regimento Interno do STF, o 43, para dar ao Supremo o poder de se sobrepor aos demais. Tudo, repito e se for o caso até escrevo em itálico e sublinho, para proteger a honra (que honra?) do STF, de seus membros e familiares. Esse é o documento que um dia há de entrar para a história como nosso AI-5; como o pontapé inicial de um regime empenhado em revestir de legalidade o que é uma óbvia perseguição a quem não reza pela cartilha autoritária e ativista dos ministros.

Naquela época, porém, eu não trabalhava na Gazeta do Povo e por isso não tive a oportunidade de analisar linha a linha o documento cafona, cheio de latinório e termos vagos e amplos – o documento que transformou Alexandre de Moraes no xerife do Brasil e no carcereiro de nossa liberdade. Tudo para proteger a honra de quem não hesitou, não hesita, não tem hesitado e continuará não hesitando em jogar a honra no lixo, substituindo a autoridade que nasce do respeito e admiração pela autoridade que se exerce pela imposição do medo e da força.


À análise, pois:


O presidente...

O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições que lhe confere o Regimento Interno,

O presidente, na época, era Dias Toffoli, que nunca foi nada além de advogado do PT e que de repente se viu com esse imenso poder na mão. Um poder que, instruído ou por conta própria, ele usou mal, muito mal. A ponto de a Portaria 69, com efeito, estar destruindo as instituições no Brasil – do próprio Supremo ao jornalismo (sim, o jornalismo).

A frase introdutória, cujo trecho “de suas atribuições que lhe confere” dói nos ouvidos, termina com uma vírgula porque é seguida por duas considerações que formam a base da juristocracia envergonhada em que vivemos. E senta que lá vem história...


Intangibilidade

CONSIDERANDO que velar pela intangibilidade das prerrogativas do Supremo Tribunal Federal e dos seus membros é atribuição regimental do Presidente da Corte (RISTF, art. 13, I);

A palavrinha mágica aí é “intangibilidade” – isto é, o que não pode ser tocado. Assim, Toffoli constrói para si e para seus pares uma torre de infalibilidade. É a institucionalização do Olimpo jurídico onde vivem e agem os ministros. Que o Regimento Interno fale da “intangibilidade das prerrogativas” do STF é mero detalhe, uma vez que o objetivo do documento é transformar absolutamente tudo em prerrogativa da corte: da proteção à honra dos ministros ao preço cobrado em cemitérios privados, passando pelo aborto, liberação das drogas, etc.


Orgulho

CONSIDERANDO a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus calumniandi, diffamandi e injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares,

Aí está a justificativa para tudo o que vivemos hoje, cinco anos mais tarde: o orgulho. Aquela honra que já era frágil em 2019 e que hoje é apenas um fiapo – se tanto. Dias Toffoli criou, na prática, um regime de exceção para que os ministros e seus familiares não fossem chamados de bobos, feios e caras de mamão. Hoje são chamados, à boca pequena, de coisa muito pior.


Erro primordial

Nesse trecho, chama a atenção ainda a afirmação de que existem notícias fraudulentas, denunciações caluniosas e etc, sem que haja qualquer exemplo. É algo dado como certo. Como se a visão de mundo de um único ministro correspondesse à totalidade do real. Não que tais infrações não existissem. Mas será que elas eram graves mesmo? E será que elas justificavam uma medida de força como essa?

São perguntas que, infelizmente, ficarão sem resposta. Porque nunca houve um debate amplo e sobretudo honesto em torno do assunto. Um debate que levasse em conta a periculosidade das palavras e ofensas contra o STF, seus membros e familiares, e as consequências de uma medida de força para contê-las. Percebe, leitor, como um erro primordial (a nomeação de Dias Toffoli) leva a outro e outro e outro e...?


Em toda a sua dimensão

RESOLVE, nos termos do art. 43 e seguintes do Regimento Interno, instaurar inquérito para apuração de fatos e infrações correspondentes, em toda a sua dimensão.

Aí está a decisão que deveria ser a mais clara e objetiva, mas não por acaso é a mais vaga e imprecisa. Assim, com apenas uma canetada, Dias Toffoli tornou o regimento interno do STF mais importante do que a Constituição. Decisão posteriormente chancelada pelos demais ministros, que jamais contrariariam um colega. Afinal, fica chato.


