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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
'O Lupanário: Moraes, o Banco Master e a lógica do poder sem limites' , por Flávio Gordon
A toga virou escudo — contra críticas, contra investigações, contra o escrutínio público e, em última instância, contra a própria Constituição
H á escândalos de corrupção que se esgotam no fato. O Fiat Elba de Fernando Collor é talvez o exemplo mais didático da história republicana recente: um carro popular, adquirido com dinheiro de origem ilícita, usado para benefício pessoal do então presidente da República. O fato era tosco, comparativamente singelo, e nada obscuro. Descoberto o automóvel, revelou-se o esquema; revelado o esquema, identificaram-se os intermediários; identificados os intermediários, o sistema político reagiu. O escândalo cumpriu seu ciclo natural: nasceu, foi compreendido e se encerrou como símbolo de corrupção pessoal e abuso individual de poder. Chega a ser quase nostálgico.
Com o caso envolvendo o pretenso juiz Alexandre de Moraes e o Banco Master, porém, a lógica se inverte. Aqui, o fato não encerra nada: ele apenas abre o abismo — porque não estamos diante de um desvio pessoal, mas da face visível de uma deformação institucional muito mais profunda, a qual, aplaudida nos últimos anos quando conveniente, começa agora a se tornar incômoda até mesmo aos seus antigos entusiastas.
De acordo com a imprensa, Alexandre de Moraes teria mantido contatos reiterados com o presidente do Banco Central para tratar da situação do Banco Master, instituição privada envolta em graves problemas financeiros e sob escrutínio técnico da autoridade monetária. As conversas teriam ocorrido durante a análise da tentativa de venda do banco ao BRB, operação sensível, que exigia independência regulatória absoluta e distância total de qualquer pressão externa. Em qualquer democracia minimamente funcional, esse dado isolado já seria suficiente para acionar alarmes institucionais.
O quadro se torna ainda mais grave quando se considera o contexto em que essas tratativas ocorreram. O Banco Master mantinha contrato milionário com o escritório de advocacia de Viviane Barci, esposa de Moraes. Não há aqui zona cinzenta ou controvérsia interpretativa. Estamos diante de um conflito de interesses elementar, daqueles que qualquer manual básico de ética pública ensina a evitar não apenas na substância, mas também na aparência. Tudo indica que o contratado de fato pelo Master foi o marido, não a esposa.
E, se os fatos se confirmarem, Alexandre de Moraes terá incorrido em advocacia administrativa, crime previsto no Art. 321 do Código Penal Brasileiro, e definido como a conduta de “patrocinar (defender, facilitar) interesse privado (de terceiros ou próprio) perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário público”.
Mas, como dissemos, o fato potencialmente criminoso não pode ser lido como um ponto fora da curva. Ele se insere numa longa trajetória de autoproteção corporativa do Supremo Tribunal Federal, cuja história recente revela um padrão inquietantemente consistente: sempre que investigações tangenciam ministros ou seus familiares, o sistema reage não para esclarecer os fatos, mas para neutralizá-los. Foi essa, inclusive, a origem do famigerado “Inquérito das Fake News”, o ato institucional que formaliza a juristocracia no Brasil no ano de 2019.
Um fio histórico publicado nas redes sociais pelo jornalista Ivanildo Terceiro ajuda a iluminar esse padrão com precisão desconfortável. Ivanildo lembra que, em 2018, a Receita Federal identificou 133 agentes públicos com indícios de movimentações patrimoniais suspeitas. Entre eles, figuravam familiares diretos de ministros do STF, mais especificamente, as esposas de Gilmar Mendes e Dias Toffoli. O que se seguiu não foi o aprofundamento técnico das apurações, mas sua interrupção sistemática. Auditores fiscais passaram a sofrer pressões administrativas; procedimentos foram esvaziados; investigações foram travadas.
Em pouco tempo, a engrenagem institucional operou sua inversão típica (recentemente ilustrada pelo caso de Eduardo Tagliaferro, ex-integrante do gabinete clandestino de censura de Alexandre de Moraes): investigadores tornaram-se investigados, enquanto os investigados foram blindados.
Porque o fato, aqui, é apenas o sintoma visível de uma República em que a toga passou a valer mais do que a lei.
