Em editorial, jornal afirma que o ministro está 'convicto de sua condição de plenipotenciário guarda-costas do Estado Democrático de Direito'
Em editorial publicado nesta sexta-feira, 25, o jornal O Estado de S. Paulo criticou a conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar intimar o ex-presidente Jair Bolsonaro enquanto ele ainda estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), depois de uma cirurgia.
Para o jornal, Moraes perdeu a chance de demonstrar “sobriedade, serenidade e temperança”. Essas são qualidades esperadas de um magistrado da mais alta Corte do país. “Ocorre que, convicto de sua condição de plenipotenciário guarda-costas do Estado Democrático de Direito, o ministro Moraes não parece afeito a tais cuidados”, diz o jornal.
O texto afirma que, ao reagir de forma imediata às manifestações públicas de Bolsonaro, Moraes reforçou o conflito político.
Apesar de criticar Bolsonaro, acusando-o de “montar um circo” e chamando-o de “populista” por expor a medida ilegal — a intimação de doentes em estado grave (como parece ser o caso de quem está em UTI) é proibida pela legislação brasileira — o foco do Estadão é a atitude de Moraes.
Segundo o texto, o ministro atua como se estivesse em uma luta entre “bem” e “mal”. O “bem” seria representado pelo STF.
Faltou bom senso de Moraes ao intimar Bolsonaro na UTI, diz o jornal
Embora o jornal afirme que o estado de saúde de Bolsonaro não parece grave (mesmo com a internação em UTI), a publicação afirma que, ao caso, bastaria que Moraes agisse com bom senso.
“Se observada outra lei, a do bom senso, o ministro Moraes teria feito um exame mais profundo das circunstâncias e das consequências da decisão.” O texto conclui que Moraes agiu de forma impulsiva. E que sua resposta simbólica e imediata prejudicou a imagem institucional do Supremo.
Yasmin Alencar - Revista Oeste