Editor da sociedade

Nesse trecho, o que chama a minha atenção é o finalzinho: “em toda a sua dimensão”. Não sei se é praxe ou só uma expressão usada para encher linguiça, mas dá para sentir daqui o cheiro da arrogância de quem almeja apurar ataques à honra “em toda a sua dimensão”, e não só apenas na dimensão jurídica  – aquela em que o STF deveria atuar. Entende agora por que o mesmo Dias Toffoli não teve vergonha nenhuma em dizer que o Supremo deveria agir como editor da sociedade?


Ovo da serpente

Designo para a condução do feito o eminente Ministro Alexandre de Moraes, que poderá requerer à Presidência a estrutura material e de pessoal necessária para a respectiva condução.

É neste parágrafo que eclode o ovo da serpente gestado (sic), segundo alguns, no momento em que o ex-ministro do STF e atual ministro de Lula, Ricardo Lewandowski, contrariando o que diz expressamente a Constituição, garantiu os direitos políticos de Dilma Rousseff depois de a estocadora de vento sofrer impeachment. Graças a essa manobra, Dilma pôde concorrer ao Senado – pleito no qual acabou derrotada por Rodrigo Pacheco. O resto da tragédia você já conhece.


Juiz natural

E por que Alexandre de Moraes, você me pergunta? Não sei e o documento e seu signatário não fazem questão nenhuma de explicar a mim, a você, ao Congresso, ao Executivo da época (Bolsonaro), às Forças Armadas ou ao brasileiro comum por que destruiu o caro e necessário princípio do juiz natural e entregou o trono assim, de mão beijada, para Alexandre de Moraes. Essa vou ficar mesmo devendo.


O texto da Portaria 69, evidentemente, não é uma minuta de Golpe de Estado. Isso foi uma brincadeirinha com a narrativa de golpe criada em torno de mensagens de zés-lelés que existem por aí aos montes. Mas é, sim, a minuta de um golpe simbólico, um ikken hissatsu (será que usei certo?) que fere de morte justamente aquilo que diz defender, “a honorabilidade do STF”, porque avilta o nosso mais elementar senso de justiça.


Paulo Polzonoff Jr, Gazeta do Povo

'Onde está a comoção com as queimadas? - por Guilherme Fiuza

 

Rio de Janeiro " Manifestação em defesa da Amazônia e em protesto contra queimadas na floresta, no centro da cidade. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)


⁃ E as queimadas, hein?

⁃ Que queimadas?

⁃ Como, que queimadas? Em que mundo você vive?

⁃ Planeta Terra. 

⁃ Em que país?

⁃ Brasil. 

⁃ Você vive no Brasil e não sabe do problema das queimadas?

⁃ É um problema?

⁃ Bem, de janeiro a outubro os incêndios mais que dobraram em relação ao ano passado. Se isso não for um problema…

⁃ Mas teve a seca, né?

⁃ Sim, teve a seca. Isso diminui o problema?

⁃ Isso explica o problema. 

⁃ Não explica totalmente o problema. Mesmo se explicasse: isso basta pra você não se interessar pelo assunto?

⁃ Sempre me interesso pelo assunto. 

⁃ Não está parecendo. Em outras épocas te vi sobressaltado, dando alarme, apontando culpados, sofrendo publicamente por cada árvore queimada, divulgando videoclipes pela salvação da Amazônia… Aliás, onde estão os videoclipes?

⁃ Tudo tem a sua hora. 

⁃ Ué? A hora em que se tem uma taxa de mais de 100% de aumento dos incêndios não é a hora?

⁃ Não podemos botar em risco o trabalho que está sendo feito. Temos que manter o foco. 

⁃ Manter que foco? Foco do incêndio? Que trabalho tão bom é esse que está sendo feito?

⁃ Autoridade Climática. 

⁃ O que é isso?

⁃ Tá vendo? Você não sabe o que está sendo feito. Talvez por ser um trabalho internacional. As notícias vêm de Nova York. Você está muito limitado olhando pro seu quintal. 

⁃ O que a Autoridade Climática está fazendo para reduzir as queimadas no Brasil?

⁃ Isso é trabalho de longo prazo. 