Alexandre de Moraes ocupa posição central nesse processo de consolidação de um Judiciário autorreferente. À frente do Inquérito das Fake News — um artefato jurídico que concentrou em suas mãos funções de polícia, acusação e julgamento —, o sujeito ajudou a institucionalizar um modelo de poder incompatível com qualquer tradição liberal do Estado de Direito.
Um modelo em que o juiz não se limita a julgar fatos passados conforme a lei, mas passa a administrar riscos futuros conforme suas conveniências políticas e/ou pecuniárias, alheio a qualquer freio institucional e limite legal. É nesse ambiente que o caso Banco Master se torna inteligível.
Um ministro que já atua como instância suprema da República — acima do Executivo, acima do Legislativo, acima da imprensa e imune à crítica pública — naturalmente se sente autorizado a interceder junto ao Banco Central, a circular entre interesses privados e a tratar conflitos de interesse como detalhes menores.
O problema, portanto, não é apenas de moral individual (obviamente pervertida no caso em tela). Ele é estrutural.
O Judiciário brasileiro, sobretudo sua cúpula, deixou de exercer um papel contramajoritário no sentido clássico e passou a funcionar como um poder soberano informal, sem freios, sem contrapesos e sem mecanismos reais de responsabilização. A Constituição de 1988, pródiga em garantias, foi avara em limites. Criou-se um Supremo sem mandato, sem controle externo efetivo, sem risco político concreto e sem uma cultura institucional de autocontenção. Some-se a isso a presença, na presidência de ambas as casas legislativas, de indivíduos moralmente fracos e de rabo-preso, e o resultado é essa juristocracia incontrolável com a qual o país agora não sabe lidar.
Nesse contexto, a toga já não simboliza imparcialidade e equilíbrio, mas corporativismo e húbris. A toga virou escudo — contra críticas, contra investigações, contra o escrutínio público e, em última instância, contra a própria Constituição. Tudo se justifica em nome de abstrações grandiloquentes — “democracia”, “Estado de Direito”, “defesa das instituições”. Quando um ministro do STF se envolve, direta ou indiretamente, em tratativas que beneficiam uma instituição privada ligada a interesses familiares, e nada acontece, a mensagem transmitida à sociedade é devastadora: há uma elite institucional acima da lei. Não por acaso, a confiança pública no Judiciário se deteriora a cada dia. Um comentarista do UOL — quem diria! — chegou a equiparar a corte a um lupanário… ou, em bom português, a um puteiro.
O escândalo do Banco Master não é apenas sobre um banco, nem apenas sobre Alexandre de Moraes. Ele é sobre a transformação do Supremo em um poder que já não se reconhece como limitado. Um poder que julga, investiga, acusa, censura, regula e intermedeia — tudo ao mesmo tempo. Um poder que exige obediência irrestrita, mas rejeita qualquer forma de fiscalização. É óbvio que um tal poder, que não se vexa em jogar pais e avós de família inocentes na cadeia (chegando a matar um deles por inércia), não hesitará em se locupletar em corrupção e enriquecimento ilícito.
Enquanto esse modelo não for enfrentado de maneira clara — no debate público, no Congresso e na consciência nacional — novos escândalos continuarão a surgir. E, como este, não se esgotarão no fato. Porque o fato, aqui, é apenas o sintoma visível de uma República em que a toga passou a valer mais do que a lei. E muitos dos que agora choram diante disso foram responsáveis por imantar de inimputabilidade sacrossanta os nossos magistrados supremos.
Agora se espantam que aquele a quem chamaram de “a muralha” (da democracia, do Estado de Direito, da própria República) não passava de um sepulcro caiado. Adoraram um bezerro de ouro e agora não sabem o que fazer para desadorá-lo. Fizeram um pacto faustiano com a tirania “do bem” e agora gemem porque o tirano vem cobrar sua dívida em almas…
Flávio Gordon - Revista Oeste
'Lama na toga', por Cristyan Costa
Escândalo do Master escancara a relação promíscua do banco com
ministros e põe o STF na defensiva
D esde a revelação da viagem de Dias Toffoli em um jatinho particular com Augusto de Arruda Botelho, da defesa de um dos diretores do Master preso em virtude de fraudes financeiras, o ambiente nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a se deteriorar. A Corte vinha tentando conter os danos desse incêndio quando, uma semana depois, a temperatura voltou a subir (e mais alta) com a revelação de que o Master tinha um contrato de R$ 130 milhões, pagos em três anos, com a advogada Viviane Barci, mulher do ministro Alexandre de Moraes.
