quarta-feira, 26 de julho de 2023

Irmão de Eduardo Campos diz que ex-candidato a presidente pode ter sido assassinado

 

Advogado diz que acidente de avião que vitimou Eduardo Campos pode ter tido “conotação política” em 2014.| Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE


O irmão do ex-governador de Pernambuco morto em um acidente aéreo no litoral do estado São Paulo em 2014 quer reabrir o inquérito para apurar as causas da tragédia que mudou os rumos da eleição presidencial daquele ano. Antônio Campos disse na terça (25) que o irmão, Eduardo Campos (PSB), pode ter sido assassinado, e que as investigações conduzidas pela Polícia Federal foram inconsistentes.

Segundo o advogado, o pedido de reabertura do inquérito será protocolado no dia 13 de agosto, data em que o acidente com o ex-governador completa nove anos, e terá novas provas que foram colhidas nos últimos seis meses com o perito Carlos Camacho, assistente do caso.

“O Brasil precisa saber a causa do acidente, se teve conotação política e se existe a real possibilidade de Eduardo Campos ter sido assassinado. Estou investigando o acidente desde o começo e vamos mostrar um inquérito baseado em novas provas reunidas nos últimos seis meses que são relevantes sobre o caso. Além das novas provas, vamos apresentar todas as inconsistências produzidas no inquérito inconclusivo finalizado pela Polícia Federal”, disse em entrevista à Folha de Pernambuco.

Em uma nota à imprensa divulgada também na terça (25), o advogado reforçou as falhas do inquérito e também do Cenipa, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão responsável por apurar as causas da queda. “O intuito nuclear da ação é a realização de perícia técnica judicial no sentido de verificar a causa do acidente, ante inconsistências do laudo do Cenipa e da conclusão do inquérito da Polícia Federal”, apontou.

De acordo com ele, uma das supostas casas do acidente, uma falha no “compensador de profundor do Cessna Citation” teve “zero interesse por parte da autoridade policial e do Cenipa”.

Apesar da desconfiança sobre o inquérito, Campos não apontou quem poderia estar envolvido no acidente que vitimou outras seis pessoas além do irmão.

Entre as novas documentações que serão apresentadas junto da reabertura do inquérito está um ofício da 4ª Vara Federal de Santos (SP), onde ocorreu o acidente, cobrando do Ministério da Justiça mais agilidade no cumprimento de uma “carta rogatória” para a fabricante do jato Cessna, nos Estados Unidos, apresentar a produção técnica sobre a queda da aeronave. Em síntese, para cobrar a análise da fabricante sobre as condições do avião acidentado.

Antônio Campos afirmou que vai encaminhar o requerimento ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao ministro Flávio Dino.


Morte de Campos abriu caminho para reeleição de Dilma

O acidente de 2014 provocou uma reviravolta na eleição presidencial ao tirar Eduardo Campos da disputa que levou à vitória a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que tentava a reeleição. O ex-governador pernambucano ocupava a terceira posição nas pesquisas eleitorais, atrás apenas de Dilma e de Aécio Neves (PSDB)


A morte de Campos abriu caminho para Marina Silva (Rede) se tornar a titular da chapa, mas acabou distanciando a antiga aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após ataques incisivos. O distanciamento durou até a eleição presidencial de 2022, em que Marina e Lula negociaram um apoio ao petista em troca de compromissos com pautas ambientais no novo governo.

Apesar de suspeitar de um crime político, Campos preferiu não apontar uma possível autoria. “Nem sempre o inimigo é o que aparenta ser. Não quero fazer precipitadas acusações. Vamos mostrar a necessidade de as autoridades competentes aprofundarem as investigações sobre a morte de Eduardo”, completou.

No entanto, ele diz que o Brasil “precisa saber a causa do acidente, inclusive a real possibilidade de tal sinistro ter sido intencionalmente provocado, podendo ter conotação política, para vitimar o então candidato a Presidente, com campanha em ascensão, ante indícios existentes e que precisam ter uma investigação mais aprofundada pelas autoridades policiais e judiciais”, completou na nota.



Guilherme Grandi, Gazeta do Povo