⁃ Sei. E no curto prazo a floresta vira carvão, sem comover nenhum de vocês?

⁃ Você está exagerando. Se a situação estivesse tão ruim assim as manchetes estariam explodindo com esse assunto. 

⁃ Bem lembrado. As manchetes sumiram. Será que elas também estão esperando a Autoridade Climática?

⁃ Não sei. Mas quer ver um bom indicador de que o problema não é tão grave assim?

⁃ Quero. 

⁃ O Macron veio ao Brasil e não fez aqueles alertas incríveis que ele faz em defesa da Amazônia. 

⁃ É verdade. Então já entendi tudo. 

⁃ Ufa. Finalmente. Resume aí. 

⁃ Resumo: você está tão preocupado com as florestas brasileiras quanto o Macron. 

⁃ Aí eu fico envaidecido. 

⁃ Pode ficar. Mas cuidado pra sua vaidade não virar fumaça.


Guilherme Fiuza, Gazeta do Povo

Nazismo escancarado - 'STF criminaliza 'bolsonarismo' e apaga crimes confessos de corrupção', escreve J.R. Guzzo

Uma democracia está com problemas sérios se depende, para a sua sobrevivência, deste tipo de tribunal supremo e deste tipo de polícia 


Flávio Dino frisou que STF referendou decisões monocráticas sobre emendas | Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF


Texto publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo 

 O jornal The New York Times, tido como o Alcorão da correção política e do avanço civilizatório mundiais, acaba de publicar uma reportagem dizendo para o resto do planeta o que os brasileiros já sabem de cor: o STF anula em massa crimes confessos das empresas comprovadamente mais corruptas do Brasil, e devolve a cada uma delas o dinheiro que roubaram. 

Justo agora, quando o mesmo STF diz que continua salvando o país de um golpe militar devastador? 

Justo agora. Há duas perguntas a respeito do tema. Primeira: o New York Times é um jornal bolsonarista? 

Segunda: um STF apontado, com base nas sentenças que assina, como o maior incentivador da corrupção no mundo pode ser levado a sério em alguma coisa? 

O artigo 1º. da Constituição Federal brasileira, conforme ela é executada hoje pelos ministros, estabelece que qualquer objeção ao STF tipifica o delito de bolsonarismo qualificado. Mas no caso não é assim, obviamente. Como fica? 

Nossa “suprema corte” colocou o Brasil numa situação inédita em toda a sua história. Só a Odebrecht e a Braskem, só elas, confessaram nos Estados Unidos sua culpa em crimes de corrupção ativa e aceitaram pagar US$ 3,5 bilhões de multa. No Brasil, a mesma Odebrecht e a JBS fizeram exatamente a mesma confissão e jamais retiraram uma sílaba de tudo o que confessaram. Mas aqui, por decisão do STF, e só dele, recebem de volta todo o dinheiro que prometeram pagar para sair da cadeia.

Com o STF, a democracia enfrenta problemas Os fatos descritos acima são apenas isso — fatos concretos, certos e consumados às vistas do público. Está acima de qualquer discussão, também, que o STF e a Polícia Federal violaram objetivamente a lei, em mais de uma ocasião, para executar desejos políticos. 

Basta ver, para ficar num caso só, o que estão fazendo com o ex-assessor presidencial Filipe Martins. É uma fotografia da Justiça brasileira de hoje. Martins ficou seis meses preso sob a acusação de ter ido para os Estados Unidos se esconder de crimes que, segundo a PF, teria cometido ou iria cometer. 

O suspeito provou, com passagem de avião, recibos do Uber e localização geodésica do seu celular, que tinha ido para Ponta Grossa, e não para a Flórida — e que o documento da sua suposta entrada nos EUA foi falsificado por um funcionário da imigração norte-americana. É acusado agora de não ter ido. Para a PF, ele teria “forjado” a viagem para embaralhar as “pistas”. É esse o nível.




Uma democracia está com problemas sérios se depende, para a sua sobrevivência, deste tipo de tribunal supremo e deste tipo de polícia. Hoje é obrigatório mostrar fé cega na PF e no STF, mesmo quando ela diz que um documento crítico para provar o golpe ora em apreciação não pode ser exibido por que foi “rasgado” — ou quando o presidente da Corte afirma que um grupo de magistrados que apaga crimes confessos de corrupção “recivilizou” o Brasil. 