A contratação previa serviços de assessoria jurídica e institucional perante o Banco Central (BC), a Receita, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e a órgãos ligados aos Três Poderes. A soma dos episódios, que se acrescentou ao escândalo da Vaza Toga, aprofundou o desgaste em torno de Moraes. Ao menos cinco ministros passaram a tratá-lo como “foco recorrente de crise”, responsável por manter o Tribunal sob exposição permanente.
Nesse contexto, chamou atenção o fato de não haver registros da atuação de Viviane junto aos órgãos citados no contrato. O BC comunicou que não existem anotações de acesso, reuniões ou interlocuções da advogada com a autarquia no período mencionado, informações confirmadas por órgãos federais.
A celeuma no entorno de Moraes aumentou consideravelmente nesta semana, quando o jornal O Globo noticiou que o juiz do STF passou a tratar diretamente do Master com o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo. Em um mesmo dia, o magistrado telefonou seis vezes ao chefe do BC num momento em que o Master já estava sob investigação e fiscalização intensa do BC. Os contatos ocorreram antes de qualquer manifestação pública de Moraes e chamaram atenção pela frequência e pelo contexto. Cabia ao BC conduzir a supervisão do Master e decidir, ao fim, sobre o seu destino no sistema financeiro.
Numa das conversas, segundo relato feito pelo próprio ministro a um
interlocutor, Moraes afirmou que tinha simpatia por Daniel Vorcaro,
dono do Master. Moraes teria argumentado que a instituição vinha
sendo alvo de resistência por parte do sistema financeiro tradicional,
por estar avançando sobre o espaço ocupado pelos grandes bancos.
Ainda de acordo com esse relato, o ministro pediu que o BC
autorizasse a compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB), que
estava pendente do aval da autoridade monetária.
Galípolo, por sua vez, teria respondido que técnicos do BC haviam identificado fraudes no repasse de R$ 12 bilhões em créditos do Master para o BRB. Diante da informação, segundo os relatos, Moraes teria reconhecido que, caso as irregularidades fossem confirmadas, a operação não poderia mesmo ser aprovada.
Apesar do absurdo, Moraes permaneceu em silêncio. Somente no dia seguinte, depois da repercussão negativa em veículos de comunicação e junto à opinião pública, o ministro decidiu se manifestar. Em uma primeira nota, limitou-se a negar ter exercido pressão em favor do Master e afirmou que não tratou de interesses privados com Galípolo. O texto, porém, não mencionava o banco nem indicava datas, números de contatos ou reuniões.
Horas depois, Moraes divulgou uma segunda versão da nota, agora citando o Master e admitindo duas reuniões com Galípolo. Segundo o ministro, os encontros ocorreram em 14 de agosto e 30 de setembro, para tratar exclusivamente da aplicação da Lei Magnitsky e de seus efeitos sobre o sistema financeiro. A cronologia, no entanto, levantou questionamentos: a sanção foi aplicada pelo governo dos Estados Unidos em 30 de julho, o que torna incongruente a menção a uma reunião ocorrida dois meses depois para tratar de seus impactos iniciais.
Além disso, as reuniões admitidas por Moraes não constavam da agenda oficial de Galípolo, nem da diretoria do BC. A ausência de registro chamou atenção porque a autoridade monetária mantém histórico público detalhado de compromissos, inclusive encontros fechados e audiências externas. Procurada para explicar a falta de registro, a autarquia não apresentou justificativa.
O próprio BC confirmou, posteriormente, a realização de reuniões com Moraes para tratar da Magnitsky, mas não detalhou datas nem o conteúdo específico das conversas. As versões sucessivas, as correções posteriores e a ausência de registros oficiais passaram a integrar o debate público sobre a atuação do ministro, num momento em que o caso Master já havia extrapolado o noticiário jurídico e financeiro.