Faz nexo, no mundo do pensamento racional? 

J.R. Guzzo. Gazeta do Povo

Almanaque CL News - Cláudio Lessa

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

STJ e TST turbinam salários de ministros com penduricalho

 Benefício turbina os salários com um acréscimo de 5% a cada cinco anos de serviço


Sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. (Foto: STJ)


O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a reintegração do Adicional por Tempo de Serviço (ATS), conhecido como “quinquênio”, para os magistrados da Corte.

O benefício aprovado pelo STJ nesta terça-feira (26) turbina os salários com um acréscimo de 5% a cada cinco anos de serviço.

O quinquênio é direcionado a agentes públicos de carreiras jurídicas, como juízes, procuradores e defensores públicos. Com essa aprovação, os ministros que tinham direito ao benefício até sua extinção em 2006 receberão os valores que deixaram de ser pagos.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) também aprovou o pagamento do benefício na segunda-feira (25). Já o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento após o ministro Gilmar Mendes solicitar mais tempo para analisar o caso.

No Senado, tramita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Quinquênio, de autoria do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A PEC foi aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, mas ainda não foi votada no plenário.

Pacheco condicionou o avanço da proposta à aprovação do projeto de lei que combate supersalários no serviço público.

O texto prevê que, a cada cinco anos de carreira, profissionais da magistratura, Ministério Publico (MP), ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), bem como a conselheiros dos tribunais de contas estaduais e municipais, defensores públicos, servidores da Advocacia Geral da União (AGU), procuradores dos estados e do DF e delegados da Policia Federal recebam um adicional de 5% sobre seus salários, limitados a 35%.

O impacto total em apenas três anos (2024 a 2026) poderia chegar a quase R$ 82 bilhões, mais que o dobro dos R$ 332,6 bilhões de impacto do texto original de Pacheco.

Diário do Poder

Com maior cotação da história, dólar fecha a R$ 5,91

 A expectativa de isenção de Imposto de Renda e o pacote fiscal do governo Lula elevaram a moeda norte-americana


 

O dólar registrou uma alta de 22% em quase um ano | Foto: Barta IV/Pixabay


O dólar fechou a R$ 5,91 nesta quarta-feira, 27, e atingiu a maior cotação da história ao superar o recorde anterior, de maio de 2020, quando estava em R$ 5,90. O valor foi impulsionado pela expectativa de anúncio de isenção de Imposto de Renda (IR) de até R$ 5 mil, que deve ocorrer nesta quarta-feira, 27. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se pronunciar em rede nacional na noite desta quarta-feira para detalhar o pacote fiscal. 

A medida, embora beneficie muitos pagadores de impostos, preocupa o mercado, que esperava um conjunto mais robusto de contenção de despesas. Representantes do governo já confirmaram que a isenção do IR será parte do pacote. 

Segundo a revista Isto É Dinheiro, além do impacto interno, fatores externos, como a política monetária dos Estados Unidos e a migração de investimentos para mercados seguros, influenciam a valorização do dólar. O Ibovespa, por sua vez, caiu 1,73% e fechou a 127 mil pontos. 

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o pacote incluirá taxação de super-ricos e isenção de IR. Ele disse que a medida será “completamente diferente do que vinha sendo ventilado”. “Estará tudo”, afirmou Marinho. “Supersalários, imposto para os super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo.” 

Aumento do dólar é reação do mercado 

“O dia que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção de despesas poderá contar também com um aumento considerável nos gastos do governo”, afirmou Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, à Isto É Dinheiro. Lula já havia isentado rendas de até R$ 2.640, o que resultou em uma renúncia fiscal de R$ 36 bilhões anuais. 

A nova proposta pode aumentar esse impacto para até R$ 100 bilhões anuais, caso inclua faixas superiores de renda. Economistas alertam para a necessidade de medidas compensatórias para mitigar o efeito fiscal. Desde o fim de 2023, quando o dólar fechou a R$ 4,85, a moeda norte-americana valorizou 22%.


Revista Oeste

Inversão dos Valores e Injustiça - Marcel van Hattem abre o jogo no Podcast Café com Ferri