Relações incestuosas
Durante anos, o Master operou longe dos holofotes, construindo sua trajetória sob o signo da discrição. Nesse período, recorreu a escritórios de advocacia com trânsito consolidado em Brasília. Entre eles estava o Warde Advogados, que teve, em 2021, a advogada Roberta Rangel, mulher de Toffoli, como integrante de seu quadro societário — vínculo que hoje não existe mais. A informação, até então lateral, ganhou peso quando o processo que apura um esquema bilionário envolvendo o banco passou a tramitar no STF sob a relatoria do próprio Toffoli.
Pouco depois da viagem do ministro no jatinho particular com advogados de executivos do Master, ele decidiu puxar o caso para o STF. Em 3 de dezembro, já como relator de uma ação apresentada pela defesa do dono do banco, Daniel Vorcaro, Toffoli alegou a existência de pessoas com foro privilegiado, retirou a investigação da primeira instância, decretou sigilo integral e concentrou o processo em seu gabinete.
A canetada teve efeito cascata, pois anulou todos os atos praticados até então e condicionou qualquer avanço do caso à autorização da Corte. Na prática, a investigação foi interrompida fora do Tribunal e passou a tramitar sob controle direto de um de seus ministros. A decisão ocorreu no mesmo período em que a Polícia Federal (PF) apreendeu o celular de Vorcaro — o que deixou Brasília em pânico — e manteve o empresário e seus executivos presos por 11 dias.
Os laços do Master não se restringem aos casais Moraes e Toffoli. O banco também patrocinou eventos jurídicos frequentados por ministros do STF e de tribunais superiores, incluindo encontros com a presença de Ricardo Lewandowski, hoje integrante do governo Lula. À época desses eventos, Lewandowski ainda integrava a Corte. A relação avançou para outro patamar após a aposentadoria de Lewandowski. Já fora do Supremo, o ex-ministro firmou contrato de R$ 100 mil mensais com o banco para a prestação de serviços jurídicos por meio de seu escritório.
O vínculo, de natureza privada, foi encerrado quando Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça e Segurança Pública e só veio a público depois que o Master passou a ser investigado pelas autoridades, na esteira do escândalo. O contrato ampliou o alcance das conexões do Master no Judiciário.
citado como exemplo de como a separação entre atuação jurisdicional e interesses privados se torna mais difusa quando bancos sob investigação mantêm relações com magistrados recém-aposentados.
Tribunal acuado
Diante de toda essa exposição, a postura do Supremo passou a assumir contornos defensivos. À medida que o caso Master deixou de ser tratado como um episódio isolado, a Corte se viu pressionada a conter seus efeitos políticos e institucionais. Coube ao decano, Gilmar Mendes, fazer a única manifestação pública em nome da Corte, assumindo a tarefa de normalizar condutas e amparar os colegas atingidos pelas revelações.
Ao comentar os episódios mais recentes, ele declarou ter “confiança” na atuação de Moraes e saiu em defesa de Toffoli, relativizando a gravidade dos fatos. Sobre a viagem de Toffoli em jatinho particular com integrantes da defesa de investigados do banco, observou que “encontros entre juízes e advogados são comuns” e que não via irregularidade na aproximação. O mesmo raciocínio foi aplicado ao caso Moraes. Gilmar tratou como suficientes as explicações apresentadas pelo colega, mesmo diante das revelações sobre contratos milionários, ligações reiteradas ao BC, reuniões fora da agenda oficial e versões sucessivas em notas públicas.
A diferença de tom entre as duas manifestações de Moraes também
chamou a atenção nos bastidores. A primeira nota, divulgada de forma
lacônica, limitou-se a negar irregularidades e afastar qualquer
interferência indevida. Já a segunda adotou um tom mais explicativo,
com a indicação de datas, encontros e justificativas.
Para interlocutores do Tribunal, a mudança foi interpretada como um sinal de que Moraes passou a reagir ao desgaste público provocado pela sequência de reportagens e pela pressão externa, sobretudo da imprensa. Para um ex-ministro do STF, a mudança foi eloquente: “Quando a toga começa a se explicar demais, é porque o Tribunal já sentiu o peso de tudo o que ocorreu”
A manifestação isolada contrastou com o silêncio dos demais integrantes da Corte, sobretudo do presidente do STF, Edson Fachin. A ausência de posicionamentos mais claros reforçou a percepção de um Tribunal acuado. Nesse ambiente, o decano, Gilmar Mendes, rompeu o silêncio ao defender publicamente Moraes e Toffoli. Dias antes, Mendes já havia se antecipado à possível vitória da direita no Senado, em 2026, e reduziu o alcance de pedidos de impeachment contra ministros do STF. Em um primeiro momento, tentou concentrar exclusivamente nas mãos do procurador-geral da República a iniciativa para responsabilizar magistrados da Corte.
Diante da reação política, recuou desse ponto específico. Ainda assim, manteve de pé o núcleo da decisão: fixou a exigência de quórum de dois terços do Senado para a abertura de qualquer processo de impeachment, restringiu as condutas passíveis de punição e tornou o afastamento de ministros uma hipótese excepcional — mesmo em cenários de forte desgaste público, como o atual.
Ao mesmo tempo, o acúmulo de crises abriu espaço para uma resposta institucional de outra natureza, embora velada. Nos bastidores, Fachin passou a defender a adoção de um Código de Conduta mais claro para os ministros, com regras explícitas sobre relações privadas, conflitos de interesse e limites éticos fora da atividade jurisdicional. A proposta, inspirada na Alemanha, ganhou força justamente por representar uma reação distinta à lógica do fechamento corporativo. A medida submete os integrantes da Corte a regras objetivas sobre transparência em encontros com partes interessadas, participação em eventos patrocinados, vínculos profissionais de familiares, recebimento de convites, viagens custeadas por terceiros e atuação após a aposentadoria.
Se aprovado, o Código não apaga os episódios recentes, mas sinaliza
um reconhecimento de que a confiança pública exige parâmetros
objetivos. Depois de contratos, viagens, pressões e decisões
concentradas, o Supremo se vê diante de uma encruzilhada: insistir na
autodefesa silenciosa ou aceitar que o Tribunal precisa se explicar — e
se regular. É nesse ponto que a iniciativa de Fachin deixa de ser
apenas uma resposta à crise e passa a se apresentar como a
possibilidade concreta de romper com o padrão que colocou o
Tribunal debaixo de fogo cerrado.
Cristyan Costa - Revista Oeste
Sob o ex-presidiário Lula, EBC vira abrigo para jornalistas cúmplices
Mesmo sem audiência, estatal custa cerca de R$ 800 milhões por ano
Entre as contratações e os espaços concedidos para entrevistas estão Juca Kfouri, José Trajano e Lúcio de Castro - Foto:
Divulgação/Oeste - Imagem criada com o auxílio de inteligência artificial
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) custa cerca de R$ 800
milhões por ano, tem audiência residual e deveria cumprir a missão
de informar com pluralidade. No terceiro mandato de Lula, contudo,
a estatal voltou a exercer outra função: servir de abrigo para
jornalistas alinhados ao governo, afastados do mercado privado e
militantes travestidos de comunicadores públicos.
Entre as contratações e os espaços concedidos para entrevistas estão Juca Kfouri, José Trajano e Lúcio de Castro, anunciados como integrantes de um novo programa esportivo da TV Brasil a partir de 2026.
Os companheiros de Lula A lista é extensa. Para ter uma ideia, a estatal também fechou acordo para levar José Luiz Datena à Rádio Nacional e à TV Brasil, depois de o apresentador experimentar sucessivas quedas de audiência na iniciativa privada e amargar uma passagem rápida pela política. Outro nome acolhido foi o da jornalista Cristina Serra, ex-Globo e exFolha de S.Paulo, que comanda o programa Brasil no Mundo e se notabilizou por declarações políticas agressivas contra adversários do governo.
Desde 2023, a EBC também abriga Leandro Demori, ex-Intercept Brasil e um dos rostos da “Vaza Jato” , com contrato superior a R$ 35 mil mensais para apresentar um programa semanal de entrevistas majoritariamente alinhadas à base governista. Já Cissa Guimarães, ex-Globo, apresenta o Sem Censura e teve o salário reajustado para cerca de R$ 100 mil por mês, apesar do traço de audiência.
O custo desse modelo é alto. Mesmo sem relevância junto do público, a EBC consome mais de R$ 800 milhões por ano do Orçamento da União. O valor cresceu desde o retorno do PT ao poder, em contraste com o discurso oficial de responsabilidade fiscal. Para críticos, tratase de gasto de baixa qualidade, com retorno social praticamente nulo.
Revista Oeste